Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Alê tempera o som de Jau com pop eletrônico, sem anular o sabor do dendê

Resenha de CD
Título: Aplausos para o Sol
Artista: Jau
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Jauperi Lázaro dos Santos, o Jau, é rei na Bahia. Mas ambiciona estender seu reinado para o Brasil com este álbum produzido por Alê Siqueira. Aplausos para o Sol combina inéditas com sucessos do compositore egresso do grupo Olodum e da Banda Ifá. Solo, Jau busca se dissociar do rótulo de compositor de axé music sem renegar sua origem e o estilo que lhe deu fama em Salvador (BA). Produtor requisitado por cantoras como Ana Carolina e Thaís Gulin, Alê Siqueira pôs tempero pop eletrônico em músicas como Calor Minha Preta sem anular o sabor do dendê já entranhado nestes temas quentes como o sol da Bahia. Com repertório inteiramente autoral, Aplausos para o Sol reitera - para quem se permitir ouvir - que Jau sempre foi (e continua sendo) um dos compositores mais inspirados do terreiro afro-baiano. Basta escutar a bela canção Flores da Favela - ora rebobinada com cordas e sopros arranjados com elegância pelo maestro Lincoln Olivetti - para perceber seu dom para criar melodias, exposto também na humanista Gente, faixa que aglutina músicos como Marcelo Jeneci (no piano elétrico), Dadi (no baixo) e Pedro Baby (nos violões de aço), além de coro infantil. A estelar ficha técnica do CD, aliás, já dá a dica da miscigenação que pautou o tratamento dado à obra autoral de Jau em Aplausos para o Sol. Parceria de Jau com Tenilson del Rey e Paulo Vascon, o samba Se Joga é incrementado com o suingue da timba (tambor da família do tan-tan) tocada pelo percussionista João Parahyba e do cavaco de Mauro Diniz. Já Agô ostenta o piano de Leila Pinheiro, estranho no ninho afro-baiano. Temperado com doses eventuais de latinidade caribenha, o coquetel de samba, axé, pop e balada desce bem. Como dizem versos de Olhos de Leoa (Jau, Tenilson del Rey, Paulo Vascon e Gerson Guimarães), é "Mix na veia / Freak na aldeia / Pra vida continuar". Aplausos para Alê Siqueira e - sobretudo - para Jau, dono da obra.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Jauperi Lázaro dos Santos, o Jau, é rei na Bahia. Mas ambiciona estender seu reinado para o Brasil com este álbum produzido por Alê Siqueira. Aplausos para o Sol combina inéditas com sucessos do compositore egresso do grupo Olodum e da Banda Ifá. Solo, Jau busca se dissociar do rótulo de compositor de axé music sem renegar sua origem e o estilo que lhe deu fama em Salvador (BA). Produtor requisitado por cantoras como Ana Carolina e Thaís Gulin, Alê Siqueira pôs tempero pop eletrônico em músicas como Calor e Minha Preta sem anular o sabor do dendê já entranhado nestes temas quentes como o sol da Bahia. Com repertório inteiramente autoral, Aplausos para o Sol reitera - para quem se permitir ouvir - que Jau sempre foi (e continua sendo) um dos compositores mais inspirados do terreiro afro-baiano. Basta escutar a bela canção Flores da Favela - ora rebobinada com cordas e sopros arranjados com elegância pelo maestro Lincoln Olivetti - para perceber seu dom para criar melodias, exposto também na humanista Gente, faixa que aglutina músicos como Marcelo Jeneci (no piano elétrico), Dadi (no baixo) e Pedro Baby (nos violões de aço), além de coro infantil. A estelar ficha técnica do CD, aliás, já dá a dica da miscigenação que pautou o tratamento dado à obra autoral de Jau em Aplausos para o Sol. Parceria de Jau com Tenilson del Rey e Paulo Vascon, o samba Se Joga é incrementado com o suingue da timba (tambor da família do tan-tan) tocada pelo percussionista João Parahyba e do cavaco de Mauro Diniz. Já Agô ostenta o piano de Leila Pinheiro, estranho no ninho afro-baiano. Temperado com doses eventuais de latinidade caribenha, o coquetel de samba, axé, pop e balada desce bem. Como dizem versos de Olhos de Leoa (Jau, Tenilson del Rey, Paulo Vascon e Gerson Guimarães), é "Mix na veia / Freak na aldeia / Pra vida continuar". Aplausos para Alê Siqueira e, sobretudo, para Jau, dono da obra.

falsobrilhante disse...

Não sei por que dessa insistência em "tempero pop eletrônico", ainda mais para a obra de "um dos compositores mais inspirados do terreiro afro-baiano". Corre-se o sério risco de perder no tal tempero juntamente o que a obra tem de melhor, o "sabor do dendê".