quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

BiD harmoniza sons da Jamaica e ritmos do Nordeste em 'Bambas Dois'

Resenha de CD
Título: Bambas Dois - Brasil # Jamaica
Artista: BiD e convidados
Gravadora: Soulcity Produssas / Universal Music
Cotação: * * * *

Em 2006, o produtor Eduardo Bidlovski - conhecido simplesmente como BiD - promoveu alquimia rítmica nacional em seu álbum Bambas & Biritas Vol. 1. Decorridos cinco anos, BiD apresenta nova alquimia musical, desta vez extrapolando as fronteiras brasileiras, no CD Bambas Dois - Brasil # Jamaica. Como o título já antecipa, BiD mistura sons da Jamaica - país onde o disco foi gravado com convidados arregimentados na Nação do reggae - com ritmos do Brasil, mais especificamente do Nordeste, e a adesão de artistas oriundos da região, casos de Chico César (participante de Little Johnny) e Siba (presença ilustre com sua rabeca em We Put the "M" Inna Music). A já conhecida afinidade rítmica entre xote e reggae, por exemplo, é realçada em Brasil (Little Sunday), faixa que une a sanfona de Dominguinhos à voz de Ky-Mani Marley, um dos (muitos) descendentes da dinastia do rei  do reggae Bob Marley (1945 - 1981). Embebido em suingue, Bambas Dois propõe várias outras fusões inusitadas. Music For All, faixa em que figura o trio jamaicano The Heptones, transfunde células rítmicas de baião e reggae. Já Only Jah Love (Raggatu) é raggamuffin' sustentado por base percussiva típica de maracatu em faixa que junta Bi Ribeiro (baixista do trio carioca Paralamas do Sucesso) com o cantor jamaicano Sizzla Kalonji. De modo geral, Bambas Dois é álbum pautado pelo balanço do reggae, ritmo predominante até mesmo em faixas gravadas com convidados brasileiros, caso de Chiquinha Hey, tema que junta Luiz Melodia (um dos primeiros brasileiros a mergulhar nessa praia) e Anelis Assumpção. Contudo, de uma forma ou de outra, a pegada nordestina se insinua tanto em Chiquinha Hey como nas demais 13 músicas do disco. Se o cantor jamaicano U-Roy (um pioneiro do toasting) dispara seu falatório no compasso do xote, a pernambucana Karina Buhr marca dupla presença no repertório, soltando a voz em Lehá Dodi (em dueto dub com Oku Onuora, mestre do gênero) e em World Cry (Al Fayah Mix), esta com Jesse Royal. Formatado por BiD com o auxílio imprescindível de Gustah, conhecedor dos sons jamaicanos, Bambas Dois resulta interessante porque as misturas rítmicas são azeitadas.

5 comentários:

  1. Em 2006, o produtor Eduardo Bidlovski - conhecido simplesmente como BiD - promoveu alquimia rítmica nacional em seu álbum Bambas & Biritas Vol. 1. Decorridos cinco anos, BiD apresenta nova alquimia musical, desta vez extrapolando as fronteiras brasileiras, no CD Bambas Dois - Brasil # Jamaica. Como o título já antecipa, BiD mistura sons da Jamaica - país onde o disco foi gravado com convidados arregimentados na Nação do reggae - com ritmos do Brasil, mais especificamente do Nordeste, e a adesão de artistas oriundos da região, casos de Chico César (participante de Little Johnny) e Siba (presença ilustre com sua rabeca em We Put the "M" Inna Music). A já conhecida afinidade rítmica entre xote e reggae, por exemplo, é realçada em Brasil (Little Sunday), faixa que une a sanfona de Dominguinhos à voz de Ky-Mani Marley, um dos (muitos) descendentes da dinastia do rei do reggae Bob Marley (1945 - 1981). Embebido em suingue, Bambas Dois propõe várias outras fusões inusitadas. Music For All, faixa em que figura o trio jamaicano The Heptones, transfunde células rítmicas de baião e reggae. Já Only Jah Love (Raggatu) é ragagmuffin' sustentado por base percussiva típica de maracatu em faixa que junta Bi Ribeiro (baixista do trio carioca Paralamas do Sucesso) com o cantor jamaicano Sizzla Kalonji. De modo geral, Bambas Dois é álbum pautado pelo balanço do reggae, ritmo predominante até mesmo em faixas gravadas com convidados brasileiros, caso de Chiquinha Hey, tema que junta Luiz Melodia (um dos primeiros brasileiros a mergulhar nessa praia) e Anelis Assumpção. Contudo, de uma forma ou de outra, a pegada nordestina se insinua tanto em Chiquinha Hey como nas demais 13 músicas do disco. Se o cantor jamaicano U-Roy (um pioneiro do toasting) dispara seu falatório no compasso do xote, a pernambucana Karina Buhr marca dupla presença no repertório, soltando a voz em Lehá Dodi (em dueto dub com Oku Onuora, mestre do gênero) e em World Cry (Al Fayah Mix), esta com Jesse Royal. Formatado por BiD com o auxílio imprescindível de Gustah, conhecedor dos sons jamaicanos, Bambas Dois resulta interessante porque as misturas rítmicas são azeitadas.

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  2. Valeu, Mauro, essa belezura tem que ser divulgada.
    Assino embaixo de tudo que falou.
    Ouçam, crianças!
    Quem não balançar o esqueleto é mulher do padre. :>)

    PS: O primeiro Bambas do Bid, calcado em Soul/Funk/Hip Hop e com partipações de Seu Jorge, Elza Soares, Black Alien e até faixa inédita de Chico Science tb vale MUITO a pena.

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  3. Muito bom mesmo...Povo que não conhece o site do Natura Musical liberou se não me engano 3 faixas deles lá...
    Recomendado né Zé Henrique...

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  4. Ahh, reza a lenda que quando Luiz Gonzaga foi apresentado ao Reggae, ele disse:
    "Ôxe, isso é um baião metido a besta"

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  5. Não, Zé Henrique, a frase de Luiz Gonzaga foi esta: "oxente, isto é um xote metido a besta". Abraços

    Abílio Neto

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