Mauro Ferreira no G1

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domingo, 23 de outubro de 2011

Ao vivo no Rio, Sade prova que seu som fica ainda mais sedutor no palco

Resenha de show
Título: Sade Live
Artista: Sade (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: HSBC Arena (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 22 de outubro de 2011
Cotação: * * * * *
Show em cartaz no estádio Nilson Nelson, em Brasília (DF), em 25 de outubro de 2011

Havia toda uma expectativa em torno da passagem da turnê Sade Live pelo Brasil. Afinal, é a primeira vez que a cantora de origem nigeriana e sua banda se apresentam em palcos nacionais. A própria Sade estava fora de cena há dez anos, desde que rodou o mundo com a Lovers Rock Tour (2011). Mas a alta expectativa se cumpriu plenamente. Festa para olhos e ouvidos, pela perfeita sincronicidade da música com as imagens de alta definição projetadas nos telões, o show de Sade na HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ), resultou impecável. Em cena, Sade amplia o raio de sedução de sua música - já elegante e sofisticada em sua essência - com aparato visual de igual refinamento. Álbum que inspirou a turnê, Soldier of Love (2010) pode  não ser o disco mais inspirado de Sade - e não é - mas a primeira apresentação carioca de Sade resultou tão perfeita que uma ou outra música menos inspirada, caso de Skin (2010), se mostrou sem poder para alterar tal perfeição e diminuir o bilho do show da turnê Sade Live. Tudo por conta da classe da cantora. Aos 52 anos, Sade conserva o viço, o volume e a potência de sua voz grave, perfeita para ambientar temas como Your Love Is King (1984) e Kiss of Life (1992). Retumbante sucesso do álbum de estreia de Sade (Diamond Life),  Smooth Operator (1984) ganhou imagens de metrópoles e foi - assim como No Ordinary Love (1992) - um dos muitos números em que a vibração do público contribuiu para construir a magia do show. Além de cantar, Sade também dança charmosamente pelo palco enquanto apresenta Love Is Found (2011), uma das músicas inéditas da compilação The Ultimate Collection, lançada em maio pela gravadora Sony Music no rastro da estreia mundial da turnê Sade Live, em abril. As baladas Is It a Crime? (1985) e Jezebel (1985) foram momentos que beiraram o sublime. Turbinada com matador solo do saxofonista da banda, Jezebel deslumbrou com sua atmosfera íntima que ambienta a música em tom jazzy. Verdade seja dita: a fina sintonia entre música e imagem valoriza bastante a apresentação. Em Bring me Home (2010), a projeção de estradas e de trilhos parece encaminhar Sade para a casa, realçando o significado dos versos da música lançada no álbum Soldier of Love. Em Cherish the Day (1992), já no bis, um praticável eleva a cantora e a deixa no mesmo nível dos arranha-céus de Nova York (EUA) projetados no telão. Antes, em Pearls (1992), Sade fica sozinha no palco - em cujo fundo se projeta a imagem de uma lua cheia - e proporciona outro grande momento de beleza visual e musical. Enfim, Sade esbanja classe e sofisticação em cena com seu som que se situa entre o pop, o soul e o r & b sem se deixar enquadrar em nenhum destes gêneros. Impossível resistir à elegância de Sade e de baladas como By Your Side (2000). Até mesmo quem não é fã da artista se deixa seduzir pela elegância do show da turnê Sade Live.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Havia toda uma expectativa em torno da passagem da turnê Sade Live pelo Brasil. Afinal, é a primeira vez que a cantora de origem nigeriana e sua banda se apresentam em palcos nacionais. A própria Sade estava fora de cena há dez anos, desde que rodou o mundo com a Lovers Rock Tour (2011). Mas a alta expectativa se cumpriu plenamente. Festa para olhos e ouvidos, pela perfeita sincronicidade da música com as imagens de alta definição projetadas nos telões, o show de Sade na HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ), resultou impecável. Em cena, Sade amplia o raio de sedução de sua música - já elegante e sofisticada em sua essência - com aparato visual de igual refinamento. Álbum que inspirou a turnê, Soldier of Love (2010) pode não ser o disco mais inspirado de Sade - e não é - mas a primeira apresentação carioca de Sade resultou tão perfeita que uma ou outra música menos inspirada, caso de Skin (2010), se mostrou sem poder para alterar tal perfeição e diminuir o bilho do show da turnê Sade Live. Tudo por conta da classe da cantora. Aos 52 anos, Sade conserva o viço, o volume e a potência de sua voz grave, perfeita para ambientar temas como Your Love Is King (1984) e Kiss of Life (1992). Retumbante sucesso do álbum de estreia de Sade (Diamond Life), Smooth Operator (1984) ganhou imagens de metrópoles e foi - assim como No Ordinary Love (1992) - um dos muitos números em que a vibração do público contribuiu para construir a magia do show. Além de cantar, Sade também dança charmosamente pelo palco enquanto apresenta Love Is Found (2011), uma das músicas inéditas da compilação The Ultimate Collection, lançada em maio pela gravadora Sony Music no rastro da estreia mundial da turnê Sade Live, em abril. As baladas Is It a Crime? (1985) e Jezebel (1985) foram momentos que beiraram o sublime. Turbinada com matador solo do saxofonista da banda, Jezebel deslumbrou com sua atmosfera íntima que ambienta a música em tom jazzy. Verdade seja dita: a fina sintonia entre música e imagem valoriza bastante a apresentação. Em Bring me Home (2010), a projeção de estradas e de trilhos parece encaminhar Sade para a casa, realçando o significado dos versos da música lançada no álbum Soldier of Love. Em Cherish the Day (1992), já no bis, um praticável eleva a cantora e a deixa no mesmo nível dos arranha-céus de Nova York (EUA) projetados no telão. Antes, em Pearls (1992), Sade fica sozinha no palco - em cujo fundo se projeta a imagem de uma lua cheia - e proporciona outro grande momento de beleza visual e musical. Enfim, Sade esbanja classe e sofisticação em cena com seu som que se situa entre o pop, o soul e o r & b sem se deixar enquadrar em nenhum destes gêneros. Impossível resistir à elegância de Sade e de baladas como By Your Side (2000). Até mesmo quem não é fã da artista se deixa seduzir pela elegância do show da turnê Sade Live.

Beto Gonzales disse...

Vi o show em sua passagem por Buenos Aires. Simplesmente sublime e arrebatador!!!

Luca disse...

Mauro anda muito generoso com show internacional, cinco estrelas pro Clapton, outras cinco pra Sade, qual o parâmetro?

KL disse...

tenho um amigo aficionado à soul/disco/black/funk music (conhece tudo e coleciona tudo), que, uma vez, me disse uma coisa curiosa: que não apreciava cantores(as) à frente de grupos, e sim os grupos, o som dos grupos. Mas que a única exceção que ele fazia era para Sade Adu (!)
A partir daí, passei a observar mais atentamente o trabalho dela e, obviamente, a diferenciar musicalidade de estrelismo. Que inveja dos que assistirão ao show dessa verdadeira dama sofisticada, talvez a única e a última surgida nos estridentes e pasteurizados anos 1980.

Marcos Henrique disse...

Ótima crítica Mauro, estive lá e assino embaixo tudo que escreveste! Nunca tinha visto show tão bem trabalhado, produção impecável! Sade sexy, elegante, charmosa, simpática... Lindos números com luzes e projeçoes e um troca-troca de cenário incrível! Impecável! Se antes era fã, agora sou paga-pau! kkk