Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Com elegância, Julia Bosco canta coisas de casal em álbum autoral, 'Tempo'

Resenha de CD
Título: Tempo
Artista: Julia Bosco
Gravadora: MCK / Tratore
Cotação: * * 

 Julia Bosco vivencia o próprio tempo em disco de estreia. Sem recorrer ao cancioneiro do pai (João Bosco, convocado apenas para tecer a trama do violão que torna Na Oração faixa em que se deve pôr fé), a cantora e compositora carioca debuta no mercado fonográfico em tom confessional com Tempo, CD independente distribuído pela Tratore. A voz de mezzo-soprano não é especialmente marcante e tampouco soa original, mas está perfeitamente ajustada ao repertório autoral burilado por Julia com Fabio Santanna, parceiro na música e na vida, produtor do disco em ofício dividido com Plínio Profeta. Da safra autoral, os maiores destaques são Desavisados (Julia Bosco e Fabio Santanna) - tema que exala sensualidade elegante e suingue sutil pontuado pelos metais soprados por Marlon Sette e Bidu - e Curtição (Julia Bosco e Fabio Santanna). Faixa valorizada pela bossa particular do piano Rhodes e dos teclados Moog pilotados por Marcos Valle, muso inspirador do tema funkeado em que também pôs voz, Curtição aponta o caminho de leveza percorrido pela artista em CD sincero. A elegância do canto de Julia e dos arranjos atenua a dose de trivialidade detectada na levada pop das baladas Confusão (Fabio Santanna) e Mesmo Princípio (Julia Bosco e  Fabio Santanna). Confusão rebobina na letra a sensualidade que aquece Desavisados e, de certa forma, todo este disco de temperatura amena. Tempo é um disco íntimo e pessoal. Por mais que a junção destes adjetivos já resulte clichê e desgastada, ela faz sentido neste álbum urdido pelas paixões de seus protagonistas. Às vezes, Julia e Fabio cantam mesmo coisas de casal - como dizia o título do hit radiofônico composto nos 80 por Rita Lee e Roberto de Carvalho, casal 20 do pop rock brasileiro. Play a fool (Fabio Santanna) - canção que esboça certa densidade em disco pontuado pela suavidade - é um acerto de contas romântico que ganha mais sabor pelo fato de ser cantado por Julia em dueto com Fabio - cujo vocal direciona o samba Mutantes (Fabio Santanna) para uma trilha black. Meio deslocada no ambiente ameno de new bossa em que Carta para uma amiga (Julia Bosco e Fabio Santanna) é aclimatada, Dia santo (Julia Bosco e Fabio Santanna) se diferencia pelo toque afro-brasileiro sustentado pela percussão de Ronaldo Silva. Já Tudo Bem (Julia Bosco e Fabio Santanna) cai na salsa sem evocar a efervescência rítmica do gênero. Se Angel (Julia Bosco e Fabio Santanna) é carta de amor escrita no tom confessional ditado pelo disco, a balada que batiza e fecha Tempo - da lavra solitária de Fabio - reitera a elegância que valoriza o repertório nem sempre marcante (tal como a voz de Julia...). Tempo soa como brisa do mar que sopra leve e ligeira num fim de tarde carioca, sem deixar marcas ou rastros na bonita paisagem...

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Julia Bosco vivencia seu próprio tempo em disco de estreia. Sem recorrer ao cancioneiro de seu pai (João Bosco, convocado apenas para tecer a trama do violão que torna Na Oração faixa em que se deve por especial fé), a cantora e compositora carioca debuta no mercado fonográfico em tom confessional com Tempo, CD independente distribuído pela Tratore. A voz de mezzo-soprano não é especialmente marcante e tampouco soa original, mas está perfeitamente ajustada ao repertório autoral burilado por Julia com Fabio Santanna, parceiro na música e na vida, produtor do disco em ofício dividido com Plínio Profeta. Da safra autoral, os maiores destaques são Desavisados (Julia Bosco e Fabio Santanna) - tema que exala sensualidade elegante e suingue sutil pontuado pelos metais soprados por Marlon Sette e Bidu - e Curtição (Julia Bosco e Fabio Santanna). Faixa valorizada pela bossa particular do piano Rhodes e dos teclados Moog pilotados por Marcos Valle, muso inspirador do tema funkeado em que também pôs voz, Curtição aponta o caminho de leveza percorrido pela artista em CD sincero. A elegância do canto de Julia e dos arranjos atenua a dose de trivialidade detectada na levada pop das baladas Confusão (Fabio Santanna) e Mesmo Princípio (Julia Bosco e Fabio Santanna). Confusão rebobina na letra a sensualidade que aquece Desavisados e, de certa forma, todo este disco de temperatura amena. Tempo é um disco íntimo e pessoal. Por mais que a junção destes adjetivos já resulte clichê e desgastada, ela faz sentido neste álbum urdido pelas paixões de seus protagonistas. Às vezes, Julia e Fabio cantam mesmo coisas de casal - como dizia o título do hit radiofônico composto nos 80 por Rita Lee e Roberto de Carvalho, casal 20 do pop rock brasileiro. Play a Fool (Fabio Santanna) - canção que esboça certa densidade em disco pontuado pela suavidade - é um acerto de contas romântico que ganha mais sabor pelo fato de ser cantado por Julia em dueto com Fabio - cujo vocal direciona o samba Mutantes (Fabio Santanna) para uma trilha black. Meio deslocada no ambiente ameno de new bossa em que Carta Para Uma Amiga (Julia Bosco e Fabio Santanna) é aclimatada, Dia Santo (Julia Bosco e Fabio Santanna) se diferencia pelo toque afro-brasileiro sustentado pela percussão de Ronaldo Silva. Já Tudo Bem (Julia Bosco e Fabio Santanna) cai na salsa sem evocar a efervescência rítmica do gênero. Se Angel (Julia Bosco e Fabio Santanna) é carta de amor escrita no tom confessional ditado pelo disco, a balada que batiza e fecha Tempo - da lavra solitária de Fabio - reitera a elegância que valoriza o repertório nem sempre marcante (tal como a voz de Julia...). Tempo é como brisa do mar que sopra leve num fim de tarde carioca.

Maria disse...

No,thanks prefiro só o pai mesmo o grande João Bosco.

Francisco disse...

acho ela muito imatura vocalmente, mas tem sobrenome...

Coisas do Sertão disse...

Paulo Canelas


Vocalmente é ótimo. É cada crítico de musica que aparece igual a torcedor que vira técnico de futebol. Ora a menina é outra geração, claro não é o pai. Estilos e tempos diferentes. pelo menos não está emplacando coisas do tipo Ai se eu te pego.

Fernanda Corrêa disse...

Júlia Bosco, 32 anos. Com 32 anos eu já trabalhava faz tempo. Onde Júlia se escondia? Estava fazendo backing vocals nos shows do pai que nem a Vanessa Camargo antes da carreira? Acho que não. Sua voz e falta de afinação aparecem mesmo em maio a uma multidão de vozes. Talvez ela tenha pensado: Eu adoro cantar Minha vida é compor e cantar! Tenho que seguir meu sonho! Mas ela teria que imaginar que se alguém canta, devem existir outros para ouvir. E se eles não quiserem participar do seu sonho? Se se eles forem realistas em exergarem a sua falta de talento, de voz, de afinação e a mediocridade de suas compisições? Eles serão culpados pelo seu fracasso? Serão os algozes da não realização de seu sonho? Se Júlia BOSCO pensar assim continuará vivendo num mundo onde o talento e a fama do pai passariam pra ela magicamente apenas por usar esse sobrenome. Prefiro pensar assim do que imaginar qie ela está sendo oportunista e enganando o público que esperaria nela encontrar algo do pai além das cinco letras depois do prenome.
Júlia Bosco, 32 anos. O que será que ela vazia antes deste album? Não deveria ser música.