Título: Pitanga
Artista: Mallu Magalhães
Gravadora: Agência de Música / Sony Music
Cotação: * * * *
A disposição das guitarras e do clarinete no arranjo de Por Que Você Faz Assim Comigo? - uma das 12 músicas inéditas e autorais apresentadas por Mallu Magalhães em seu terceiro álbum, Pitanga - indica que o tema poderia figurar sem estranhamento no segundo álbum solo de Marcelo Camelo, Toque Dela (2011). Curiosamente idealizado pela própria artista, o arranjo da faixa sinaliza a simbiose entre Mallu e Camelo, unidos na música e na vida. Camelo é o produtor de Pitanga e põe sua marca na sonoridade do disco, mas, ainda assim, o toque dele preserva o sabor original da música de Mallu. Pitanga confirma a evolução da cantora e compositora projetada via internet em 2007. Crescimento - em todos os sentidos - sinalizado pelo antecessor Mallu Magalhães (2009), segundo coeso CD de Mallu em que a artista abriu o leque estético. Em Pitanga, a cantora e compositora se distancia da batida mais ortodoxa do folk que ditou o ritmo de seu primeiro disco, Mallu Magalhães (2008), embora músicas cantadas em inglês como Youhuhu e a bela Baby, I'm Sure pudessem se ajustar perfeitamente ao tom daquele seminal CD de estreia. Até pela escolha pelo idioma estrangeiro que vem sendo progressivamente preterido na obra de Mallu em favor do português. Se no disco anterior seis das treze faixas já foram escritas na língua materna da artista, em Pitanga oito das 12 músicas se apresentam em português, inclusive Highly Sensitive, em que pese a pista falsa dada pelo título. Musicalmente, Pitanga se revela doce, delicado, sensível, romântico - com direito a dois mergulhos na eterna onda da bossa nova. O primeiro, mais raso, é em Sambinha Bom. O segundo, mais fundo, é feito em Ô, Ana. As duas músicas se destacam em repertório de tom confessional que expõe o amor romântico de Mallu por Camelo em temas como Cena. Mesmo sem dar nomes ou referências explícitas, fica claro que ele é o "moreno do cabelo enroladinho", personagem de Olha Só, Moreno. Muso inspirador à parte, Mallu já parece seguir cada vez mais o próprio nariz - como afirma em verso de Velha e Louca, música eleita para dar o pontapé inicial na promoção do disco nas rádios e na internet - e esboça até densidade em Lonely e Cais, faixa-vinheta de voz, piano, arco e sino que fecha Pitanga em grande estilo. Sem querer impressionar como cantora (área em que a evolução da artista ainda não se mostra tão nítida), Mallu apresenta um terceiro disco saboroso que confirma o talento que somente os detratores de plantão insistem em negar. Só que Mallu agora segue seu nariz...
11 comentários:
A disposição das guitarras e do clarinete no arranjo de Por Que Você Faz Assim Comigo? - uma das 12 músicas inéditas e autorais apresentadas por Mallu Magalhães em seu terceiro álbum, Pitanga - indica que o tema poderia figurar sem estranhamento no segundo álbum solo de Marcelo Camelo, Toque Dela (2001). Curiosamente idealizado pela própria artista, o arranjo da faixa sinaliza a simbiose entre Mallu e Camelo, unidos na música e na vida. Camelo é o produtor de Pitanga e põe sua marca na sonoridade do disco, mas, ainda assim, o toque dele preserva o sabor original da música de Mallu. Pitanga confirma a evolução da cantora e compositora projetada via internet em 2007. Crescimento - em todos os sentidos - sinalizado pelo antecessor Mallu Magalhães (2009), segundo coeso CD de Mallu em que a artista abriu o leque estético. Em Pitanga, a cantora e compositora se distancia da batida mais ortodoxa do folk que ditou o ritmo de seu primeiro disco, Mallu Magalhães (2008), embora músicas cantadas em inglês como Youhuhu e a bela Baby, I'm Sure pudessem se ajustar perfeitamente ao tom daquele seminal CD de estreia. Até pela escolha pelo idioma estrangeiro que vem sendo progressivamente preterido na obra de Mallu em favor do português. Se no disco anterior seis das treze faixas já foram escritas na língua materna da artista, em Pitanga oito das 12 músicas se apresentam em português, inclusive Highly Sensitive, em que pese a pista falsa dada pelo título. Musicalmente, Pitanga se revela doce, delicado, sensível, romântico - com direito a dois mergulhos na eterna onda da bossa nova. O primeiro, mais raso, é em Sambinha Bom. O segundo, mais fundo, é feito em Ô, Ana. As duas músicas se destacam em repertório de tom confessional que expõe o amor romântico de Mallu por Camelo em temas como Cena. Mesmo sem dar nomes ou referências explícitas, fica claro que ele é o "moreno do cabelo enroladinho", personagem de Olha Só, Moreno. Muso inspirador à parte, Mallu já parece seguir cada vez mais o próprio nariz - como afirma em verso de Velha e Louca, música eleita para dar o pontapé inicial na promoção do disco nas rádios e na internet - e esboça até densidade em Lonely e Cais, faixa-vinheta de voz, piano, arco e sino que fecha Pitanga em grande estilo. Sem querer impressionar como cantora (área em que a evolução da artista ainda não se mostra tão nítida), Mallu apresenta um terceiro disco saboroso que confirma o talento que somente os detratores de plantão insistem em negar. Só que Mallu agora segue seu nariz...
na Folha também foi uma babação em cima desse disco, será que é isso tudo mesmo?
Avaliações que não dão pra concordar... 4 estrelas para esse album igual à qualquer outro dessas menininhas-folk e 3 e meio pra Karina Buhr...
"Que hoje eu passei batom vermelho",
de "Velha e Louca"
à cor vermelha da Pitanga
passando pelo "Vermelho"
do "Toque Dela"
o disco surpreende,
independentemente
dos toques desse "moreno".
ela é uma das poucas - talvez a única - da Geração 2000 que é musicalmente talentosa. Com outros toques do marido, talvez, quem sabe, faça uma visitinha aos álbuns do Tamba Trio - do tio dele - daí para os de Nara Leão, e dessa para os de Françoise Hardy, Brigitte Bardot, Jane Birkin, Serge Gainsbourg e afins. E, se mergulhar nessa praia, terá força para erguer uma tsunami sobre as suas colegas placas de isopor, que vagam sem rumo na beira do mar.
"Mallu apresenta um terceiro disco saboroso que confirma o talento que somente os detratores de plantão insistem em negar."
Você foi perfeito nessa conclusão, Mauro. "Pitanga" é um belo álbum, que comprova o quanto que a Mallu cresceu como cantora, compositora e instrumentista. Acho que a produção do Camelo só fez bem ao disco também. Por conhecê-la muito bem, ele soube extrair dela o que ela tinha de melhor.
Mauro, você escreveu:Toque Dela (2001).
Desde que o cd vazou eu não consigo parar de ouvir, pra mim já ta entre os melhores de 2011 com toda certeza.
Obrigado, Danilo! Já corrigi o erro de digitação, que volta e meia cometo. Abs, MauroF
Escutei alguma músicas... lindas!
Já ouvi o pitanga milhares de vezes, é viciante, e parece trazer com mais força a paz que a voz da Mallu transmite. Parabéns pelo blog, um amigo indicou e eu to adorando.
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