sábado, 26 de novembro de 2011

Exageros vocais e verbais tiram tesão da gravação do show 'Sexo MPB'

Resenha de DVD
Título: Sexo MPB - O Show
Artista: Rodrigo Faour e convidados
Gravadora: EMI Music
Cotação: * 1/2

Com o intuito de entregar a segunda edição do troféu Sexo MPB, o jornalista Rodrigo Faour idealizou festa-show no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), em setembro de 2010. Captado ao vivo pela Carioca Filmes, o evento está sendo perpetuado no DVD Sexo MPB - O Show, editado pela EMI Music neste mês de novembro. Pelo caráter heterogêneo e curioso do time de convidados, o encontro poderia resultar sedutor se tivesse havido mais rigor na confecção dos arranjos - executados sob a direção musical do baixista Maurício Oliveira - e nas interpretações. Só que exageros vocais e verbais - do anfitrião e de quase todos os cantores chamados ao palco por Faour para receber seu troféu e cantar - pontuam a festa-show e tiram o tesão do espectador que não cultua o kitsch. Dos números musicais, o único que tem real valor documental é o de Alcione, que canta pela primeira vez ao vivo - lendo a letra - o samba Sabiá Marrom (Paul Mauriat, Pierre Delanoe, Totonho e Paulinho Rezende), sobra do álbum E Vamos à Luta (1980). Até a Faca de Fátima Guedes soa menos afiada na atmosfera informal do evento, mas a cantora e compositora enfrenta a missão com dignidade. Assim como Márcia Castro, intérprete de Vergonha (Luciano Salvador Bahia). Mas o exagero dá o tom. Cantores já fora da mídia e do mercado fonográfico aproveitam seus parcos minutos sob os holofotes para expor habilidades vocais. Eliana Pittman faz Chuva (Durval Ferreira e Pedro Camargo) cair pesada com tantos floreios jazzísticos inapropriados para a ocasião. Constrangedor em seus improvisos finais, o dueto de Cláudia e Perla em Os Amantes (Sidney da Conceição, Lourenço e Augusto César) - sucesso de Luiz Ayrão nos anos 70 - dilui todo o sentimento e eventual sensualidade da canção popular com tanto exagero. Lana Bittencourt - o exagero vocal em pessoa - faz de Bilhete (Ivan Lins e Vítor Martins) mera plataforma para a exposição de sua interpretação over. Estranha nesse ninho kitsch, Fernanda Abreu canta (mal) pot-pourri com sucessos da fase mais pop de Rita Lee - Mania de Você, Lança Perfume e Chega Mais - deixando a impressão de que era a cantora errada no lugar errado. Até porque falta a Fernanda a graça que ainda há em maior ou menor grau em Ângela RoRo (sem o habitual rigor estilístico ao cantar o samba Ai, que Saudades da Amélia) e em quatro das seis Frenéticas originais, convocadas por Faour para reviver É Que Nessa Encarnação Eu Nasci Manga (Luli e Lucina) e a deslocada Cantores de Rádio (de João de Barro e Alberto Ribeiro com Lamartine Babo). Com real espontaneidade, Edy Star desbunda ao cantar Claustrofobia (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e ainda tira sarro de Faour em cena ao revelar que os convidados são levados a cantar músicas escolhidas pelo anfitrião. Enfim, falta sensualidade a números feitos sem tesão.

6 comentários:

  1. Com o intuito de entregar a segunda edição do troféu Sexo MPB, o jornalista Rodrigo Faour idealizou festa-show no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), em setembro de 2010. Captado ao vivo pela Carioca Filmes, o evento está sendo perpetuado no DVD Sexo MPB - O Show, editado pela EMI Music neste mês de novembro. Pelo caráter heterogêneo e curioso do time de convidados, o encontro poderia resultar sedutor se tivesse havido mais rigor na confecção dos arranjos - executados sob a direção musical do baixista Maurício Oliveira - e nas interpretações. Só que exageros vocais e verbais - do anfitrião e de quase todos os cantores chamados ao palco por Faour para receber seu troféu e cantar - pontuam a festa-show e tiram o tesão do espectador que não cultua o kitsch. Dos números musicais, o único que tem real valor documental é o de Alcione, que canta pela primeira vez ao vivo - lendo a letra - o samba Sabiá Marrom (Paul Mauriat, Pierre Delanoe, Totonho e Paulinho Rezende), sobra do álbum E Vamos à Luta (1980). Até a Faca de Fátima Guedes soa menos afiada na atmosfera informal do evento, mas a cantora e compositora enfrenta a missão com dignidade. Assim como Márcia Castro, intérprete de Vergonha (Luciano Salvador Bahia). Mas o exagero dá o tom. Cantores já fora da mídia e do mercado fonográfico aproveitam seus parcos minutos sob os holofotes para expor habilidades vocais. Eliana Pittman faz Chuva (Durval Ferreira e Pedro Camargo) cair pesada com tantos floreios jazzísticos inapropriados para a ocasião. Constrangedor em seus improvisos finais, o dueto de Cláudia e Perla em Os Amantes (Sidney da Conceição, Lourenço e Augusto César) - sucesso de Luiz Ayrão nos anos 70 - dilui todo o sentimento e eventual sensualidade da canção popular com tanto exagero. Lana Bittencourt - o exagero vocal em pessoa - faz de Bilhete (Ivan Lins e Vítor Martins) mera plataforma para a exposição de sua interpretação over. Estranha nesse ninho kitsch, Fernanda Abreu canta (mal) pot-pourri com sucessos da fase mais pop de Rita Lee - Mania de Você, Lança Perfume e Chega Mais - deixando a impressão de que era a cantora errada no lugar errado. Até porque falta a Fernanda a graça que ainda há em maior ou menor grau em Ângela RoRo (sem o habitual rigor estilístico ao cantar o samba Ai, que Saudades da Amélia) e em quatro das seis Frenéticas originais, convocadas por Faour para reviver É Que Nessa Encarnação Eu Nasci Manga (Luli e Lucina) e a deslocada Cantores de Rádio (João de Barro, Alberto Ribeiro e Lamartine Babo). Com real espontaneidade, Edy Star desbunda ao cantar Claustrofobia (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e ainda tira sarro de Faour em cena ao revelar que os convidados são levados a cantar músicas escolhidas pelo anfitrião. Enfim, falta sensualidade a números feitos sem tesão.

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  2. Meu Deus ! Que angu ! faltou um dueto do Ovelha com a Gretchen ! Crédu.

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  3. Sabemos que não é fácil juntar tantas pessoas numa noite que teve a curtição e encontros como prioridade, sendo divertida e espontânea.
    Acho que podemos considerar como aspecto fundamental o registro raro do evento, e acima de tudo o trabalho solitário e suado do Rodrigo para levantar este evento.
    Foi uma festa muito boa e o clima está no registro.
    Podemos concordar com os ruídos e equívocos musicais, mas lá todos estavam felizes.

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  4. concordo com Flávio. um evento desse não pode ser criticado como um show

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  5. Lamento que uma cantora com as qualidades da Cláudia insista nestes exageros vocais que, de modo geral, prejudicam sua interpretação. Não estive no evento, mas sei que Claudia costuma acelerar em momentos onde o mais indicado seria unicamente curtir o passeio.

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  6. enquanto isso... http://farofafa.com.br/2011/11/30/inezita-barroso-suave-na-nave/2836

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