domingo, 19 de fevereiro de 2012

Coletânea de caixa mostra que o mundo já era de Elis entre 1965 e 1968

Resenha de coletânea da caixa de CDs Elis Anos 60
Título: Elis Esse Mundo É Meu (1965 - 1968)
Artista: Elis Regina
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

Seguindo o padrão das caixas editadas pela gravadora Universal Music, a caixa Elis Anos 60 - posta nas lojas neste mês de fevereiro de 2012 para lembrar os 30 anos da morte de Elis Regina (1945 - 1982) - embala coletâneas com gravações avulsas da obra da cantora. Duas compilações, aliás. Ambas produzidas por Rodrigo Faour. Uma, Pérolas Raras, já havia sido editada em 2005. A outra, Elis Esse Mundo É Meu (1965 - 1968), é inédita e agrega valor à caixa por reunir 16 fonogramas até então dispersos na discografia da Pimenta. Gravações que mostram que, a partir de 1965, o mundo já foi mesmo de Elis. Liberta do repertório que lhe foi impingido em seus quatro primeiros álbuns, a voz única da Pimenta ardeu no fogo dos festivais que mobilizaram o povo brasileiro naquela década. É uma Elis inflamada que aparece em registros ao vivo de Zambi (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) e do medley que junta Esse Mundo É Meu (Sérgio Ricardo e Ruy Guerra) e Resolução (Edu Lobo e Luiz Freire). Faixas de compacto de 1965, as duas gravações abrem essa coletânea que agrega fonogramas feitos para LPs de festivais. Se é curioso ouvir Elis entoar já em 1966 Saveiros (Dori Caymmi e Nelson Motta), tema associado ao canto de Nana Caymmi, é impressionante o senso rítmico que a intérprete gaúcha já exibiu em registros de Jogo de Roda (Edu Lobo e Ruy Guerra - faixa de 1966, de LP de festival), Rosa Morena (Dorival Caymmi - em deliciosa gravação ao vivo de compacto de 1966) e Upa, Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri - em take extraído de show feito pela cantora em 1968 no Midem, tradicional e anual feira fonográfica realizada mundialmente). Essa cantora que deitava e rolava no ritmo das músicas mais agitadas já se mostrava capacitada para encarar temas de maior densidade emocional. A gravação de Canto Triste (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) - feita em estúdio e lançada no compacto duplo Elis e os Festivais (1966) - atesta essa faceta então pouco exposta por Elis nos anos 60. Talvez porque, na década, Elis tenha sido preferencialmente a cantora exuberante flagrada na gravação ao vivo de Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes), lançada em compacto de 1966. Outro destaque da caixa é o dueto bissexto de Elis com Chico Buarque na marcha Noite dos Mascarados. O tema é ouvido na versão original em português - gravada em 1967 para a trilha sonora do filme Garota de Ipanema - e bisado em francês na gravação feita por Elis com Pierre Barouh para o compacto duplo Elis Regina em Paris (1968). Deste compacto, a coletânea também rebobina versão em francês de A Noite do Meu Bem (Dolores Duran), exemplo do valor documental das 16 gravações coletadas para Elis Esse Mundo É Meu.

13 comentários:

  1. Seguindo o padrão das caixas editadas pela gravadora Universal Music, a caixa Elis Anos 60 - posta nas lojas neste mês de fevereiro de 2012 para lembrar os 30 anos da morte de Elis Regina (1945 - 1982) - embala coletâneas com gravações avulsas da obra da cantora. Duas compilações, aliás. Ambas produzidas por Rodrigo Faour. Uma, Pérolas Raras, já havia sido editada em 2005. A outra, Elis Esse Mundo É Meu (1965 - 1968), é inédita e agrega valor à caixa por reunir 16 fonogramas até então dispersos na discografia da Pimenta. Gravações que mostram que, a partir de 1965, o mundo já foi mesmo de Elis. Liberta do repertório que lhe foi impingido em seus quatro primeiros álbuns, a voz única da Pimenta ardeu no fogo dos festivais que mobilizaram o povo brasileiro naquela década. É uma Elis inflamada que aparece em registros ao vivo de Zambi (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) e do medley que junta Esse Mundo É Meu (Sérgio Ricardo e Ruy Guerra) e Resolução (Edu Lobo e Luiz Freire). Faixas de compacto de 1965, as duas gravações abrem essa coletânea que agrega fonogramas feitos para LPs de festivais. Se é curioso ouvir Elis entoar já em 1966 Saveiros (Dori Caymmi e Nelson Motta), tema associado ao canto de Nana Caymmi, é impressionante o senso rítmico que a intérprete gaúcha já exibiu em registros de Jogo de Roda (Edu Lobo e Ruy Guerra - faixa de 1966, de LP de festival), Rosa Morena (Dorival Caymmi - em deliciosa gravação ao vivo de compacto de 1966) e Upa, Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri - em take extraído de show feito pela cantora em 1968 no Midem, tradicional e anual feira fonográfica realizada mundialmente). Essa cantora que deitava e rolava no ritmo das músicas mais agitadas já se mostrava capacitada para encarar temas de maior densidade emocional. A gravação de Canto Triste (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) - feita em estúdio e lançada no compacto duplo Elis e os Festivais (1966) - atesta essa faceta então pouco exposta por Elis nos anos 60. Talvez porque, na década, Elis tenha sido preferencialmente a cantora exuberante flagrada na gravação ao vivo de Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes), lançada em compacto de 1966. Outro destaque da caixa é o dueto bissexto de Elis com Chico Buarque na marcha Noite dos Mascarados. O dueto é ouvido na versão original em português - gravada em 1967 para a trilha sonora do filme Garota de Ipanema - e bisado em francês na gravação feita por Elis com Chico para o compacto duplo Elis Regina em Paris (1968). Deste compacto, a propósito, a coletânea também rebobina versão em francês de A Noite do Meu Bem (Dolores Duran), exemplo do valor documental das 16 gravações coletadas para Elis Esse Mundo É Meu.

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  2. Bonita a capa e o título desse disco. Acho que eles poderiam pegar essas canções que ela já gravou em francês, alemão, e várias outras línguas que ela já cantou nos diversos programas de TV e lançar tudo em CD. Assim como Bethânia, Elis conseguia deixar qualquer coisa que cantasse inesquecível e lindo em seu doce canto.

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  3. Não estou certo, porém me parece que até em russo ela chegou a cantar num programa de TV. Adoraria ter em CD todas essas raridades que ela gravou.

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  4. Ouvi Elis pela primeira vez vendo-a na televisão. Foi em Salvador — e nós, os baianos que chegaram ao eixão na esteira da estreia de Bethânia no Opinião, já tínhamos um esboço de visão da música popular numa perspectiva brasileira. Tive reação semelhante à que muitos tiveram: finalmente uma cantora moderna, em pleno domínio de seus recursos aparecia na cena profissional — e já embalad para alcançar massas de ouvintes. Era indubitavelmente um largo passo dado. Éramos todos, Elis e nós, esforços de criação dentro do universo exigente que foi o imediato pós-bossa nova.

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  5. Elis uma das maiores senão a maior cantora que o Brasil já teve sempre que ouço a pimentinha me emociono com as suas interpretações.

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  6. Ué... Mas o dueto em francês de "Noite dos mascarados" não era com o Pierre Barouh? É que a voz do francês lembra muito a do Chico... Pode checar, Mauro? :)

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  7. Mauro, a gravação em francês de Noite dos Mascarados foi feita com Pierre Barouh, que tem uma voz parecida com a de Chico, aliás.

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  8. Grato, Músico Misterioso e Denis, pelo alerta da omissão do nome de Pierre no texto, já corrigido. Sim, a versão em francês não foi gravada com o Chico, como dei a entender na versão original do texto. Abs, obrigado, MauroF

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  9. Deviam lançar essa coletânea separada por que tem muita gente que já tem os discos da caixa.

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  10. Até nos outtakes do A Bossa Maior (lançado em 1985 e não em 1971) a mulher consegue ser a melhor cantora do Brasil. Coletânea primorosa!

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  11. Raul, foi editado em 1971 um LP chamado 'A Bossa Maior de Elis Regina'. Abs, MauroF

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  12. Mauro, no encarte do Céu da Vibração consta que o Bossa Maior com as versões alternativas de Tiradentes e Amor até o fim saiu em 85, pela Elenco.

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  13. Sim, Raul, você tem razão. Já corrigi o texto. Abs, obrigado, MauroF

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