Resenha de show
Título: Nina Becker Canta Lamartine Babo
Artista: Nina Becker (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro do Sesc Vila Mariana (São Paulo, SP)
Data: 24 de fevereiro de 2012
Cotação: * * *
"É emocionante, né?", perguntou Nina Becker ao público que ocupava a maior parte das poltronas do teatro do Sesc Vila Mariana após cantar a valsa Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo e Francisco Mattoso, 1942). Sim, a bela valsa chega a emocionar pela arquitetura perfeita de música e letra, mas Nina é cantora de tom habitualmente cool que transita distante de trilhas mais emotivas. No show em que filtra o cancioneiro normalmente alegre de Lamartine Babo (1904 - 1963) pela estética indie, a cantora carioca - projetada nos anos 2000 como vocalista da carnavalesca Orquestra Imperial - cresce em cena quando procura reavivar o espírito folião da obra do compositor carioca, um dos mais inspirados fornecedores de marchinhas para os Carnavais dos anos 30, 40 e 50. De início apática em cena, Nina Becker dá a impressão de ser a antítese da intérprete ideal para realçar a verve de pérolas raras como Dia de Jejum e Oh, as Mulheres, duas obscuras parcerias de Lamartine com o maestro e compositor Lyrio Panicalli (1906 - 1984). Mas, aos poucos, Nina vai se ambientando e entrando no tom maroto de temas como Infelizmente (Lamartine Babo e Ary Pavão, 1932) e Canção pra Inglês Ver (Lamartine Babo, 1931). Pautada pela estética do indie rock, a banda - que destaca o guitarrista Pedro Sá - se permite ousadias estilísticas como esboçar levada de carimbó após o falso fim de Babo...Seiras (Lamartine Babo, 1932). Fiel a essa estética, o arranjo minimalista de No Rancho Fundo (Lamartine Babo e Ary Barroso, 1930) merece menção honrosa. Adereço adicionado ao figurino despojado da cantora a partir do Hino do Carnaval Brasileiro (Lamartine Babo e Almirante, 1938), a guirlanda sinaliza o tom folião que o show vai adquirindo progressivamente a partir desse tema. Bônus da apresentação feita pela cantora em São Paulo (o show Nina Becker Canta Lamartine Babo teve sua estreia nacional em Belo Horizonte em dezembro de 2011), as participações de Karina Buhr e China dão vivacidade ao espetáculo. Ela resultou especialmente graciosa na mise-en-scène feita em Isto É Lá com Santo Antônio (Lamartine Babo, 1933), um dos sucessos do versátil compositor no terreno junino. Com sua voz grave, ele tornou charmoso o dueto com Nina em Joujoux & Balangandãs (Lamartine Babo, 1939) - ponto tão alto do show que a descida dos cantores à plateia para interagir com os espectadores se mostrou dispensável - e ainda jogou boa luz sobre Aí, Hein! (Lamartine Babo e Paulo Valença, 1932). No fim, os medleys com hinos dos clubes de futebol do Rio de Janeiro (RJ) e com marchinhas elevam o grau de animação de show que deixa boa impressão. Nina canta Lamartine com caras, bocas, poses e certa graça.
"É emocionante, né?", perguntou Nina Becker ao público que ocupava a maior parte das poltronas do teatro do Sesc Vila Mariana após cantar a valsa Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo e Francisco Mattoso, 1942). Sim, a bela valsa chega a emocionar pela arquitetura perfeita de música e letra, mas Nina é cantora de tom habitualmente cool que transita distante de trilhas mais emotivas. No show em que filtra o cancioneiro normalmente alegre de Lamartine Babo (1904 - 1963) pela estética indie, a cantora carioca - projetada nos anos 2000 como vocalista da carnavalesca Orquestra Imperial - cresce em cena quando procura reavivar o espírito folião da obra do compositor carioca, um dos mais inspirados fornecedores de marchinhas para os Carnavais dos anos 30, 40 e 50. De início apática em cena, Nina Becker dá a impressão de ser a antítese da intérprete ideal para realçar a verve de pérolas raras como Dia de Jejum e Oh, as Mulheres, duas obscuras parcerias de Lamartine com o maestro e compositor Lyrio Panicalli (1906 - 1984). Mas, aos poucos, Nina vai se ambientando e entrando no tom maroto de temas como Infelizmente (Lamartine Babo e Ary Pavão, 1932) e Canção pra Inglês Ver (Lamartine Babo, 1931). Pautada pela estética do indie rock, a banda - que destaca o guitarrista Pedro Sá - se permite ousadias estilísticas como esboçar levada de carimbó após o falso fim de Babo...Seiras (Lamartine Babo, 1932). Fiel a essa estética, o arranjo minimalista de No Rancho Fundo (Lamartine Babo e Ary Barroso, 1930) merece menção honrosa. Adereço adicionado ao figurino despojado da cantora a partir do Hino do Carnaval Brasileiro (Lamartine Babo e Almirante, 1938), a guirlanda sinaliza o tom folião que o show vai adquirindo progressivamente a partir desse tema. Bônus da apresentação feita pela cantora em São Paulo (o show Nina Becker Canta Lamartine Babo teve sua estreia nacional em Belo Horizonte em dezembro de 2011), as participações de Karina Buhr e China dão vivacidade ao espetáculo. Ela resultou especialmente graciosa na mise-en-scène feita em Isto É Lá com Santo Antônio (Lamartine Babo, 1933), um dos sucessos do versátil compositor no terreno junino. Com sua voz grave, ele tornou charmoso o dueto com Nina em Joujoux & Balangandãs (Lamartine Babo, 1930) - ponto tão alto do show que a descida dos cantores à plateia para interagir com os espectadores se mostrou dispensável - e ainda jogou boa luz sobre Aí, Hein! (Lamartine Babo e Paulo Valença, 1932). No fim, os medleys com hinos dos clubes de futebol do Rio de Janeiro (RJ) e com marchinhas elevam o grau de animação de show que deixa boa impressão. Nina canta Lamartine com caras, bocas, poses e certa graça.
ResponderExcluirAviso aos navegantes: postei duas fotos adicionais do show de Nina Becker na página de Notas Musicais no Facebook. Abs, obrigado, MauroF
ResponderExcluirAmo Nina. Amo mesmo.
ResponderExcluirTaí um show que poderia ganhar um registro em CD e DVD. Ótima seleção de repertório com a bela voz de Nina acaba dando um novo gás as boas canções de Lamartine.
ResponderExcluirTambém acho que poderia virar um otimo disco. Tava lá e adorei as modernidades de Nina e sua banda sobre a obra de Lamartine.
ResponderExcluirtava lá tb e adorei, não vi apatia nenhuma, NIna cantou Lamartine sem fazer a graça que outras forçam pra parecerem bem-humoradas
ResponderExcluirZé Pedro, fica aí a excelente sugestão de você lançar por sua gravadora esse espetáculo em CD. Não seria uma má idéia.
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