Título: Diurno
Artista: Ava
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2
Diurno, faixa que batiza e encerra o primeiro álbum da banda Ava, é colagem polifônica que, de certa forma, resume o conteúdo e o espírito do disco produzido por Felipe Rodarte sob a direção artística de Constança Scofield. A voz de Ava é a de Ava Rocha (voz), filha do cineasta Glauber Rocha (1939 - 1981), cuja herança está de certa forma impressa na imagem de Tunga que ilustra a capa de Diurno. Além de Ava Rocha, a banda é formada por Daniel Castanheira (bateria, percussões, efeitos eletrônicos), Emiliano 7 (violão e efeitos) e Nana Carneiro da Cunha (violoncelo e vocais). O quarteto fez um disco pautado por estranhezas e experiências que atenuam a inspiração rala de temas autorais como Só Uma Mulher (Ava Rocha) e O Futuro (Pedro Paulo Rocha e Ava Rocha), faixa repleta de efeitos na qual figura a guitarra de Arto Lindsay. A voz grave de Ava esboça registro cool em Infinito Azul, música que filtra pela estética indie a serenidade da bossa carioca. Batendo no Mundo - tema composto por Pedro Paulo Rocha e Ava Rocha sobre três frases do livro Água Viva (1973), da escritora Clarice Lispector (1920 - 1977) - eleva as experiências à potência máxima e gera faixa tão viajante quanto enfadonha. Melhor resultado alcança a abordagem de versos do poeta colombiano Jorge Gaitan Durán (1924 – 1962). Extraído do livro Os Amantes (1959), o poema Sé Que Estoy Vivo ganha apropriada rítmica latinoamericana e, ao fim da faixa, é recitado sobre o arranjo. Na seara das regravações, a de Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto) é a mais criativa. De início, a densa canção roça a arquitetura de um tango, evoluindo para uma marcha-rancho. Em contrapartida, as abordagens de Bons Momentos (Michel e Marquinhos) - trivial balada lacrimejante lançada em 1984 por Tim Maia (1942 - 1998) - e Movimento dos Barcos (Jards Macalé e Capinam) não oferecem visão realmente original sobre as composições. A primeira parece sobrar no repertório. A segunda se ajusta à estética cinematográfica de Diurno, álbum em que Ava - banda em que todos os músicos são também ligados à Sétima Arte - persegue a associação entre música e imagem com resultado irregular, porém (quase sempre) instigante.
4 comentários:
Diurno, faixa que batiza e encerra o primeiro álbum da banda Ava, é colagem polifônica que, de certa forma, resume o conteúdo e o espírito do disco produzido por Felipe Rodarte sob a direção artística de Constança Scofield. A voz de Ava é a de Ava Rocha (voz), filha do cineasta Glauber Rocha (1939 - 1981), cuja herança está de certa forma impressa na imagem de Tunga que ilustra a capa de Diurno. Além de Ava Rocha, a banda é formada por Daniel Castanheira (bateria, percussões, efeitos eletrônicos), Emiliano 7 (violão e efeitos) e Nana Carneiro da Cunha (violoncelo e vocais). O quarteto fez um disco pautado por estranhezas e experiências que atenuam a inspiração rala de temas autorais como Só Uma Mulher (Ava Rocha) e O Futuro (Pedro Paulo Rocha e Ava Rocha), faixa repleta de efeitos na qual figura a guitarra de Arto Lindsay. A voz grave de Ava esboça registro cool em Infinito Azul, música que filtra pela estética indie a serenidade da bossa carioca. Batendo no Mundo - tema composto por Pedro Paulo Rocha e Ava Rocha sobre três frases do livro Água Viva (1973), da escritora Clarice Lispector (1920 - 1977) - eleva as experiências à potência máxima e gera faixa tão viajante quanto enfadonha. Melhor resultado alcança a abordagem de versos do poeta colombiano Jorge Gaitan Durán (1924 – 1962). Extraído do livro Os Amantes (1959), o poema Sé Que Estoy Vivo ganha apropriada rítmica latinoamericana e, ao fim da faixa, é recitado sobre o arranjo. Na seara das regravações, a de Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto) é a mais criativa. De início, a densa canção roça a arquitetura de um tango, evoluindo para uma marcha-rancho. Em contrapartida, as abordagens de Bons Momentos (Michel e Marquinhos) - trivial balada lacrimejante lançada em 1984 por Tim Maia (1942 - 1998) - e Movimento dos Barcos (Jards Macalé e Capinam) não oferecem visão realmente original sobre as composições. A primeira parece sobrar no repertório. A segunda se ajusta à estética cinematográfica de Diurno, álbum em que Ava - banda em que todos os músicos são também ligados à Sétima Arte - persegue a associação entre música e imagem com resultado irregular, porém (quase sempre) instigante.
Esse ano teve alguns momentos originais, geniais e instigantes: "Recanto" de Gal Costa, "Longe de Onde" de Karina Buhr, "Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo" de Mariana Aydar e esse disco belamente estranho de Ava Rocha, uma cantora que mistura Marianne Faithfull e Marilia Medalha em sua garganta e que merece atenção dos ouvintes apreciadores de novidades necessárias.
Eu achei demais essa capa, mas ao ouvir a primeira música o som não me agradou :( Tentarei denovo.
Capa que lembra o 1° do Secos & Molhados. Mas não consegui passar da 5ª faixa, achei chato.
Postar um comentário