Título: Nana Caymmi
Artista: Nana Caymmi (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Sesc Vila Mariana (São Paulo, SP)
Data: 6 de janeiro de 2012
Cotação: * * * * *
Show em cartaz no teatro do Sesc Vila Mariana de São Paulo até 8 de janeiro de 2012
Era Dia de Reis, 6 de janeiro de 2012, data de importância adicional para Nana Caymmi por ser o aniversário de sua mãe, Stella Maris (1922 - 2008). Com a emoção à flor da pele ("Se eu choro, imagina a plateia...", comentou em cena com certa ironia), a cantora voltou aos palcos paulistas no teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo (SP), para apresentar show em cartaz neste fim de semana. Sem poupar coração, Nana adicionou sutis novidades - como Lembra de Mim (Ivan Lins e Vítor Martins) e Canção da Manhã Feliz (Haroldo Barbosa e Luís Reis) - ao seu roteiro habitual. Era Dia de Reis - e Nana reiterou a grandeza de seu canto em noite luminosa, entronizada no posto de rainha dos boleros e dos sambas-canções que ela aborda com personalidade ímpar, elevando à potência máxima os sentimentos tristes contidos neste cancioneiro. "É um repertório leve", ironizou, quase mordaz, em cena. Não, não é um repertório leve, Nana sabe muito bem. Temas como Ternura Antiga (José Ribamar e Dolores Duran) e Último Desejo (Noel Rosa) - para citar somente dois dos grandes momentos do show - são talhados para cantoras de peso como Nana, para intérpretes que trazem embutido no canto uma alta carga emocional que lhes permite exprimir com precisão toda a gama de sentimentos inseridos em letras geralmente urdidas com versos magoados, sentidos, não raro depressivos. Nana é desse time. E é por isso que, mesmo que sua voz já soe menos volumosa por conta dos desgastes naturais de seus 70 anos, seu canto envelhece como os melhores vinhos. O quarteto que a acompanha com técnica e intuição precisas - Cristóvão Bastos (piano), Lula Galvão (violão), Jamil Joanes (baixo) e Carlos César Mota (bateria) - sabe que esse canto é a força motriz do espetáculo e jamais compete com o brilho da estrela. Ainda assim, ouvidos atentos hão de perceber o renovado arranjo de Só Louco (Dorival Caymmi) e os sutis floreios harmônicos feitos ao piano por Cristóvão Bastos ao longo de Resposta ao Tempo, sua parceria com Aldir Blanc que, gravada por Nana em 1998, se tornou seu último grande sucesso popular. Nana, contudo, nunca foi cantora de paradas de sucessos. A matéria-prima de seu repertório são o cancioneiro de seu pai Dorival Caymmi (1914 - 2008) - e Dora continua arrepiante com Nana assim como Marina ainda é pura sedução na voz da intérprete, merecendo aplausos no meio do número quando o arranjo do quarteto evolui para a levada típica dos sambas-canções dos anos 50 - e o repertório soberano de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), entre títulos de outros compositores que roçam a genialidade de Caymmi e Tom. Deste, Sem Você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) ganha registro mais suave, quase introspectivo, em tom similar ao de Foi a Noite (Tom Jobim e Newton Mendonça). São dois números feitos por Nana somente com o piano de Cristóvão Bastos. Ora no bolero (Solamente Una Vez, Amor de Mis Amores), ora no samba-canção (Se Queres Saber), Nana Caymmi se (con)sagra majestosa rainha do canto brasileiro em Dia de Reis em luminosa volta aos palcos.
13 comentários:
Era Dia de Reis, 6 de janeiro de 2012, data de importância adicional para Nana Caymmi por ser o aniversário de sua mãe, Stella Maris (1922 - 2008). Com a emoção à flor da pele ("Se eu choro, imagino a plateia...", comentou em cena com certa ironia), a cantora voltou aos palcos paulistas no teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo (SP), para apresentar show em cartaz neste fim de semana. Sem poupar coração, Nana adicionou sutis novidades - como Lembra de Mim (Ivan Lins e Vítor Martins) e Canção da Manhã Feliz (Haroldo Barbosa e Luís Reis) - ao seu roteiro habitual. Era Dia de Reis - e Nana reiterou a grandeza de canto em noite luminosa, entronizada no posto vitalício dos boleros e dos sambas-canções que ela interpreta com sua personalidade ímpar, elevando à potência máxima os sentimentos tristes contidos neste cancioneiro. "É um repertório leve", ironizou, quase mordaz, em cena. Não, não é um repertório leve, Nana sabe muito bem. Temas como Ternura Antiga (José Ribamar e Dolores Duran) e Último Desejo (Noel Rosa) - para citar somente dois dos grandes momentos do show - são talhados para cantoras de peso como Nana, para intérpretes que trazem embutido no canto uma alta carga emocional que lhes permite exprimir com precisão toda a gama de sentimentos inseridos em letras geralmente urdidas com versos magoados, sentidos, não raro depressivos. Nana é desse time. E é por isso que, mesmo que sua voz já soe menos volumosa por conta dos desgastes naturais de seus 70 anos, seu canto envelhece como os melhores vinhos. O quarteto que a acompanha com técnica e intuição precisas - Cristóvão Bastos (piano), Lula Galvão (violão), Jamil Joanes (baixo) e Carlos César Mota (bateria) - sabe que esse canto é a força motriz do espetáculo e jamais compete com o brilho da estrela. Ainda assim, ouvidos atentos hão de perceber o renovado arranjo de Só Louco (Dorival Caymmi) e os sutis floreios harmônicos feitos ao piano por Cristóvão Bastos ao longo de Resposta ao Tempo, sua parceria com Aldir Blanc que, gravada por Nana em 1998, se tornou seu último grande sucesso popular. Nana, contudo, nunca foi cantora de paradas de sucessos. A matéria-prima de seu repertório são o cancioneiro de seu pai Dorival Caymmi (1914 - 2008) - e Dora continua arrepiante com Nana assim como Marina ainda é pura sedução na voz da intérprete, merecendo aplausos no meio do número quando o arranjo do quarteto evolui para a levada típica dos sambas-canções dos anos 50 - e o repertório soberano de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), entre títulos de outros compositores que roçam a genialidade de Caymmi e Tom. Deste, Sem Você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) ganha registro mais suave, quase introspectivo, em tom similar ao de Foi a Noite (Tom Jobim e Newton Mendonça). São dois números feitos por Nana somente com o piano de Cristóvão Bastos. Ora no bolero (Solamente Una Vez, Amor de Mis Amores), ora no samba-canção (Se Queres Saber), Nana Caymmi se (con)sagra majestosa rainha do canto brasileiro em Dia de Reis em luminosa volta aos palcos.
Não adianta. Nana Caymmi é a cantora mais emocionante do Brasil. Ontem no Vila Mariana confirmou mais uma vez isso. Repertório sem novidades, um certo descaso com tudo e todos e a eterna voz cristalina podem parecer uma mistura imperfeita mas é sempre um momento sublime. É a maior.
Nana é pra ouvidos e corações atentos!!!!
Mauro,
Este show so vai acontecer em SP ou percorrerá outras capitais?
Se fosse uma cantora americana , ja teria no mínimo uns 5 DVDs ... mas a gravadora tupiniquim não dá valor ... Nana, vai logo pra Biscoito Fino e Grava seu DVD logo.
Deve ter sido um belíssimo show.
Por essas e outras que eu acho que Nana Caymmi é uma cantora muito menos valorizada do que deveria.
Felipe dos Santos Souza
Também quero me incluir na corrente "urdida", para saudar Dinair Tostes Caymmi, aka Nana, a cantora mais envolvente e única que existe.
Diva no sentido exato da palavra. E esse o tipo de show que, pela raridade, já valeria mesmo se ela não cantasse nada, fosse lá apenas para dar boa noite e tchau. Ela tem musicalidade até quando fala.
Uma dama da música brasileira, também sinto falta de um belo DVD dela.
Mauro esse show vem ao Recife? E o DVD ela irá gravar um né!
Cadê a caixa da Nana???
Foi um momento único e muito belo, poético e inesquecível. Estava lá no dia 06, e pude desfrutar do talento, simpatia e bom humor de Nana. Perfeito!
É o mesmo show que ela apresentou gratuitamente no Centro Cultural em Dezembro (com exceção das duas músicas em espanhol).
Confirmou que Nana é a maior.
Postar um comentário