quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Excelência instrumental enobrece bossa e 'Samba Carioca' de Cantuária

Resenha de CD
Título: Samba Carioca
Artista: Vinicius Cantuária
Gravadora: Naïve / Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

Hoje com 60 anos, Vinicius Cantuária sempre soube se transformar em outros. De início projetado como músico do grupo de rock progressivo O Terço na década de 70, Cantuária se tornou cantor e compositor pop nos anos 80 - seu sucesso Só Você foi rebobinado por Fábio Jr. na década de 90 - até que partiu há 17 anos para Nova York (EUA) para explorar outros sons e outros universos musicais sem deixar de ter o Brasil como referência. Samba Carioca é o segundo dos três álbuns gravados por Cantuária para o selo francês Naïve. Lançado em 2009 no exterior, o disco está sendo editado no Brasil neste mês de novembro de 2011 pela gravadora Biscoito Fino - em contrato que prevê também a edição no mercado nacional em 2012 do atual CD de Cantuária, Lágrimas Mexicanas (2012) - e flagra o artista imerso nas águas plácidas da Bossa Nova. Coube ao produtor, guitarrista e compositor norte-americano Arto Lindsay pilotar Samba Carioca, álbum valorizado pelo time excepcional de músicos recrutado para tocar com Cantuária. Somente no piano se revezam Brad Mehldau, Marcos Valle e João Donato. A guitarra é de Bill Frisell, parceiro de Cantuária no disco Lágrimas Mexicanas. O flugelhorn ouvido na classuda regravação cool de Vagamente (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal) é de Jessé Sadoc, fera que se junta na ficha técnica a virtuoses como Luiz Alves (contrabaixo), Liminha (baixo elétrico), Dadi (na guitarra, e não no habitual baixo), Paulo Braga (bateria) e Sidinho (percussão em faixas como a regravação de Inútil Paisagem, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira). A excelência desses músicos enobrece o Samba Carioca de Cantuária. Além de tocar piano em Praia Grande, Marcos Valle é também o parceiro de Cantuária neste suingante tema ambientado em clima de samba-jazz. Por conta do piano de Mehldau, há também um approach jazzístico em Berlim, bossa da lavra solitária de Cantuária, íntimo dos sons cariocas. Embora nascido no Amazonas, Cantuária migrou para a cidade do Rio de Janeiro (RJ) ainda na infância. Orla - outra parceria do artista com Marcos Valle, feita  com a adesão de Dadi - reitera que Cantuária está à vontade nessa praia entre temas instrumentais (caso do samba Julinha de Botas) e faixas cantadas (como Fugiu, parceria de Cantuária com Arto Lindsay). Nem sempre tão interessante em si, a safra autoral de Samba Carioca ganha bossa e valor adicional ao ser formatada por virtuoses como os reunidos neste disco de arquitetura refinada.

3 comentários:

  1. Hoje com 60 anos, Vinicius Cantuária sempre soube se transformar em outros. De início projetado como músico do grupo de rock progressivo O Terço na década de 70, Cantuária se tornou cantor e compositor pop nos anos 80 - seu sucesso Só Você foi rebobinado por Fábio Jr. na década de 90 - até que partiu há 17 anos para Nova York (EUA) para explorar outros sons e outros universos musicais sem deixar de ter o Brasil como referência. Samba Carioca é o segundo dos três álbuns gravados por Cantuária para o selo francês Naïve. Lançado em 2009 no exterior, o disco está sendo editado no Brasil neste mês de novembro de 2011 pela gravadora Biscoito Fino - em contrato que prevê também a edição no mercado nacional em 2012 do atual CD de Cantuária, Lágrimas Mexicanas (2012) - e flagra o artista imerso nas águas plácidas da Bossa Nova. Coube ao produtor, guitarrista e compositor norte-americano Arto Lindsay pilotar Samba Carioca, álbum valorizado pelo time excepcional de músicos recrutado para tocar com Cantuária. Somente no piano se revezam Brad Mehldau, Marcos Valle e João Donato. A guitarra é de Bill Frisell, parceiro de Cantuária no disco Lágrimas Mexicanas. O flugelhorn ouvido na classuda regravação cool de Vagamente (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal) é de Jessé Sadoc, fera que se junta na ficha técnica a virtuoses como Luiz Alves (contrabaixo), Liminha (baixo elétrico), Dadi (na guitarra, e não no habitual baixo), Paulo Braga (bateria) e Sidinho (percussão em faixas como a regravação de Inútil Paisagem, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira). A excelência desses músicos enobrece o Samba Carioca de Cantuária. Além de tocar piano em Praia Grande, Marcos Valle é também o parceiro de Cantuária neste suingante tema ambientado em clima de samba-jazz. Por conta do piano de Mehldau, há também um approach jazzístico em Berlim, bossa da lavra solitária de Cantuária, íntimo dos sons cariocas. Embora nascido no Amazonas, Cantuária migrou para a cidade do Rio de Janeiro (RJ) ainda na infância. Orla - outra parceria do artista com Marcos Valle, feita com a adesão de Dadi - reitera que Cantuária está à vontade nessa praia entre temas instrumentais (caso do samba Julinha de Botas) e faixas cantadas (como Fugiu, parceria de Cantuária com Arto Lindsay). Nem sempre tão interessante em si, a safra autoral de Samba Carioca ganha bossa e valor adicional ao ser formatada por virtuoses como os reunidos neste disco de arquitetura refinada.

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  2. Esse CD reúne alguns dos grandes músicos do planeta. O Cantuária tem muito bom gosto. Destaco a música "Praia Grande" é genial.

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  3. mistério a ser desvendado: por que será que todo músico que Caetano incensa some da mídia para cair no ostracismo? Jorge Ben, Jorge Mautner, Bolão, Hermeto, Walter Smetak, Tim Maia, Arrigo Barnabé, Ritchie, Péricles Cavalcanti, Xannddyy do Harmonia...a exceção, para confirmar a regra, foi Elza Soares.

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