Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

'Horizonte Vertical' se situa no mesmo alto nível dos discos áureos de Lô

Resenha de CD
Título: Horizonte Vertical
Artista: Borges
Convidados: Fernanda Takai, Milton Nascimento e Samuel Rosa
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

Sócio-fundador do Clube da Esquina, Lô Borges continua fiel ao som, à poesia e ao espírito gregário do som que brota nessa área das Geraes. Em Horizonte Vertical, disco independente de gravação viabilizada com o patrocínio do projeto Natura Musical e de distribuição feita pela Sony Music neste mês de novembro de 2011, o cantor e compositor mineiro alinha 12 inéditas criadas em sua maioria a partir do piano. Inspirada, a safra de inéditas recicla a estética do Clube da Esquina com um pé no passado e outro no presente. Música iniciada nos anos 80, Antes do Sol (Lô Borges e Márcio Borges) bem poderia figurar no cancioneiro do lendário álbum duplo de 1972 que alicerçou os cânones e estatutos do clube. Assim como Antes do Sol, Xananã (Lô Borges e Patrícia Maês) é uma das quatro faixas que contam com a voz de Fernanda Takai, amapaense de alma mineira, convidada do disco ao lado de Milton Nascimento e Samuel Rosa. Horizonte Vertical renova o repertório de Lô no tom habitual do compositor. Inclusive pela letra em inglês, cantada por Lô harmoniosamente com Takai, On Venus (Lô Borges e Ronaldo Bastos)  explicita mais uma vez a influência dos Beatles no som dos mineiros do clube, mais até do que a balada O Seu Olhar (Lô Borges e Patrícia Maês), inspirada em John Lennon (1940 - 1980). Há ecos fortes de Beatles também na balada Da Nossa Criação (Lô Borges e Patrícia Maês), cuja letra versa sobre a amizade fraterna que une Lô e Milton, convidado afetivo da faixa. O piano de Lô e os teclados de Barral evocam na faixa os arranjos de Wagner Tiso que emolduraram a obra de Milton na década de 70. Música que abre o disco, De Mais Ninguém (Lô Borges e Ronaldo Bastos) ostenta pegada mais pop, detectada também em Nenhum Segredo (Lô Borges, Samuel Rosa e Patrícia Maês). Além de cantar a música com Lô, Samuel Rosa é o autor da melodia que reitera a afinidade do vocalista e compositor do Skank com a estética do clube. Aliás, a faixa-título de Horizonte Vertical é da lavra de Lô com Samuel e Nando Reis. Também entoada por Lô em dueto com Samuel, Horizonte Vertical é bela canção que já vale o disco por si só e que confirma o vigor da safra inédita e autoral do álbum. Contudo, Mantra Bituca (Lô Borges) - tema que traz a voz e o violão de Milton Nascimento, o Bituca - e Você e Eu (Lô Borges) mostra que Lô precisa de um letrista para manter o nível poético de sua obra. Quem me Chama (Lô Borges e Márcio Borges) - faixa que tem vocalização atonal de Takai - também não se impõe na safra, embora exponha toda a harmonia que envolve os irmãos Borges. Ao fim do disco produzido pelo próprio Lô com Barral, Canção Mais Além (Lô Borges e Patrícia Maês) aglutina crianças no coro, exibe novamente a força do melodista e sedimenta a impressão de que Horizonte Vertical é um dos títulos mais sedutores da discografia de Lô Borges, se situando no mesmo alto nível dos clássicos da coerente obra fonográfica do artista. Quase 40 anos depois, a esquina mineira ainda dá frutos.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Sócio-fundador do Clube da Esquina, Lô Borges continua fiel ao som, à poesia e ao espírito gregário do som que brota nessa área das Geraes. Em Horizonte Vertical, disco independente de gravação viabilizada com o patrocínio do projeto Natura Musical e de distribuição feita pela Sony Music neste mês de novembro de 2011, o cantor e compositor mineiro alinha 12 inéditas criadas em sua maioria a partir do piano. Inspirada, a safra de inéditas recicla a estética do Clube da Esquina com um pé no passado e outro no presente. Música iniciada nos anos 80, Antes do Sol (Lô Borges e Márcio Borges) bem poderia figurar no cancioneiro do lendário álbum duplo de 1972 que alicerçou os cânones e estatutos do clube. Assim como Antes do Sol, Xananã (Lô Borges e Patrícia Maês) é uma das quatro faixas que contam com a voz de Fernanda Takai, amapaense de alma mineira, convidada do disco ao lado de Milton Nascimento e Samuel Rosa. Horizonte Vertical renova o repertório de Lô no tom habitual do compositor. Inclusive pela letra em inglês, cantada por Lô harmoniosamente com Takai, On Venus (Lô Borges e Ronaldo Bastos) explicita mais uma vez a influência dos Beatles no som dos mineiros do clube, mais até do que a balada O Seu Olhar (Lô Borges e Patrícia Maês), inspirada em John Lennon (1940 - 1980). Há ecos fortes de Beatles também na balada Da Nossa Criação (Lô Borges e Patrícia Maês), cuja letra versa sobre a amizade fraterna que une Lô e Milton, convidado afetivo da faixa. O piano de Lô e os teclados de Barral evocam na faixa os arranjos de Wagner Tiso que emolduraram a obra de Milton na década de 70. Música que abre o disco, De Mais Ninguém (Lô Borges e Ronaldo Bastos) ostenta pegada mais pop, detectada também em Nenhum Segredo (Lô Borges, Samuel Rosa e Patrícia Maês). Além de cantar a música com Lô, Samuel Rosa é o autor da melodia que reitera a afinidade do vocalista e compositor do Skank com a estética do clube. Aliás, a faixa-título de Horizonte Vertical é da lavra de Lô com Samuel e Nando Reis. Também entoada por Lô em dueto com Samuel, Horizonte Vertical é bela canção que já vale o disco por si só e que confirma o vigor da safra inédita e autoral do álbum. Contudo, Mantra Bituca (Lô Borges) - tema que traz a voz e o violão de Milton Nascimento, o Bituca - e Você e Eu (Lô Borges) mostra que Lô precisa de um letrista para manter o nível poético de sua obra. Quem me Chama (Lô Borges e Márcio Borges) - faixa que tem vocalização atonal de Takai - também não se impõe na safra, embora exponha toda a harmonia que envolve os irmãos Borges. Ao fim do disco produzido pelo próprio Lô com Barral, Canção Mais Além (Lô Borges e Patrícia Maês) aglutina crianças no coro, exibe novamente a força do melodista e sedimenta a impressão de que Horizonte Vertical é um dos títulos mais sedutores da discografia de Lô Borges, se situando no mesmo alto nível dos clássicos da coerente obra fonográfica do artista. Quase 40 anos depois, a esquina mineira ainda dá frutos.

Raphael Vidigal disse...

Mauro, você conhece o cavaquinista mineiro Waldir Silva?
Abraços,
Raphael Vidigal

Gabriel Silveira disse...

Lô Borges é um dos gênios da música brasileira. Bom saber que ele lançou mais um álbum, quero escutar brevemente.

Raphael Vidigal disse...

Mauro?

KL disse...
Este comentário foi removido pelo autor.