Uma das referências máximas do canto feminino no universo do jazz, mestre na arte do scat e do suingue, Ella Fitzgerald (1917 - 1996) revive - 15 anos após sua morte - no kit de CD e DVD Best of the BBC Vaults, ora editado pela gravadora Som Livre no mercado brasileiro. As 18 músicas do CD e os 35 números do DVD foram extraídos de quatro shows exibidos pela BBC entre 1965 e 1977. Embalada na forma de CD duplo, a edição brasileira de Ella Fitzgerald - Best of BBC Vaults preserva no encarte o texto preciso em que Stuart Nicholson, biógrafo da cantora, reconta a trajetória de Ella na música norte-americana e contextualiza os quatro shows rebobinados no DVD. Aliás, o DVD é especialmente valioso por mostrar Ella em ação nas apresentações intituladas Show of the Week - Ella Fitzgerald Swings (1965), Ella Fitzgerald Sings (1965), Omnibus Presentes Ella Fitzgerald at Ronnin Scott's (1974) e Jazz From Montreux (1977). A qualidade da imagem é oscilante, com vantagem para o show captado em 1977, na Suíça, no Montreux Jazz Festival. Em contrapartida, a voz e o senso rítmico da cantora estão no auge nos shows de 1965 - como provam os registros de Just-A-Sittin' and A-Rockin' (Duke Ellington, Lee Gaines e Billy Strayhorn) e Cheek to Cheek (Irving Berlin), destaques do show Ella Fitzgerald Swings, cujo roteiro inclui The Girl from Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes na versão em inglês de Norman Gimbel). Já o repertório de Ella Fitzgerald Sings inclui o registro de Don't Rain on my Parade (Jule Styne e Bob Merril) na voz extraordinária da cantora. Don't Rain on my Parade - vale lembrar - é tema do musical Funny Girl, que tinha estreado em 1964, apenas um ano antes da apresentação de Ella. Por sua vez, a curiosidade do roteiro do show Ella Fitzgerald at Ronnie Scott's é a abordagem de Good Morning Heartache (Irene Higgenbothan e Ervin Drake), tema associado desde 1946 à voz de Billie Holliday (1915 - 1959), uma das poucas cantoras que fizeram frente ao canto de Ella ao longo do século 20. Naquela época, 1974, já perto dos 60 anos, Ella começou a arriscar registros de maior intensidade emocional sem perder o suingue, a característica básica de seu canto. Tal intensidade emocional é perceptível também na abordagem de I Ain't Got Nothin' But the Blues (Duke Ellington e Don George), número da apresentação de Ella no Montreux Jazz Festival de 1977. No show, há também set embebido em latinidade, no qual cantora e banda suingam ao som do One Note Samba, a versão em inglês do Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça). Ella Fitzgerald definitivamente era cantora de muita bossa.
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19 comentários:
Uma das referências máximas do canto feminino no universo do jazz, mestre na arte do scat e do suingue, Ella Fitzgerald (1917 - 1996) revive - 15 anos após sua morte - no kit de CD e DVD Best of the BBC Vaults, ora editado pela gravadora Som Livre no mercado brasileiro. As 18 músicas do CD e os 35 números do DVD foram extraídos de quatro shows exibidos pela BBC entre 1965 e 1977. Embalada na forma de CD duplo, a edição brasileira de Ella Fitzgerald - Best of BBC Vaults preserva no encarte o texto preciso em que Stuart Nicholson, biógrafo da cantora, reconta a trajetória de Ella na música norte-americana e contextualiza os quatro shows rebobinados no DVD. Aliás, o DVD é especialmente valioso por mostrar Ella em ação nas apresentações intituladas Show of the Week - Ella Fitzgerald Swings (1965), Ella Fitzgerald Sings (1965), Omnibus Presentes Ella Fitzgerald at Ronnin Scott's (1974) e Jazz From Montreux (1977). A qualidade da imagem é oscilante, com vantagem para o show captado em 1977, na Suíça, no Montreux Jazz Festival. Em contrapartida, a voz e o senso rítmico da cantora estão no auge nos shows de 1965 - como provam os registros de Just-A-Sittin' and A-Rockin' (Duke Ellington, Lee Gaines e Billy Strayhorn) e Cheek to Cheek (Irving Berlin), destaques do show Ella Fitzgerald Swings, cujo roteiro inclui The Girl from Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes na versão em inglês de Norman Gimbel). Já o repertório de Ella Fitzgerald Sings inclui o registro de Don't Rain on my Parade (Jule Styne e Bob Merril) na voz extraordinária da cantora. Don't Rain on my Parade - vale lembrar - é tema do musical Funny Girl, que tinha estreado em 1964, apenas um ano antes da apresentação de Ella. Por sua vez, a curiosidade do roteiro do show Ella Fitzgerald at Ronnie Scott's é a abordagem de Good Morning Heartache (Irene Higgenbothan e Ervin Drake), tema associado desde 1946 à voz de Billie Holliday (1915 - 1959), uma das poucas cantoras que fizeram frente ao canto de Ella ao longo do século 20. Naquela época, 1974, já perto dos 60 anos, Ella começou a arriscar registros de maior intensidade emocional sem perder o suingue, a característica básica de seu canto. Tal intensidade emocional é perceptível também na abordagem de I Ain't Got Nothin' But the Blues (Duke Ellington e Don George), número da apresentação de Ella no Montreux Jazz Festival de 1977. No show, há também set embebido em latinidade, no qual cantora e banda suingam ao som do One Note Samba, a versão em inglês do Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça). Ella Fitzgerald definitivamente era cantora de muita bossa.
Talvez a maior cantora do século XX
Para mim foi uma enorme surpresa saber desse lançamento no Brasil. Comprei há tempos esse ótimo/imperdível box lá fora, via Amazon. Amo a voz, o swing, a abordagem que Ella nos legou. Sem dúvida, uma das maiores vozes do século 20.
Por favor, aonde eu acho pra comprar esse DVD ? *-*
ELLA FITZGERALD E ELIS REGINA SÃO AS MAIORES CANTORAS DO MUNDO. ONTEM, HOJE, AMANHÃ E SEMPRE.
Meus Deus! Quando achávamos que tudo estava perdido, que a música se transformou em edições de CD e DVD festejando setanejos caça-níqueis ou lançamentos de neo-sertanejos jovens caça-níqueis ou padres e cantoras d mpb caça-níqueis eis que acontece um milagre. Ver e ouvir Ella mais ainda em material inédito, raro. Ella! Quem é ela? Muito mais que uma dama do jazz ou a maior cantora do século seja lá qual for. Ella é mais que isso, ela é negra e resistiu bravamente ao que infelizmente outras não conseguiram. Resistiu ao racismo em seu país racista, resistiu às drogas, aos cafajestes. E mesmo que tenha passado por todos esses problemas, passou por cima, passou bem e morreu de velha. Quando Ella morreu fiquei sabendo pelo jornal da globo. Chorei o resto da noite. Ouço-a sempre que me sinto assustado com a vida. Ella nos ensina com sua música a ser superior aos problemas. Mais que Ella só mesmo Billie, mais que Billie só mesmo João.
parafraseando Milton Nascimento: cantora é isso aqui, o resto é palhaçada.
Sem palavras...
COMPARAR ELLA FITZGERALD COM JOÃO ( SERÁ O JOÃO GILBERTO). ELLA DEVE ESTAR SE REVIRANDO NO TUMULO. RSRSRSSRSRSRSRS.
Eu tenho o disco do show da Ella em Montreux 1977. É arrepiante.
A versão dela em scat para One Note Samba é espetacular. Ela é ovacionada, merecidamente, no meio da música.
Ella é um desses milagres que ocorreram no século XX e que, infelizmente, não tiveram continuidade no século XXI.
abração,
Denilson
Que boa notícia!
Ella é ela! Sem igual!
Clovis Cordeiro da Silva-
Curitiba-Pr
EDELWEISS1948 (?). Demonstrou agora pouco ou mesmo nenhum conhecimento de música, história da música, do jazz. João influenciou e revolucionou o jazz americano. Este jazz ficou de joelhos para música brasileira. Sarah veio ao Brasil logo depois de ouvir João para saber que música era aquela. Que país era esse. Se você tivesse ouvido a discografia de Ella já teria percebido o que se modificou em sua forma de cantar após a bossa nova. Ella gravou um disco somente com canções de Tom. Resultado do impacto de João Gilberto na música americana que perdura até hoje. Já ouviu os discos de Diana Krall? Não é americana, mas faz jazz americado totalmente bossanovista. Ela chega ao extremo de homenagear João imitando-o. É muita ignorância musical... Faça-me um favor........
GILL!!!!!!!?????? SEM COMENTARIOS. É CHIQUE GOSTAR DE JOÃO. SO TE PERDOO PQ GOSTA DE ELLA. PELO MENOS ISSO.
Finalmente um consenso geral! Quero muito esse dvd. Ainda falta chegar ao Brasil o box dos 3 cds com o songbook do Duke Ellington. Importei e é perfeito.
O Gill, mesmo com todo conhecimento musical que possui, deveria tirar um L pra mais sábio.
Mais zen.
EDELWEISS1948. Se é chique gostar de João não sei, nem me importa. Gosto de João desde que eu era adolescente e nem sabia o que era música. Gosto de ele de verdade, é o artista que mais gosto no mundo. Mas por favor, não me julgue. Eu amo João Gilberto sem crises, as pessoas que conheço mal sabem da minha paixão, porque gosto de sua música mesmo. Tenho tudo de João e já assisti a 6 shows dele. Em novembro irei assistir ao sétimo. Quanto a Ella, gosto muito mesmo. Tenho toda sua discografia, todos os songbooks, enfim, tenho tudo. Então, quando aparece algo inédito ou raro, fico em êxtase.
Eu amo Ella, mas não tenho nada dela. Me devo esse DVD.
Gill,
Eu também, como Rosa Passos e Elis Regina, amo João Gilberto.
Como amo Ella e Billie.
abração,
Denilson
Obrigado Denilson pela solidariedade. Se a gente for fazer uma lista dos músicas que amam João teremos a lista mais interessante do planeta. Milles Davis disse que João é gênio até lendo jornal. Imagina só!
Dango, dê-se sim esse presente. Você terá uma experiência desigual.
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