quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Rosa reitera fineza de seu canto ao celebrar Elizeth no álbum 'É Luxo Só'

Resenha de CD
Título: É Luxo Só
Artista: Rosa Passos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Se não tivesse sido anunciado que o 16º álbum de Rosa Passos, É Luxo Só, recém-lançado pela gravadora Biscoito Fino neste mês de novembro de 2011, é uma homenagem a Elizeth Cardoso (1920 - 1990), talvez nenhum ouvinte identificasse nas dez músicas o traço comum de terem pertencido ao repertório da Divina. É que Rosa selecionou temas pouco ou nada associados a Elizeth. Seja como for, o repertório de Elizeth é abordado com fidelidade ao estilo refinado e econômico de Rosa. Estilo que fez de Rosa uma cantora reverenciada mais no exterior do que no Brasil. Herdeira da escola vocal de João Gilberto, a intérprete é do time que explora nuances e tons inusitados com sua divisão peculiar - perceptível em É Luxo Só nas recriações de músicas como Três Apitos (Noel Rosa), As Rosas Não Falam (Cartola) e o samba de Ary Barroso e Luiz Peixoto que batiza o disco. Na voz de Rosa Passos, assim como na de João, o velho soa novo. Basta ouvir O Amor e a Rosa (Pernambuco e Antonio Maria) e Palhaçada (Haroldo Barbosa e Luis Reis), duas faixas que expõem o toque jazzy do trio - Lula Galvão (violão e arranjos), Jorge Helder (baixo) e Rafael Barata (bateria e percussão)  - que interage com a cantora em É Luxo Só. Esse approach jazzístico - porta de entrada para a cantora na cena internacional - é sutil e preserva a moldura rítmica de samba-canção que adorna Último Desejo (Noel Rosa) e Saia do Caminho (Custódio Mesquita e Evaldo Rui). Assim como o samba Olhos Verdes - mais associado à voz de Dalva de Oliveira (1917 - 1972) do que à de Elizeth - continua sendo um samba ao passar pelo filtro do canto suave de Rosa. Cantora de suingue, Rosa não é do tipo que joga nota fora para evidenciar suas qualidades vocais. Como João, ela depura as músicas que canta com precisão rítmica. É difícil reconhecer e identificar Elizeth Cardoso neste luxuoso É Luxo Só. Mas isso pouco importa. Ao evitar clássicos do repertório da Divina, como Canção de Amor e Nossos Momentos, Rosa Passos reitera a fineza de seu canto.

4 comentários:

  1. Se não tivesse sido anunciado que o 16º álbum de Rosa Passos, É Luxo Só, recém-lançado pela gravadora Biscoito Fino neste mês de novembro de 2011, é uma homenagem a Elizeth Cardoso (1920 - 1990), talvez nenhum ouvinte identificasse nas dez músicas o traço comum de terem pertencido ao repertório da Divina. É que Rosa selecionou temas pouco ou nada associados a Elizeth. Seja como for, o repertório de Elizeth é abordado com fidelidade ao estilo refinado e econômico de Rosa. Estilo que fez de Rosa uma cantora reverenciada mais no exterior do que no Brasil. Herdeira da escola vocal de João Gilberto, a intérprete é do time que explora nuances e tons inusitados com sua divisão peculiar - perceptível em É Luxo Só nas recriações de músicas como Três Apitos (Noel Rosa), As Rosas Não Falam (Cartola) e o samba de Ary Barroso e Luiz Peixoto que batiza o disco. Na voz de Rosa Passos, assim como na de João, o velho soa novo. Basta ouvir O Amor e a Rosa (Pernambuco e Antonio Maria) e Palhaçada (Haroldo Barbosa e Luis Reis), duas faixas que expõem o toque jazzy do trio - Lula Galvão (violão e arranjos), Jorge Helder (baixo) e Rafael Barata (bateria e percussão) - que interage com a cantora em É Luxo Só. Esse approach jazzístico - porta de entrada para a cantora na cena internacional - é sutil e preserva a moldura rítmica de samba-canção que adorna Último Desejo (Noel Rosa) e Saia do Caminho (Custódio Mesquita e Evaldo Rui). Assim como o samba Olhos Verdes - mais associado à voz de Dalva de Oliveira (1917 - 1972) do que à de Elizeth - continua sendo um samba ao passar pelo filtro do canto suave de Rosa. Cantora de suingue, Rosa não é do tipo que joga nota fora para evidenciar suas qualidades vocais. Como João, ela depura as músicas que canta com precisão rítmica. É difícil reconhecer e identificar Elizeth Cardoso neste luxuoso É Luxo Só. Mas isso pouco importa. Ao evitar clássicos do repertório da Divina, como Canção de Amor e Nossos Momentos, Rosa Passos reitera a fineza de seu canto.

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  2. Rosa é a maior prova que as rosas falam e cantam pra cacete!!! É um disco lindo!! Rosa descobre nuances nas canções que normalmente não seriam evidenciadas por outras cantoras.

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  3. Não entendo uma compositora inspirada não fazer um álbum de inéditas e autorais há 12 anos. Vergonha de suas canções, preguiça ou insistência no João Gilberto de saias ?

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  4. Depois de três anos sabáticos, com este álbum delicioso, “Rosa Passos reitera a fineza de seu canto” — com bem escreveu Mauro. Concordo plenamente. E espero, agora, que a querida cantora venha a São Paulo mostrar esse repertório. Salve Elizeth! Salve Rosa!

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