quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Reedições de Pepeu realçam tanto o instrumentista quanto o artista pop

Resenha de reedições de CD
Títulos: Na Terra a Mais de Mil (1979), Eu Não Procuro o Som (1979 - 2011), Ao Vivo 14th Montreux Jazz Festival (1980), Pepeu Gomes (1981), Um Raio Laser (1982), Pedra Não É Gente Ainda (1988), On the Road (1989), Moraes e Pepeu no Japão (1991) e Pepeu Gomes (1993)
Artista: Pepeu Gomes
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2

A reedição de oito dos nove álbuns gravados por Pepeu Gomes na Warner Music - em coleção à qual foi adicionado um título inédito, Eu Não Procuro o Som, com gravação ao vivo de show feito pelo artista em 1979 no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro (RJ) - é oportuna por jogar luz em obra que expõe as múltiplas habilidades de Pepeu e os diversos sotaques de sua música. Exímio guitarrista capaz de mobilizar plateias com solos hendrixianos que explicitam múltiplas influências (samba, choro, rock, funk), o cantor e compositor - projetado no grupo Novos Baianos na virada dos anos 60 para os 70 - mostrou na carreira solo que também é habilidoso artista pop. A versatilidade de Pepeu é exposta na série de discos repostos em catálogo neste mês de outubro de 2011. Na Terra a Mais de Mil (1979) prioriza o instrumentista que cai no samba e no forró com sua guitarra apimentada de suingue tão brasileiro quanto universal. Destaque do repertório, a faixa Malacaxêta II (Pepeu Gomes e Caetano Veloso) apresenta a letra de Caetano, ausente da versão original registrada por Pepeu em seu primeiro álbum, Geração do Som (CBS, 1978). Ao Vivo 14th Montreux Jazz Festival (1980) joga choro, blues e baião no caldeirão fervente, com direito a um tributo ao ídolo Hendrix (Todo Amor ao Jimi) a um hit (O Mal É o Que Sai da Boca do Homem, de Pepeu com Baby Consuelo e Galvão) que afrontava a moral vigente com seus trocadilhos libertários. Álbum que a Warner reintitula arbitrariamente Calor Humano na coleção, sem razão aparente para tal atitude, Pepeu Gomes (1981) amplifica com o sucesso radiofônico do afoxé pop Eu Também Quero Beijar (Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Fausto Nilo) a pegada comercial já esboçada nos álbuns anteriores sem trair o espírito aglutinador da obra do artista em repertório que combinou choro (Tico Tico no Fubá) com tema de vibe roqueira (120 Watts de Pura Distorção). Na sequência, Um Raio Laser (1982) emplaca o hit Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes e  Baby Consuelo) em repertório turbinado com grooves funkeados e situado - como de hábito - entre a Bahia e o mundo. É após este disco que Pepeu parte para a CBS para gravar dois álbuns - Masculino e Feminino (1983) e Energia Positiva (1985) - em que se lambuza com os teclados que imperaram na era do tecnopop. Na volta à Warner Music, Pedra Não É Gente Ainda (1988) indica com algumas regravações que a produção autoral do compositor já dava sinais de cansaço. Já afastado das rádios, Pepeu sintomaticamente se escora em seu virtuosismo instrumental no posterior On the Road (1989), gravado ao vivo em apresentações feitas pelo artista na extinta casa carioca Rio Jazz Club de 17 a 21 de maio de 1989. Contudo, na sequência de sua discografia, Pepeu revigora sua obra autoral ao compor com Moraes Moreira - seu colega no seminal Novos Baianos - o repertório do disco Moraes e Pepeu (1990), título inexplicavelmente ausente da coleção produzida pela Warner Music. Embebida em latinidade, a produção autoral da dupla é parcialmente revisitada em Moraes e Pepeu no Japão (1991), gravado ao vivo em Tóquio, em show de setembro de 1990. Dois anos depois, Pepeu Gomes (1993) - álbum que encerra sua passagem pela gravadora Warner Music - põe Pepeu novamente em evidência nacional por conta da escolha da música Sexy Yemanjá (Pepeu Gomes e Tavinho Paes) para tema de abertura da novela Mulheres de Areia (1993), ora em reprise na programação vespertina da TV Globo. E assim - entre faixas instrumentais e cantadas, com um pé em Jimi Hendrix (1942 - 1970) e outro em Luiz Gonzaga (1912 - 1989), sem esquecer Jacob do Bandolim (1918 - 1969) - caminhou a miscigenada obra gravada por Pepeu Gomes na Warner Music, obra ora reposta em catálogo em reedições que primam pelo som excelente - a remasterização de Ricardo Garcia é exemplar -  e pecam pelo pouco apuro na reprodução da arte gráfica original, pelos títulos arbitrários impostos em dois álbuns e pela omissão injustificável de Moraes e Pepeu (1990). No todo, o saldo da coleção é muito positivo.

4 comentários:

  1. A reedição de oito dos nove álbuns gravados por Pepeu Gomes na Warner Music - em coleção à qual foi adicionado um título inédito, Eu Não Procuro o Som, com gravação ao vivo de show feito pelo artista em 1979 no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro (RJ) - é oportuna por jogar luz em obra que expõe as múltiplas habilidades de Pepeu e os diversos sotaques de sua música. Exímio guitarrista capaz de mobilizar plateias com solos hendrixianos que explicitam múltiplas influências (samba, choro, rock, funk), o cantor e compositor - projetado no grupo Novos Baianos na virada dos anos 60 para os 70 - mostrou na carreira solo que também é habilidoso artista pop. A versatilidade de Pepeu é exposta na série de discos repostos em catálogo neste mês de outubro de 2011. Na Terra a Mais de Mil (1979) prioriza o instrumentista que cai no samba e no forró com sua guitarra apimentada de suingue tão brasileiro quanto universal. Destaque do repertório, a faixa Malacaxêta II (Pepeu Gomes e Caetano Veloso) apresenta a letra de Caetano, ausente da versão original registrada por Pepeu em seu primeiro álbum, Geração do Som (CBS, 1978). Ao Vivo 14th Montreux Jazz Festival (1980) joga choro, blues e baião no caldeirão fervente, com direito a um tributo ao ídolo Hendrix (Todo Amor ao Jimi) a um hit (O Mal É o Que Sai da Boca do Homem, de Pepeu com Baby Consuelo e Galvão) que afrontava a moral vigente com seus trocadilhos libertários. Álbum que a Warner reintitula arbitrariamente Calor Humano na coleção, sem razão aparente para tal atitude, Pepeu Gomes (1981) amplifica com o sucesso radiofônico do afoxé pop Eu Também Quero Beijar (Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Fausto Nilo) a pegada comercial já esboçada nos álbuns anteriores sem trair o espírito aglutinador da obra do artista em repertório que combinou choro (Tico Tico no Fubá) com tema de vibe roqueira (120 Watts de Pura Distorção). Na sequência, Um Raio Laser (1982) emplaca o hit Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes e Baby Consuelo) em repertório turbinado com grooves funkeados e situado - como de hábito - entre a Bahia e o mundo. É após este disco que Pepeu parte para a CBS para gravar dois álbuns - Masculino e Feminino (1983) e Energia Positiva (1985) - em que se lambuza com os teclados que imperaram na era do tecnopop. Na volta à Warner Music, Pedra Não É Gente Ainda (1988) indica com algumas regravações que a produção autoral do compositor já dava sinais de cansaço. Já afastado das rádios, Pepeu sintomaticamente se escora em seu virtuosismo instrumental no posterior On the Road (1989), gravado ao vivo em apresentações feitas pelo artista na extinta casa carioca Rio Jazz Club de 17 a 21 de maio de 1989. Contudo, na sequência de sua discografia, Pepeu revigora sua obra autoral ao compor com Moraes Moreira - seu colega no seminal Novos Baianos - o repertório do disco Moraes e Pepeu (1990), título inexplicavelmente ausente da coleção produzida pela Warner Music. Embebida em latinidade, a produção autoral da dupla é parcialmente revisitada em Moraes e Pepeu no Japão (1991), gravado ao vivo em Tóquio, em show de setembro de 1990. Dois anos depois, Pepeu Gomes (1993) - álbum que encerra sua passagem pela gravadora Warner Music - põe Pepeu novamente em evidência nacional por conta da escolha da música Sexy Yemanjá (Pepeu Gomes e Tavinho Paes) para tema de abertura da novela Mulheres de Areia (1993), ora em reprise na programação vespertina da TV Globo. E assim - entre faixas instrumentais e cantadas, com um pé em Jimi Hendrix (1942 - 1970) e outro em Luiz Gonzaga (1912 - 1989), sem esquecer Jacob do Bandolim (1918 - 1969) - caminhou a miscigenada obra gravada por Pepeu Gomes na Warner Music, obra ora reposta em catálogo em reedições remasterizadas em coleção que peca somente pelos títulos arbitrários e pela omissão de Moraes e Pepeu (1990).

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  2. Pepeu está ativo, participando de shows do Conexão Vivo. Toca em Belém amanhã.

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  3. Eu comprei os cd's. Sendo franco, só vale a pena MESMO pela remasterização. A ficha técnica está incompleta, e a arte gráfica também. Pra piorar, o encarte não contém as letras das músicas.A boa surpresa fica tão somente pelo relançamento do álbum On The Road que ganhou bonus tracks.
    Dica? Recorram aos lançamentos da Série "Dois Momentos" ou o E - Collection, que a mixagem do album "Pedra Não é Gente Ainda" é diferente da versão contida no vinil (edição rara)!

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