A reedição do então raro livro de poesia Maria Bethânia Guerreira Guerrilha - lançado em 28 de novembro de 1968, 17 dias antes da promulgação do asfixiante Ato Institucional nº 5 - motivou Maria Bethânia a fazer no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro (RJ), duas apresentações do recital de poesia Bethânia e as Palavras para celebrar a obra do poeta e jornalista Reynaldo Jardim (1926 - 2011), autor do livro considerado subversivo e pornográfico pelo regime militar da época. Por conta da ocasião, Bethânia - vista em foto de Rodrigo Amaral na apresentação desta terça-feira, 18 de outubro de 2011 - incluiu no roteiro poema de Jardim, O Que se Odeia no Índio, escolhido ao acaso quando a intérprete abriu o livro que compila a obra do escritor, Sagradas Escrituras, conforme a artista contou em cena. Orgulhosa com a reedição, a intérprete teceu loas ao poeta ao longo da apresentação aberta com a exibição de vídeo com o trecho do curta-metragem Profana Via Sacra (de Alisson Sbrana) em que Jardim recorda a saga do livro, cuja primeira edição foi quase toda confiscada e destruída pelos órgãos repressores do Governo da época. Na sequência da abertura, o ator Elias Andreato entrou no palco para recitar trecho do longo poema do livro e somente então depois Bethânia, a senhora da cena, apareceu para fazer o espetáculo em que entrelaça música e poesia. No bis, a pedido de um espectador, Bethânia cantou Carcará (João do Vale e José Cândido), o tema que alçou voo alto pelos ceús do Brasil desde que foi abordado pela artista em 1965 no show Opinião, em interpretação tão marcante que inspirou Jardim a escrever o livro ora relançado pela Móbile Editorial sob a organização de Marcio Debelian e Ramon Mello. Em cartaz no Sesc Ginástico somente até 19 de outubro, Bethânia e as Palavras voltou à cena mais longo - com a adição de músicas como a guarânia Meu Primeiro Amor (Lejania), sucesso da dupla Cascatinha & Inhana, e Todo o Sentimento (Cristóvão Bastos e Chico Buarque) - porém com a mesma estrutura básica da primeira temporada do recital, iniciada em 2 de setembro de 2010 no Teatro Fashion Mall (clique aqui para ler a resenha da estreia e aqui para ver o roteiro), no mesmo Rio de Janeiro (RJ) para onde Bethânia trouxe de volta seu canto sagrado e suas palavras valentes para celebrar a poesia de Reynaldo Jardim.
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4 comentários:
A reedição do (até então raríssimo) livro de poesia Maria Bethânia Guerreira Guerrilha - lançado às vésperas da promulgação do asfixiante Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968 - motivou Maria Bethânia a fazer no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro (RJ), duas apresentações do recital de poesia Bethânia e as Palavras para celebrar a obra do poeta e jornalista Reynaldo Jardim (1926 - 2000), autor do livro considerado subversivo e pornográfico pelo regime militar da época. Por conta da ocasião, Bethânia - vista em foto de Rodrigo Amaral na apresentação desta terça-feira, 18 de outubro de 2011 - incluiu no roteiro poema de Jardim, O Que se Odeia no Índio, escolhido ao acaso quando a intérprete abriu o livro que compila a obra do escritor, Sagradas Escrituras, conforme a artista contou em cena. Orgulhosa com a reedição, a intérprete teceu loas ao poeta ao longo da apresentação aberta com a exibição de vídeo com o trecho do curta-metragem Profana Via Sacra (de Alisson Sbrana) em que Jardim recorda a saga do livro, cuja primeira edição foi quase toda confiscada e destruída pelos órgãos repressores do Governo da época. Na sequência da abertura, o ator Elias Andreato entrou no palco para recitar trecho do longo poema do livro e somente então depois Bethânia, a senhora da cena, apareceu para fazer o espetáculo em que entrelaça música e poesia. No bis, a pedido de um espectador, Bethânia cantou Carcará (João do Vale e José Cândido), o tema que alçou voo alto pelos ceús do Brasil desde que foi abordado pela artista em 1965 no show Opinião, em interpretação tão marcante que inspirou Jardim a escrever o livro ora relançado pela Móbile Editorial sob a organização de Marcio Debelian e Ramon Mello. Em cartaz no Sesc Ginástico somente até 19 de outubro, Bethânia e as Palavras voltou à cena mais longo - com a adição de músicas como a guarânia Meu Primeiro Amor (Lejania), sucesso da dupla Cascatinha & Inhana, e Todo o Sentimento (Cristóvão Bastos e Chico Buarque) - porém com a mesma estrutura básica da primeira temporada do recital, iniciada em 2 de setembro de 2010 no Teatro Fashion Mall (clique aqui para ler a resenha da estreia e aqui para ver o roteiro), no mesmo Rio de Janeiro (RJ) para onde Bethânia trouxe de volta seu canto sagrado e suas palavras valentes para celebrar a poesia de Reynaldo Jardim.
Esse recital-espetáculo deveria entrar numa espécie de turnê mais oficial, digamos assim, para que mais pessoas possam assistir e começar a apreciar poesia (ou solidificar essa apreciação). Terça e quarta, no horário das 19:00, 19:30 é muito elitista, na minha humilde opinião. Sendo (quase) restrito a membros do SESC fica mais difícil ainda, mesmo que a artista tenha sido exclusivamente contratada pela instituição para tal. Gostaria de vê-la num teatro como Carlos Gomes, ou João Caetano, ou até mesmo numa casa de espetáculos (o que também reduziria o acesso, já que todos sabemos a dificuldade que é conseguir ingressos para ver Bethânia num palco hoje em dia), mas numa "micro-temporada" maiorzinha, tipo umas duas semanas por mais paradoxal que possa parecer. Ainda tenho esperanças...
Mauro, D. Maria fará shows com repertório buarquiano e dizem que no seu novo cd estarão Gal Costa e Paulinho da viola! corre atrás Mauro! (em tempo: a música gravada em dueto com Gal seria 'maré cheia'
Foi perturbadoramente lindo. Saí atordoada, ai ai. Viva Bethânia!
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