Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Reedição de 'O Suburbano' joga luz sobre o inspirado começo de Guineto

Resenha de reedição de CD
Título: O Suburbano
Artista: Almir Guineto
Gravadora da edição original de 1982:  Beverly / Copacabana
Gravadora da reedição de 2011: Microservice
Cotação: * * * * 1/2

Egresso dos grupos Os Originais do Samba e Fundo de Quintal, responsáveis cada um em seu estilo por momentos de renovação do samba carioca, Almir Guineto partiu para a carreira solo em 1981. Estimulado pelo sucesso de Mordomia (Ari do Cavaco e Gracinha), samba que defendera no festival MPB Shell 1981, Guineto entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum solo, O Suburbano, lançado no início de 1982 pela Copacabana, companhia pela qual o cantor faria ainda um segundo álbum, A Chave do Perdão (1982), de menor repercussão. De volta ao catálogo em reedição produzida pela Microservice, O Suburbano se confirma - 30 anos após sua gravação - como um dos melhores discos de samba da década de 80. Dilapidada já há alguns anos, a voz de Guineto dava plenamente conta do recado e deu vida a um punhado de sambas da melhor qualidade. Entre eles, há título pouco ouvido da obra de Martinho da Vila, Madalena Cabrocha Bonita, de cadência típica da obra do compositor. Entre samba de pique carnavalesco (Tudo Acabou, da lavra de Guineto com Luverci Ernesto e Di-Grupo) e partido alto (Sinhá Mandaçaia, também de Guineto com o fiel parceiro Luverci), o pagodeiro rebobina Mordomia, explora (não muito bem) a verve de Feiosa (Juarez e Antônio) e saboreia Mocotó com Pimenta (Geraldo Babão e Zardino). Sambista carioca ligado à história da escola de samba Salgueiro, Geraldo Babão (1926 - 1988), a propósito, tem presença destacada neste álbum de Guineto. Babão é o autor de Fiz o que Pude - grande e melodioso samba que vale o disco por si só - e o convidado do já citado partido alto Sinhá Mandaçaia, regravado por Elza Soares no álbum Trajetória (1997) com Zeca Pagodinho. Outro samba que já vale o disco é o que lhe dá nome, O Suburbano (Beto Sem Braço e Aloísio Machado), partido em que os compositores conta a história de pobretão que vira político e fica mascarado após sua eleição. Então em ótima forma como compositor, Guineto lançou em O Suburbano dois grandes sambas de sua lavra, É, Pois É (com Luverci Ernesto) e Tumulto no Canavial (com Beto sem Braço), partido em cuja introdução se ouve a voz não creditada de Mart'nália. Mas o sucesso radiofônico do disco foi Saco Cheio (Dona Fia e Marco Antônio). Mesmo assim, embora seja um disco excelente, O Suburbano não deu todo o impulso que poderia ter dado à carreira solo de Guineto. O artista somente conseguiria vendas expressivas ao ingressar na extinta RGE, gravadora por onde consolidou sua obra a partir da gravação do álbum Sorriso Novo (1985), uma das pedras fundamentais do pagode que explodiu nos quintais cariocas nos anos 80. Só que basta ouvir O Suburbano para mostrar que o talento de Guineto desabrochou antes, mais precisamente em 1981, neste coeso álbum gravado há 30 anos. Arranjado pelo maestro Ivan Paulo com competência, O Suburbano é clássico precursor do boom de pagode carioca que - a partir de 1985 - projetou o samba de Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal e do próprio Guineto.

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Egresso dos grupos Os Originais do Samba e Fundo de Quintal, responsáveis cada um em seu estilo por momentos de renovação do samba carioca, Almir Guineto partiu para a carreira solo em 1981. Estimulado pelo sucesso de Mordomia (Ari do Cavaco e Gracinha), samba que defendera no festival MPB Shell 1981, Guineto entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum solo, O Suburbano, lançado no início de 1982 pela Copacabana, companhia pela qual o cantor faria ainda um segundo álbum, A Chave do Perdão (1982), de menor repercussão. De volta ao catálogo em reedição produzida pela Microservice, O Suburbano se confirma - 30 anos após sua gravação - como um dos melhores discos de samba da década de 80. Dilapidada já há alguns anos, a voz de Guineto dava plenamente conta do recado e deu vida a um punhado de sambas da melhor qualidade. Entre eles, há título pouco ouvido da obra de Martinho da Vila, Madalena Cabrocha Bonita, de cadência típica da obra do compositor. Entre samba de pique carnavalesco (Tudo Acabou, da lavra de Guineto com Luverci Ernesto e Di-Grupo) e partido alto (Sinhá Mandaçaia, também de Guineto com Luverci), o pagodeiro rebobina Mordomia, explora (não muito bem) a verve de Feiosa (Juarez e Antônio) e saboreia Mocotó com Pimenta (Geraldo Babão e Zardino). Sambista carioca ligado à história da escola de samba Salgueiro, Geraldo Babão (1926 - 1988), a propósito, tem presença destacada neste álbum de Guineto. Babão é o autor de Fiz o que Pude - grande e melodioso samba que vale o disco por si só - e o convidado do já citado partido alto Sinhá Mandaçaia, regravado por Elza Soares no álbum Trajetória (1997) com Zeca Pagodinho. Outro samba que já vale o disco é o que lhe dá nome, O Suburbano (Beto Sem Braço e Aloísio Machado), partido em que os compositores conta a história de pobretão que vira político e fica mascarado após sua eleição. Então em ótima forma como compositor, Guineto lançou em O Suburbano dois grandes sambas de sua lavra, É, Pois É (com Luverci Ernesto) e Tumulto no Canavial (com Beto sem Braço), partido em cuja introdução se ouve a voz não creditada de Mart'nália. Mas o sucesso radiofônico do disco foi Saco Cheio (Dona Fia e Marco Antônio). Mesmo assim, embora seja um disco excelente, O Suburbano não deu todo o impulso que poderia ter dado à carreira solo de Guineto. O artista somente conseguiria vendas expressivas ao ingressar na extinta RGE, gravadora por onde consolidou sua obra a partir da gravação do álbum Sorriso Novo (1985), uma das pedras fundamentais do pagode que explodiu nos quintais cariocas nos anos 80. Só que basta ouvir O Suburbano para mostrar que o talento de Guineto desabrochou antes, mais precisamente em 1981, neste inspirado álbum gravado há 30 anos. É um clássico do pagode!!!

Samba do Monte disse...

Agradecemos por esse registro! paz

KL disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
KL disse...

Já que tiraram da toca esse álbum da Beverly, bem que poderiam recolocar nas lojas um outro da mesma gravadora: o elo perdido de Jorge Ben (Bidu, Silêncio no Brooklin/1967), do qual fizeram "o favor" de alterar a arte gráfica da capa com uma barrada branca e um letreiro escrito "Memória da Música Brasileira", além de mudar a posição original do título. Ou seja: além de não terem competância para criar, ainda mexem no que não lhes é de direito.

Alô alô, Microservice, atenção: JORGE BEN/BIDU, SILÊNCIO NO BROOKLIN nas lojas por favor!

Marcelo Barbosa disse...

Salve Microservice! Eu nem reparei no encarte que foi relançado por ela.
O disco é muito bom e fora impulsionado pelo samba Mordomia do saudoso Ari do Cavaco, compositor portelense, que nos deixou há poucos dias.
Sem contar que o É, pois é ganhara registro um ano antes pela MAIOR cantora de samba desse país no maravilhoso lp Na Fonte. Abs

Francisco "Chicco" Brust disse...

Olá, Mauro, como vai?

O Almir ficou muito feliz com o texto, pediu que agradecesse pessoalmente a você.

Como não achei teu email no blog, peço-lhe por aqui mesmo autorização para divulgar, no site do Guineto, sua crônica com os devidos créditos e linkando para este Blog.

Obrigado por tudo, um abraço.
Chicco Brust
imprensa@almirguineto.com.br

Mauro Ferreira disse...

Oi, Chico, está autorizado a reproduzir a resenha no site do Almir. Fico feliz que ele tenha gostado do texto. Abs, MauroF

brunonegromonte disse...

Bem que nessas reedições da Copacabana poderiam relançar o álbum do Amado Maita...