Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Safra digna de 'Trilhos - Terra firme' repõe Casuarina no bom caminho autoral

Resenha de álbum
Título: Trilhos - Terra firme
Artista: Casuarina
Gravadora: Superlativa / Warner Music
Cotação: * * *

 Dois anos após se enquadrar na estética da MTV em registro ao vivo de show que deu origem ao CD e DVD MTV apresenta Casuarina (Sony Music, 2009), o quinteto carioca Casuarina - um dos nomes que fizeram a elite jovem da Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ) entrar nas rodas de samba armadas na revitalizada cena da Lapa - volta a seguir caminho autoral em seu quarto álbum, Trilhos - Terra firme, lançado neste mês de outubro de 2011. O disco apresenta safra de 14 inéditas da lavra de Daniel Montes (violão de 7 cordas), Gabriel Azevedo (voz e pandeiro), João Cavalcanti (voz e tantan) e João Fernando (bandolim e violão) com diversos parceiros. Apenas o cavaquinista Rafael Freire se exime de aparecer como compositor na safra que destaca o samba-de-roda Pequenino (Daniel Montes, Gabriel Azevedo e Sérgio Fonseca) e o samba de gafieira Dissimulata (João Cavalcanti), este valorizado pelos sopros da Orquestra Criôla, arranjados com excelência por Humberto Araújo. A produção de Rodrigo Campello - nome recorrente na produção dos discos de Roberta Sá - não desvia Trilhos - Terra firme da rota habitual do Casuarina, grupo que se posiciona de forma reverente frente às melhores tradições do samba carioca. Postura, aliás, detectada na composição de sambas como Terra firme (João Cavalcanti e Wander Pio), Murmúrio (João Fernando com Délcio Carvalho, parceiro habitual de Dona Ivone Lara), Vaidade (João Cavalcanti e Gabriel Azevedo) e Coringa (João Cavalcanti e Daniel Pereira). Quase sempre formatado em tons menores, o que favorece as interpretações dos meramente eficientes vocalistas do grupo, o repertório autoral de Trilhos - Terra firme transita pelo choro em Qual maneira (Daniel Montes e Roberto Lara), tangencia a roda baiana em Samba de Helena (Gabriel Azevedo) e flerta de longe com a estética bossa-novista em Ponto de vista (João Cavalcanti e Edu Krieger). No confronto com a safra de Certidão (Biscoito Fino, 2007), o repertório digno de Trilhos - Terra firme soa ligeiramente mais inspirado, atestando o bom caminho pavimentado pelo Casuarina desde o segundo álbum. Talvez porque permanecer na estrada - já há dez anos, no caso do grupo criado em 2001 - seja o único caminho que leva efetivamente à evolução e à consolidação de repertório autoral como o criado pelo Casuarina. Sim, o quinteto está no trilho certo.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Dois anos após se enquadrar na estética da MTV em registro ao vivo de show que deu origem ao CD e DVD MTV Apresenta Casuarina (2009), o quinteto carioca Casuarina - um dos nomes que fizeram a elite jovem da Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ) entrar nas rodas de samba armadas na revitalizada cena da Lapa - volta a seguir caminho autoral em seu quarto álbum, Trilhos - Terra Firme, lançado neste mês de outubro de 2011. O disco apresenta safra de 14 inéditas da lavra de Daniel Montes (violão de 7 cordas), Gabriel Azevedo (voz e pandeiro), João Cavalcanti (voz e tantan) e João Fernando (bandolim e violão) com diversos parceiros. Apenas o cavaquinista Rafael Freire se exime de aparecer como compositor na safra que destaca o samba-de-roda Pequenino (Daniel Montes, Gabriel Azevedo e Sérgio Fonseca) e o samba de gafieira Dissimulata (João Cavalcanti), este valorizado pelos sopros da Orquestra Criôla, arranjados com excelência por Humberto Araújo. A produção de Rodrigo Campello - nome recorrente na produção dos discos de Roberta Sá - não desvia Trilhos - Terra Firme da rota habitual do Casuarina, grupo que se posiciona de forma reverente frente às melhores tradições do samba carioca. Postura, aliás, detectada na composição de sambas como Terra Firme (João Cavalcanti e Wander Pio), Murmúrio (João Fernando com Délcio Carvalho, parceiro habitual de Dona Ivone Lara), Vaidade (João Cavalcanti e Gabriel Azevedo) e Coringa (João Cavalcanti e Daniel Pereira). Quase sempre formatado em tons menores, o que favorece as interpretações dos meramente eficientes vocalistas do grupo, o repertório autoral de Trilhos - Terra Firme transita pelo choro em Qual Maneira (Daniel Montes e Roberto Lara), tangencia a roda baiana em Samba de Helena (Gabriel Azevedo) e flerta de longe com a estética bossa-novista em Ponto de Vista (João Cavalcanti e Edu Krieger). No confronto com a safra de Certidão (2007), o repertório digno de Trilhos - Terra Firme soa ligeiramente mais inspirado, atestando o bom caminho pavimentado pelo Casuarina desde seu segundo álbum. Talvez porque permanecer na estrada - já há dez anos, no caso do grupo criado em 2001 - seja o único caminho que leva efetivamente à evolução e à consolidação de repertório autoral como o criado pelo Casuarina...