quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Moyseis Marques desengoma como compositor no seu autoral terceiro disco

Resenha de CD
Título: Pra desengomar
Artista: Moyseis Marques
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

♪ Ao debutar no mercado fonográfico com E aí, Zé? (2003), CD independente de sua banda Forró na Contramão, Moyseis Marques dominou o repertório, assinando 13 das 14 músicas do disco. Quatro anos mais tarde, ao estrear solo com o álbum Moyseis Marques (Deckdisc, 2007), o compositor deu ligeiro recuo - sem sair de cena - para dar voz ao intérprete projetado na efervescente cena da Lapa, bairro do Centro do Rio de Janeiro (RJ) que concentra casas dedicadas ao samba e ao choro. No álbum seguinte, Fases do coração (Deckdisc, 2009), o compositor já marcou mais presença, assinando inclusive o hit do disco, Pretinha, joia rara, delicioso samba propagado em escala nacional na trilha sonora da novela Caminho das Índias (TV Globo, 2009). Tal sucesso autoral abriu caminho para que Marques lançasse um terceiro álbum solo inteiramente autoral, Pra desengomar, posto nas lojas pela gravadora Biscoito Fino em janeiro de 2012. São de autoria deste mineiro criado desde bebê no Rio de Janeiro (RJ) as 12 músicas inéditas reunidas no álbum produzido por Marques com o cavaquinista Alessandro Cardozo. E o fato é que a safra - formatada pelo artista com parceiros como Alfredo Del-Penho, coautor da faixa-título, Pra desengomar - prima pela excelência. Mesmo que o samba domine a safra autoral em diversas modalidades, a viagem rítmica ainda tem escalas no Nordeste. Na segunda metade do disco, Marques transita inspirado por baião (Xodó da lamparina, outra parceria com Zé Paulo Becker), samba à moda baiana (Pra ter seu bem-querer, composto com Bena Lobo) e ijexá (Não deu, tema da lavra solitária de Marques, formatado com toques de baião). Pra desengomar deixa no ar um sentimento bom, como o relatado no verso final de Deixa estar (Moyseis Marques e Fernando Temporão), um dos bonitos sambas do disco. Mesmo quando cantado no tom da tristeza, como no caso poético O lado bom da incerteza (Moyseis Marques e Zé Renato), o samba de Marques exala alto astral. Às vezes explícito como no suingante O badabadá do Talarico (Moyseis Marques e Edu Krieger), manemolente samba arranjado de acordo com os estatutos da gafieira pelo saxofonista Samuel Oliveira. Curiosidade: O badabadá do Talarico  teria como convidados Luiz Melodia (de início) e Tantinho da Mangueira (num segundo momento), mas acabou gravado somente por Marques, bom cantor que se exercita no suingue com Leila Pinheiro em Bicho do mato, outra inspirada parceria do compositor com Edu Krieger. Outra bela voz feminina que se faz ouvir no CD é a de Ana Costa, presença luminosa no metalinguístico Um samba de amor (Moyseis Marques), faixa pontuada pelo trombone de Roberto Marques. Com voz mais opaca, Moacyr Luz é o convidado afetivo de Meu canto é pra valer, grande samba que abre sua parceria com Marques com citação de Saudades da Guanabara (Moacyr Luz, Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc, 1989). Se Piuí (João Martins e Moyseis Marques) faz o disco autoral trafegar pelo trilho da canção, Como o cravo quer a rosa é samba-choro composto por Marques para a cantora carioca Áurea Martins, convidada majestosa da faixa. Enfim, se o cantor é sempre bom, o compositor se revela ótimo no autoral Pra desengomar, disco com cacife para firmar Moyseis Marques entre os grandes bambas do Brasil.

3 comentários:

  1. Ao debutar no mercado fonográfico com E Aí, Zé? (2003), CD independente de sua banda Forró na Contramão, Moyseis Marques dominou o repertório, assinando 13 das 14 músicas do disco. Quatro anos mais tarde, ao estrear solo com o álbum Moyseis Marques (Deckdisc, 2007), o compositor deu ligeiro recuo - sem sair de cena - para dar voz ao intérprete projetado na efervescente cena da Lapa, bairro do Rio de Janeiro (RJ) que concentra casas dedicadas ao samba e ao choro. No álbum seguinte, Fases do Coração (Deckdisc, 2009), o compositor já marcou mais presença, assinando inclusive o hit do disco, Pretinha, Jóia Rara, delicioso samba propagado em escala nacional na trilha sonora da novela Caminho das Índias (TV Globo, 2009). Tal sucesso autoral abriu caminho para que Marques lançasse um terceiro disco solo inteiramente autoral, Pra Desengomar, posto nas lojas pela gravadora Biscoito Fino em janeiro de 2012. São de autoria deste mineiro criado desde bebê no Rio de Janeiro (RJ) as 12 músicas inéditas reunidas no álbum produzido por Marques com o cavaquinista Alessandro Cardozo. E o fato é que a safra - formatada pelo artista com parceiros como Alfredo Del-Penho, coautor da faixa-título, Pra Desengomar - prima pela excelência. Mesmo que o samba domine a safra autoral em diversas modalidades, a viagem rítmica ainda tem escalas no Nordeste. Na segunda metade do disco, Marques transita inspirado por baião (Xodó da Lamparina, outra parceria com Zé Paulo Becker), samba à moda baiana (Pra Ter Seu Bem-Querer, composto com Bena Lobo) e ijexá (Não Deu, tema da lavra solitária de Marques, formatado com toques de baião). Pra Desengomar deixa no ar um sentimento bom, como o relatado no verso final de Deixa Estar (Moyseis Marques e Fernando Temporão), um dos bonitos sambas do disco. Mesmo quando cantado no tom da tristeza, como no caso poético O Lado Bom da Incerteza (Moyseis Marques e Zé Renato), o samba de Marques exala alto astral. Às vezes explícito como no suingante O Badabadá do Talarico (Moyseis Marques e Edu Krieger), manemolente samba arranjado de acordo com os estatutos da gafieira pelo saxofonista Samuel Oliveira. Curiosidade: O Badabadá do Talarico teria como convidados Luiz Melodia (de início) e Tantinho da Mangueira (num segundo momento), mas acabou gravado somente por Marques, bom cantor que se exercita no suingue com Leila Pinheiro em Bicho do Mato, outra inspirada parceria do compositor com Edu Krieger. Outra bela voz feminina que se faz ouvir no CD é a de Ana Costa, presença luminosa no metalinguístico Um Samba de Amor (Moyseis Marques), faixa pontuada pelo trombone de Roberto Marques. Com voz mais opaca, Moacyr Luz é o convidado afetivo de Meu Canto É Pra Valer, grande samba que abre sua parceria com Marques com citação de Saudades da Guanabara (Moacyr Luz, Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc, 1989). Se Piuí (João Martins e Moyseis Marques) faz o disco autoral trafegar pelo trilho da canção, Como o Cravo Quer a Rosa é samba-choro composto por Marques para a cantora carioca Áurea Martins, convidada majestosa da faixa. Enfim, se o cantor é bom, o compositor se revela ótimo em Pra Desengomar, disco com cacife para firmar Marques entre os bambas.

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  2. Amo a voz do Moyseis, é muito linda!
    Vou comprar esse CD com certeza. Valeu pela resenha, Mauro!

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