segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Luiza segue cantando sem rumo e sem identidade no segundo disco ao vivo

Resenha de CD e DVD
Título: Seguir cantando
Artista: Luiza Possi
Gravadora: LGK Music
Cotação: * 1/2

 Segunda gravação ao vivo de Luiza Possi, editada em CD e DVD produzidos pelo guitarrista Conrado Goys, Seguir cantando expõe a indefinição da cantora em sua primeira década de carreira. Direcionada de início ao mercado adolescente no álbum de estreia Eu sou assim (2002), a filha de Zizi Possi flertou com o pop rock de tom mais adulto em Pro mundo levar (2004), se aproximou da MPB em Escuta (2006) e esboçou obra autoral em Bons ventos sempre chegam (2009), disco pautado por certa delicadeza que realçou o fraseado bonito da cantora. Embora irregulares, estes quatro álbuns de estúdio evidenciaram a contínua evolução de Luiza. Que dá um passo atrás com Seguir cantando, título já dispensável pelo fato de a artista já ter lançado há quatro anos um registro de show, Luiza Possi ao vivo - A vida é mesmo agora (2007). Seguir cantando foge da habitual linha retrospectiva de trabalhos do gênero. A maior parte das músicas é inédita na voz da cantora. Mas a qualidade ruim do repertório sinaliza involução e a lista heterogênea de convidados - Zizi Possi, Ivete Sangalo e Thiaguinho (o ex-vocalista do grupo Exaltasamba) - reitera a impressão de que Luiza segue cantando sem rumo e sem identidade definida. Feito sob a direção musical de Conrado Goyz e da própria Luiza, o show enfileira série de insossas canções de contorno pop como Na sua (Luiza Possi e Thathi), a funkeada Deixa estar (Tó Brandileone) e Dias com mais horas, uma das (excessivas) parcerias de Luiza com Dudu Falcão, que ainda assina sozinho temas como Tudo certo e Registro (a cantora também se aventura solitariamente como compositora em faixas como a balada Minha lua). Em Paisagem, balada herdada do álbum Bons ventos sempre chegam,  Luiza assume o piano - tal como no disco - para tentar criar clima mais íntimo. Mas é na sequência que a emoção parece mais verdadeira no encontro de Luiza com Zizi Possi em Cacos de amor, melodiosa balada (da lavra profícua de Luiza com Dudu Falcão) entoada com olhos marejados e alguns versos em italiano. No fim, Zizi volta para outro dueto - este menos harmonioso e não creditado na ficha técnica do DVD - em Amor vem pra cada Um, versão trivial de Beto Fae para Love comes to everyone (George Harrison). Se falta sensibilidade à cantora em abordagem de Desculpe o auê que tira toda a graça e leveza da canção de Rita Lee e Roberto de Carvalho, de 1983, a compositora arrisca até um pop genérico à moda confessional de Ana Carolina, Desenganos, em parceria com Nelsinho Bodega, autor de Circo pega fogo, número que cai no suingue com a adesão de Ivete Sangalo. A estrela baiana também ajuda a esmaecer os tons de Azul (Djavan, 1982) forjando animação como se estivesse numa micareta. Já em Folhetim (Chico Buarque, 1979) o que é forjada - com caras, bocas e poses - é uma sensualidade fake que nada acrescenta ao bolero. Luiza Possi canta bem, mas desde o primeiro número do show captado em 29 de abril de 2011 no Citibank Hall de São Paulo (SP) - um registro de O portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) que dilui todo o sentimento do tema - a impressão é a de que a cantora não sabe por qual caminho seguir. Sensação expandida na seção Reality show dos extras do DVD. É quando Luiza recebe Thiaguinho em casa e no estúdio para cantar as músicas Tá vendo aquela lua (sucesso do Exaltasamba, composto por Thiaguinho com Rodriguinho) e Ainda é tudo seu (Luiza Possi e Jhama). Enfim, Seguir cantando nada acrescenta de relevante à discografia de Luiza Possi. É hora de repensar o rumo a seguir nesta década para - tentar - achar uma identidade musical e não ser mais uma na multidão de cantoras.

13 comentários:

  1. Segunda gravação ao vivo de Luiza Possi, editada em CD e DVD produzidos pelo guitarrista Conrado Goys, Seguir Cantando expõe a indefinição da cantora em sua primeira década de carreira. Direcionada de início ao mercado adolescente em seu CD de estreia Eu Sou Assim (2002), a filha de Zizi Possi flertou com o pop rock de tom mais adulto em Pro Mundo Levar (2004), se aproximou da MPB em Escuta (2006) e esboçou obra autoral em Bons Ventos Sempre Chegam (2009), disco pautado por certa delicadeza que realçou o fraseado bonito da cantora. Embora irregulares, estes quatro álbuns de estúdio evidenciaram a contínua evolução de Luiza. Que dá um passo atrás com Seguir Cantando, título já dispensável pelo fato de a artista já ter lançado há quatro anos um registro de show, Luiza Possi ao Vivo - A Vida É Mesmo Agora (2007). Seguir Cantando foge da habitual linha retrospectiva de trabalhos do gênero. A maior parte das músicas é inédita na voz da cantora. Mas a qualidade ruim do repertório sinaliza involução e a lista heterogênea de convidados - Zizi Possi, Ivete Sangalo e Thiaguinho (o ex-vocalista do grupo Exaltasamba) - reitera a impressão de que Luiza segue cantando sem rumo e sem identidade definida. Feito sob a direção musical de Conrado Goyz e da própria Luiza, o show enfileira série de insossas canções de contorno pop como Na Sua (Luiza Possi e Thathi), a funkeada Deixa Estar (Tó Brandileone) e Dias Com Mais Horas, uma das (excessivas) parcerias de Luiza com Dudu Falcão, que ainda assina sozinho temas como Tudo Certo e Registro (a cantora também se aventura solitariamente como compositora em faixas como a balada Minha Lua). Em Paisagem, balada herdada do álbum Bons Ventos Sempre Chegam, Luiza assume o piano - tal como no disco - para tentar criar clima mais íntimo. Mas é na sequência que a emoção parece mais verdadeira no encontro de Luiza com Zizi Possi em Cacos de Amor, melodiosa balada (da lavra profícua de Luiza com Dudu Falcão) entoada com olhos marejados e alguns versos em italiano. No fim, Zizi volta para outro dueto - este menos harmonioso e não creditado na ficha técnica do DVD - em Amor Vem pra Cada Um, versão trivial de Beto Fae para Love Comes to Everyone (George Harrison). Se falta sensibilidade à cantora em abordagem de Desculpe o Auê que tira toda a graça e leveza da canção de Rita Lee e Roberto de Carvalho, de 1983, a compositora arrisca até um pop genérico à moda confessional de Ana Carolina, Desenganos, em parceria com Nelsinho Bodega, autor de Circo Pega Fogo, número suingante em que figura Ivete Sangalo. A estrela baiana também ajuda a esmaecer os tons de Azul (Djavan, 1982) forjando animação como se estivesse numa micareta. Já em Folhetim (Chico Buarque, 1979) o que é forjada - com caras, bocas e poses - é uma sensualidade fake que nada acrescenta ao bolero. Luiza Possi canta bem, mas desde o primeiro número do show captado em 29 de abril de 2011 no Citibank Hall de São Paulo (SP) - um registro de O Portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) que dilui todo o sentimento do tema - a impressão é a de que a cantora não sabe por que caminho seguir. Sensação expandida na seção Reality Show dos extras do DVD. É quando Luiza recebe Thiaguinho em casa e no estúdio para cantar as músicas Tá Vendo Aquela Lua (sucesso do Exaltasamba, composto por Thiaguinho com Rodriguinho) e Ainda É Tudo Seu (Luiza Possi e Jhama). Enfim, Seguir Cantando nada acrescenta de relevante à discografia de Luiza Possi. É hora de repensar o rumo a seguir na próxima década para tentar achar sua identidade musical.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Parabéns Mauro pela resenha franca e direta. Essa menina tem meia dúzia de fãs que às vezes me fazem pensar que o seu fraco e confuso trabalho alcança algum resultado. Mas pelo visto não. Vulgar e vazio.

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  4. Nossa! Mauro você acabou com a Luiza, fiquei com dó dela!

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  5. Luiza parece que canta chorando... Acho horrível!

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  6. Uma pena, passei a admirar a Luiza em seu último cd "Bons Ventos Sempre Chegam" que acho lindo, achei que dali em diante viriam mais trabalhos nesse sentido. Ainda não ouvi esse novo, mas agora até desanimei

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  7. Mauro pintou o bicho feio demais! Não é tão miseravel assim, as composições próprias e parcerias com o Dudu são simples demais, mas não terríveis.
    E ela esta cantando muito bem sim - obrigado.

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  8. Adoro a Luiza, e gostei bastante do DVD.
    Não vejo problema algum com o flerte a vários estilos e gêneros. Deixa a Luiza segui cantando... tão bem como ela faz.
    Mauro resolveu fazer uma crítica a carreira da Luiza e colocou o DVD como pretexto.
    Não precisava dessa atrocidade toda, não!
    O DVD n tem nenhuma música tão ruim quanto "Amar alguém" e "Ainda bem" da Marisa, por exemplo. ^^

    p.s.: Achei inteligentíssimo ela lançar um disco praticamente de inéditas ao vivo.

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  9. Só mais uma coisa:
    "Cacos de amor" com a Zizi é absurdamente belíssimo!!!

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  10. Esse CD é FRACO demais. Me arrependi de ter comprado. Alguém quer?

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  11. Eu comprei e gostei. Já vi coisas muito piores aqui recebendo 4 a 5 estrelas e coisa e tal.

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  12. É a "cantora" que não devia existir. Existe porque é filha de Zizi. Ponto.

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  13. Cara, você assistiu o mesmo DVD e ouviu o mesmo CD que eu?
    Sinceramente, eu gostei BASTANTE. Na minha opinião é um dos melhores trabalhos da Luiza.
    Concordo com o comentário acima de que você queria fazer uma crítica em relação à carreira da Luiza e usou o "Seguir cantando" como pretexto.
    "O portão" ficou MUITO MAIS visceral na versão dela, "Desculpe o auê" ficou ótimo, "Folhetim" impecável (ela INTERPRETOU a personagem da música).
    O que a Luiza Possi quer, é quebrar com essa rotulação de gênero. Ah, você canta MPB, eu canto AXÉ, ele canta pagode. Ela quer UNIR os estilos, mostrando que para a música ser boa não precisa ser MPB ou POP.
    Ela, nesse álbum, trabalha com os mais diversos gostos e gêneros. Ou seja, chega de conservadorismo, vamos liberar, juntar, unir! Por que não?
    É uma atitude muito corajosa da Luiza? Sim, é. E seus fãs e admiradores tem orgulho disso.
    Comprei CD, DVD e quero que ela Siga Cantando mesmo, levando sua ótima voz, seu carisma, simpatia e beleza pelo Brasil (e quem sabe, o mundo).

    PS: Já foi no novo show da turnê? Uma dica: É ÓTIMA!

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