Título: A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli
Autor: Denilson Monteiro
Editora: Leya
Cotação: * * * *
Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994) viveu o suficiente para ditar suas memórias, publicadas em 1994, ano de sua morte, no livro Eles e Eu (Luiz Carlos Maciel e Ângela Chaves, Editora Nova Fronteira). Contudo, este livro autobiográfico não destilou todo os venenos, bossas e angústias do compositor e jornalista carioca. Tal proeza cabe ao paraense Denilson Monteiro, autor da primeira grande biografia do autor dos versos de músicas como O Barquinho e Lobo Bobo, entre outros sucessos da Bossa Nova, o movimento musical do qual o artista foi ferrenho defensor e propagador. A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli é livro de texto charmoso que monta painel bem abrangente da controversa personalidade do biografado. Antes de começar a narrar a vida e obra de Bôscoli pela ordem cronológica dos fatos, o autor detalha uma das muitas crises de pânico que acometiam o compositor. Criador de letras leves que ajudaram a moldar o espírito ensolarado da Bossa Nova, Bôscoli conviveu com o peso dessa doença que lhe provocava angústias e alucinações de tempos em tempos. Essa face até certo ponto oculta da vida do Lobo é a maior contribuição da biografia à bibliografia musical brasileira. A rigor, Denilson Monteiro não apresenta grandes novidades sobre a vida de seu biografado. Até porque boa parte dessa vida movimentada (a amorosa, sobretudo) já foi contada em biografias de Nara Leão (1942 – 1989), Maysa (1936 – 1977) e Elis Regina (1945 – 1982), cantoras com as quais Bôscoli teve atribulados envolvimentos afetivos. Somente o namoro com a modelo (hoje atriz) Mila Moreira é que não havia sido tão detalhado publicamente. Contudo, A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli jamais cai no jornalismo marrom. Os fatos são narrados com elegância, em sintonia com a origem nobre do artista. Embora deixe entrever compreensível simpatia pela figura do biografado, o autor retrata Bôscoli sem maquiagem. Estão em exposição nas 544 páginas do livro as manias de pregar peças nos amigos e os venenos destilados em notas das colunas musicais que Bôscoli manteve nos jornais carioca Última Hora e O Dia. Só que Monteiro também ressalta a participação influente de Bôscoli no movimento rotulado de Bossa Nova - tanto como compositor (as gêneses de várias músicas são contadas na biografia) quanto como propagador, carioca através de seu trabalho como jornalista, daquela música tão carioca quanto Bôscoli. As criações de shows - a maioria em parceria com Miéle, caso dos espetáculos apresentados por Roberto Carlos na extinta casa Canecão ao longo dos anos 7- - também ocupam muitas páginas em A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli, mostrando que o tom ferino dos comentários representava apenas um aspecto da personalidade de um jornalista cheio de imaginação. A bossa desse espertíssimo Lobo foi tão marcante quanto seu veneno e sua lábia.
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Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994) viveu o suficiente para ditar suas memórias, publicadas em 1994, ano de sua morte, no livro Eles e Eu (Luiz Carlos Maciel e Ângela Chaves, Editora Nova Fronteira). Contudo, este livro autobiográfico não destilou todo os venenos, bossas e angústias do compositor e jornalista carioca. Tal proeza cabe ao paraense Denilson Monteiro, autor da primeira grande biografia do autor dos versos de músicas como O Barquinho e Lobo Bobo, entre outros sucessos da Bossa Nova, o movimento musical do qual o artista foi ferrenho defensor e propagador. A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli é livro de texto charmoso que monta painel bem abrangente da controversa personalidade do biografado. Antes de começar a narrar a vida e obra de Bôscoli pela ordem cronológica dos fatos, o autor detalha uma das muitas crises de pânico que acometiam o compositor. Criador de letras leves que ajudaram a moldar o espírito ensolarado da Bossa Nova, Bôscoli conviveu com o peso dessa doença que lhe provocava angústias e alucinações de tempos em tempos. Essa face até certo ponto oculta da vida do Lobo é a maior contribuição da biografia à bibliografia musical brasileira. A rigor, Denilson Monteiro não apresenta grandes novidades sobre a vida de seu biografado. Até porque boa parte dessa vida movimentada (a amorosa, sobretudo) já foi contada em biografias de Nara Leão (1942 – 1989), Maysa (1936 – 1977) e Elis Regina (1945 – 1982), cantoras com as quais Bôscoli teve atribulados envolvimentos afetivos. Somente o namoro com a modelo (hoje atriz) Mila Moreira é que não havia sido tão detalhado publicamente. Contudo, A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli jamais cai no jornalismo marrom. Os fatos são narrados com elegância, em sintonia com a origem nobre do artista. Embora deixe entrever compreensível simpatia pela figura do biografado, o autor retrata Bôscoli sem maquiagem. Estão em exposição nas 544 páginas do livro as manias de pregar peças nos amigos e os venenos destilados em notas das colunas musicais que Bôscoli manteve nos jornais carioca Última Hora e O Dia. Só que Monteiro também ressalta a participação influente de Bôscoli no movimento rotulado de Bossa Nova - tanto como compositor (as gêneses de várias músicas são contadas na biografia) quanto como propagador, carioca através de seu trabalho como jornalista, daquela música tão carioca quanto Bôscoli. As criações de shows - a maioria em parceria com Miéle, caso dos espetáculos apresentados por Roberto Carlos na extinta casa Canecão ao longo dos anos 7- - também ocupam muitas páginas em A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli, mostrando que o tom ferino dos comentários representava apenas um aspecto da personalidade de um jornalista cheio de imaginação. A bossa desse espertíssimo Lobo foi tão marcante quanto seu veneno e sua lábia.
O Bôscoli é a agraciado com a inclusão de seu nome na clássica Nome aos Bois dos Titãs - essa música desfila uma série de nomes de pilantras da história brasileira e mundial.
Cresci ouvindo essa música...
Na primeira vez que ouvi não conhecia muitos dos listados, com o passar do tempo ia conhecendo e sempre dizia: Olha, tá na música dos Titãs. Com certeza é mau caráter.
Muitos que estão na lista de fato merecem o vômito do final da música. Mas outros, Bôscoli incluido, penso que foi ingenuidade dos, ainda meninos, Titãs.
grandes artistas, muitas vezes, não o são no caráter. Não sei se foi o caso de RB, do qual sei pouco, mas, em relação ao brilhante e inovador trabalho dele como letrista, sua influência na mpb bossa e pós-bossa nova é inegável e precisa ser bem mais considerada.
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