Resenha de caixa de CDs
Título: Rubens Lisboa por Tantas Vozes
Artista: Rubens Lisboa
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * 1/2
Em seu mais ambicioso projeto fonográfico, o cantor e compositor Rubens Lisboa apresenta 45 músicas inéditas de sua autoria em três CDs embalados no box Rubens Lisboa por Tantas Vozes, recém-lançado pelo selo Discobertas. As vozes do título são os cantores convidados pelo compositor para dar voz à safra de inéditas pautada pela diversidade rítmica. Afoxé, baião, blues, choro, ciranda, coco, fado, frevo, samba e xote são alguns ritmos do cancioneiro de Lisboa, natural de Aracaju (SE), ainda longe demais das capitais e do reconhecimento nacional a que faz jus pela qualidade dessa obra. No primeiro volume, por exemplo, a carnavalesca Não me Leva a Mal - sedutora marcha (bem) cantada e (bem) arranjada por Edu Krieger - está lado a lado com valsa de arquitetura e alma antigas (Poema, na voz de Eliana Printes) e com baião festivo (Eu no Mundo) defendido por Amelinha. Se Leila Pinheiro entra na bela Ciranda do Amor, Ana Costa faz Greve de Samba na cadência do ritmo com o qual está identificada. Ainda neste volume 1, Wado reitera sua inquietude pop indie em Sem Malandragem enquanto Fênix põe sua voz andrógina em A Cobra, faixa de toque árabe. No volume 2, Ná Ozzetti ressalta a vivacidade do alegre Meu Choro enquanto Fabiana Cozza se mostra a intérprete ideal para realçar o toque afro do samba Drummondiana, destaque do repertório. Cantiga que evoca o universo folclórico nacional, Sete Ondas é valorizada pelo canto perfeito de Zé Renato. Já o samba Carrapato gruda no ouvinte pelo suingue singular de Elza Soares. Cantora ainda não valorizada na medida de seu talento, Mariana Baltar se joga com segurança no balanço caloroso e nordestino de Incendiado. Quase Brega - faixa gravada somente com a voz e o piano de Cida Moreira - é incursão de Lisboa pela canção romântica brasileira que ganha nobreza no registro da cantora. Quase no mesmo bom nível dos dois discos iniciais, o volume 3 de Rubens Lisboa por Tantas Vozes abre no compasso do xote com Amor de Dois, tema entoado com propriedade por Chico César. Faixa de tom camerístico, O Meu Amor se ajusta bem ao tom intenso do canto de Selma Reis. Mas a música em si não cativa tanto quanto Atrevido e Curioso, tema de tom nordestino que remete ao repertório dos cantadores da região. Sem negar a raça e a origem, Daniel Gonzaga produziu, arranjou e cantou a música. Com elegante produção de Eugenio Dale e Rodrigo Vidal, Anna Ratto estiliza o baião Replay. Dentro deste painel de ritmos nacionais construído com brasilidade, Rodrigo Bittencourt injeta eletrônica em Conectado, faixa de versos críticos, formatada no mesmo tom contemporâneo de O Negócio É Sério, música espivitada valorizada pela voz de Marcia Castro. Enfim, são tantas vozes e tantas canções que o songbook não deixa dúvidas sobre o talento de Rubens Lisboa como compositor. É fato que, se fossem dois CDs em vez de três, o resultado seria mais homogêneo. É fato também que a ideia de confiar a cada intérprete a produção da respectiva faixa impediu a criação de um conceito sonoro em torno da obra autoral de Lisboa. Mas o que conta é que, acima de tudo, paira o valor artístico do diversificado cancioneiro do compositor.
Em seu mais ambicioso projeto fonográfico, o cantor e compositor Rubens Lisboa apresenta 45 músicas inéditas de sua autoria em três CDs embalados no box Rubens Lisboa por Tantas Vozes, recém-lançado pelo selo Discobertas. As vozes do título são os cantores convidados pelo compositor para dar voz à safra de inéditas pautada pela diversidade rítmica. Afoxé, baião, blues, choro, ciranda, coco, fado, frevo, samba e xote são alguns ritmos do cancioneiro de Lisboa, natural de Aracaju (SE), ainda longe demais das capitais e do reconhecimento nacional a que faz jus pela qualidade dessa obra. No primeiro volume, por exemplo, a carnavalesca Não me Leva a Mal - sedutora marcha (bem) cantada e (bem) arranjada por Edu Krieger - está lado a lado com valsa de arquitetura e alma antigas (Poema, na voz de Eliana Printes) e com baião festivo (Eu no Mundo) defendido por Amelinha. Se Leila Pinheiro entra na bela Ciranda do Amor, Ana Costa faz Greve de Samba na cadência do ritmo com o qual está identificada. Ainda neste volume 1, Wado reitera sua inquietude pop indie em Sem Malandragem enquanto Fênix põe sua voz andrógina em A Cobra, faixa de toque árabe. No volume 2, Ná Ozzetti ressalta a vivacidade do alegre Meu Choro enquanto Fabiana Cozza se mostra a intérprete ideal para realçar o toque afro do samba Drummondiana, destaque do repertório. Cantiga que evoca o universo folclórico nacional, Sete Ondas é valorizada pelo canto perfeito de Zé Renato. Já o samba Carrapato gruda no ouvinte pelo suingue singular de Elza Soares. Cantora ainda não valorizada na medida de seu talento, Mariana Baltar se joga com segurança no balanço caloroso e nordestino de Incendiado. Quase Brega - faixa gravada somente com a voz e o piano de Cida Moreira - é incursão de Lisboa pela canção romântica brasileira que ganha nobreza no registro da cantora. Quase no mesmo bom nível dos dois discos iniciais, o volume 3 de Rubens Lisboa por Tantas Vozes abre no compasso do xote com Amor de Dois, tema entoado com propriedade por Chico César. Faixa de tom camerístico, O Meu Amor se ajusta bem ao tom intenso do canto de Selma Reis. Mas a música em si não cativa tanto quanto Atrevido e Curioso, tema de tom nordestino que remete ao repertório dos cantadores da região. Sem negar a raça e a origem, Daniel Gonzaga produziu, arranjou e cantou a música. Com elegante produção de Eugenio Dale e Rodrigo Vidal, Anna Ratto estiliza o baião Replay. Dentro deste painel de ritmos nacionais construído com brasilidade, Rodrigo Bittencourt injeta eletrônica em Conectado, faixa de versos críticos, formatada no mesmo tom contemporâneo de O Negócio É Sério, música espivitada valorizada pela voz de Marcia Castro. Enfim, são tantas vozes e tantas canções que o songbook não deixa dúvidas sobre o talento de Rubens Lisboa como compositor. É fato que, se fossem dois CDs em vez de três, o resultado seria mais homogêneo. É fato também que a ideia de confiar a cada intérprete a produção da respectiva faixa impediu a criação de um conceito sonoro em torno da obra autoral de Lisboa. Mas o que conta é que, acima de tudo, paira o valor artístico do diversificado cancioneiro do compositor.
ResponderExcluirNão conheço mas gostaria de ouvir a música que Mariana Baltar canta "Incediado" descobri ela por esses dias e gostei bastante tem uma bela voz tambem gosto muito do Zé Renato.
ResponderExcluirCaro Mauro,
ResponderExcluirFico muito feliz em vê-lo abrir espaço ao trabalho de Rubens Lisboa, compositor que considero excelente e merecedor de todo reconhecimento. Tenho a honra de interpretar a faixa "O UM" neste box e tomo a liberdade de postar aqui os links pra download dos discos. Assim, mais gente poderá ter acesso a essa obra tão interessante. Que bom que tantos colegas incríveis pensam como eu e aqui estão, somando forças.
Um grande abraço, Carlos Navas
> CD 1
> http://www.mediafire.com/?9531dr0h4rkxz1k
>
> CD 2
> http://www.mediafire.com/?sqfgoeycofw7znq
>
> CD 3
> http://www.mediafire.com/?9x8nc68b3i5kv55
Eu comprei esses cds e reafirmo que são ótimos.
ResponderExcluirRecomendo de montão.
abraço,
Denilson
Deixo o registro da minha alegria pelo reconhecimento desse artista segipano arretado e talentoso chamado RUBENS LISBOA que orgulha demais o nosso Estado com um trabalho primoroso e histórico para a música de Sergipe.
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