quarta-feira, 30 de novembro de 2011

'This Is PiL' é o título do primeiro álbum do Public Image Ltd em 20 anos

This Is PiL é o título do álbum que o reativado grupo britânico Public Image Ltd vai lançar em 2012. Trata-se do nono disco de estúdio da banda, o primeiro em 20 anos. O sucessor de That What Is Not (1992) tem sido preparado ao longo dos últimos dois anos. A foto de Walter Jaquiss / John Rambo Stevens mostra o grupo em estúdio da Inglaterra na gravação do álbum.

Rosa reitera fineza de seu canto ao celebrar Elizeth no álbum 'É Luxo Só'

Resenha de CD
Título: É Luxo Só
Artista: Rosa Passos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Se não tivesse sido anunciado que o 16º álbum de Rosa Passos, É Luxo Só, recém-lançado pela gravadora Biscoito Fino neste mês de novembro de 2011, é uma homenagem a Elizeth Cardoso (1920 - 1990), talvez nenhum ouvinte identificasse nas dez músicas o traço comum de terem pertencido ao repertório da Divina. É que Rosa selecionou temas pouco ou nada associados a Elizeth. Seja como for, o repertório de Elizeth é abordado com fidelidade ao estilo refinado e econômico de Rosa. Estilo que fez de Rosa uma cantora reverenciada mais no exterior do que no Brasil. Herdeira da escola vocal de João Gilberto, a intérprete é do time que explora nuances e tons inusitados com sua divisão peculiar - perceptível em É Luxo Só nas recriações de músicas como Três Apitos (Noel Rosa), As Rosas Não Falam (Cartola) e o samba de Ary Barroso e Luiz Peixoto que batiza o disco. Na voz de Rosa Passos, assim como na de João, o velho soa novo. Basta ouvir O Amor e a Rosa (Pernambuco e Antonio Maria) e Palhaçada (Haroldo Barbosa e Luis Reis), duas faixas que expõem o toque jazzy do trio - Lula Galvão (violão e arranjos), Jorge Helder (baixo) e Rafael Barata (bateria e percussão)  - que interage com a cantora em É Luxo Só. Esse approach jazzístico - porta de entrada para a cantora na cena internacional - é sutil e preserva a moldura rítmica de samba-canção que adorna Último Desejo (Noel Rosa) e Saia do Caminho (Custódio Mesquita e Evaldo Rui). Assim como o samba Olhos Verdes - mais associado à voz de Dalva de Oliveira (1917 - 1972) do que à de Elizeth - continua sendo um samba ao passar pelo filtro do canto suave de Rosa. Cantora de suingue, Rosa não é do tipo que joga nota fora para evidenciar suas qualidades vocais. Como João, ela depura as músicas que canta com precisão rítmica. É difícil reconhecer e identificar Elizeth Cardoso neste luxuoso É Luxo Só. Mas isso pouco importa. Ao evitar clássicos do repertório da Divina, como Canção de Amor e Nossos Momentos, Rosa Passos reitera a fineza de seu canto.

'The Final Goodbye' exibe documentário chato e oportunista sobre Amy

Resenha de DVD
Título: Amy Winehouse - The Final Goodbye
Artista: Amy Winehouse
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: *

Editado em DVD no Brasil pela Coqueiro Verde Records neste mês de novembro de 2011, Amy Winehouse - The Final Goodbye é o típico documentário oportunista e caça-níquel que nada acrescenta a quem por ventura vier a assisti-lo na esperança de saber algo mais sobre Amy Winehouse (1983 - 2011). Produzido para faturar com a saudade deixada pela cantora inglesa, morta em julho, o filme é essencialmente chato. Gente sem importância fica discorrendo sobre a vida e obra da artista - em especial sobre o envolvimento de Amy com as drogas e sobre seu turbulento relacionamento afetivo com Blake Fielder-Civil - em depoimentos que recorrem a clichês e que apenas reciclam tudo que já foi devidamente explorado na mídia. Por seu caráter oficioso, Amy Winehouse - The Final Goodbye exibe poucas e óbvias imagens de arquivo na narrativa enfadonha. Enfim, é documentário sensacionalista - e não é o primeiro e tampouco será o último do gênero - que merece o desprezo dos verdadeiros fãs de Winehouse.

Stronger segue padrões sem fortalecer identidade pop de Kelly Clarkson

Resenha de CD
Título: Stronger
Artista: Kelly Clarkson
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * *

Embora tenha uma certa coesão, o quinto álbum de Kelly Clarkson, Stronger, não consegue fortalecer a (confusa) identidade da cantora no universo pop. A voz está lá - naturalmente potente em faixas como Honestly (uma das melhores do disco), You Love me e Einstein - mas Stronger ainda deixa sérias dúvidas sobre o estilo da cantora projetada ao vencer edição do American Idol. Talvez porque, a cada álbum, Clarkson tente um caminho diferente. Em My December (2007), a cantora ensaiou chata reviravolta com rock raivoso de pífios resultados comerciais. Escaldada com o fracasso, Clarkson voltou ao pop artificial no posterior All I Ever Wanted (2009). Bem mais voltado para o pop rock, Stronger apaga a má impressão de seu antecessor sem combustível para fazer de Clarkson uma artista de marca definida. A sensação é que balada como Standing in Front of You ou pop rock como I Forgive You poderiam figurar no disco de qualquer cantora norte-americana que siga a cartilha da indústria da música. Justiça seja feita, Stronger abre com duas boas faixas, Mr. Kronw It All e What Doesn't Kill You (Stronger), de energia e pegada pop cativantes. No fim, há até um flerte com o country pop na balada Breaking Your Own Heart, instante de delicadeza em álbum que segue padrões.

Jacobina, Queiroga, Sève e Adnet formam a 'Segunda Pele' de Roberta

Nas lojas em janeiro de 2012, o quinto disco de Roberta Sá, Segunda Pele, alinha no repertório músicas como Bem a Sós (Rubinho Jacobina), Lua (Mário Sève e Pedro Luís), Pavilhão de Espelhos (Lula Queiroga e Yuri Queiroga), Esquirlas (inédita de Jorge Drexler, gravada em espanhol com a participação do artista uruguaio nos vocais) e No Arrebol (Wilson Moreira). A cantora - vista em foto de Gui Paganini, na primeira imagem oficial do disco - também gravou músicas de João Cavalcanti (compositor e vocalista do grupo carioca Casuarina) e Moreno Veloso em seu quarto álbum de estúdio, produzido por Rodrigo Campello. Já em rotação na internet, com direito a clipe gravado no Rio de Janeiro (RJ), Pavilhão de Espelhos deu o start na promoção do CD que vai ser editado pelo selo MP,B com distribuição da Universal Music. A linda canção da lavra dos Queiroga situa a intérprete de voz leve na praia do pop romântico. A gravação foi feita com as adesões de dois músicos estrangeiros. O francês Vincent Segall toca violoncelo enquanto o africano Ballaké Sissoko toca kora, espécie de harpa de Mali. Gravado com patrocínio do projeto Natura Musical, o CD Segunda Pele enfatiza nos arranjos de faixas como Lua os sopros arranjados por Mario Adnet. Enquanto o disco não sai, Pavilhão de Espelhos está disponível para download gratuito no site oficial do Natural Musical.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

DVD perpetua show de Robin Gibb em 2009 com orquestra na Dinamarca

Em luta contra um ainda não confirmado câncer, Robin Gibb pode ser visto em cena em DVD - lançado pela ST2 no Brasil neste mês de novembro de 2011 - que perpetua show feito pelo bee gee em 2009 nos arredores do Castelo Ledreborg, na Dinamarca, com a Danish National Concert Orchestra e com sua banda.  Robin Gibb In Concert with The Danish National Concert Orchestra é o título do DVD em que o cantor dá tratamento sinfônico a sucessos do trio australiano Bee Gees - desfeito em 2003 com a morte de Maurice Gibb, irmão gêmeo de Robin - e a músicas de sua carreira solo, casos de Juliet e Saved By the Bell. O roteiro de 17 músicas inclui More Than a Woman, I Starded a Joke, How Deep Is Your Love e Stayin' Alive, entre outros hits dos Bee Gees. Robin Gibb canta Alan Freeman Days pela primeira vez ao vivo.

Krieger inaugura parcerias com Gadú e Fênix nos novos discos dos cantores

 Edu Krieger continua abrindo o leque de parceiros. Além de ter feito músicas com Ana Carolina (Pra tomar três, samba gravado pela cantora no registro ao vivo do show Ensaio de cores) e João Cavalcanti (Ponto de vista, faixa do quarto álbum do grupo Casuarina, Trilhos / Terra firme), Krieger - visto em foto de Fábio Seixos - inaugura parcerias com Maria Gadú e João Fênix nos respectivos novos álbuns dos cantores. Com Gadú, Krieger assina No pé do vento, música que abre o segundo álbum de estúdio da cantora, Mais uma página, nas lojas em dezembro em edição do selo Slap, da gravadora Som Livre. Com Fênix, Krieger compôs O beijo, música do quarto álbum do bom cantor pernambucano, A foto onde eu quero estar, lançado neste mês de novembro de 2011.

Sai no Brasil 'box' que traz os cinco CDs de estúdio do System of a Down

Reativado neste ano de 2011, após cinco anos de recesso, o grupo norte-americano System of a Down teve seus cinco álbuns de estúdio - System of a Down (1998), Toxicity (2001), Steal This Album! (2002), Mezmerize (2005) e Hypnotize (2005) - embalados em um box editado no Brasil pela Sony Music neste mês de novembro. No exterior, a caixa já foi lançada em junho.

Jota Quest grava show 'Jota 15' em DVD com Gadú, Nando, Dado e Bonfá

O grupo Jota Quest já acertou as participações de Maria Gadú, Nando Reis, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá na gravação ao vivo do show Jota 15, agendada para a próxima sexta-feira, 2 de dezembro de 2011, em apresentação na casa Credicard Hall de São Paulo (SP). O registro ao vivo vai ser editado em CD, DVD e blu-ray em meados de 2012 pela gravadora Sony Music.

Bethânia planeja 'songbook' com a obra de Chico após álbum de inéditas

Dedicado ao repertório de Chico Buarque, o inédito show feito por Maria Bethânia no Circuito Cultural Banco do Brasil - em cartaz por cinco cidades brasileiras deste mês de novembro de 2011 até janeiro de 2012 - são o ponto de partida para profundo mergulho da cantora na obra do compositor. Bethânia planeja gravar songbook com o cancioneiro de Chico após lançar o álbum de inéditas que gravou este ano e que sai em 2012. Sem data, o projeto sobre Chico é grandioso. A ideia inicial da intérprete é gravar cinco discos com músicas do autor de Rosa dos Ventos e Terezinha, entre tantas outras músicas propagadas na voz teatral de Maria Bethânia.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Gal apresenta nove inéditas e duas regravações de Caetano em 'Recanto'

Nem Doce e tampouco Segunda. Muito menos É Eu, nome também cogitado. Recanto é o título do CD em que Gal Costa canta somente músicas de Caetano Veloso. Nas lojas a partir de 6 de dezembro de 2011, em edição da Universal Music, Recanto alinha nove inéditas em 11 faixas produzidas por Caetano com Moreno Veloso. As inéditas são Recanto Escuro, Cara do Mundo, Autotune Autoerótico, Tudo Dói, Neguinho (música eleita para iniciar a promoção do disco), O Menino, Sexo e Dinheiro, Miami Maculelê e Segunda. As duas regravações são Madre Deus - tema feito pelo compositor para a trilha sonora de Onqotô (2005), balé do Grupo Corpo - e Mansidão, música obscura lançada por Jane Duboc em 1982 com participação do próprio Caetano. O disco tem moldura eletrônica. Com exceção de Segunda, faixa orgânica de tom nordestino, o repertório de Recanto foi formatado com autotunes e com sintetizadores, programações e baterias eletrônicas. A (estilosa) capa de Recanto é assinada por Gilda Midani.

Som Livre lança o primeiro bom álbum do emergente compositor Dani Black

♪ Dani Black chegou a ter um pé na Sony Music, mas acabou acertando com a gravadora Som Livre a edição de seu primeiro álbum. Dani Black, o disco, chega às lojas nesta última semana de novembro de 2011 com 13 faixas e repertório autoral. Cada vez mais gravado, o cantor e compositor paulista emerge no mercado fonográfico um ano após sua música Aurora ter lhe dado certa projeção por ter sido gravada por Maria Gadú em CD e DVD da série Multishow ao Vivo. Clique aqui para (re)ler a resenha do álbum de Black, publicada em Notas Musicais em 6 de abril.

Thiaguinho começa a carreira solo com regravação de balada de Gonzaguinha

  Balada de Gonzaguinha (1945 - 1991), lançada pelo compositor no LP Olho de lince - Trabalho de parto (EMI-Odeon, 1985), Mamão com mel ganhou registro de Thiaguinho, o cantor paulista projetado como vocalista do grupo Exaltasamba. Incluída na trilha sonora da nova novela Aquele Beijo (TV Globo, 2011), a regravação dá sequência à carreira solo do artista, cujo pontapé inicial foi dado neste mês de novembro de 2011 com a divulgação da música inédita Buquê de flores (Thiaguinho e Pezinho).

Playmobille grava segundo CD com participações de Gadú e Emmerson

Criada em 2005, a banda carioca Playmobille entra em estúdio no início de dezembro de 2011 para gravar o segundo CD. O sucessor de Devaneios e Fosforilações (2008) vai ser gravado em São João de Nepomuceno (MG), no Estúdio Versão Acústica, de Emmerson Nogueira. O cantor mineiro vai participar do disco - assim como Maria Gadú, que gravou em seu primeiro disco Linda Rosa, música do repertório do Playmobille (em foto de Márcio Nunes). Rodrigo Vidal vai produzir o álbum, cujo repertório apresenta dez músicas inéditas e a regravação de O Anjo Mais Velho, do grupo O Teatro Mágico. O lançamento do disco do quinteto - formado por Gugu Peixoto (vocal e guitarra), Gabriel Mello (teclado), Felipe Chernicharo (baixo), Kadu Marins (guitarra) e Bruno Dantas (bateria) -  está agendado para o primeiro semestre de 2012.

Sombras, leveza e aridez pontuam o folk pop e indie de Feist em 'Metals'

Resenha de CD
Título: Metals
Artista: Feist
Gravadora: Interscope / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Após dois álbuns que a consagraram em escala mundial, Let It Die (2004) e The Reminder (2007), Feist volta à cena com Metals, seu quarto trabalho de estúdio, recém-lançado pela Universal Music. Em Metals, sombras pontuam o folk pop e indie de Feist entre tons delicados (Get It Wrong, Get It Right) e experimentais (A Commotion). A cantora e compositora canadense assina os 12 temas autorais, oito de forma solitária. Na fúnebre Graveyard, destaque da safra de inéditas pela beleza da melodia, Feist é parceira dos conterrâneos Mocky e Chilly Gonzales, dois músicos e produtores do Canadá. Primeiro álbum da artista desde que sua música 1234 (faixa de The Reminder) virou hit mundial ao ser utilizada em propaganda de TV, Metals torna o som de Feist ainda mais sereno - embora paradoxalmente sombrio em algumas músicas - sem aparentes ambições mercadológicas, embora canções suaves como Bittersweet Melodies e Ciccada and Gulls tenham até vocação radiofônica. Gravado em Big Sur na Califórnia (EUA), com produção dividida entre Feist e Valgeir Sigurosson, o álbum concilia leveza e aridez. Letras como a de The Bad in Each Other - sobre a inaptidão de um casal para extrair o melhor do parceiro - adensam Metals. Que pode não ser o melhor álbum de Feist, mas preserva a integridade da artista sem - jamais - tentar clonar a fórmula de 1234.

domingo, 27 de novembro de 2011

Slash finaliza em Los Angeles segundo disco solo, que terá 18 músicas

Slash está em estúdio, em Los Angeles (EUA), gravando seu segundo álbum solo. Previsto para 2012, o sucessor de Slash (2010) vai ter 18 músicas, ao todo, sendo doze na edição standard e seis faixas-bônus na Deluxe Edition. Treze estão prontas. Três estão sendo gravadas. As duas músicas restantes serão finalizadas até dezembro. O guitarrista grava o disco com o produtor Eric Valentine - piloto de álbuns de grupos como Queens of the Stone Age e Good Charlotte - e com sua banda (o vocalista Myles Kennedy, o guitarrista Bobby Schneck, o baixista Todd Kerns e o baterista Brent Fitz). Halo, Standing in the Run e Bad Rain figuram no repertório do CD.

Air agenda para fevereiro disco orgânico baseado em filme mudo de 1902

Duo francês de música eletrônica, Air agendou para 6 de fevereiro de 2012 o lançamento de disco de tom orgânico, Le Voyage Dans La Lune. Sétimo álbum de estúdio do Air, o sucessor de Love 2 (2009) foi concebido como trilha sonora do filme Le Voyage Dans La Lune, lançado em 1902 pelo ilusionista e pioneiro cineasta Georges Méliès (1861 - 1938). O duo criou onze temas. Seven Stars tem versos e vocais de Victoria Legrand, cantora, compositora e tecladista do duo norte-americano Beach House. Já Who Am I Now? tem versos da banda eletrônica norte-americana Au Revoir Simone. Eis as 11 faixas do CD Le Voyage Dans La Lune:

1. Astronomic Club
2. Seven Stars

3. Retour Sur Terre
4. Parade

5. Moon Fever
6. Sonic Armada
7. Who Am I Know?
8. Décollage

9. Cosmic Trip
10. Homme Lune

11. Lava

Em boa forma vocal, Fagner rebobina sucessos em fluente show no Rio

Resenha de show
Título: Raimundo Fagner
Artista: Fagner (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 26 de novembro de 2011
Cotação: * * * 1/2

Perto de completar 40 anos de carreira, iniciada em 1972 com a gravação de Disco de Bolso editado pela revista Pasquim, Fagner voltou aos palcos cariocas com show de caráter retrospectivo que encheu a casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 26 de novembro de 2011. Feita em 30 números, a revisão privilegia o repertório dos anos 70 - década em que o cancioneiro de Fagner tinha densidade poética - sem esquecer os sucessos posteriores, da fase progressivamente pop e diluída das décadas de 80 e 90. Salta aos ouvidos a ótima forma vocal do cantor. Fagner enfileira seus hits nos mesmos tons de épocas áureas. Mas já já modula bem a voz sem soar necessariamente rascante, feito observado já no primeiro número, Cantos do Rio (Petrúcio Maia), obscuro samba que Fagner lançou em 1982 em compacto gravado com Zico e que reviveu na abertura do show para celebrar os 40 anos de sua chegada ao Rio de Janeiro (RJ), a cidade que abrigou o cantor e compositor cearense em 1971. Expoente da corrente migratória que deslocou artistas nordestinos para o Rio no início de carreira, Fagner tem pérolas registradas em seu baú discográfico. Motivo (Fagner sobre poema de Cecília Meirelles, 1978) e Asa Partida (Fagner e Abel Silva, 1976) são duas joias que reluziram no show entre abordagem serena de balada tristonha da Jovem Guarda (Nossa Canção, Luiz Ayrão, 1966) e recordações de sucessos de sua fase pop dos 80, como Cartaz (1984) e Deixa Viver (1985), parcerias de Francisco Casaverde com Fausto Nilo. Como em quase todo show de entressafra, a apresentação de Fagner no Vivo Rio transcorreu fluente e sem formalidade, com direito a números improvisados no final para contentar o público que queria mais. Foi nessa parte mais solta que Fagner cantou a toada Quem me Levará Sou Eu (Dominguinhos e Manduka, 1979) e que destilou a melancolia nordestina de Vaca Estrela e Boi Fubá (Patativa do Assaré, 1980), com direito a trecho entoado a capella. Os arranjos, em sua maioria, são reverentes aos das gravações originais, ainda que Canteiros (Fagner sobre poema de Cecília Meirelles, 1973) tenha sido regado com toque heavy ao fim do número. Os dois guitarristas da banda se destacam nos números mais pesados e na introdução de Deslizes (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1987). Pena que, a despeito da boa forma vocal do cantor, a interpretação de Fanatismo (Fagner em poema de Florbela Espanca, 1981) tenha soado mecânica sem a carga passional pedida pelo tema. Da mesma forma, Jura Secreta (Sueli Costa e Abel Silva, 1977) foi feita sem a exigida densidade. No todo, o show seduziu pela força e apelo da obra de Fagner. 

De olho no retrovisor, Fagner canta hits e celebra Rio com samba de 1982

Em 1982, Fagner lançou o compacto simples Batuquê de Praia com o jogador Zico, então uma das maiores estrelas do futebol brasileiro. O compacto trazia Cantos do Rio, samba de Petrúcio Maia que enaltece as belezas naturais do Rio de Janeiro (RJ) sem recorrer às imagens-clichês. Foi com esse esquecido samba que Fagner abriu o roteiro do show que o trouxe de volta aos palcos cariocas na noite de 26 de novembro de 2011 em apresentação que encheu a casa Vivo Rio. Abrir o show com Cantos do Rio - explicou Fagner ao público alguns números depois - foi uma forma de celebrar os 40 anos de sua chegada ao Rio de Janeiro, em 1971. A cidade onde o cantor ganhou fama progressiva ao longo da década de 70 com obra que Fagner passou em revista nas duas horas de show. De olho no retrovisor, o cantor enfileirou hits em roteiro de início mais curto. "Acabou o repertório. Mas a memória é boa. Posso ficar aqui até de manhã...", gracejou após cantar Flor do Mamulengo (Luiz Fidélis), acrescentando então de improviso mais seis músicas ao roteiro. Eis as 30 músicas cantadas por Fagner - visto em foto de Mauro Ferreira - no (bom) show apresentado em 26 de novembro de 2011 na casa Vivo Rio:

1. Cantos do Rio (Petrúcio Maia) - 1982
2. Um Real de Amor (Raimundo Fagner e Brandão) - 2003
3. Motivo (Raimundo Fagner sobre poema de Cecília Meirelles) - 1978
4. Paralelas (Belchior) - 1975 
5. Nossa Canção (Luiz Ayrão) - 1966
6. Asa Partida (Raimundo Fagner e Abel Silva) - 1976
7. Mucuripe (Raimundo Fagner e Belchior) - 1972
8. Me Leve (Cantiga Para Não Morrer) (Raimundo Fagner e Ferreira Gullar) - 1984
9. Fanatismo (Raimundo Fagner sobre poema de Florbela Espanca) - 1981
10. Guerreiro Menino (Um Homem Também Chora) (Gonzaguinha) - 1983
11. Jura Secreta (Sueli Costa e Abel Silva) - 1977
12. Revelação (Clodô e Clésio) - 1978
13. Espumas ao Vento (Accioly Neto) - 1997
14. Deslizes (Michael Sullivan e Paulo Massadas) - 1987
15. Borbulhas de Amor (Juan Luis Guerra em versão de Ferreira Gullar) - 1991
16. Canteiros (Raimundo Fagner sobre poema de Cecília Meirelles) - 1973
17. Pedras que Cantam (Dominguinhos e Fausto Nilo) - 1991
18. Deixa Viver (Francisco Casaverde e Fausto Nilo) - 1985
19. Cartaz (Francisco Casaverde e Fausto Nilo) - 1984
Bis:
20. Cebola Cortada (Petrúcio Maia e Clodô) - 1977
21. Noturno (Graco e Caio Silvio) - 1979
22. Jardim dos Animais (Paraíso) (Fagner e Fausto Nilo) - 2001
23. Chorando e Cantando (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo) - 1986
24. Flor do Mamulengo (Luiz Fidélis) - 1998
Bis 2 (de improviso)
25. Quem me Levará Sou Eu (Manduka e Dominguinhos, 1979)
26. Vaca Estrela e Boi Fubá (Patativa do Assaré, 1980)
27. Eternas Ondas (Zé Ramalho, 1980)
28. A Morte do Vaqueiro (Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho) - 1963
Bis 3
29. Romance no Deserto (Bob Dylan e Jacques Levy em versão de Fausto Nilo) - 1987
30. Retrovisor (Raimundo Fagner e Fausto Nilo) - 1989

Beatlemaníaco carioca discorre em livro sobre a vida e a obra de Lennon

Bancário e professor, o carioca Sergio Farias é em essência um dos muitos beatlemaníacos espalhados pelo mundo. É com esse alegado conhecimento de causa que Farias discorre sobre a trajetória e a música de John Lennon (1940 - 1980) em biografia recém-lançada pela Litteris Editora. John Lennon - Vida e Obra propõe visão mais analítica sobre o rico legado do Beatle.

sábado, 26 de novembro de 2011

Exageros vocais e verbais tiram tesão da gravação do show 'Sexo MPB'

Resenha de DVD
Título: Sexo MPB - O Show
Artista: Rodrigo Faour e convidados
Gravadora: EMI Music
Cotação: * 1/2

Com o intuito de entregar a segunda edição do troféu Sexo MPB, o jornalista Rodrigo Faour idealizou festa-show no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), em setembro de 2010. Captado ao vivo pela Carioca Filmes, o evento está sendo perpetuado no DVD Sexo MPB - O Show, editado pela EMI Music neste mês de novembro. Pelo caráter heterogêneo e curioso do time de convidados, o encontro poderia resultar sedutor se tivesse havido mais rigor na confecção dos arranjos - executados sob a direção musical do baixista Maurício Oliveira - e nas interpretações. Só que exageros vocais e verbais - do anfitrião e de quase todos os cantores chamados ao palco por Faour para receber seu troféu e cantar - pontuam a festa-show e tiram o tesão do espectador que não cultua o kitsch. Dos números musicais, o único que tem real valor documental é o de Alcione, que canta pela primeira vez ao vivo - lendo a letra - o samba Sabiá Marrom (Paul Mauriat, Pierre Delanoe, Totonho e Paulinho Rezende), sobra do álbum E Vamos à Luta (1980). Até a Faca de Fátima Guedes soa menos afiada na atmosfera informal do evento, mas a cantora e compositora enfrenta a missão com dignidade. Assim como Márcia Castro, intérprete de Vergonha (Luciano Salvador Bahia). Mas o exagero dá o tom. Cantores já fora da mídia e do mercado fonográfico aproveitam seus parcos minutos sob os holofotes para expor habilidades vocais. Eliana Pittman faz Chuva (Durval Ferreira e Pedro Camargo) cair pesada com tantos floreios jazzísticos inapropriados para a ocasião. Constrangedor em seus improvisos finais, o dueto de Cláudia e Perla em Os Amantes (Sidney da Conceição, Lourenço e Augusto César) - sucesso de Luiz Ayrão nos anos 70 - dilui todo o sentimento e eventual sensualidade da canção popular com tanto exagero. Lana Bittencourt - o exagero vocal em pessoa - faz de Bilhete (Ivan Lins e Vítor Martins) mera plataforma para a exposição de sua interpretação over. Estranha nesse ninho kitsch, Fernanda Abreu canta (mal) pot-pourri com sucessos da fase mais pop de Rita Lee - Mania de Você, Lança Perfume e Chega Mais - deixando a impressão de que era a cantora errada no lugar errado. Até porque falta a Fernanda a graça que ainda há em maior ou menor grau em Ângela RoRo (sem o habitual rigor estilístico ao cantar o samba Ai, que Saudades da Amélia) e em quatro das seis Frenéticas originais, convocadas por Faour para reviver É Que Nessa Encarnação Eu Nasci Manga (Luli e Lucina) e a deslocada Cantores de Rádio (de João de Barro e Alberto Ribeiro com Lamartine Babo). Com real espontaneidade, Edy Star desbunda ao cantar Claustrofobia (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e ainda tira sarro de Faour em cena ao revelar que os convidados são levados a cantar músicas escolhidas pelo anfitrião. Enfim, falta sensualidade a números feitos sem tesão.

Afetividade dos colegas pauta o disco ao vivo de Cauby da caixa 'O Mito'

Resenha de CD da caixa O Mito - 60 Anos de Música
Título: Cauby ao Vivo - 60 Anos de Música
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * 1/2

Terceiro título da caixa O Mito - 60 Anos de Música, que embala três álbuns inéditos de Cauby Peixoto, Cauby ao Vivo - 60 Anos de Música alinha 16 números captados em apresentação feita pelo cantor no Teatro Fecap, em São Paulo (SP). Aberto com medley que une duas músicas de Caetano Veloso, Força Estranha e Cauby! Cauby! (composta por Caetano para o álbum de 1980 em que a MPB reverenciou o cantor), o CD apresenta na sequência um set, Cauby Internacional, em que o intérprete passeia - com a voz que lhe resta em seus 80 anos - por repertório poliglota que transita por standards norte-americanos (Evergreen, Too Young), por boleros do universo hispânico (El Reloj), por sucessos da música italiana (Il Mondo) e pela canção francesa (Et Maintenant). Nenhuma interpretação resulta especialmente marcante ou sedutora. Salta mais aos ouvidos a afetividade que pauta os duetos do set Cauby e Amigos, feitos pelo cantor com colegas como Emílio Santiago, Ângela Maria, Agnaldo Rayol, Vânia Bastos, Fafá de Belém e Agnaldo Timóteo. Conhecidos pela potência de suas próprias vozes, os convidados reverenciam Cauby com aparente sinceridade. Com seu canto perfeito, Emílio Santiago aveluda Meu Sonho É Você (Altamiro Carrilho). Ângela Maria reitera a afinidade com o anfitrião em registro sem emoção de Gente Humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque). Com Cauby, Agnaldo Rayol apara excessos em Serenata do Adeus (Vinicius de Moraes), o mais elegante dos seis duetos, enquanto Vânia Bastos exibe sua afinação impecável - qualidade vocal saudada em cena por Cauby - em Falando de Amor (Antonio Carlos Jobim), mesmo fora de sintonia com o universo tradicionalmente over de Cauby, pelo qual Fafá de Belém - convidada de Bastidores (Chico Buarque) - transita com intimidade. Assim como Agnaldo Timóteo, que  põe a voz de seus 75 anos no medley que une A Pérola e o Rubi (Jay Livingston em versão de Haroldo Barbosa) e Tarde Fria (Poly e Henrique Lobo). Na sequência, Conceição (Dunga e Jair Amorim) - o maior sucesso de Cauby - fecha o disco produzido por Thiago Marques Luiz em clima afetivo. "Como eu sou amado, né? Adoro meus colegas", confidencia o mito Cauby após esfuziante saudação feita a ele por Fafá ao fim de Bastidores. Sim, a rigor, são os afetos que dão valor aos encontros ouvidos no disco ao vivo.

Italiana Mina regrava em português 'Ainda Bem', de Marisa, em 'Piccolino'

Canção que tangencia a perfeição pop, Ainda Bem - parceria de Marisa Monte com Arnaldo Antunes, lançada por Marisa em seu recém-lançado oitavo disco solo O Que Você Quer Saber de Verdade - já ganhou regravação. Ícone da música italiana, a cantora Mina canta Ainda Bem em português em seu álbum Piccolino, editado esta semana na Itália. Com arranjo de Massimiliano Pani, o registro de Mina segue a levada pop da gravação original de Marisa. O diferencial é o toque jazzy do piano de Ugo Bongianni. Além de regravar Ainda Bem com desenvoltura em português, Mina também canta em inglês temas como Fly Away (Alex Pani) e  Only This Song (Axel Pani). A segunda é faixa-bônus da Deluxe Edition de Piccolino, na qual também figura Armoniche Convergenze (Adelio Cogliati, Pietro Cassano e Fabio Perversi). Canzone Maledetta (Andrea Mingardi), Compagna di Viaggio (Giorgio Faletti), Questa Canzone (Paolo Limiti e Mario Nobile) e Brucio de Te (Giuliano Sangiorgi dei Negramaro) estão - ao lado da canção Ainda Bem - entre as dez músicas da edição standard de Piccolino.

'Pearl Jam Twenty', documentário de Crowe, é editado em DVD no Brasil

Exibido nos cinemas, o documentário Pearl Jam Twenty já pode ser visto em DVD, lançado em 24 de outubro de 2011. No DVD, já editado no Brasil pela Sony Music, o filme de Cameron Crowe ganha 26 minutos de imagens adicionais exibidas nos extras. Narrado pelo próprio diretor, o filme conta - sem maquiar os fatos - a história do grupo norte-americano ao longo de 20 anos através de imagens raras e entrevistas recentes com todos os músicos do Pearl Jam.

Funkeiro Naldo lança quatro inéditas em DVD que traz Preta e Buchecha

Funkeiro carioca, Naldo se lançou na música em 2005 em dupla com seu irmão, Lula, com quem emplacou sucessos como Tá Surdo? nas rádios abertas para o gênero. O assassinato de Lula, em julho de 2008, acabou com a dupla e levou Naldo a seguir carreira solo iniciada com o álbum Na Veia (2009). Na Veia Tour - o DVD e CD ao vivo que a gravadora Deck está pondo nas lojas neste mês de novembro de 2011 - traz o registro ao vivo do show originado do primeiro disco solo de Naldo. A gravação foi feita em apresentação de Naldo no Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ). Com figurino customizado a partir de lâmpadas de LED, o funkeiro segue roteiro que apresenta quatro inéditas - Eu Venci (com participação de Xande de Pilares), Eu Quero Você (com adesão de Buchecha), Outra Vez e Minha Cinderela - entre sucessos como Chantilly. Dueto virtual em vídeo com o irmão Lula - em Como Mágica / Nada - representa o pico de emoção em show que abre espaço para a dança. Preta Gil também entra na festa funk, fazendo dueto com Naldo em Meu Corpo Quer Você, música do álbum Na Veia.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Gadú grava duas músicas de Dani Black em seu segundo CD de estúdio

Nas lojas no começo de dezembro de 2011, em edição do selo Slap (da Som Livre), o segundo disco de estúdio de Maria Gadú, Mais Uma Página, traz no repertório duas músicas inéditas de Dani Black, o cantor e compositor paulista que a cantora ajudou a projetar em 2010. Além da já conhecida Axé Acappella, parceria de Black com Luísa Maita, Gadú gravou Linha Tênue.

Instrumental sem brilho esmaece disco em que Cauby interpreta Beatles

Resenha de CD da caixa O Mito - 60 Anos de Música
Título: Caubeatles
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Lua Music
Cotação: * *

Segundo título da caixa O Mito - 60 Anos de Música, que embala três álbuns inéditos de Cauby Peixoto, Caubeatles é o mais inusitado CD da trilogia. O cantor sempre incursionou por repertório estrangeiro, mas nunca havia se aventurado especialmente pelo repertório dos Beatles a ponto de dedicar um disco aos sucessos do grupo inglês - como faz agora, aos 80 anos, neste trabalho produzido por Thiago Marques Luiz para a Lua Music. A (acertada) opção foi pelo cancioneiro mais romântico dos Fab Faour. Tivesse sido gravado até há 20 anos, Caubeatles possivelmente resultaria antológico. Mas o fato que o álbum ora lançado está aquém da discografia da Cauby, inclusive da mais recente. Reverentes às orquestrações emblemáticas dos registros originais, os arranjos de Caubeatles evidenciam os limites estéticos da produção. Sem brilho, a parte instrumental contribui para esmaecer a incursão do cantor por músicas como And I Love Her (John Lennon e Paul McCartney) e All My Loving (John Lennon e Paul McCartney). Orquestradas pelo pianista Daniel Bondaczuk, as cordas que adornam The Long and Winding Road (John Lennon e Paul McCartney), My Love (Paul McCartney) e Imagine (John Lennon) pulsam fracas nas faixas. Michelle (John Lennon e Paul McCartney) resulta ligeiramente mais sedutora pelo fato de o toque do acordeom de Guilherme Ribeiro remeter ao universo da canção francesa em sintonia com os versos da melodiosa balada. Sem oferecer sequer uma interpretação à altura de seu histórico como cantor, Cauby tenta esboçar alguma dramaticidade em Help (John Lennon e Paul McCartney) e canta Till There Was You (M. Wilson) no original em inglês e na versão em português de Ronaldo Bastos, popularizada no Brasil na voz de Beto Guedes. Enfim, Caubeatles soa meramente curioso por apresentar baladas como Here, There and Everywhere (John Lennon e Paul McCartney) e Yesterday (John Lennon e Paul McCartney) na voz de um intérprete que foi referência de canto masculino na música brasileira. Fica a sensação de que o disco já foi feito tarde demais.

Dinho vai lançar disco solo e álbum de inéditas do Capital Inicial em 2012

Dinho Ouro Preto vai lançar seu segundo disco solo no primeiro semestre de 2012. O repertório do sucessor de Dinho Ouro Preto (1995) inclui covers de músicas em inglês. Além da edição do CD solo, o artista planeja gravar um álbum de inéditas com o Capital Inicial também em 2012.

Vanessa vai festejar 10 anos de carreira com CD e DVD com convidados

Em 2012, Vanessa da Mata vai festejar seus 10 anos de carreira fonográfica - iniciada em 2002 com a edição do álbum intitulado com o nome da artista - com a gravação de CD e DVD. A intenção é reunir vários convidados para cantar com Vanessa - vista em foto de Geraldo Pestalozzi - o repertório autoral da compositora, lançada em 1999 na voz de Maria Bethânia.

Aos 80, Cauby é voz oscilante do violão de Rayol em CD da caixa 'O Mito'

Resenha de CD da caixa O Mito - 60 Anos de Música
Título: A Voz do Violão
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *

Aos 80 anos, Cauby Peixoto traz a vida na voz, como ressalta através de verso de Minha Voz, Minha Vida (Caetano Veloso), uma das 14 músicas registradas pelo cantor em A Voz do Violão, um dos três álbuns inéditos embalados na caixa O Mito - 60 Anos de Música, lançada pela Lua Music neste mês de novembro de 2011, a tempo de festejar as seis décadas de carreira fonográfica do artista, iniciada em 1951. Se a voz é a de Cauby, o violão é o de Ronaldo Rayol, autor dos arranjos do disco produzido por Thiago Marques Luiz. Ícone do canto mais exacerbado, Cauby traz vida intensa na voz projetada na era de ouro do rádio brasileiro. Contudo, pelos limites impostos pelo tempo, hoje acerta mais quando adota tons  comedidos ao interpretar músicas como Guerreiro Menino (Gonzaguinha, 1983) e Todo o Sentimento (Chico Buarque e Cristovão Bastos, 1987). Tal contenção faz de A Voz do Violão o melhor dos três títulos da caixa. Sem brilho especial, os arranjos de Rayol vão de apropriado clima seresteiro - como na valsa Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo e Francisco Matoso, 1941) e em As Vitrines (Chico Buarque, 1982) - à efervescência caliente do flamenco, evocada em Granada (Agustín Lara, 1932). Granada, a propósito, é ponto baixo do CD porque, ao entoar a canção espanhola, Cauby tenta reviver o cantor que já não tem potência vocal para arroubos de interpretação. Quanto mais Cauby intensifica o tom da interpretação, como em O Que Tinha de Ser (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) e em Viola Enluarada (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, 1968), mais o CD A Voz do Violão se afasta da elegância que ainda pauta o canto do artista. Que assina versão em francês de Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto, 1967), Adieu, grafada erroneamente na ficha técnica como Adie. No todo, mesmo oscilante, a aveludada voz do professor Cauby Peixoto ainda carrega muita vida.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

'Metamorfoses' embala discos em que 'camaleão' Ney decidiu todas as cores

Resenha de caixa de CDs
Título: Metamorfoses
Artista: Ney Matogrosso
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

 Sequência de Camaleão, caixa de 2008 que agrupou os álbuns editados por Ney Matogrosso entre 1975 e 1991, Metamorfoseembala os discos lançados pelo cantor entre 1993 e 2009. São discos de fase de contínua maturidade em que o Camaleão decidiu todas as cores que iria adotar, embora de forma geral ele sempre tenha escolhido as principais cores desde que saiu em carreira solo, no fim de 1974. Todos os 14 títulos - aos quais foram adicionados duas coletâneas duplas, Vinte e cinco (disco duplo de caráter revisionista produzido em 1996 com o aval de Ney e com gravações inéditas dos sucessos O vira, América do sul, Coubanakan e Bandido corazón), e a inédita e oportuna Metamorfoses (2011) - já tinham sido editados em CD na época do lançamento e, por isso, são embalados na caixa com o mesmíssimo padrão gráfico original, acompanhados de libreto onde o pesquisador musical Rodrigo Faour detalha a criação de cada disco em textos sóbrios e objetivos, sem o tom irreverente dos textos da caixa Camaleão. O único deslize acontece na reedição de As aparências enganam (1992), o álbum mais antigo. A ficha técnica exposta na contracapa e no encarte da atual reedição é a do LP, e não a do CD lançado em 1993. Por isso, a faixa Cheiro de saudade (Alceu Valença) - originalmente um bônus da edição original em CD - não está creditada no disco, embora esteja na reedição deste trabalho em que o Camaleão uniu seu canto às cores do grupo Aquarela Carioca.  Na sequência, ao longo da década de 1990, Ney passou a revisitar com requinte e personalidade os repertórios de ícones da música brasileira. Em Estava escrito (1994), disco de tom camerístico, o cantor refinou o repertório de Ângela Maria, garimpando o luxo e ignorando o lixo a que a Sapoti deu voz. Em Um brasileiro (1996), o intérprete expôs nuances do cancioneiro de Chico Buarque em disco que marcou a ruptura com o produtor Marco Mazzola ("Eu queria uma ênfase maior na harmonia e ele no ritmo", explica o cantor em entrevista a Faour). Foi quando Ney assumiu o controle total de sua discografia. Em O cair da tarde (1997), um de seus discos menos ouvidos (talvez pelo fato de não ter gerado um show), o cantor entrelaçou as obras de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Heitor Villa-Lobos (1889 - 1959), realçando afinidades entres os cancioneiros soberanos dos maestros. Em Olhos de farol (1999), o Camaleão voltou a vestir pele pop ao mirar composições de nomes como Fred Martins, Flávio Henrique, Celso Viáfora e Pedro Luís. Título de peso na discografia do artista, Vivo (1999) - lançado no mesmo ano de Olhos de Farol - perpetuou o show originado do visionário álbum anterior. Na sequência, Ney reabriu a cortina do passado para dar voz a músicas lançadas nos anos 1930 e 1940 - algumas do repertório de Carmen Miranda (1909 - 1955) - no irretocável álbum Batuque (2001). Seguiu-se então classuda abordagem do repertório do compositor carioca Cartola (1908 - 1980). Idealizado para ser encartado no livro de fotos Ousar Ser (2002), Ney Matogrosso interpreta Cartola foi lançado em maio de 2002 em formato convencional de CD, tendo gerado um ano depois o redundante Ney Matogrosso interpreta Cartola ao vivo (2003). Fechada temporariamente a cortina do passado, Ney desbundou em Vagabundo (2004), um de seus discos mais ousados, de arquitetura pop alicerçada pelo peso percussivo de Pedro Luís e a Parede. Outro título redundante, Vagabundo ao vivo (2006) saiu tardiamente quando Ney já havia lançado, um ano antes, Canto em qualquer canto (2005), álbum originado de especial gravado para o Canal Brasil. Com a mesma contundência e pele pop de Vagabundo, mas de contorno bem distinto, Inclassificáveis (2008) foi álbum politizado de atitude roqueira. Belo e arrojado, Inclassificáveis foi o registro de estúdio de um dos shows mais bem-sucedidos de Ney. Um contraponto para o posterior Beijo bandido (2009), álbum de moldura mais camerística, gerado a partir de show sedutor que estreou em dezembro de 2008, quando o Camaleão ainda mantinha a vistosa pele pop de Inclassificáveis, então ainda em turnê nacional. E foi assim, alternando peles e cores, dono da própria voz, que o cantor se manteve na linha de frente da música brasileira. Ao embalar 14 álbuns de alto padrão de qualidade, a caixa Metamoforses mostra que Ney Matogrosso vem se transformando em (muitos) outros - desde 1975 - sem nunca deixar de ser Ney Matogrosso.

Primeiro álbum de estúdio do RPM desde 1988, 'Elektra' inclui remixes

Nas lojas no início de dezembro de 2011, em edição da Building Records, o primeiro álbum de estúdio do RPM desde 1988, Elektra, é duplo. O CD 1 alinha inéditas compostas pelo reavivado quarteto, incluindo as quatro - Crepúsculo, Dois Olhos Verdes, Ela É Demais (Pra Mim) e Muito Tudo - disponibilizadas em maio para download gratuito. Já o CD 2 traz remixes das músicas.

CD 1
1. Olhos Verdes (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
2. Problema Seu (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
3. Muito Tudo (Paulo Ricardo, Luiz Schiavon e Paulo P.A. Pagni)
4. Pessoa X (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
5. Deusa das Águas (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
6. Crepúsculo (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
7. Elektra (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
8. Vidro e Cola (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
9. Cassino Royale (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
10. Ela É Demais (Pra Mim) (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
11. Ninfa (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)
12. Santo Graal (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon)

CD 2 - Remixes
1. Dois Olhos Verdes
2. Ninfa
3. Deusa das Águas
4. Muito Tudo
5. Problema Seu
6. Ela É Demais (Pra Mim)
7. Cassino Royale

Nero 'vende amor' no terceiro CD solo com músicas autorais e de Careqa

Originalmente um baião da lavra de Carlos Careqa, Acho ganhou arranjo que evoca a polca em gravação feita pelo cantor e compositor paranaense Alexandre Nero para seu terceiro álbum solo, Vendo Amor - Em suas Mais Variadas Formas, Tamanhos e Posições. Projetado nacionalmente desde 2008 como ator de novelas da TV Globo, Nero já contabiliza 22 anos de carreira musical, tendo lançado oito discos entre projetos em grupo e individuais. Editado pelo selo Discobertas, Vendo Amor - Em suas Mais Variadas Formas, Tamanhos e Posições foi gravado sob direção musical de Gilson Fukushima. Calcados em sopros, os arranjos remetem à sonoridade das bandas de fanfarra, do universo circense, dos coretos e das bandas marciais das cidades interioranas. Um acordeom também se faz presente em temas como a valsa Cuecas e Calcinhas, de autoria de Marcio Mattana e Adriano Petermann, compositores de Curitiba (PR), cidade natal de Nero. André Abujamra participa da polca Vendo a Vista, uma das músicas assinadas por Nero entre as regravações de Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) e de Não Aprendi a Dizer Adeus (Joel Marques, sucesso nas vozes da extinta dupla Leandro & Leonardo). Além de Acho, Careqa é parceiro de Chico Mello em Chorando em 2001.

'New Blood' transforma 14 músicas de Peter Gabriel em peças de câmara

Resenha de CD
Título: New Blood
Artista: Peter Gabriel
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Em seu álbum anterior, Scratch my Back (2010), Peter Gabriel abordou repertório alheio com arranjos orquestrais. Na turnê originada do disco, o maestro John Metcalfe deu o mesmo tratamento a músicas da lavra do cantor e compositor inglês. O resultado estimulou Gabriel a gravar em estúdio um álbum que aplica o conceito de Scratch my Back ao seu próprio repertório. Recém-lançado no Brasil pela EMI Music, New Blood injeta realmente sangue novo em 14 músicas do artista. Uma orquestra de 46 peças - conduzida pelo maestro Ben Foster com fidelidade aos arranjos concebidos por Metcalfe - transforma temas como The Rhythm of the Heat e Downside Up (faixa que ostenta vocais de Melanie Gabriel, filha de Peter) em intrincadas peças de câmara. Sem uso de guitarra, baixo e bateria, as composições perdem a pulsação pop roqueira dos registros originais e adentram outro universo com resultados quase sempre excelentes. Darkness, por exemplo, é envolvida em atmosfera soturna que cria clima de terror. Já Mercy Street foi recriada no tempo da delicadeza. Típicos de um concerto, os arranjos intrincados expõem nuances ocultas de temas como Red Rain. Há momentos em que a abordagem orquestral tornam as releituras ligeiramente enfadonhas - especialmente em In Your Eyes - mas New Blood aponta outros caminhos para a música de Gabriel, com direito a uma última faixa, Solsbury Hill, urdida com silêncios e sons de música ambiente. Boa viagem!!

'Songbook' beneficente de Dylan sai em janeiro e vai de Adele a Ziggy

Com lançamento agendado para 30 de janeiro de 2012, Chimes Of Freedom: Songs Of Bob Dylan Honoring 50 Years of Amnesty International é um songbook quádruplo de Bob Dylan que celebra os 50 anos da Anistia Internacional, organização humanitária fundada em 1962 - ano em que Dylan lançou sue primeiro álbum - para a qual será destinada a renda obtida com o projeto que inclui 70 gravações inéditas, feitas sob a produção executiva de Jeff Ayeroff e Julie Yannatta. Eis a lista de cantores do songbook e as respectivas músicas que rebobinam no CD Chimes Of Freedom: Songs Of Bob Dylan Honoring 50 Years of Amnesty International:

CD 1
Raphael Saadiq - Leopard-Skin Pill-Box Hat
Patti Smith - Drifter's Escape
Rise Against - Ballad of Hollis Brown
Tom Morello The Nightwatchman - Blind Willie McTell
Pete Townshend - Corrina, Corrina
Bettye LaVette - Most of the Time
Charlie Winston - This Wheel's on Fire
Diana Krall - Simple Twist of Fate
Brett Dennen - You Ain't Goin' Nowhere
Mariachi El Bronx  - Love Sick
Ziggy Marley - Blowin' in the Wind
The Gaslight Anthem - Changing of the Guards
Silversun Pickups - Not Dark Yet
My Morning Jacket - You're A Big Girl Now
The Airborne Toxic Event - Boots of Spanish Leather
Sting - Girl from the North Country
Mark Knopfler - Restless Farewell

CD 2
Queens Of The Stone Age - Outlaw Blues
Lenny Kravitz - 'Rainy Day Woman # 12 & 35
Steve Earle & Lucia Micarelli - One More Cup of Coffee (Valley Below)
Blake Mills - Heart of Mine
Miley Cyrus - You're Gonna Make Me Lonesome When You Go
Billy Bragg  -Lay Down Your Weary Tune
Elvis Costello - License to Kill
Angelique Kidjo - Lay, Lady, Lay
Natasha Bedingfield - Ring Them Bells
Jackson Browne - Love Minus Zero/No Limit
Joan Baez - Seven Curses (ao vivo)
The Belle Brigade - No Time To Think
Sugarland - Tonight I'll Be Staying Here With You (ao vivo)
Jack's Mannequin - Mr. Tambourine Man
Oren Lavie - 4th Time Around
Sussan Deyhim - All I Really Want to Do
Adele - Make You Feel My Love  (ao vivo em WXPN)

CD 3
K'NAAN  - With God On Our Side
Ximena Sariñana - I Want You
Neil Finn with Pajama Club - She Belongs to Me
Bryan Ferry - Bob Dylan's Dream
Zee Avi - Tomorrow Is A Long Time
Carly Simon - Just Like a Woman
Flogging Molly - The Times They Are A-Changin
Fistful Of Mercy - Buckets Of Rain
Joe Perry - Man of Peace
Bad Religion - It's All Over Now, Baby Blue
My Chemical Romance - Desolation Row (ao vivo)
RedOne featuring Nabil Khayat - Knockin' on Heaven's Door
Paul Rodgers & Nils Lofgren - Abandoned Love
Darren Criss featuring Chuck Criss and Freelance Whales - New Morning
Cage the Elephant - The Lonesome Death of Hattie Carroll
Band of Skulls - It Ain't Me, Babe
Sinéad O'Connor - Property of Jesus
Ed Roland and The Sweet Tea Project - Shelter From The Storm
Ke$ha - Don't Think Twice, It's All Right
Kronos Quartet - Don't Think Twice, It's All Right

CD 4
Maroon 5  - I Shall Be Released
Carolina Chocolate Drops - Political World
Seal & Jeff Beck - Like a Rolling Stone
Taj Mahal - Bob Dylan's 115th Dream
Dierks Bentley - Senor (Tales of Yankee Power) (ao vivo)
Mick Hucknall - One of Us Must Know (Sooner or Later)
Thea Gilmore - I'll Remember You
State Radio - John Brown
Dave Matthews Band - All Along the Watchtower (ao vivo)
Michael Franti - Subterranean Homesick Blues
We Are Augustines - Mama, You Been on My Mind
Lucinda Williams - Tryin' to Get to Heaven
Kris Kristofferson - Quinn The Eskimo (The Mighty Quinn)
Eric Burdon - Gotta Serve Somebody
Evan Rachel Wood - I'd Have You Anytime
Marianne Faithfull - Baby Let me Follow You Down (ao vivo)
Pete Seeger - Forever Young
Bob Dylan - Chimes of Freedom