Resenha de CD
Título: Kisses on the Bottom
Artista: Paul McCartney
Gravadora: Hear Music / Universal Music
Cotação: * * * *
De certa forma, Paul McCartney (per)segue em Kisses on the Bottom a bem-sucedida trilha pavimentada por Rod Stewart no Great American Songbook que revitalizou a carreira do artista escocês. Mas o eterno Beatle segue essa trilha de forma íntima e pessoal. Nas lojas a partir desta segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012, Kisses on the Bottom é um acerto de contas de Sir McCartney com sua memória afetiva, com canções que influenciaram os Beatles no início da long and widing road, há mais de 50 anos. Em seu disco mais terno e romântico, o artista encarna o amante à moda antiga para reavivar série de 12 standards compostos entre os anos 20 e 50. De quebra, o compositor adicionou duas inéditas autorais a essa seleção de clássicos. My Valentine, composta por McCartney para sua atual esposa Nancy Shevell, é das mais belas canções de amor da lavra do artista. Trata-se de melodiosa balada pontuada pelos acordes divinos - e ora serenizados pela aura romântica que envolve o álbum - da guitarra de Eric Clapton. A outra inédita - não tão inspirada quanto My Valentine, mas bonita - é Only Our Hearts, balada de tom orquestral valorizada pela gaita de Stevie Wonder. Com título dúbio que alude à marota expressão jazzística da década de 20 cujo significado "beijo no traseiro", Kisses on the Bottom é álbum pautado por suingue jazzístico. É esse balanço jazzístico - urdido pelo toque da banda de Diana Krall, presença recorrente no CD - que baixa o alto teor de glicose do repertório selecionado afetivamente por McCartney. O piano de Krall se faz ouvir logo na faixa que abre o disco, I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter (Fred E. Alhert e Joe Young), tema de 1935, propagado em vozes como a do cantor norte-americano Nat King Cole (1919 - 1965). Na sequência, Home (When Shadows Fall) (Peter Van Steeden, Harry Clarkson and Jeff Clarkson) reitera o tom romântico e vintage de Kisses on the Bottom. Para se dedicar inteiramente ao ofício de canções como The Glory of Love (Billy Hill), McCartney abriu mão de tocar qualquer instrumento no álbum - atitude até então inédita em sua discografia. Mesmo fazendo uso eventual de cordas, McCartney foge da suntuosidade orquestral de songbooks do gênero, optando pela economia nos arranjos de temas como Always (Irving Berlin). Dentro dessa atmosfera jazzy e minimalista, a guitarra de Eric Clapton soa especialmente divina em Get Yourself Another Fool (Ernest Forrest e Frank Heywood) - música popularizada pelo cantor norte-americano Sam Cooke (1931 - 1964) - enquanto o canto de McCartney se deixa pautar pela suavidade em Bye Bye Blackbird (Ray Henderson e Mort Dixon), tema de 1926. Embora unificado pela serenidade, o disco alterna climas. Se My Very Good Friend the Milkman (Johnny Burke e Harold Spina) evoca o clima de um cabaré da era dourada do jazz, The Inch Worm (Frank Loesser) se diferencia em Kisses on the Bottom pelo coro de crianças, arregimentado em sintonia com o fato de o tema de 1952 ter sido sempre associada ao universo infantil. Já o ritmo lento e jazzy de More I Cannot Wish You (Frank Loesser) é contrabalançado pelo suingue de Ac-Cent-Tchu-Ate the Positive (Harold Arlen e Johnny Mercer) - uma das faixas de tom mais jazzístico - e de It's Only a Paper Moon (Harold Arlen, E.Y. Harburg e Billy Rose), standard de 1932. Feito na dose certa, o apelo jazzístico acentua a atmosfera clássica de temas como We Three (My Echo, My Shadow and Me) (Tommy Dorsey, Dick Robertson e Sammy Mysels). Sim, Paul McCartney ama com ternura.
De certa forma, Paul McCartney (per)segue em Kisses on the Bottom a bem-sucedida trilha pavimentada por Rod Stewart no Great American Songbook que revitalizou a carreira do artista escocês. Mas o eterno Beatle segue essa trilha de forma íntima e pessoal. Nas lojas a partir desta segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012, Kisses on the Bottom é um acerto de contas de Sir McCartney com sua memória afetiva, com canções que influenciaram os Beatles no início da long and widing road, há mais de 50 anos. Em seu disco mais terno e romântico, o artista encarna o amante à moda antiga para reavivar série de 12 standards compostos entre os anos 20 e 50. De quebra, o compositor adicionou duas inéditas autorais a essa seleção de clássicos. My Valentine, composta por McCartney para sua atual esposa Nancy Shevell, é das mais belas canções de amor da lavra do artista. Trata-se de melodiosa balada pontuada pelos acordes divinos - e ora serenizados pela aura romântica que envolve o álbum - da guitarra de Eric Clapton. A outra inédita - não tão inspirada quanto My Valentine, mas bonita - é Only Our Hearts, balada de tom orquestral valorizada pela gaita de Stevie Wonder. Com título dúbio que alude à marota expressão jazzística da década de 20 cujo significado "beijo no traseiro", Kisses on the Bottom é álbum pautado por suingue jazzístico. É esse balanço jazzístico - urdido pelo toque da banda de Diana Krall, presença recorrente no CD - que baixa o alto teor de glicose do repertório selecionado afetivamente por McCartney. O piano de Krall se faz ouvir logo na faixa que abre o disco, I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter (Fred E. Alhert e Joe Young), tema de 1935, propagado em vozes como a do cantor norte-americano Nat King Cole (1919 - 1965). Na sequência, Home (When Shadows Fall) (Peter Van Steeden, Harry Clarkson and Jeff Clarkson) reitera o tom romântico e vintage de Kisses on the Bottom. Para se dedicar inteiramente ao ofício de canções como The Glory of Love (Billy Hill), McCartney abriu mão de tocar qualquer instrumento no álbum - atitude até então inédita em sua discografia. Mesmo fazendo uso eventual de cordas, McCartney foge da suntuosidade orquestral de songbooks do gênero, optando pela economia nos arranjos de temas como Always (Irving Berlin). Dentro dessa atmosfera jazzy e minimalista, a guitarra de Eric Clapton soa especialmente divina em Get Yourself Another Fool (Ernest Forrest e Frank Heywood) - música popularizada pelo cantor norte-americano Sam Cooke (1931 - 1964) - enquanto o canto de McCartney se deixa pautar pela suavidade em Bye Bye Blackbird (Ray Henderson e Mort Dixon), tema de 1926. Embora unificado pela serenidade, o disco alterna climas. Se My Very Good Friend the Milkman (Johnny Burke e Harold Spina) evoca o clima de um cabaré da era dourada do jazz, The Inch Worm (Frank Loesser) se diferencia em Kisses on the Bottom pelo coro de crianças, arregimentado em sintonia com o fato de o tema de 1952 ter sido sempre associada ao universo infantil. Já o ritmo lento e jazzy de More I Cannot Wish You (Frank Loesser) é contrabalançado pelo suingue de Ac-Cent-Tchu-Ate the Positive (Harold Arlen e Johnny Mercer) - uma das faixas de tom mais jazzístico - e de It's Only a Paper Moon (Harold Arlen, E.Y. Harburg e Billy Rose), standard de 1932. Feito na dose certa, o apelo jazzístico acentua a atmosfera clássica de temas como We Three (My Echo, My Shadow and Me) (Tommy Dorsey, Dick Robertson e Sammy Mysels). Sim, Paul McCartney ama com ternura.
ResponderExcluirDo pouco que ouvi deste disco apenas os trechinhos das músicas deve estar gracioso! Gostei bastante da pegada Jazzística do álbum juntar Eric Clapton, Stevie Wonder e Paul McCartney o resultado não poderia ser outro três gênios.
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