Título: Ademilde Fonseca
Artista: Ademilde Fonseca
Gravadora da edição original de 1975: Top Tape
Gravadora da reedição de 2011: Discobertas
Cotação: * * * * *
Em 1975, quando contabilizava 54 anos, a cantora Ademilde Fonseca já estava entronizada definitivamente como a Rainha do Chorinho. Mas andava afastada do mercado fonográfico, onde estreara em julho de 1942. Egressa da era de ouro do rádio brasileiro, a cantora potiguar - radicada no Rio de Janeiro (RJ) desde 1941 - já parecia pertencer ao passado da música brasileira. Mas eis que um álbum gravado em 1975 pela extinta gravadora Top Tape, Ademilde Fonseca, renovou o repertório da intérprete e a repôs em cena. Relançado por conta dos 90 anos completados pela artista em 4 de março de 2011, Ademilde Fonseca é um dos títulos mais nobres da discografia da Rainha do Chorinho, epíteto incorporado ao título do álbum nesta reedição do selo Discobertas. Além da excelência do acompanhamento instrumental (feito por mestres como o flautista Copinha, o bandolinista Abel Ferreira e o violonista Dino Sete Cordas), o repertório é impecável. Tanto o novo quanto o antigo. O maior destaque foi o inspirado Choro Chorão, fornecido por Martinho da Vila para a cantora. Mas Ademilde Fonseca alinha joias de alto quilate como o magoado Choro do Adeus - composto no tom habitualmente melancólico pelos parceiros Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Guilherme de Brito (1922 - 2006), nunca associados ao gênero - e Amor Sem Preconceito, samba de Candeia (1935 - 1978) e Paulinho da Viola que Ademilde traduziu para o idioma do choro (íntimo do ritmo, Paulinho é também o autor do lírico Meu Sonho). Intérprete habituada a encarar a alta velocidade de temas como O Que Vier Eu Traço (Alvaiade e Zé Maria), gravado por Ademilde em 1945 e rebobinado 30 anos depois neste álbum antológico, a cantora também sabe pisar no freio para destilar as mágoas de choro dolente como Coração Trapaceiro, fornecido por Hermínio Bello de Carvalho e Vital Lima. Já a dupla João Bosco e Aldir Blanc - então em sua década áurea - presentearam a rainha com Títulos de Nobreza (Ademilde no Choro), em cuja letra Blanc alinha nomes de chorinhos famosos em fina costura. E assim - com um pé no presente e outro no seu passado de glória, evocado através de regravações como as de Brasileirinho (Waldir Azevedo e Pereira Costa) e Doce Melodia (Abel Ferreira e Luiz Antônio), choros gravados originalmente por Ademilde em 1950 e 1952 - Ademilde mostrou para a geração 70 toda sua destreza na interpretação de um gênero que exige bossa e musicalidade. A justa reedição de Ademilde Fonseca - álbum em que produção (de Jorge Coutinho), arranjos (de Orlando Silveira, José Menezes França e Nelsinho), interpretações e acompanhamento instrumental se harmonizam em perfeita sintonia - reitera que o reinado da cantora no choro é vitalício. Título de nobreza atemporal, o disco é obra-prima, uma joia rara.
6 comentários:
Em 1975, quando contabilizava 54 anos, a cantora Ademilde Fonseca já estava entronizada definitivamente como a Rainha do Chorinho. Mas andava afastada do mercado fonográfico, onde estreara em julho de 1942. Egressa da era de ouro do rádio brasileiro, a cantora potiguar - radicada no Rio de Janeiro (RJ) desde 1941 - já parecia pertencer ao passado da música brasileira. Mas eis que um álbum gravado em 1975 pela extinta gravadora Top Tape, Ademilde Fonseca, renovou o repertório da intérprete e a repôs em cena. Relançado por conta dos 90 anos completados pela artista em 4 de março de 2011, Ademilde Fonseca é um dos títulos mais nobres da discografia da Rainha do Chorinho, epíteto incorporado ao título do álbum nesta reedição do selo Discobertas. Além da excelência do acompanhamento instrumental (feito por mestres como o flautista Copinha, o bandolinista Abel Ferreira e o violonista Dino Sete Cordas), o repertório é impecável. Tanto o novo quanto o antigo. O maior destaque foi o inspirado Choro Chorão, fornecido por Martinho da Vila para a cantora. Mas Ademilde Fonseca alinha joias de alto quilate como o magoado Choro do Adeus - composto no tom habitualmente melancólico pelos parceiros Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Guilherme de Brito (1922 - 2006), nunca associados ao gênero - e Amor Sem Preconceito, samba de Candeia (1935 - 1978) e Paulinho da Viola que Ademilde traduziu para o idioma do choro (íntimo do ritmo, Paulinho é também o autor do lírico Meu Sonho). Intérprete habituada a encarar a alta velocidade de temas como O Que Vier Eu Traço (Alvaiade e Zé Maria), gravado por Ademilde em 1945 e rebobinado 30 anos depois neste álbum antológico, a cantora também sabe pisar no freio para destilar as mágoas de choro dolente como Coração Trapaceiro, fornecido por Hermínio Bello de Carvalho e Vital Lima. Já a dupla João Bosco e Aldir Blanc - então em sua década áurea - presentearam a rainha com Títulos de Nobreza (Ademilde no Choro), em cuja letra Blanc alinha nomes de chorinhos famosos em fina costura. E assim - com um pé no presente e outro no seu passado de glória, evocado através de regravações como as de Brasileirinho (Waldir Azevedo e Pereira Costa) e Doce Melodia (Abel Ferreira e Luiz Antônio), choros gravados originalmente por Ademilde em 1950 e 1952 - Ademilde mostrou para a geração 70 toda sua destreza na interpretação de um gênero que exige bossa e musicalidade. A justa reedição de Ademilde Fonseca - álbum em que produção (de Jorge Coutinho), arranjos (de Orlando Silveira, José Menezes França e Nelsinho), interpretações e acompanhamento instrumental se harmonizam em perfeita sintonia - reitera que o reinado da cantora no choro é vitalício. Título de nobreza atemporal, o disco é obra-prima, uma joia rara.
Super quero! Quero pra ontem!
EU JA TENHO.
SUPER concordo, Mauro! Ouço esse disco desde os anos 80, ainda possuo o vinil e ouço sempre aos domingões, durante sessões culinárias, entre uma e outra cerveja! Agora quero o cd!
Abs,
Eu conheço somente de mp3 baixado pela net. AGORA QUERO O MEU CD, com encarte, letras, ficha técnica, tudo bonitinho.
Este disco é uma aula de chorinho! Viva Ademilde e sua técnica espetacular!!!
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