Título: Quem Viver Verá
Artista: Toquinho
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *
Toquinho é de natureza zen, a julgar por sua música. Distante das lamúrias, sua obra autoral sempre soa leve e em paz com a vida. Em Quem Viver Verá, seu primeiro álbum de inéditas desde Só Tenho Tempo pra Ser Feliz (2003), o cantor e compositor segue sua receita de felicidade em cancioneiro que reitera os cânones de sua obra. "Não brigo com a vida / Ah, não é bom brigar", ensina Toquinho em versos de Quem Viver Verá (Toquinho), o samba que dá título ao disco produzido por Genildo Fonseca sob a direção musical do próprio Toquinho, autor também dos arranjos. O samba predomina no repertório. Às vezes com suavidade de clima bossa-novista, caso da melodiosa Bem-me-Quer (Toquinho), destaque da safra de inéditas autorais criada com inspiração irregular. Às vezes em moldura mais tradicional (à moda do compositor), como em Cilada do Destino (Toquinho) e como em Obra de Arte, parceria de Toquinho com o escritor chileno Antonio Skármeta, autor dos versos surrealistas. Expandindo o leque de parceiros, aliás, o compositor também pôs música em poema de sua filha, Jade Pecci, autora dos versos da marcha Porta do Infinito, faixa que conta com a participação (inexpressiva) da cantora Anna Setton, convidada também de Romeu e Julieta, novidade da obra de Toquinho com Vinicius de Moraes (1913 - 1980) que foi tirada do ineditismo fonográfico em meados deste ano de 2011 no disco em que Toquinho reviveu seu cancioneiro com o Poetinha em tom eletrônico na companhia de Paulo Ricardo. Em universo distinto e distante, o cantor e compositor acerta o passo do frevo em Quero Você (Toquinho), faixa dividida com Ivete Sangalo, estrela da música produzida em escala industrial para o Carnaval baiano. O frevo exala a leveza que pontua o álbum. Talvez por isso mesmo a regravação de Antonico (Ismael Silva) soe tão pálida porque o samba do pioneiro bamba do Estádio pede maior densidade na interpretação. Toquinho tinha pensado em rebobinar Antonico com Zeca Pagodinho, que bateu o pé para pôr voz em Regra Três (Toquinho e Vinicius de Moraes) sem um dos sambas mais batidos da dupla Toquinho & Vinicius. Na sequência, Joana reaviva com lirismo a parceria de Toquinho com Francis Hime. O tema tem como musa inspiradora Joana Hime, filha de Francis e gerente de projetos da Biscoito Fino, gravadora que edita o disco de Toquinho. Há ainda Renascerá a Aurora, versão (assinada pelo próprio Toquinho) de música do compositor italiano Pino Danielle. No todo, Quem Viver Verá - cujo título é grafado com vírgula inexistente de acordo com as regras gramaticais - mantém Toquinho em sua trilha zen.
6 comentários:
Toquinho é de natureza zen, a julgar por sua música. Distante das lamúrias, sua obra autoral sempre soa leve e em paz com a vida. Em Quem Viver Verá, seu primeiro álbum de inéditas desde Só Tenho Tempo pra Ser Feliz (2003), o cantor e compositor segue sua receita de felicidade em cancioneiro que reitera os cânones de sua obra. "Não brigo com a vida / Ah, não é bom brigar", ensina Toquinho em versos de Quem Viver Verá (Toquinho), o samba que dá título ao disco produzido por Genildo Fonseca sob a direção musical do próprio Toquinho, autor também dos arranjos. O samba predomina no repertório. Às vezes com suavidade de clima bossa-novista, caso da melodiosa Bem-me-Quer (Toquinho), destaque da safra de inéditas autorais criada com inspiração irregular. Às vezes em moldura mais tradicional (à moda do compositor), como em Cilada do Destino (Toquinho) e como em Obra de Arte, parceria de Toquinho com o escritor chileno Antonio Skármeta, autor dos versos surrealistas. Expandindo o leque de parceiros, aliás, o compositor também pôs música em poema de sua filha, Jade Pecci, autora dos versos da marcha Porta do Infinito, faixa que conta com a participação (inexpressiva) da cantora Anna Setton, convidada também de Romeu e Julieta, novidade da obra de Toquinho com Vinicius de Moraes (1913 - 1980) que foi tirada do ineditismo fonográfico em meados deste ano de 2011 no disco em que Toquinho reviveu seu cancioneiro com o Poetinha em tom eletrônico na companhia de Paulo Ricardo. Em universo distinto e distante, o cantor e compositor acerta o passo do frevo em Quero Você (Toquinho), faixa dividida com Ivete Sangalo, estrela da música produzida em escala industrial para o Carnaval baiano. O frevo exala a leveza que pontua o álbum. Talvez por isso mesmo a regravação de Antonico (Ismael Silva) soe tão pálida porque o samba do pioneiro bamba do Estádio pede maior densidade na interpretação. Toquinho tinha pensado em rebobinar Antonico com Zeca Pagodinho, que bateu o pé para pôr voz em Regra Três (Toquinho e Vinicius de Moraes) sem um dos sambas mais batidos da dupla Toquinho & Vinicius. Na sequência, Joana inaugura com lirismo a parceria de Toquinho com Francis Hime. O tema tem como musa inspiradora Joana Hime, filha de Francis e gerente de projetos da Biscoito Fino, gravadora que edita o disco de Toquinho. Há ainda Renascerá a Aurora, versão (assinada pelo próprio Toquinho) de música do compositor italiano Pino Danielle. No todo, Quem Viver Verá - cujo título é grafado com vírgula inexistente de acordo com as regras gramaticais - mantém Toquinho em sua trilha zen.
Hmmm... depende. A obra de Toquinho tem alguns momentos mais preocupados. Não chegam a ser momentos sombrios ou traumatizados, mas são mais sérios.
Por exemplo, "Doce Vida", de 1981, não me parece um disco muito tranquilo. E mesmo "Pequeno perfil de um cidadão comum", parceria com Belchior que o cearense pôs em disco em 1979, não é lá muito "zen".
Agora, concordo plenamente que, no frigir dos ovos, o que o paulistano fez transmite uma tranquilidade admirável. Basta ver a beleza de "Ao que vai chegar". Para não falar de "Aquarela" e "Tarde em Itapoã", atemporais.
E mesmo letras que tinham tudo para resultar em interpretações lamuriosas, como "Caso sério", são bem descontraídas.
Talvez, por isso, Toquinho seja uma figura tão simpática.
Felipe dos Santos Souza
Felipe, é que o Toquinho parece ser um sujeito tão de bem com a vida e simpático que mesmo tendo essas músicas mais densas que vc citou ficou conhecido pelas obras mais amenas, leves.
Ele me lembra o Gill que escreve de vez em quando por aqui. rsrsrsrs
o trabalho dele até 1981 é maravilhoso, irretocável. O que veio depois, porém, não tem nem 1/10 da força e da originalidade que, ao lado de Vinícius, só nos brindou com obras-primas que vão do lírico ao épico com a marca dos gênios.
Mauro é preciso fazer uma correção em seu texto: O tema 'Joana' não é um debut,uma inauguração da parceria Francis e Toquinho;parceria que já ocorre - pelo menos registrada - desde o Sonho de Moço(1981)com 'Doce Vida'.
Francis e Toquinho em verdade ,além destas citadas, têm outras composições juntos.
'Joana' é um tema em que Toquinho resolveu homenagear a filha de Francis;fruto de um reencontro após muito tempo sem vê-la.Toquinho fez a primeira parte da melodia e Francis fez a segunda.
Obs:Antes o próprio maestro já tinha um (outro) tema (instrumental) registrado no
'Se Porem Fosse Portanto'(1978),chamado 'Joana' - este com melodia de autoria apenas dele.
Obrigado, Larissa. Já consertei o texto. Abs, MauroF
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