Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Com maestria, Adnet orquestra (15) parcerias de Vinicius com maestros

Resenha de CD
Título: Vinicius & os Maestros
Artista: Mario Adnet
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Vinicius & e os Maestros é, a rigor, um disco de arranjador. Somente o grandioso arranjo de Consolação (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - urdido com sopros, a percussão de Armando Marçal e as cordas regidas por Claudio Cruz - já valeria o CD por evocar com suingue amplo universo musical que vai além do afro-samba. No caso, o arranjador é Mario Adnet, diretor musical deste projeto que aborda a vasta obra composta por Vinicius de Moraes (1913 - 1980) com maestros como Claudio Santoro (1919 – 1989), Moacir Santos (1926 - 2006), Pixinguinha (1898 – 1973) e Baden Powell (1937 - 2000). Com exceção das músicas da parceria de Vinicius com Baden, quase todas já bem conhecidas, os temas reunidos e orquestrados com maestria por Adnet no disco permaneciam obscuros, pouco ouvidos. São belezas até então ocultas como A Santinha Lá da Serra (Moacir Santos e Vinicius de Moraes), linda música a que a voz solene de Mônica Salmaso dá feitio de oração. Orquestradas em tom clássico por Adnet, com o uso recorrente das cordas regidas por Claudio Cruz, as músicas ganham as vozes de solistas convidados como Dori Caymmi, Joyce Moreno, Sergio Santos e Tatiana Parra, além da citada Mônica Salmaso. Cantora de precisão técnica, Parra dá voz à faixa de abertura, Em Algum Lugar (Claudio Santoro e Vinicius de Moraes), e divide o Samba em Prelúdio (Baden Powell e Vinicius de Moraes) com Dori Caymmi, cujo canto adensa Lembre-se (Moacir Santos e Vinicius de Moraes). Joyce se sai melhor no samba Se Você Disser que Sim (Moacir Santos e Vinicius de Moraes) - cantado em dueto com Sergio Santos - do que em Triste de Quem (Moacir Santos e Vinicius de Moraes), tema em que a solista nem sempre a roça a intensidade emocional pedida pela faixa. Dentro dessa atmosfera clássica, Salmaso é a solista de melhor desempenho pela total adequação de seu canto ao universo moldado por Adnet. Ao entoar a Canção de Ninar meu Bem (Baden Powell e Vinicius de Moraes), Salmaso expõe qualidades vocais que justificam os elogios derramados de nomes como o compositor Edu Lobo. Ao fim, Canto de Xangô (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - faixa em que a percussão de Armando Marçal se faz ouvir entre cordas e sopros - junta todos os solistas em fecho grandioso para este álbum fino, indicado somente para os fãs da música brasileira mais ortodoxa e tradicional.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Vinicius & e os Maestros é, a rigor, um disco de arranjador. Somente o grandioso arranjo de Consolação (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - urdido com sopros, a percussão de Armando Marçal e as cordas regidas por Claudio Cruz - já valeria o CD por evocar com suingue amplo universo musical que vai além do afro-samba. No caso, o arranjador é Mario Adnet, diretor musical deste projeto que aborda a vasta obra composta por Vinicius de Moraes (1913 - 1980) com maestros como Claudio Santoro (1919 – 1989), Moacir Santos (1926 - 2006), Pixinguinha (1898 – 1973) e Baden Powell (1937 - 2000). Com exceção das músicas da parceria de Vinicius com Baden, quase todas já bem conhecidas, os temas reunidos e orquestrados com maestria por Adnet no disco permaneciam obscuros, pouco ouvidos. São belezas até então ocultas como A Santinha Lá da Serra, músicas a que a voz solene de Mônica Salmaso dá feitio de oração. Orquestradas em tom clássico por Adnet, com o uso recorrente das cordas regidas por Claudio Cruz, as músicas ganham as vozes de solistas convidados como Dori Caymmi, Joyce Moreno, Sergio Santos e Tatiana Parra, além da citada Mônica Salmaso. Cantora de precisão técnica, Parra dá voz à faixa de abertura, Em Algum Lugar (Claudio Santoro), e divide o Samba em Prelúdio (Baden Powell e Vinicius de Moraes) com Dori Caymmi, cujo canto adensa Lembre-se (Moacir Santos e Vinicius de Moraes). Joyce se sai melhor no samba Se Você Disser que Sim (Moacir Santos e Vinicius de Moraes) - cantado em dueto com Sergio Santos - do que em Triste de Quem (Moacir Santos e Vinicius de Moraes), tema em que a solista apenas roça a intensidade emocional pedida pela faixa. Dentro dessa atmosfera clássica, Salmaso é a solista de melhor desempenho pela total adequação de seu canto ao universo moldado por Adnet. Ao entoar a Canção de Ninar meu Bem (Baden Powell e Vinicius de Moraes), Salmaso expõe qualidades vocais que justificam os elogios derramados de nomes como o compositor Edu Lobo. Ao fim, Canto de Xangô (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - faixa em que a percussão de Armando Marçal se faz ouvir entre cordas e sopros - junta todos os solistas em fecho grandioso para este álbum indicado somente para os fãs da música brasileira mais ortodoxa e tradicional.