domingo, 19 de fevereiro de 2012

Coletânea dupla 'No Céu da Vibração' apresenta Elis já no Olimpo da MPB

Resenha de coletânea de caixa de CDs
Título: Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981)
Artista: Elis Regina
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *

Produzida por Rodrigo Faour para ser embalada com os 11 álbuns da caixa Elis Anos 70, posta nas lojas pela gravadora Universal Music neste mês de fevereiro de 2012, a coletânea dupla Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) reúne 28 gravações avulsas da prolífica discografia de Elis Regina (1945 - 1982). Somente um fonograma - a gravação do choro Comigo É Assim (Luiz Bittencourt e José Menezes) em clima de samba-jazz, sobra do álbum Elis Como & Porque (1969) - é realmente inédito. Mas os demais 27 estavam até então dispersos em compactos, LPs de festivais e coletâneas anteriores - o que justifica a edição desta compilação dupla. Mesmo porque certamente são poucos os admiradores de Elis que conhecem gravações como as de Depois da Queda (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) - tema instrumental levado por Elis nos vocalises para o álbum O Conjunto de Roberto Menescal (1969) - e Um Novo Rumo (Arthur Verocai e Geraldo Flach), ouvida em registro ao vivo de 1968, inserido em LP de festival. A maioria das 28 gravações flagra Elis já no Olimpo da MPB. E quase todas atestam seu rigor na seleção de repertório a partir de 1965. Contudo, faltou tal rigor na decisão de gravar compacto com Pelé. Perdão, Não Tem (Pelé) e a constrangedora Vexamão (Pelé) - fonogramas do compacto Tabelinha Pelé X Elis (1969) - são manchas na discografia de Elis. A inclusão de ambas na seleção somente se justifica pelo valor documental e pela intenção de agregar toda a avulsa produção fonográfica da intérprete. É bem verdade que Osanah (Tony Osanah) - tema de acento afro gravado por Elis em compacto duplo de 1971 - também faz sentido na compilação somente pelo tal valor documental. Entre a pegada nordestina de A 'Fia' de Chico Brito (Chico Anysio - faixa do mesmo compacto duplo de 1971) e o take alternativo do samba-enredo Exaltação à Tiradentes (Mano Décio da Viola, Penteado e Estanislau Silva) (1971), lançado no LP A Bossa Maior de Elis Regina (1985), o ouvinte se depara com registro ao vivo de Cabaré (João Bosco e Aldir Blanc) tirado do show Phono 73. Mais coeso, o CD 2 abre com take de Águas de Março (Tom Jobim) extraído de ensaio da gravação antológica do álbum Elis & Tom (1974) - com direito a diálogos travados por Elis com Tom Jobim (1927 - 1994) no estúdio. Desse mesmo ano de 1974, marcado pela revalorização da obra do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), a compilação rebobina Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves), fonograma do compacto Lupicínio Rodrigues na Interpretação de... (1974). Orgulhosa de suas origens gaúchas, a cantora pôs voz em quatro temas do Sul do Brasil - Boi Barroso, Alto da Bronze, Porto dos Casais e Os Homens de Preto - para o álbum Música Popular do Sul Vol. 1 (1975). O canto de Elis, na época, já havia atingido seu ponto máximo de maturação - o que valorizou gravações como a de Um Por Todos (João Bosco e Aldir Blanc), feita em 1975 para a trilha sonora da novela O Grito (TV Globo, 1975 / 1976). Completa, a seleção de Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) avança inclusive pela fase da cantora na Warner Music, gravadora que cedeu o fonograma de Alô, Alô, Marciano (Rita Lee e Roberto de Carvalho) lançado no mesmo compacto de 1980 em que Elis gravou a música de Gilberto Gil, No Céu da Vibração, que batiza a coletânea (a qualidade técnica das músicas desse compacto já raro, ligeiramente inferior às demais, deixa a impressão de que as duas faixas foram extraídas de vinil). Da breve fase da cantora na EMI-Odeon, a compilação revive a gravação de estúdio de Se Eu Quiser Falar com Deus (de outro compacto de 1980), fonograma em que o canto de Elis atinge o céu. Por fim, no sentido inclusive literal da palavra fim, há o bolero Me Deixas Louca (Armando Manzanero), derradeiro registro fonográfico de Elis Regina, gravado para a trilha sonora da novela Brilhante (TV Globo, 1981). Se bem que jamais se pode falar em fim quando o assunto é o canto imortal de Elis Regina Carvalho Costa.

9 comentários:

  1. Produzida por Rodrigo Faour para ser embalada com os 11 álbuns da caixa Elis Anos 70, posta nas lojas pela gravadora Universal Music neste mês de fevereiro de 2012, a coletânea dupla Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) reúne 28 gravações avulsas da prolífica discografia de Elis Regina (1945 - 1982). Somente um fonograma - a gravação do choro Comigo É Assim (Luiz Bittencourt e José Menezes) em clima de samba-jazz, sobra do álbum Elis Como & Porque (1969) - é realmente inédito. Mas os demais 27 estavam até então dispersos em compactos, LPs de festivais e coletâneas anteriores - o que justifica a edição desta compilação dupla. Mesmo porque certamente são poucos os admiradores de Elis que conhecem gravações como as de Depois da Queda (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) - tema instrumental levado por Elis nos vocalises para o álbum O Conjunto de Roberto Menescal (1969) - e Um Novo Rumo (Arthur Verocai e Geraldo Flach), ouvida em registro ao vivo de 1968, inserido em LP de festival. A maioria das 28 gravações flagra Elis já no Olimpo da MPB. E quase todas atestam seu rigor na seleção de repertório a partir de 1965. Contudo, faltou tal rigor na decisão de gravar compacto com Pelé. Perdão, Não Tem (Pelé) e a constrangedora Vexamão (Pelé) - fonogramas do compacto Tabelinha Pelé X Elis (1969) - são manchas na discografia de Elis. A inclusão de ambas na seleção somente se justifica pelo valor documental e pela intenção de agregar toda a avulsa produção fonográfica da intérprete. É bem verdade que Osanah (Tony Osanah) - tema de acento afro gravado por Elis em compacto duplo de 1971 - também faz sentido na compilação somente pelo tal valor documental. Entre a pegada nordestina de A 'Fia' de Chico Brito (Chico Anysio - faixa do mesmo compacto duplo de 1971) e o take alternativo do samba-enredo Exaltação à Tiradentes (Mano Décio da Viola, Penteado e Estanislau Silva), incluído no LP A Bossa Maior de Elis Regina (1971), o ouvinte se depara com o registro ao vivo de Cabaré (João Bosco e Aldir Blanc) captado no show Phono 73. Mais coeso, o CD 2 abre com take de Águas de Março (Tom Jobim) extraído de ensaio da gravação antológica do álbum Elis & Tom (1974) - com direito a diálogos travados por Elis com Tom Jobim (1927 - 1994) no estúdio. Desse mesmo ano de 1974, marcado pela revalorização da obra do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), a compilação rebobina Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves), fonograma do compacto Lupicínio Rodrigues na Interpretação de... (1974). Orgulhosa de suas origens gaúchas, a cantora pôs voz em quatro temas do Sul do Brasil - Boi Barroso, Alto da Bronze, Porto dos Casais e Os Homens de Preto - para o álbum Música Popular do Sul Vol. 1 (1975). O canto de Elis, na época, já havia atingido seu ponto máximo de maturação - o que valorizou gravações como a de Um Por Todos (João Bosco e Aldir Blanc), feita em 1975 para a trilha sonora da novela O Grito (TV Globo, 1975 / 1976). Completa, a seleção de Elis no Céu da Vibração (1968 - 1981) avança inclusive pela fase da cantora na Warner Music, gravadora que cedeu o fonograma de Alô, Alô, Marciano (Rita Lee e Roberto de Carvalho) lançado no mesmo compacto de 1980 em que Elis gravou a música de Gilberto Gil, No Céu da Vibração, que batiza a coletânea (a qualidade técnica das músicas desse compacto já raro, ligeiramente inferior às demais, deixa a impressão de que as duas faixas foram extraídas de vinil). Da breve fase da cantora na EMI-Odeon, a compilação revive a gravação de estúdio de Se Eu Quiser Falar com Deus (de outro compacto de 1980), fonograma em que o canto de Elis atinge o céu. Por fim, no sentido inclusive literal da palavra fim, há o bolero Me Deixas Louca (Armando Manzanero), derradeiro registro fonográfico de Elis Regina, gravado para a trilha sonora da novela Brilhante (TV Globo, 1981). Se bem que jamais se pode falar em fim quando o assunto é o canto imortal de Elis Regina Carvalho Costa.

    ResponderExcluir
  2. Ah, Mauro... O compacto com o Pelé é divertidinho, vai. Você foi muito rigoroso na crítica.
    "Vexamão" é picaresca, um atestado de que o Pelé não sabe cantar. Uma autocrítica bem interessante.

    E outra: eu acho que a sua interpretação de "Se eu quiser falar com Deus", mais que emocionante, é um tanto premonitória...

    Elis, eta saudade...

    ResponderExcluir
  3. Elis só gravou com Pelé porque ele era o Pelé e pisou na bola. Se Pelé quisesse gravar com Bethânia, duvido que ela gravava...

    ResponderExcluir
  4. Elis é Elis. Uma das maiores cantoras desse país, sua obra e legado é imortal! Viva Elis!!!

    ResponderExcluir
  5. O som inferior do compacto com "Alô, alô, marciano" e "No céu da vibração" me faz pensar se as fitas da Warner já não são caso perdido.

    Porque, até hoje, não lançaram reedições decentes de "Essa mulher" e "Saudade do Brasil", ambos merecedores de tal iniciativa.

    Triste, triste... a velha WEA anda perdendo de longe para Universal e EMI no quesito de arquivos. Logo ela, que fez coisas legais na década passada, como a série "Arquivos Warner" e "Dois momentos".

    Aliás, devo dizer que, na minha opinião, a versão de "No céu da vibração" que consta no compacto é mais legal do que a exibida no especial "Francisco Cândido Xavier - Um homem chamado amor", na Globo, em 1980. Tudo bem que, neste, o arranjo tranquilo tinha mais a ver. Só que eu preferi o compacto.

    Felipe dos Santos Souza

    ResponderExcluir
  6. Luca a bethânia faria uma dupla perfeita com pelé,porque apesar de ter um timbre bonito desafina quase como ele.

    ResponderExcluir
  7. É uma pena o som de no céu da vibração estar técnicamente prejudicado,pois a interpretação da elis é uma das melhores que ja ouvi,mostrando todo o seu potencial de voz e segurança rítmica.

    ResponderExcluir
  8. Tenho todos os cd's de carreira da Elis. Será que o cd duplo "No Céu da Vibração, será posteriormente desmembrado e vendido separadamente?

    ResponderExcluir

Este é um espaço democrático para a emissão de opiniões, sobretudo as divergentes. Contudo, qualquer comentário feito com agressividade ou ofensas - dirigidas a mim, aos artistas ou aos leitores do blog - será recusado. Grato pela participação, Mauro Ferreira

P.S.: Para comentar, é preciso ter um gmail ou qualquer outra conta do google.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.