quarta-feira, 5 de outubro de 2011

'O Oposto de Dizer Adeus' expõe o talento e inquietude de Dan Nakagawa

Resenha de CD
Título: O Oposto de Dizer Adeus
Artista: Dan Nakagawa
Gravadora: YB Music
Cotação: * * * * 1/2

Com seus olhos de farol, Ney Matogrosso já mirou em Dan Nakagawa, cantor e compositor paulista de quem gravou a música Um Pouco de Calor no seu disco Inclassificáveis (2008). Revelado na cena indie brasileira em 2005 com o CD O Primeiro Círculo, Nakagawa volta ao mercado fonográfico neste ano de 2011 com a edição de seu segundo álbum, O Oposto de Dizer Adeus, de repertório inteiramente autoral. Produzido e arranjado pelo próprio Nakagawa (com ajuda de Rogério Bastos na produção), o disco expõe o talento de um compositor que tem o que dizer. Se destila poesia na canção Infinito Instante, o artista revela inquietude e firmeza na balada que batiza álbum, O Oposto de Dizer Adeus. "Afirmo tudo como está / No meio do caminho tortuoso dessa vida", canta na belíssima faixa-título. "O tempo escorre pelos dedos", arremata em verso de Assim Assim (Dan Nakagawa e Celso Sim), emoldurado pelo violino de Pedro Gobeth. Um dos muitos destaques do disco, que ostenta os vocais de Tulipa Ruiz em Coração Coragem (de levada envolvente) e em O Sol da Meia Noite, Assim Assim é canção de leveza pop que começa em clima de cabaré. Tal leveza - perceptível também em Two Thousand Miles Between Smiles (Nelo Johann), faixa cantada em inglês que também se ajustaria ao ambiente de um cabaré - contrasta com o peso existencial de algumas letras. Eu Sofro por Amor é o título de uma das músicas mais contundentes da inspirada safra autoral de Nakagawa. Disco de arquitetura caseira, gravado com a little help dos amigos do artista, O Oposto de Dizer Adeus agrega na ficha técnica nomes como Pelico (na roqueira Todo Mundo o Tempo Todo) e Blubell  (na jazzística A Nossa Vida Toda, parceria com Daniel Oliva). A turma ajuda a dar forma a um repertório que nunca perde o caráter instigante (adjetivo que, se não estivesse tão desgastado, seria ideal para caracterizar o som de Dan Nakagawa). "Porque você não quer ver que a vida também é sofrer / Que a harmonia nasce da guerra", expõe o artista em O Lobo e a Primavera, balada de beleza poética e melódica. Enfim, em tempos em que há muita pose e pouca música realmente boa na cena indie brasileira, Dan Nakagawa reaparece com  disco repleto de canções tão bonitas quanto inquietas, entre a MPB e o pop inteligente. Os olhos de farol de Ney Matogrosso estão atentos.

5 comentários:

  1. Com seus olhos de farol, Ney Matogrosso já mirou em Dan Nakagawa, cantor e compositor paulista de quem gravou a música Um Pouco de Calor em seu disco Inclassificáveis (2008). Revelado na cena indie brasileira em 2006 com o CD O Primeiro Círculo, Nakagawa volta ao mercado fonográfico neste ano de 2011 com a edição de seu segundo álbum, O Oposto de Dizer Adeus, de repertório inteiramente autoral. Produzido e arranjado pelo próprio Nakagawa (com ajuda de Rogério Bastos na produção), o disco expõe o talento de um compositor que tem o que dizer. Se destila poesia na canção Infinito Instante, o artista revela inquietude e firmeza na balada que batiza álbum, O Oposto de Dizer Adeus. "Afirmo tudo como está / No meio do caminho tortuoso dessa vida", canta na belíssima faixa-título. "O tempo escorre pelos dedos", arremata em verso de Assim Assim (Dan Nakagawa e Celso Sim), emoldurado pelo violino de Pedro Gobeth. Um dos muitos destaques do disco, que ostenta os vocais de Tulipa Ruiz em Coração Coragem (de levada envolvente) e em O Sol da Meia Noite, Assim Assim é canção de leveza pop que começa em clima de cabaré. Tal leveza - perceptível também em Two Thousand Miles Between Smiles (Nelo Johann), faixa cantada em inglês que também se ajustaria ao ambiente de um cabaré - contrasta com o peso existencial de algumas letras. Eu Sofro por Amor é o título de uma das músicas mais contundentes da inspirada safra autoral de Nakagawa. Disco de arquitetura caseira, gravado com a little help dos amigos do artista, O Oposto de Dizer Adeus agrega na ficha técnica nomes como Pelico (na roqueira Todo Mundo o Tempo Todo) e Blubell (na jazzística A Nossa Vida Toda, parceria com Daniel Oliva). A turma ajuda a dar forma a um repertório que nunca perde o caráter instigante (adjetivo que, se não estivesse tão desgastado, seria ideal para caracterizar o som de Dan Nakagawa). "Porque você não quer ver que a vida também é sofrer / Que a harmonia nasce da guerra", expõe o artista em O Lobo e a Primavera, balada de beleza poética e melódica. Enfim, em tempos em que há muita pose e pouca música realmente boa na cena indie brasileira, Dan Nakagawa reaparece com disco repleto de canções tão bonitas quanto inquietas, entre a MPB e o pop inteligente. Os olhos de farol de Ney Matogrosso estão atentos.

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  2. Um dos discos que mais tenho ouvido, é lindo! =)

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  3. Nossa, Mauro. Ele pode até ser um letrista interessante, mas como cantor é uma negação.

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  4. Adorei "Assim Assim", c/ o teclado do Eron Guarnieri, belo arranjo, aliás, todos os arranjos estão ótimos, bem sacados, um trabalho muito inspirado e envolvente, faz pensar. Impressiona como Dan consegue ir de uma suavidade quase melancólica à fúria (em "Todo Mundo Tempo Todo", por ex.) com a maior destreza. O cara é eclético, mas impõe uma tremenda personalidade em tudo que faz, gosto disso.
    Gostei tbem da tua resenha, Mauro, do "muita pose e pouca música realmente boa…" (ótimo!), mas não é apenas na cena indie, não, mas principalmente neste mainstream horrendo que aí está. Um abraço.

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  5. Os vídeos relativos a cada uma das canções, realizados artesanalmente, são um primor. Simples, mas inventivos, c/ uso diversificado de linguagens, consagram Dan como um artista multimídia completo e um dos mais sensíveis de sua geração. Gostei de todo o trabalho, das letras aos arranjos, inclusive das intervenções vocais de Tulipa em "Coração Coragem" e "Sol da meia noite".

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