Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CD '6º solo' de Luciana Mello envolve suingue black em atmosfera de leveza

Resenha de CD
Título: 6º solo
Artista: Luciana Mello
Gravadora: Ape Music / Microservice
Cotação: * * * 1/2

 Após desnecessário registro ao vivo dividido com o irmão Jair Oliveira, O samba me cantou (2010), Luciana Mello retoma a discografia individual com 6º solo. Não se deixe intimidar pelo título óbvio e inexpressivo. No álbum, produzido por Otávio de Moraes sob a direção de Luciana Mello, a cantora mantém o bom nível do último disco solo, Nêga (2007).  Se Nêga (2007) era mais voltado para o funk e para o suingue black, 6º Solo envolve esse suingue em atmosfera de leveza. O balanço da artista se insinua logo na faixa de abertura, Descolada (Chico César e Márcio Arantes). O samba continua presente em faixas como Deixa o sol sair (samba de Djavan que passou batido no álbum Malásia, de 1996), Recado - em registro cujo suingue põe em segundo plano os versos contundentes de Gonzaguinha (1945 - 1991), coincidentemente regravados também por Maíra Freitas e Filipe Catto neste ano de 2011 - e Samba quebrado (Marco Mattolli e Rodrigo Leão). Jair Oliveira também continua presente, mais como compositor do que como arranjador. Da safra de Jair, o destaque é Tchau, balada realmente bela. Já Perto de mim se impõe pela leveza do arranjo de Daniel Carlomagno enquanto o sambão Mentira reitera a vivacidade do canto do já septuagenário Jair Rodrigues, pai da cantora e convidado da faixa. O toque inusitado que salta aos ouvidos é a africanidade soft de duas faixas de 6º solo, notadamente Áfrico (Sergio Santos e Paulo César Pinheiro) e Couleur Café, o momento mais bonito do disco. Luciana Mello canta em francês o tema de Serge Gainsbourg (1928 - 1991) em dueto com Cornelle, alemão-afro-canadense que acentua o tom afro da faixa. Em Se for pra mentir (Arnaldo Antunes e Cézar Mendes), Otávio de Moraes esboça no arranjo uma ambiência jazzy. Enfim, disco embebido em frescor, 6º solo aponta outros caminhos para a discografia de Luciana Mello sem desviar da rota trilhada a partir do renovador Nêga. Boa cantora, Luciana Mello está pondo  - aos poucos -  sua discografia nos trilhos.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Após desnecessário registro ao vivo dividido com o irmão Jair Oliveira, O Samba me Cantou (2010), Luciana Mello retoma sua discografia individual com 6º Solo. Não se deixe intimidar pelo título óbvio e inexpressivo. No álbum, produzido por Otávio de Moraes sob a direção de Luciana Mello, a cantora mantém o bom nível de seu último disco solo, Nêga (2007). Se Nêga (2007) era mais voltado para o funk e para o suingue black, 6º Solo envolve esse suingue em atmosfera de leveza. O balanço da artista se insinua logo na faixa de abertura, Descolada (Chico César e Márcio Arantes). O samba continua presente em faixas como Deixa o Sol Sair (samba de Djavan que passou batido no álbum Malásia, de 1996), Recado - em registro cujo suingue põe em segundo plano os versos contundentes de Gonzaguinha (1945 - 1991), coincidentemente regravados também por Maíra Freitas e Filipe Catto neste ano de 2011 - e Samba Quebrado (Marco Mattolli e Rodrigo Leão). Jair Oliveira também continua presente, mais como compositor do que como arranjador. Da safra de Jair, o destaque é Tchau, balada realmente bela. Já Perto de Mim se impõe pela leveza do arranjo de Daniel Carlomagno enquanto o sambão Mentira reitera a vivacidade do canto do já septuagenário Jair Rodrigues, pai da cantora e convidado da faixa. O toque inusitado que salta aos ouvidos é a africanidade soft de duas faixas de 6º Solo, notadamente Áfrico (Sergio Santos e Paulo César Pinheiro) e Couleur Café, o momento mais bonito do disco. Luciana Mello canta em francês o tema de Serge Gainsbourg (1928 - 1991) em dueto com Cornelle, alemão-afro-canadense que acentua o tom afro da faixa. Em Se For pra Mentir (Arnaldo Antunes e Cézar Mendes), Otávio de Moraes esboça no arranjo uma ambiência jazzy. Enfim, disco embebido em frescor, 6º Solo aponta outros caminhos para a discografia de Luciana Mello sem desviar da rota trilhada a partir do renovador Nêga. Boa cantora, Luciana Mello está pondo aos poucos sua discografia nos trilhos.

Luca disse...

Luciana é uma boa cantora que não achou caminho nenhum, essa é a verdade, tanto que ainda é lembrada só por aquela música de seu primeiro disco

Antonio Gauderio disse...

Talvez já seja tarde demais. Luciana Mello levou muitos anos tentando fazer seu publico acreditar que Jair Oliveira era o novo Chico Buarque, gravando praticamente um songbook desse rapaz a cada disco. Uma boa cantora que tomara consiga recuperar o tempo perdido