Mauro Ferreira no G1

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domingo, 22 de janeiro de 2012

'A foto onde eu quero estar' fica com mais foco quando Fênix prioriza o canto

Resenha de álbum
Título: A foto onde eu quero estar
Artista: João Fênix
Gravadora: Sala de Som Records
Cotação: * * 1/2

♪ Cantor pernambucano de timbre andrógino e bom alcance vocal, o pernambucano João Fênix - hoje vivendo entre o Rio de Janeiro (RJ) e os Estados Unidos - chega ao quarto disco, A foto onde eu quero estar. O CD tem a curiosidade de ter sido formatado por Fênix ao lado de Jr. Tostoi e Jaime Alem, produtores que, embora habitem universos musicais díspares, conseguem certa interação no trabalho (um toca em alguma faixa produzida pelo outro). Mais conhecido como guitarrista, Tostoi pilota as programações do álbum, expondo já na introdução da faixa de abertura, Entrar na dança (João Fênix e Claudio Lins), a bem calculada dose de eletrônica que tempera a maior parte das dez músicas do disco. As faixas produzidas por Alem tendem para a tonalidade acústica e para os sons orgânicos, a exemplo da poética Delírios (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim) - a faixa de voz e piano (o de André Mehmari) que encerra o disco em clima camerístico - e da suntuosa abordagem de Hallelujah (Leonard Cohen, 1984), imersa em camadas de cordas que harmonizam com requinte viola caipira, bandolim, violões, violinos e violoncelo. Todos os arranjos soam refinados, aliás. O principal problema de A foto onde eu quero estar é a falta de foco do repertório. Fênix é melhor cantor do que compositor, mas sete das dez músicas levam a assinatura do artista (a conta inclui O equilibrista e os animais, versão em português, feita por Fênix, de tema do compositor alemão Markus Acher). Ainda assim, é justo reconhecer que há certa inspiração em Um segundo (João Fênix) - balada que cita Olhos nos olhos (Chico Buarque, 1976) e no estilizado tango O beijo, parceria de Fênix com Edu Krieger. Se o cantor reitera a segurança vocal ao regravar o mediano samba Meu Rio (Caetano Veloso, 2000) com programações eletrônicas (e o paradoxal tom seresteiro do violão de sete cordas tocado por Rodrigo Campello), o compositor gasta munição e espaço do disco com temas como O som do amor pra sempre, faixa que inclui Sempterno, poema de Luis Capucho. De todo modo, Fênix é artista que merece mais atenção da mídia, do público e da indústria fonográfica (mais voltada para Filipe Catto). Quando acerta o foco, é cantor dos bons. Para ajustar o foco,  basta que o artista priorize o canto...

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Cantor pernambucano de timbre andrógino e bom alcance vocal, o pernambucano João Fênix - hoje vivendo entre o Rio de Janeiro (RJ) e os Estados Unidos - chega ao quarto disco, A Foto Onde Eu Quero Estar. O CD tem a curiosidade de ter sido formatado por Fênix ao lado de Jr. Tostoi e Jaime Alem, produtores que, embora habitem universos musicais díspares, conseguem certa interação no trabalho (um toca em alguma faixa produzida pelo outro). Mais conhecido como guitarrista, Tostoi pilota as programações do álbum, expondo já na introdução da faixa de abertura, Entrar na Dança (João Fênix e Claudio Lins), a bem calculada dose de eletrônica que tempera a maior parte das dez músicas do disco. As faixas produzidas por Alem tendem para a tonalidade acústica e para os sons orgânicos, a exemplo da poética Delírios (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim) - a faixa de voz e piano (o de André Mehmari) que encerra o disco em clima camerístico - e da suntuosa abordagem de Hallelujah (Leonard Cohen), imersa em camadas de cordas que harmonizam com requinte viola caipira, bandolim, violões, violinos e violoncelo. Todos os arranjos soam refinados, aliás. O principal problema de A Foto Onde Eu Quero Estar é a falta de foco do repertório. Fênix é melhor cantor do que compositor, mas sete das dez músicas levam sua assinatura (a conta inclui O Equilibrista e os Animais, versão em português, feita por Fênix, de tema do compositor alemão Markus Acher). Ainda assim, é justo reconhecer que há certa inspiração em Um Segundo (João Fênix) - balada que cita Olhos nos Olhos (Chico Buarque, 1976) e no estilizado tango O Beijo, parceria de Fênix com Edu Krieger. Se o cantor reitera a segurança vocal ao regravar o mediano samba Meu Rio (Caetano Veloso, 2000) com programações eletrônicas (e o paradoxal tom seresteiro do violão de sete cordas tocado por Rodrigo Campello), o compositor gasta munição e espaço do disco com temas como O Som do Amor pra Sempre, faixa que inclui Sempterno, poema de Luis Capucho. De todo modo, Fênix é artista que merece mais atenção da mídia, do público e da indústria fonográfica (hoje mais voltada para Filipe Catto). Quando acerta o foco, é um cantor dos bons.

leitordomauro disse...

Pelo menos diminuiu a dose de androginia visual caricata que tava difícil de aguentar