Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Reedições fazem Zélia recordar 'passos fundamentais' de sua discografia

Zélia Duncan assina o texto enviado à imprensa juntamente com as reedições dos três álbuns que lançou pela Warner Music entre 1994 e 1998. A cantora define os álbuns Zélia Duncan (1994), Intimidade (1996) e Acesso (1998) como passos fundamentais de trajetória na música que completou 30 anos em 2011. Eis o texto escrito e assinado por Zélia Duncan por conta da reposição em catálogo dos discos que lhe deram fama a partir do estouro de Catedral em 1995:

Eu e os Álbuns
Euforia. É o que sinto, vendo a disposição da Warner Music em confirmar nossa parceria e imprimir no mundo o que fizemos juntos. A grande onda de ver algo (re)lançado depois de um tempo é justamente não ter nostalgia, mas compreender mais ainda de onde o tempo presente veio.

Quando Catedral estourou em todas as rádios do país, eu era uma ilustre desconhecida do grande público e a Warner Music não revelava ninguém há seis anos. Meu grande trunfo, para minha surpresa, parecia ser justamente o fato de ser compositora e tentar uma sonoridade bem folk, com a presença e influência de meu parceiro Christiaan Oyens, que não só trouxe a levada “mandolin”, ainda um tom abaixo da afinação tradicional, como slides, dobros e afinações abertas, o que também dava um tom ágil e singular que rolava naqueles meados de anos 90.

Esses três primeiros álbuns são emblemáticos dessa nossa parceria, onde eu tentava não me repetir, mas ainda assim imprimir algo que soasse particular. O álbum de estréia, Zélia Duncan, traz uma cantora séria na capa, agarrada a uma cadeira, como se a frente de um barco que procurava um destino. Mal sabia eu que ali estariam sucessos da minha carreira que, até hoje, me emocionam ao cantar, como Não Vá Ainda, Sentidos, Nos Lençóis Desse Reggae, O Meu Lugar, a ainda obscura Lá Vou Eu (Rita Lee/Carlini), as músicas com Lucina, minha parceira tão querida, que também me ajudou na missão quase impossível de soar original. E no meio delas Catedral, que estava ali apenas porque eu gostava. Não foi criada a versão com intenção de estourar, mesmo porque, ninguém no Brasil a conhecia.

Depois Intimidade, de 1996, um grande desafio, pois vinha depois do sucesso, gerando expectativas e curiosidade. Não, não tinha outra Catedral, pois nem era essa minha intenção. Mas tinha Enquanto Durmo, Não Tem Volta, Bom Pra Você, Coração na Boca, produção de Liminha e a sonoridade amadurecida.

Acesso, mixado em Los Angeles, com o engenheiro de som do Ben Harper - Eric Sarafin - artista que admiramos até hoje. Lembro, eu e Christiaan, chegando ao aeroporto, empurrando as grandes fitas pelo raio X, um rindo pro outro, arrastando nossa parceria mundo a fora! Ali, Verbos Sujeitos virou até parâmetro para outros artistas no Brasil, que levavam nosso álbum pro estúdio pra servir de referência de som. Itamar Assumpção abria os trabalhos, com direito ao arranjo do sensacional grupo mineiro Uakti.

Três álbuns, três passos fundamentais, para que eu fosse quem eu sou hoje. Eu e a WEA temos, juntas, uma bela história de amor, onde os frutos não param de gerar mais frutos e agora chegam com um sabor fresco, de pais orgulhosos. Com seus erros e acertos, acredito que o mais importante seja o percurso sempre e esse pedaço do meu caminho vale ouro pra mim!

Zélia Duncan

10 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Zélia Duncan assina o texto enviado à imprensa juntamente com as reedições dos três álbuns que lançou pela Warner Music entre 1994 e 1998. A cantora define os álbuns Zélia Duncan (1994), Intimidade (1996) e Acesso (1998) como passos fundamentais de trajetória na música que completou 30 anos em 2011. Eis o texto escrito e assinado por Zélia Duncan por conta da reposição em catálogo dos discos que lhe deram fama a partir do estouro de Catedral em 1995:

Eu e os Álbuns
Euforia. É o que sinto, vendo a disposição da Warner Music em confirmar nossa parceria e imprimir no mundo o que fizemos juntos. A grande onda de ver algo (re)lançado depois de um tempo é justamente não ter nostalgia, mas compreender mais ainda de onde o tempo presente veio.

Quando Catedral estourou em todas as rádios do país, eu era uma ilustre desconhecida do grande público e a Warner Music não revelava ninguém há seis anos. Meu grande trunfo, para minha surpresa, parecia ser justamente o fato de ser compositora e tentar uma sonoridade bem folk, com a presença e influência de meu parceiro Christiaan Oyens, que não só trouxe a levada “mandolin”, ainda um tom abaixo da afinação tradicional, como slides, dobros e afinações abertas, o que também dava um tom ágil e singular que rolava naqueles meados de anos 90.

Esses três primeiros álbuns são emblemáticos dessa nossa parceria, onde eu tentava não me repetir, mas ainda assim imprimir algo que soasse particular. O álbum de estréia, Zélia Duncan, traz uma cantora séria na capa, agarrada a uma cadeira, como se a frente de um barco que procurava um destino. Mal sabia eu que ali estariam sucessos da minha carreira que, até hoje, me emocionam ao cantar, como Não Vá Ainda, Sentidos, Nos Lençóis Desse Reggae, O Meu Lugar, a ainda obscura Lá Vou Eu (Rita Lee/Carlini), as músicas com Lucina, minha parceira tão querida, que também me ajudou na missão quase impossível de soar original. E no meio delas Catedral, que estava ali apenas porque eu gostava. Não foi criada a versão com intenção de estourar, mesmo porque, ninguém no Brasil a conhecia.

Depois Intimidade, de 1996, um grande desafio, pois vinha depois do sucesso, gerando expectativas e curiosidade. Não, não tinha outra Catedral, pois nem era essa minha intenção. Mas tinha Enquanto Durmo, Não Tem Volta, Bom Pra Você, Coração na Boca, produção de Liminha e a sonoridade amadurecida.

Acesso, mixado em Los Angeles, com o engenheiro de som do Ben Harper - Eric Sarafin - artista que admiramos até hoje. Lembro, eu e Christiaan, chegando ao aeroporto, empurrando as grandes fitas pelo raio X, um rindo pro outro, arrastando nossa parceria mundo a fora! Ali, Verbos Sujeitos virou até parâmetro para outros artistas no Brasil, que levavam nosso álbum pro estúdio pra servir de referência de som. Itamar Assumpção abria os trabalhos, com direito ao arranjo do sensacional grupo mineiro Uakti.


Três álbuns, três passos fundamentais, para que eu fosse quem eu sou hoje. Eu e a WEA temos, juntas, uma bela história de amor, onde os frutos não param de gerar mais frutos e agora chegam com um sabor fresco, de pais orgulhosos. Com seus erros e acertos, acredito que o mais importante seja o percurso sempre e esse pedaço do meu caminho vale ouro pra mim!

Zélia Duncan

Eduardo disse...

Deviam filmar a vida dela e chamar a Hilary Swank pra interpretar!

leitordomauro disse...

Álbuns datados no melhor e no pior sentido. Se forem ouvidos pela primeira vez agora em 2011, soam envelhecidos em suas intenções sonoras e anunciadores das breguices românticas mais explicitas que encontrou lugar em Ana Carolina anos depois. Em contrapartida, esses três discos foram fundamentais no processo de renovação do som feminino nos anos noventa. Mas só percebe isso quem acompanhou essas transformações naquele momento.

Lui disse...

nao concordo que os albuns sao datados, pelo contrário, acho os 3 cds bem interessantes, o primeiro eu acho mal gravado, mas tem musicas lindas, o segundo (Intimidade) é mais experimental, mas tem um charme só, e o terceiro (Acesso) além de belas composições tem letras e sons mais atuais que nunca, Zélia é atitude pura!! Afinal, o que nao é ser datado? será que é ter uma sonoridade parecida com o Luan Santana???

Unknown disse...

Os cd´s vêm com algum texto no encarte?

Pedro Progresso disse...

Adoro "Acesso" e mais ainda "Intimidade", um dos meus discos favoritos de Zélia. Mas o primeiro pela WEA eu não gosto muito da sonoridade, apesar de gostar da maioria das músicas.

Chabacano disse...

Da geração de cantoras que estourou nos anos 90, penso ser a Zélia uma das que tem a carreira mais sólida, senão a que tem a mais sólida. Todos os seus álbums foram feitos com puro sentimento e perfeccionismo. Ela não gasta cartucho quando não tem certeza do que está se propondo.

lurian disse...

Eu gostava muito dessa Zélia folk do início da carreira. Lado que espero vê-la um dia retomar, pois lhe cai muito bem o estilo.

Sandro CS disse...

Esses 3 discos são realmente emblemáticos e, ao contrário do comentado antes, totalmente atemporais. Destacam-se nesses trabalhos a delicadeza da produção, a poesia das letras e os arranjos pop-folk, que são irresistíveis. Fico também muito feliz em ver a Zélia finalmnente reconhecendo sua parceira com o incrível Christiaan Oyens, figura indispensável para a construção da artista popular que todos conhecem.

Fábio Almeida disse...

Zélia ao lado de Daniela M. São uma das melhores coisas dos anos 90"