Resenha de show
Título: Salve São Francisco
Artista: Geraldo Azevedo (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Tom Jobim (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 7 de outubro de 2011
Cotação: * * *
Show em cartaz no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), até 8 de outubro de 2011
Lá pelo meio da primeira apresentação carioca do show Salve São Francisco, ao anunciar o bloco que reúne os maiores sucessos de sua carreira, o próprio Geraldo Azevedo avaliou que o público poderia estar cansado pela recepção do que o artista chamou de "tanta informação nova". De fato, bastaram os primeiros acordes de Bicho de Sete Cabeças (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha) - cutucado com arranjo renovador em que a guitarra de Azevedo dialogou com a flauta de Vitor Motta - para que emergisse uma vibração maior na plateia que ocupou a maior parte das cadeiras do Espaço Tom Jobim. No todo, sucessos como Dia Branco (Geraldo Azevedo e Renato Rocha) e Táxi Lunar (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Alceu Valença) - este revivido já no bis, na pegada habitual dos registros de Ramalho - revolvem as águas plácidas de Salve São Francisco, show que levanta a bandeira ambiental empunhada por Azevedo no CD e DVD lançados em abril pela gravadora Biscoito Fino. Trata-se de projeto conceitual sobre as agruras do rio São Francisco. No DVD de caráter documental, o ralo discurso ambientalista somente não afunda as boas intenções do artista por conta da música. No show, essa música também responde por alguns bons momentos. Se Barcarola do São Francisco (Geraldo Azevedo e Carlos Fernando) navega sob base percussiva, Petrolina e Juazeiro (Geraldo Azevedo e Moraes Moreira) desliza nas águas ritmadas do xote. A safra de inéditas resulta eventualmente irregular, mas é fato que o rio de Geraldo abarca músicas de alguma beleza melódica e poética, em especial Carranca que Chora (Geraldo Azevedo e Capinam) e a melancólica Saudade do Vapor (Vavá Cunha), tema turbinado com a guitarra luminosa de Robertinho de Recife. Também convidado dessa minitemporada carioca, o cantor e compositor pernambucano Geraldo Amaral não mergulha com brilho vocal em Águas Daquele Rio, música da lavra do próprio Amaral. Por sua vez, Clarice Azevedo dilui a onda bossa-novista de Opara (Salve São Francisco) - parceria de Azevedo com Clóvis Nunes e Geraldo Amaral - ao fazer dueto com seu pai. Entre inéditas e velhas conhecidas como Caravana (Geraldo Azevedo e Alceu Valença), seguida sem a habitual imponência, paira sobre o roteiro a monstruosa inspiração de O Ciúme (Caetano Veloso), embora Azevedo não acerte o tom denso do tema. O grande acerto do roteiro é a inclusão de Chega de Mágoa, Tema de criação coletiva que reuniu os maiores astros da música brasileira em beneficente gravação feita em maio de 1985 para o projeto Nordeste Já, Chega de Mágoa está em fina sintonia com o discurso ecológico de Salve São Francisco. Mais do que os arranjos de acento pop que amenizam o sotaque regionalista do repertório. Ainda assim, a barcarola navega pelas águas do Velho Chico sem graves acidentes.
Lá pelo meio da primeira apresentação carioca do show Salve São Francisco, ao anunciar o bloco que reúne os maiores sucessos de sua carreira, o próprio Geraldo Azevedo avaliou que o público poderia estar cansado pela recepção do que o artista chamou de "tanta informação nova". De fato, bastaram os primeiros acordes de Bicho de Sete Cabeças (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha) - cutucado com arranjo renovador em que a guitarra de Azevedo dialogou com a flauta de Vitor Motta - para que emergisse uma vibração maior na plateia que ocupou a maior parte das cadeiras do Espaço Tom Jobim. No todo, sucessos como Dia Branco (Geraldo Azevedo e Renato Rocha) e Táxi Lunar (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Alceu Valença) - este revivido já no bis, na pegada habitual dos registros de Ramalho - revolvem as águas plácidas de Salve São Francisco, show que levanta a bandeira ambiental empunhada por Azevedo no CD e DVD lançados em abril pela gravadora Biscoito Fino. Trata-se de projeto conceitual sobre o rio São Francisco. No DVD de caráter documental, o ralo discurso ambientalista somente não afunda as boas intenções do artista por conta da música. No show, essa música também responde por alguns bons momentos. Se Barcarola do São Francisco (Geraldo Azevedo e Carlos Fernando) navega sob base percussiva, Petrolina e Juazeiro (Geraldo Azevedo e Moraes Moreira) desliza nas águas ritmadas do xote. A safra de inéditas resulta eventualmente irregular, mas é fato que o rio de Geraldo abarca músicas de alguma beleza melódica e poética, em especial Carranca que Chora (Geraldo Azevedo e Capinam) e a melancólica Saudade do Vapor (Vavá Cunha), tema turbinado com a guitarra luminosa de Robertinho de Recife. Também convidado dessa minitemporada carioca, o cantor e compositor pernambucano Geraldo Amaral não mergulha com brilho vocal em Águas Daquele Rio, música da lavra do próprio Amaral. Por sua vez, Clarice Azevedo dilui a onda bossa-novista de Opara (Salve São Francisco) - parceria de Azevedo com Clóvis Nunes e Geraldo Amaral - ao fazer dueto com seu pai. Entre inéditas e velhas conhecidas como Caravana (Geraldo Azevedo e Alceu Valença), seguida sem a habitual imponência, paira sobre o roteiro a monstruosa inspiração de O Ciúme (Caetano Veloso), embora Azevedo não acerte o tom denso do tema. O grande acerto do roteiro é a inclusão de Chega de Mágoa, Tema de criação coletiva que reuniu os maiores astros da música brasileira em beneficente gravação feita em maio de 1985 para o projeto Nordeste Já, Chega de Mágoa está em fina sintonia com o discurso ecológico de Salve São Francisco. Mais do que os arranjos de acento pop que amenizam o sotaque regionalista do repertório. Ainda assim, a barcarola navega pelas águas do Velho Chico sem graves acidentes.
ResponderExcluirNão cantou " Quem é muito querido a mim " e " Dona da minha cabeça " ?
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