Título: Nosso Samba Tá na Rua
Artista: Beth Carvalho (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 19 de novembro de 2011
Cotação: * * * *
Valente, o samba de Beth Carvalho está de volta às ruas. Símbolo da superação dos problemas de saúde enfrentados pela cantora nos últimos dois anos, o primeiro disco de inéditas da sambista em 15 anos, Nosso Samba Tá na Rua, inspirou um show feliz que teve sua estreia nacional em 19 de novembro de 2011, na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Sob a direção artística do ator Gustavo Gasparani, a cantora apresenta um show que exalta o samba, o amor e a vida em atmosfera de alegria. O alto astral é perceptível já na entrada triunfal de Beth, na segunda parte do samba que dá título ao disco e ao show, Nosso Samba Tá na Rua (Roberto Lopes, Alamir, Canário e Nilo Penetra). Irrompe pelo palco em alta velocidade o praticável que eleva a cantora - alojada numa cadeira durante o show - enquanto o corpo de bailarinos se movimenta em ritmo veloz. Está dado o start em espetáculo em que, firme no propósito de mostrar o repertório inédito do disco, a sambista enfileira as 15 músicas do CD, deixando para o previsível final os sucessos de pique carnavalesco como Caciqueando (Noca da Portela), Vou Festejar (Jorge Aragão, Dida e Neoci) e, já no bis, Coisinha do Pai (Jorge Aragão, Almir Guineto e Luiz Carlos). Ladeada por 10 músicos e três vocalistas, Beth saúda Ivone Lara - na dobradinha Em Cada Canto Uma Esperança e Sonho Meu, duas obras-primas póeticas da obra da dama imperial com Délcio Carvalho - e celebra o próprio samba em exaltação que tem bloco que ressalta a negritude e a mestiçagem, matérias-primas do gênero. É quando Beth insere Coisa de Pele (Jorge Aragão e Acyr Marques) - saudado pela cantora como o "hino do pagode" - entre Negro Sim, Sinhô! (Marquinho PQD, Efson e Franco) e Samba Mestiço (Ciraninho, Rafael dos Santos e Leandro Fregonesi). A alta qualidade do repertório inédito - com destaques como Tambor (Almir Guineto, Adalto Magalha e Daniel Oliveira), Arrasta a Sandália (partido alto de Luana Carvalho, filha de Beth, com Dayse do Banjo) e Colabora (Serginho Meriti), um "samba valente" na apropriada definição da cantora - faz com que o show transcorra animado, sem deslizes (embora seja dispensável a citação de convidados vips presentes na plateia). Tal como o disco Nosso Samba Tá na Rua, o show homônimo renova substancialmente o repertório de Beth com coerência e absoluta fidelidade aos cânones que regem a obra da cantora. Estão lá a reverência à Mangueira - com o samba Verde e Rosa de Paixão (Claudinho Guimarães), introduzido com citação de Sala de Recepção (Cartola) e finalizado com refrãos de recentes sambas-enredos da agremiação - e o apego ao já cinquentenário bloco Cacique de Ramos, assunto de breve explanação antes da interpretação de Guaracy, samba da lavra de Arlindo Cruz e Sombrinha com Zeca Pagodinho, convidado da estreia nacional do show em Camarão que Dorme a Onda Leva (Beto sem Braço, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho). Está lá também a devoção a Nelson Cavaquinho (1911 - 1986), o compositor exposto em painel do cenário ao ser revivido com pérola rara e dramática, Palavras Malditas, lustrada em sintonia fina com o fiel parceiro Guilherme de Brito (1922 - 2006). O show é essencialmente feliz. A propósito, quando canta Tô Feliz Demais (uma das inéditas assinadas por compositores da nova geração do samba avalizados pela artista no disco produzido por Rildo Hora), Beth diz que a letra do (mediano) samba retrata seu estado de espírito. Tal felicidade - plenamente justificada neste momento em que Beth se reencontra com Rildo (autor juntamente com o maestro Ivan Paulo dos arranjos do disco, reproduzidos no show quase sempre sem perda da qualidade) em CD revigorante - passa do palco para a plateia. Mesmo que lance eventualmente mão de alguns números infalíveis e já tradicionais em seus shows, (como As Rosas Não Falam, ambientada em clima seresteiro), Nosso Samba Tá na Rua é novo capítulo na trajetória de Beth Carvalho nos palcos. A presença dos bailarinos em alguns números dá brilho à cena - especialmente no número de abertura e em Negro Sim, Sinhô! - e realça a ideologia dos sambas através das coreografias sem jamais deixar a cena kitsch ou poluída. Enfim, renovado, o samba valente de Beth Carvalho está nas ruas e casas de shows em grande estilo. É hora de festejar a vitória!!!!
7 comentários:
Valente, o samba de Beth Carvalho está de volta às ruas. Símbolo da superação dos problemas de saúde enfrentados pela cantora nos últimos dois anos, o primeiro disco de inéditas da sambista em 15 anos, Nosso Samba Tá na Rua, inspirou um show feliz que teve sua estreia nacional em 19 de novembro de 2011, na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Sob a direção artística do ator Gustavo Gasparani, a cantora apresenta um show que exalta o samba, o amor e a vida em atmosfera de alegria.O alto astral é perceptível já na entrada triunfal de Beth, na segunda parte do samba que dá título ao disco e ao show, Nosso Samba Tá na Rua (Roberto Lopes, Alamir, Canário e Nilo Penetra). Irrompe pelo palco em alta velocidade o praticável que eleva Beth - alojada numa cadeira durante o show - enquanto o corpo de bailarinos se movimenta em ritmo veloz. Está dado o start em espetáculo em que, firme no propósito de mostrar o repertório inédito do disco, a sambista enfileira as 15 músicas do CD, deixando para o previsível final os sucessos de pique carnavalesco como Caciqueando (Noca da Portela), Vou Festejar (Jorge Aragão, Dida e Neoci) e, já no bis, Coisinha do Pai (Jorge Aragão, Almir Guineto e Luiz Carlos). Ladeada por 10 músicos e três vocalistas, Beth saúda Ivone Lara - na dobradinha Em Cada Canto Uma Esperança e Sonho Meu, duas obras-primas póeticas da obra da dama imperial com Délcio Carvalho - e celebra o próprio samba em exaltação que tem bloco que ressalta a negritude e a mestiçagem, matérias-primas do gênero. É quando Beth insere Coisa de Pele (Jorge Aragão e Acyr Marques) - saudado pela cantora como o "hino do pagode" - entre Negro Sim, Sinhô! (Marquinho PQD, Efson e Franco) e Samba Mestiço (Ciraninho, Rafael dos Santos e Leandro Fregonesi). A alta qualidade do repertório inédito - com destaques como Tambor (Almir Guineto, Adalto Magalha e Daniel Oliveira), Arrasta a Sandália (partido alto de Luana Carvalho, filha de Beth, com Dayse do Banjo) e Colabora (Serginho Meriti), um "samba valente" na apropriada definição da cantora - faz com que o show transcorra animado, sem deslizes (embora seja dispensável a citação de convidados vips presentes na plateia).
Tal como o disco Nosso Samba Tá na Rua, o show homônimo renova substancialmente o repertório de Beth com coerência e absoluta fidelidade aos cânones que regem a obra da cantora. Estão lá a reverência à Mangueira - com o samba Verde e Rosa de Paixão (Claudinho Guimarães), introduzido com citação de Sala de Recepção (Cartola) e finalizado com refrãos de recentes sambas-enredos da agremiação - e o apego ao já cinquentenário bloco Cacique de Ramos, assunto de breve explanação antes da interpretação de Guaracy, samba da lavra de Arlindo Cruz e Sombrinha com Zeca Pagodinho, convidado da estreia nacional do show em Camarão que Dorme a Onda Leva (Beto sem Braço, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho). Está lá também a devoção a Nelson Cavaquinho (1911 - 1986), o compositor exposto em painel do cenário ao ser revivido com pérola rara e dramática, Palavras Malditas, lustrada em sintonia fina com o fiel parceiro Guilherme de Brito (1922 - 2006). O show é essencialmente feliz. A propósito, quando canta Tô Feliz Demais (uma das inéditas assinadas por compositores da nova geração do samba avalizados pela artista no disco produzido por Rildo Hora), Beth diz que a letra do (mediano) samba retrata seu estado de espírito. Tal felicidade - plenamente justificada neste momento em que Beth se reencontra com Rildo (autor juntamente com o maestro Ivan Paulo dos arranjos do disco, reproduzidos no show quase sempre sem perda da qualidade) em CD revigorante - passa do palco para a plateia. Mesmo que lance eventualmente mão de alguns números infalíveis e já tradicionais em seus shows, (como As Rosas Não Falam, ambientada em clima seresteiro), Nosso Samba Tá na Rua é novo capítulo na trajetória de Beth Carvalho nos palcos. A presença dos bailarinos em alguns números dá brilho à cena - especialmente no número de abertura e em Negro Sim, Sinhô! - e realça a ideologia dos sambas através das coreografias sem jamais deixar a cena kitsch ou poluída. Enfim, renovado, o samba valente de Beth Carvalho está nas ruas e casas de shows em grande estilo. É hora de festejar a vitória!!!!
Adorei a resenha, Mauro! Beth VOLTA com tudo em um disco que já é obra-prima e antologia do ritmo.
A cada passada fica impossível não se apaixonar e sem contar que está cantando MUITO BEM.
Essa gravação de Em cada canto uma esperança é MARAVILHOSA! Não canso de escutar.
É até dispensável escrever, mas só sambas de alto quilate! E como fez bem esse resgate do Rildo, a volta ao ambiente caciqueano (refiro-me ao clima da capa, até porque Beth nunca abandonou a turma da Uranos)e sem contar os nomes carimbados que confiam suas preciosidades na voz da maior representante do nosso ritmo. Abs e o disco é LINDO! Desponta como um dos melhores do ano.
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
E cena Kitsch? Kitsch e BREGA é com outra cantora. Beth é chique no último! rs
Ela não se recuperou ainda? Pelas fotos parece que teve que passar o show sentada
Ouvi o disco hoje, é muito bom mesmo, e não concordo com o Mauro. O Tô feliz demais pra mim é um dos melhores
Maravilhosa resenha, Mauro. Ela é tudo isso e muito mais. Estão todos felizes, Beth e os milhares de fãs que aguardavam por este retorno triunfal da maior sambista de todos os tempos.
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