quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Gadú vira página, refina seu som e passa sem colar na prova do segundo CD

Resenha de CD
Título: Mais Uma Página
Artista: Maria Gadú
Gravadora: Slap / Som Livre
Cotação: * * * 

Maria Gadú virou a página. Revelação de 2009, a artista paulista passa sem colar na prova do segundo disco. Sim, por mais que já tenha lançado dois registros ao vivo de show (um dividido com ninguém menos do que Caetano Veloso) após o consagrador álbum de estreia Maria Gadú (2009), é com Mais Uma Página - seu segundo trabalho de estúdio, posto nas lojas neste mês de dezembro de 2011 - que a cantora e compositora se defronta de fato com a sempre temida prova do segundo disco. Pois Gadú abriu parcerias, refinou seu som - mérito do produtor Rodrigo Vidal - e adensou boa parte das letras de seu repertório. "Cantando eu vivo em movimento / E sem ser mais do mesmo / Ainda sou quem era", avisa nos versos finais de No Pé do Vento, parceria com Edu Krieger, faixa que abre o CD com sopros que denotam certa influência do som cunhado por Los Hermanos e Cia. ao longo dos anos 2000. Na sequência, ao regravar Anjo de Guarda Noturno (Miltinho Ediberto), a cantora mostra - no toque sutil do baião - que não descartou de todo a leveza pop radiofônica de seu primeiro disco. Contudo, Mais Uma Página se desvia da fórmula do sucesso fácil ao incorporar urgências na inflamada Quem? (Maria Gadú) - faixa cantada com Lenine - e tensões expostas na batida seca, mas suingante, de Axé Acappella (Luisa Maita e Dani Black), faixa deslumbrante jogada na rede antes da chegada do disco nas lojas. Compositor em merecida ascensão na cena pop brasileira, Black é também o autor da funkeada Linha Tênue, tema em que as inquietações existenciais são abordadas sob prisma romântico. Gadú, aliás, fez bem a recorrer a músicas alheias. Talvez pela falta de tempo para burilar as próprias criações, a compositora já dá precoce sinal de cansaço em Taregué (Maria Gadú), rascunho de melodia perto das canções redondas do álbum de estreia. Em compensação, Estranho Natural (Maria Gadú) - canção já propagada na trilha sonora do filme Teus Olhos Meus (Caio Soh, 2011) - se revela bela e repleta de sensibilidade poética. Mais até do que a melodiosa Like a Rose, uma das duas parcerias de Gadú com Jesse Harris, o compositor norte-americano que ganhou projeção ao figurar nas fichas técnicas dos discos da cantora de pop jazz Norah Jones. Letrada e gravada em inglês, Like a Rose soa mais bem inspirada do que Long Long Time, a outra parceria de Gadú com Harris (finalizada com a adesão de Maycon Ananias). No balanço, o saldo autoral é positivo. Ora febril (como em Reis, parceria com Ana Carolina e Chiara Civello), ora lírico (como em A Valsa, pungente tema revestido com a alma de fado pelas presenças da voz lusitana do cantor Marco Rodrigues e da guitarra portuguesa de José Manuel Neto), Mais Uma Página, aliás, deixa bem claro a intenção de globalizar a voz de Gadú, cantora que já tem certa entrada no mercado internacional de língua latina. O que explica faixa em espanhol, Extranjero (Cassyano Correr e Maycon Ananias), canção envolvente pontuada pelo acordeom de Alessandro Kramer. Raro caso de disco que vai ficando mais sedutor à medida que avançam suas faixas, Mais Uma Página termina em clima etéreo com a releitura de Amor de Índio (Beto Guedes e Ronaldo Bastos). Gadú cria aura sagrada ao reavivar o espírito zen do sucesso de Guedes. Amor de Índio vira quase um mantra no registro da cantora, em fina sintonia com os vocais etéreos que adornam Beleza (Maria Gadú), a faixa escondida ao fim do álbum. Página virada, Maria Gadú provavelmente não vai manter com este segundo álbum de estúdio as vendas e a popularidade angariadas com o primeiro, mas a artista faz a sua parte, descartando fórmulas e ensaiando movimento firme para sedimentar seu nome e seu som na MPB.

13 comentários:

  1. Maria Gadú virou a página. Revelação de 2009, a artista paulista passa sem colar na prova do segundo disco. Sim, por mais que já tenha lançado dois registros ao vivo de show (um dividido com ninguém menos do que Caetano Veloso) após o consagrador álbum de estreia Maria Gadú (2009), é com Mais Uma Página - seu segundo trabalho de estúdio, posto nas lojas neste mês de dezembro de 2011 - que a cantora e compositora se defronta de fato com a sempre temida prova do segundo disco. Pois Gadú abriu parcerias, refinou seu som - mérito do produtor Rodrigo Vidal - e adensou boa parte das letras de seu repertório. "Cantando eu vivo em movimento / E sem ser mais do mesmo / Ainda sou quem era", avisa nos versos finais de No Pé do Vento, parceria com Edu Krieger, faixa que abre o CD com sopros que denotam certa influência do som cunhado por Los Hermanos e Cia. ao longo dos anos 2000. Na sequência, ao regravar Anjo de Guarda Noturno (Miltinho Ediberto), a cantora mostra - no toque sutil do baião - que não descartou de todo a leveza pop radiofônica de seu primeiro disco. Contudo, Mais Uma Página se desvia da fórmula do sucesso fácil ao incorporar urgências na inflamada Quem? (Maria Gadú) - faixa cantada com Lenine - e tensões expostas na batida seca, mas suingante, de Axé Acappella (Luisa Maita e Dani Black), faixa deslumbrante jogada na rede antes da chegada do disco nas lojas. Compositor em merecida ascensão na cena pop brasileira, Black é também o autor da funkeada Linha Tênue, tema em que as inquietações existenciais são abordadas sob prisma romântico. Gadú, aliás, fez bem a recorrer a músicas alheias. Talvez pela falta de tempo para burilar as próprias criações, a compositora já dá precoce sinal de cansaço em Taregué (Maria Gadú), rascunho de melodia perto das canções redondas do álbum de estreia. Em compensação, Estranho Natural (Maria Gadú) - canção já propagada na trilha sonora do filme Teus Olhos Meus (Caio Soh, 2011) - se revela bela e repleta de sensibilidade poética. Mais até do que a melodiosa Like a Rose, uma das duas parcerias de Gadú com Jesse Harris, o compositor norte-americano que ganhou projeção ao figurar nas fichas técnicas dos discos da cantora de pop jazz Norah Jones. Letrada e gravada em inglês, Like a Rose soa mais bem inspirada do que Long Long Time, a outra parceria de Gadú com Harris (finalizada com a adesão de Maycon Ananias). No balanço, o saldo autoral é positivo. Ora febril (como em Reis, parceria com Ana Carolina e Chiara Civello), ora lírica (como em A Valsa, pungente tema revestido com a alma de fado pelas presenças da voz lusitana do cantor Marco Rodrigues e da guitarra portuguesa de José Manuel Neto). Mais Uma Página, aliás, deixa bem claro a intenção de globalizar a voz de Gadú, cantora que já tem certa entrada no mercado internacional de língua latina. O que explica faixa em espanhol, Extranjero (Cassyano Correr e Maycon Ananias), canção envolvente pontuada pelo acordeom de Alessandro Kramer. Raro caso de disco que vai ficando mais sedutor à medida que avançam suas faixas, Mais Uma Página termina em clima etéreo com a releitura de Amor de Índio (Beto Guedes e Ronaldo Bastos). Gadú cria aura sagrada ao reavivar o espírito zen do sucesso de Guedes. Amor de Índio vira quase um mantra no registro da cantora, em fina sintonia com os vocais etéreos que adornam Beleza (Maria Gadú), a faixa escondida ao fim do álbum. Página virada, Maria Gadú talvez não mantenha com este segundo álbum de estúdio as vendas e a popularidade angariadas com o primeiro, mas a artista faz movimento firme para sedimentar seu nome e seu som na MPB.

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  2. O disco é apenas mediano. Não me seduziu, nem teve aura indie como pareceu prometer...
    Num ano que apareceram discos interessantes de Mariana Aydar, Karina Buhr, a coletânea Literalmente Loucas, a boa revelação de Luzia, continuarei dando pouca atenção à Maria Gadú.

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  3. Ah, não gostei muito do álbum também não. O primeiro mesmo sendo mais pop/radiofônico era mais sedutor. Não acho muita vantagem em ser cool, indie, se pra isso você torna sua música travada, algo que não consegue emocionar. Não fica claro nas canções se a idéia é vc refletir, cantar junto, chorar, se alegrar enfim rs (Assim como o album da Gal, que embora tenha letras primorosas, eu nao gosto...pq embora reconheça o talento de ambos, nao sou fã dessas "canções sem refroes" rs). Das que gostei mesmo ficam so Extranjero e Amor de Índio. Mas Dona Cila sozinha dava um banho nesse álbum rs.

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  4. Não consigo gostar dela,questão de identificação pessoal mesmo.

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  5. Ficou um típico album de World Music ( como os de Nelly Furtado,Mariza,Concha Buika ...). Essa globalização do som de Gadú é arriscada. Daniela Mercury fez isso no " MTV - Eletrodoméstico " e não deu em nada. Só faltou um duo em italiano com Chiara Civello para internacionalizar (mais ainda) o album ...


    Até curti o duo com Lenine mas achei o album muito " pensado " e/ou " ambicioso ". Também achei algumas faixas sonolentas ...

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  6. Concordo com o post de cima também...parece que ela tentou agregar muitas idéias e conceitos nas composições e o album nao ganhou uma estrutura, uma cara própria. As músicas estão muito discrepantes. Geralmente, quem vai nessa de querer abranger tudo ao mesmo tempo, acaba nao atingindo nada em momento algum.

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  7. Faço minhas as palavras da Mary.
    Se colocá-la junto dos caras do Restart não dá pra diferenciar.

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  8. Ela não trouxe nada novo no trabalho dela. Utiliza os mesmos divises usados nos vocais do primeiro álbum. Isso sim é mais do mesmo!

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  9. Que gente chata! A menina é um gênio, isso fica claro neste disco. Uma moça de 25 anos que toca e escreve como ela é muito interessante. A voz é linda! A gente se comove, cantora tem que transmitir emoção, isso é arte. Amor de Índio é belíssima na voz de Gadú. Like a Rose é melodicamente pura delicadeza. Se for comparar com os discos dessas novas cantoras ela merece cinco estrelas com louvor. O trabalho dessa garota tem que ser respeitado. Vejo o cd e fico achando que ela veio pronta, predestinada a encantar. Ainda bem que o grande público apenas recebe com amor. O resto é resto. É perda de tempo. Depois que virou a maior estrela da nova geração de compositoras que cantam deixa a “cachorrada” latir que a caravana passa. A verdade é que o disco é espetacular. Reconheço o talento, tenho sensibilidade para isso. Olha que não era fã de Maria Gadú, mas agora me ganhou como admirador. Claro que um disco desta categoria, não é para qualquer um. Esperavam um disco mais pop e comercial. Mas erraram, pois veio a delicadeza. Não é uma cópia do populista cd de certa cantora. Não vou citar nome para não ser indelicado. Não preciso desqualificar uma para enaltecer o talento de outra. Coisa bem comum por aqui... Feliz ano novo Mauro e leitores! Até 2012.

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  10. Gadú que me desculpe fui em seu show fiquei num sono violento...fui pensando numa animação total, ela jovem ja tá numa preguiça é tanto la ie la ie que sai da frente. Agora uma canção de Alanis em inglês deu uma animadinha...o resto foi shinbalaiê zzzzzzzzzzzzzz.

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  11. Maria Gadu "um Gênio", era só isso que eu precisava ler para acabar 2011 com bastante diversão!
    Mauro: Feliz 2012!!!

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  12. Gostei bastante do disco, Gadu mostrou que tem folego, inovou, as letras são boas, algumas sopa de letrinhas, tipo Caetano, mas o resultado final foi ótimo....
    Não é para todos, apenas para quem gosta não de axé, mas tambem à capela...

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