Mauro Ferreira no G1

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domingo, 30 de outubro de 2011

Vercillo já se acomoda em 'ilha particular' no show 'Como Diria Blavatsky'

Resenha de show
Título: Como Diria Blavatsky
Artista: Jorge Vercillo (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 29 de outubro de 2011
Cotação: * * *
Agenda da turnê nacional do show Como Diria Blavatsky:
5 de novembro de 2011 - Teatro Riachuelo (Natal, RN)
11 de novembro de 2011 - Teatro Guararapes (Recife, PE)
12 de novembro de 2011 - Espaço EMES (Aracajú, SE)
25 de novembro de 2011 - Vox (Maceió, AL)
26 de novembro de 2011 - Bahia Café (Salvador, BA)
16 e 17 de dezembro de 2011 - Citibank Hal (São Paulo, SP)

Título mais irregular da discografia de Jorge Vercillo, o CD Como Diria Blavatsky - recém-lançado pelo selo do cantor, Leve, com distribuição da Microservice - gerou show de altos e baixos como o disco. Em turnê nacional que estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 29 de outubro de 2011 e que vai se estender por 2012, o show Como Diria Blavatsky ostentaria roteiro inteiramente autoral não fosse a citação do refrão de Terra (Caetano Veloso) - cantado a capella - após Fênix (Jorge Vercillo e Flávio Venturini), um dos ápices do espetáculo por conta da arrebatadora performance vocal do artista. Fênix renasce com falsetes, quebradas e um arranjo cheio de frescor. Sucessos e lados B da discografia do artista ressurgem em cena renovados pela sonoridade da banda que inclui Jessé Sadoc (nos sopros), Bernardo Bosísio (na guitarra, cujo solo acentua a alma roqueira de Eu Quero a Verdade, balada de versos sem foco definido) e Glauco Fernandes (no violino), entre outros músicos afinados com a estética de Vercillo. Mas a banda, o belo cenário do artista plástico mineiro Flávio Vitói - composto por painéis com símbolos egípcios e imagens estilizadas do globo terrestre - e alguns bons momentos não atenuam a impressão de o show ser bem irregular, sobretudo em sua primeira parte. Da safra de inéditas do álbum Como Diria Blavatsky, as únicas duas músicas que fazem real diferença no roteiro são a balada que dá título ao CD - uma das mais inspiradas da lavra do compositor, cada vez mais às voltas com temáticas filosóficas, ambientais e humanistas em letras que nem sempre conseguem fugir dos clichês desses assuntos - e a suingante Acendeu (Jorge Vercillo e Dudu Falcão), tributo à ilha de Fernando de Noronha. As outras, em sua maioria, sinalizam que já é hora de o compositor renovar parcerias para arejar obra que fala habitualmente a língua popular das rádios. Sintomaticamente, são as músicas antigas que geram os momentos mais envolventes do show Como Diria Blavatsky. Se Encontro das Águas (Jorge Vercillo e Paulo César Feital) emerge na cadência bonita do samba, Regressão (Jorge Vercillo) - um lado B de Leve (2000), terceiro inspirado álbum do cantor - ganha o tom marroquino do violino de Glauco Fernandes, em sintonia com o sotaque árabe de Nos Espelhos (Jorge Vercillo e Dudu Falcão) e com a cítara tocada pelo guitarrista Bernardo Bosísio para ambientar Oração Yoshua (Jorge Vercillo e Paulo César Feital) em clima indiano. Neste tema, egresso do segundo álbum do cantor (Em Tudo Que É Belo, 1996), Vercillo senta no chão do palco - ao lado do músico - em posição de yoga. Instantes depois, Arco-Íris (Jorge Vercillo e Filó) abre o dançante set final, com direito a uma desenvolta participação - como dançarino - do filho mais velho do artista, Vinicius Vercillo. Por mais que os grooves de Homem Aranha (Jorge Vercillo) e Monalisa (Jorge Vercillo) sejam diferentes, esse final já soa sempre igual para quem acompanha os shows do cantor. Tal como o disco homônimo que o inspirou, o show Como Diria Blavatsky reitera que Vercillo precisa dar arejada no palco e nos estúdios se não quiser ser visto apenas pelos fãs mais fiéis. Entre sambas, hits radiofônicos e sons do Oriente, o show Como Diria Blavatsky mostra que Vercillo já está acomodado em sua ilha particular.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Título mais irregular da discografia de Jorge Vercillo, o CD Como Diria Blavatsky - recém-lançado pelo selo do cantor, Leve, com distribuição da Microservice - gerou show de altos e baixos como o disco. Em turnê nacional que estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 29 de outubro de 2011 e que vai se estender por 2012, o show Como Diria Blavatsky ostentaria roteiro inteiramente autoral não fosse a citação do refrão de Terra (Caetano Veloso) - cantado a capella - após Fênix (Jorge Vercillo e Flávio Venturini), um dos ápices do espetáculo por conta da arrebatadora performance vocal do artista. Fênix renasce com falsetes, quebradas e um arranjo cheio de frescor. Sucessos e lados B da discografia do artista ressurgem em cena renovados pela sonoridade da banda que inclui Jessé Sadoc (nos sopros), Bernardo Bosísio (na guitarra, cujo solo acentua a alma roqueira de Eu Quero a Verdade, balada de versos sem foco definido) e Glauco Fernandes (no violino), entre outros músicos afinados com a estética de Vercillo. Mas a banda, o belo cenário do artista plástico mineiro Flávio Vitói - composto por painéis com símbolos egípcios e imagens estilizadas do globo terrestre - e alguns bons momentos não atenuam a impressão de o show ser bem irregular, sobretudo em sua primeira parte. Da safra de inéditas do álbum Como Diria Blavatsky, as únicas duas músicas que fazem real diferença no roteiro são a balada que dá título ao CD - uma das mais inspiradas da lavra do compositor, cada vez mais às voltas com temáticas filosóficas, ambientais e humanistas em letras que nem sempre conseguem fugir dos clichês desses assuntos - e a suingante Acendeu (Jorge Vercillo e Dudu Falcão), tributo à ilha de Fernando de Noronha. As outras, em sua maioria, sinalizam que já é hora de o compositor renovar parcerias para arejar obra que fala habitualmente a língua popular das rádios. Sintomaticamente, são as músicas antigas que geram os momentos mais envolventes do show Como Diria Blavatsky. Se Encontro das Águas (Jorge Vercillo e Paulo César Feital) emerge na cadência bonita do samba, Regressão (Jorge Vercillo) - um lado B de Leve (2000), terceiro inspirado álbum do cantor - ganha o tom marroquino do violino de Glauco Fernandes, em sintonia com o sotaque árabe de Nos Espelhos (Jorge Vercillo e Dudu Falcão) e com a cítara tocada pelo guitarrista Bernardo Bosísio para ambientar Oração Yoshua (Jorge Vercillo e Paulo César Feital) em clima indiano. Neste tema, egresso do segundo álbum do cantor (Em Tudo Que É Belo, 1996), Vercillo senta no chão do palco - ao lado do músico - em posição de yoga. Instantes depois, Arco-Íris (Jorge Vercillo e Filó) abre o dançante set final, com direito a uma desenvolta participação - como dançarino - do filho mais velho do artista, Vinicius Vercillo. Por mais que os grooves de Homem Aranha (Jorge Vercillo) e Monalisa (Jorge Vercillo) sejam diferentes, esse final já soa sempre igual para quem acompanha os shows do cantor. Tal como o disco homônimo que o inspirou, o show Como Diria Blavatsky reitera que Jorge Vercillo precisa dar arejada no palco e nos estúdios se não quiser ser visto apenas pelos fãs mais fiéis. O show tem bons momentos, mas é irregular...

°°Priscila Leal°° disse...

Olá Mauro,a canção "Encontro das Águas" é da parceria Jorge Vercillo e Jota Maranhão.

Abs

Ps Calma 2 disse...

Belo texto, tenho que concordar em quase tudo. Porém, no tocante sobre o violino de Glauco Fernandes, 'Nos Espelhos' não tem sotaque árabe, é sotaque country americano.

Gugaw Nascimento disse...

Olá Mauro. É nítido que você conhece a carreira do Vercillo. No entanto, também conheço bem a carreira do Vercillo, e acho que en alguns pontos você pecou. Jorge Vercillo não é um cantor da mídia, nem que almeije vender mais discos, do que a capacidade numérica de seus fãs. Até porque, muitos dos fãs, nem os Cds compram, preferem baixar, quanto mais os que não conhecem.
Ou seja, se repetir, entrar em nuances estranhas, se recludir, entre outras coisas, é normal, para ele, e acho que é isso que ele quer. Não querendo afirmar coisas da vida pessoal do artista. Mas se ele quisesse algo diferente, ele o faria, pois competência ele tem. E mais, se ele quisesse mesmo vender como "água", ele teria tomado outras estratégias de mercado.
Basta compará-lo a outros artistas de renome, como Lenine (nos últimos discos de estúdio), e até os já "SANTIFICADOS", como João Bosco e Djavan (também em seus últimos discos de estúdio), que podemos ver que tais artistas estão compondo, tocando, cantando e lançando o que "dá na telha". A exemplo, Lenine restringe cada dia mais seu público de discos de estúdio, em especial neste último disco o Chão, que é duro como o chão de engulir, embora eu seja um fã de Lenine.
Enfim, uma idéia que lhe proponho, apenas como leitor do blog, como o nome já diz "Notas musicais", é que você possa ater-se mais à musicalidade, à harmonia, e entrar na profundidade do trabalho do artista, AO invés, de criticá-lo por ''estratégias mercadológicas".
Eu sou músico, e sei, que nem sempre o que queremos GRAVAR, ou tocar nos SHOWs é aquilo que o público mais gosta, ou aquilo que vende mais. As vezes a música não é expressiva, mas acaba marcando o artista de alguma forma.
É isso.
Abraço!