Resenha de coletânea de caixa de CDs
Título: Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981)
Artista: Elis Regina
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *
Produzida por Rodrigo Faour para ser embalada com os 11 álbuns da caixa Elis Anos 70, posta nas lojas pela gravadora Universal Music neste mês de fevereiro de 2012, a coletânea dupla Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) reúne 28 gravações avulsas da prolífica discografia de Elis Regina (1945 - 1982). Somente um fonograma - a gravação do choro Comigo É Assim (Luiz Bittencourt e José Menezes) em clima de samba-jazz, sobra do álbum Elis Como & Porque (1969) - é realmente inédito. Mas os demais 27 estavam até então dispersos em compactos, LPs de festivais e coletâneas anteriores - o que justifica a edição desta compilação dupla. Mesmo porque certamente são poucos os admiradores de Elis que conhecem gravações como as de Depois da Queda (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) - tema instrumental levado por Elis nos vocalises para o álbum O Conjunto de Roberto Menescal (1969) - e Um Novo Rumo (Arthur Verocai e Geraldo Flach), ouvida em registro ao vivo de 1968, inserido em LP de festival. A maioria das 28 gravações flagra Elis já no Olimpo da MPB. E quase todas atestam seu rigor na seleção de repertório a partir de 1965. Contudo, faltou tal rigor na decisão de gravar compacto com Pelé. Perdão, Não Tem (Pelé) e a constrangedora Vexamão (Pelé) - fonogramas do compacto Tabelinha Pelé X Elis (1969) - são manchas na discografia de Elis. A inclusão de ambas na seleção somente se justifica pelo valor documental e pela intenção de agregar toda a avulsa produção fonográfica da intérprete. É bem verdade que Osanah (Tony Osanah) - tema de acento afro gravado por Elis em compacto duplo de 1971 - também faz sentido na compilação somente pelo tal valor documental. Entre a pegada nordestina de A 'Fia' de Chico Brito (Chico Anysio - faixa do mesmo compacto duplo de 1971) e o take alternativo do samba-enredo Exaltação à Tiradentes (Mano Décio da Viola, Penteado e Estanislau Silva) (1971), lançado no LP A Bossa Maior de Elis Regina (1985), o ouvinte se depara com registro ao vivo de Cabaré (João Bosco e Aldir Blanc) tirado do show Phono 73. Mais coeso, o CD 2 abre com take de Águas de Março (Tom Jobim) extraído de ensaio da gravação antológica do álbum Elis & Tom (1974) - com direito a diálogos travados por Elis com Tom Jobim (1927 - 1994) no estúdio. Desse mesmo ano de 1974, marcado pela revalorização da obra do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), a compilação rebobina Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves), fonograma do compacto Lupicínio Rodrigues na Interpretação de... (1974). Orgulhosa de suas origens gaúchas, a cantora pôs voz em quatro temas do Sul do Brasil - Boi Barroso, Alto da Bronze, Porto dos Casais e Os Homens de Preto - para o álbum Música Popular do Sul Vol. 1 (1975). O canto de Elis, na época, já havia atingido seu ponto máximo de maturação - o que valorizou gravações como a de Um Por Todos (João Bosco e Aldir Blanc), feita em 1975 para a trilha sonora da novela O Grito (TV Globo, 1975 / 1976). Completa, a seleção de Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) avança inclusive pela fase da cantora na Warner Music, gravadora que cedeu o fonograma de Alô, Alô, Marciano (Rita Lee e Roberto de Carvalho) lançado no mesmo compacto de 1980 em que Elis gravou a música de Gilberto Gil, No Céu da Vibração, que batiza a coletânea (a qualidade técnica das músicas desse compacto já raro, ligeiramente inferior às demais, deixa a impressão de que as duas faixas foram extraídas de vinil). Da breve fase da cantora na EMI-Odeon, a compilação revive a gravação de estúdio de Se Eu Quiser Falar com Deus (de outro compacto de 1980), fonograma em que o canto de Elis atinge o céu. Por fim, no sentido inclusive literal da palavra fim, há o bolero Me Deixas Louca (Armando Manzanero), derradeiro registro fonográfico de Elis Regina, gravado para a trilha sonora da novela Brilhante (TV Globo, 1981). Se bem que jamais se pode falar em fim quando o assunto é o canto imortal de Elis Regina Carvalho Costa.
Produzida por Rodrigo Faour para ser embalada com os 11 álbuns da caixa Elis Anos 70, posta nas lojas pela gravadora Universal Music neste mês de fevereiro de 2012, a coletânea dupla Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) reúne 28 gravações avulsas da prolífica discografia de Elis Regina (1945 - 1982). Somente um fonograma - a gravação do choro Comigo É Assim (Luiz Bittencourt e José Menezes) em clima de samba-jazz, sobra do álbum Elis Como & Porque (1969) - é realmente inédito. Mas os demais 27 estavam até então dispersos em compactos, LPs de festivais e coletâneas anteriores - o que justifica a edição desta compilação dupla. Mesmo porque certamente são poucos os admiradores de Elis que conhecem gravações como as de Depois da Queda (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) - tema instrumental levado por Elis nos vocalises para o álbum O Conjunto de Roberto Menescal (1969) - e Um Novo Rumo (Arthur Verocai e Geraldo Flach), ouvida em registro ao vivo de 1968, inserido em LP de festival. A maioria das 28 gravações flagra Elis já no Olimpo da MPB. E quase todas atestam seu rigor na seleção de repertório a partir de 1965. Contudo, faltou tal rigor na decisão de gravar compacto com Pelé. Perdão, Não Tem (Pelé) e a constrangedora Vexamão (Pelé) - fonogramas do compacto Tabelinha Pelé X Elis (1969) - são manchas na discografia de Elis. A inclusão de ambas na seleção somente se justifica pelo valor documental e pela intenção de agregar toda a avulsa produção fonográfica da intérprete. É bem verdade que Osanah (Tony Osanah) - tema de acento afro gravado por Elis em compacto duplo de 1971 - também faz sentido na compilação somente pelo tal valor documental. Entre a pegada nordestina de A 'Fia' de Chico Brito (Chico Anysio - faixa do mesmo compacto duplo de 1971) e o take alternativo do samba-enredo Exaltação à Tiradentes (Mano Décio da Viola, Penteado e Estanislau Silva), incluído no LP A Bossa Maior de Elis Regina (1971), o ouvinte se depara com o registro ao vivo de Cabaré (João Bosco e Aldir Blanc) captado no show Phono 73. Mais coeso, o CD 2 abre com take de Águas de Março (Tom Jobim) extraído de ensaio da gravação antológica do álbum Elis & Tom (1974) - com direito a diálogos travados por Elis com Tom Jobim (1927 - 1994) no estúdio. Desse mesmo ano de 1974, marcado pela revalorização da obra do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), a compilação rebobina Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves), fonograma do compacto Lupicínio Rodrigues na Interpretação de... (1974). Orgulhosa de suas origens gaúchas, a cantora pôs voz em quatro temas do Sul do Brasil - Boi Barroso, Alto da Bronze, Porto dos Casais e Os Homens de Preto - para o álbum Música Popular do Sul Vol. 1 (1975). O canto de Elis, na época, já havia atingido seu ponto máximo de maturação - o que valorizou gravações como a de Um Por Todos (João Bosco e Aldir Blanc), feita em 1975 para a trilha sonora da novela O Grito (TV Globo, 1975 / 1976). Completa, a seleção de Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) avança inclusive pela fase da cantora na Warner Music, gravadora que cedeu o fonograma de Alô, Alô, Marciano (Rita Lee e Roberto de Carvalho) lançado no mesmo compacto de 1980 em que Elis gravou a música de Gilberto Gil, No Céu da Vibração, que batiza a coletânea (a qualidade técnica das músicas desse compacto já raro, ligeiramente inferior às demais, deixa a impressão de que as duas faixas foram extraídas de vinil). Da breve fase da cantora na EMI-Odeon, a compilação revive a gravação de estúdio de Se Eu Quiser Falar com Deus (de outro compacto de 1980), fonograma em que o canto de Elis atinge o céu. Por fim, no sentido inclusive literal da palavra fim, há o bolero Me Deixas Louca (Armando Manzanero), derradeiro registro fonográfico de Elis Regina, gravado para a trilha sonora da novela Brilhante (TV Globo, 1981). Se bem que jamais se pode falar em fim quando o assunto é o canto imortal de Elis Regina Carvalho Costa.
ResponderExcluirAh, Mauro... O compacto com o Pelé é divertidinho, vai. Você foi muito rigoroso na crítica.
ResponderExcluir"Vexamão" é picaresca, um atestado de que o Pelé não sabe cantar. Uma autocrítica bem interessante.
E outra: eu acho que a sua interpretação de "Se eu quiser falar com Deus", mais que emocionante, é um tanto premonitória...
Elis, eta saudade...
Elis só gravou com Pelé porque ele era o Pelé e pisou na bola. Se Pelé quisesse gravar com Bethânia, duvido que ela gravava...
ResponderExcluirElis é Elis. Uma das maiores cantoras desse país, sua obra e legado é imortal! Viva Elis!!!
ResponderExcluirO som inferior do compacto com "Alô, alô, marciano" e "No céu da vibração" me faz pensar se as fitas da Warner já não são caso perdido.
ResponderExcluirPorque, até hoje, não lançaram reedições decentes de "Essa mulher" e "Saudade do Brasil", ambos merecedores de tal iniciativa.
Triste, triste... a velha WEA anda perdendo de longe para Universal e EMI no quesito de arquivos. Logo ela, que fez coisas legais na década passada, como a série "Arquivos Warner" e "Dois momentos".
Aliás, devo dizer que, na minha opinião, a versão de "No céu da vibração" que consta no compacto é mais legal do que a exibida no especial "Francisco Cândido Xavier - Um homem chamado amor", na Globo, em 1980. Tudo bem que, neste, o arranjo tranquilo tinha mais a ver. Só que eu preferi o compacto.
Felipe dos Santos Souza
Luca a bethânia faria uma dupla perfeita com pelé,porque apesar de ter um timbre bonito desafina quase como ele.
ResponderExcluirÉ uma pena o som de no céu da vibração estar técnicamente prejudicado,pois a interpretação da elis é uma das melhores que ja ouvi,mostrando todo o seu potencial de voz e segurança rítmica.
ResponderExcluirTenho todos os cd's de carreira da Elis. Será que o cd duplo "No Céu da Vibração, será posteriormente desmembrado e vendido separadamente?
ResponderExcluirO melhor repertório da MPB.
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