quinta-feira, 15 de março de 2012

Ao vivo no Recife, Nação ressoa tambores em comunhão com seu povo

Resenha de CD e DVD
Título: Ao Vivo no Recife
Artista: Nação Zumbi
Gravadora: Deck
Cotação: * * * *

"Sou mangueboy", faz crer com firmeza Arnaldo Antunes, em vocais sincronizados com a pegada da Nação Zumbi, ao se juntar ao grupo em Antene-se (Chico Science), número do show captado em dezembro de 2009, ao fim da turnê internacional inspirada no álbum Fome de Tudo (2007). O registro do espetáculo feito para 80 mil pessoas no Marco Zero - ponto histórico da capital de Pernambuco, terra da Nação - ganha tardio lançamento em CD e DVD intitulados Ao Vivo no Recife e postos nas lojas, via Deck, neste mês de março, quando a banda já tem pronto álbum de inéditas, cujo lançamento foi estrategicamente adiado para o segundo semestre deste ano de 2012. A gravação ao vivo vem a público 15 anos após Chico Science (1966 - 1997), líder e mentor da banda, ter saído precocemente de cena, vítima de acidente de carro. A essa altura, ninguém mais duvida de que a Nação se manteve íntegra sem Science. E é justamente no palco que o grupo expõe toda a força de seus tambores. Daí a importância de um CD e DVD que, a rigor, poderiam soar até triviais - imersos na lama dos registros ao vivo de shows que soterram o mercado fonográfico - caso não se tratasse de um show da Nação. Espetáculo que ganha simbolismo adicional por ter sido feito no Recife, de graça, para os anônimos mangueboys da plateia, captados para o vídeo pelas câmeras dirigidas por Danilo Bechara. Musicalmente, a banda se mostra tinindo em cena nas 15 músicas reproduzidas tanto no CD como no DVD. Manguetown (Chico Science, Lúcio Maia e Dengue) é o ápice da apresentação por reforçar a pegada da Nação Zumbi com o toque vigoroso do trio carioca Paralamas do Sucesso. Mas Trincheira da Fuloresta (Siba Veloso) também merece registro por aglutinar Siba e a Fuloresta em número que altera a pulsação habitual da banda por conta dos metais da turma convidada. Fred 04 também marca bela presença em cena ao subir ao palco do Marco Zero para soltar a voz em Rios, Pontes & Overdrives, parceria sua com Science. Fred 04 é mangueboy. Nesse momento de comunhão com a Nação pernambucana, Paralamas do Sucesso e Arnaldo Antunes também são mangueboys. É isso - a comunhão entre artistas e público, perceptível nas tomadas panorâmicas que captam a realção da plateia -  que torna tão especial o show perpetuado no CD e DVD Ao Vivo no Recife com roteiro que incorpora Cordão de Ouro (Jorge Du Peixe, Pupillo, Lúcio Maia e Dengue) - tema feito para trilha sonora de filme sobre o capoeirista baiano Besouro - ao repertório do grupo. Tal união torna irrelevante o fato de o documentário exibido nos extras do DVD - Pisando em Terra de Reis com Nação Zumbi - ser, a rigor, mero amontoado de imagens típicas de chato making of.

6 comentários:

  1. "Sou mangueboy", faz crer com firmeza Arnaldo Antunes, em vocais sincronizados com a pegada da Nação Zumbi, ao se juntar ao grupo em Antene-se (Chico Science), número do show captado em dezembro de 2009, ao fim da turnê internacional inspirada no álbum Fome de Tudo (2007). O registro do espetáculo feito para 80 mil pessoas no Marco Zero - ponto histórico da capital de Pernambuco, terra da Nação - ganha tardio lançamento em CD e DVD intitulados Ao Vivo no Recife e postos nas lojas, via Deck, neste mês de março, quando a banda já tem pronto álbum de inéditas, cujo lançamento foi estrategicamente adiado para o segundo semestre deste ano de 2012. A gravação ao vivo vem a público 15 anos após Chico Science (1966 - 1997), líder e mentor da banda, ter saído precocemente de cena, vítima de acidente de carro. A essa altura, ninguém mais duvida de que a Nação se manteve íntegra sem Science. E é justamente no palco que o grupo expõe toda a força de seus tambores. Daí a importância de um CD e DVD que, a rigor, poderiam soar até triviais - imersos na lama dos registros ao vivo de shows que soterram o mercado fonográfico - caso não se tratasse de um show da Nação. Espetáculo que ganha simbolismo adicional por ter sido feito no Recife, de graça, para os anônimos mangueboys da plateia, captados para o vídeo pelas câmeras dirigidas por Danilo Bechara. Musicalmente, a banda se mostra tinindo em cena nas 15 músicas reproduzidas tanto no CD como no DVD. Manguetown (Chico Science, Lúcio Maia e Dengue) é o ápice da apresentação por reforçar a pegada da Nação Zumbi com o toque vigoroso do trio carioca Paralamas do Sucesso. Mas Trincheira da Fuloresta (Siba Veloso) também merece registro por aglutinar Siba e a Fuloresta em número que altera a pulsação habitual da banda por conta dos metais da turma convidada. Fred 04 também marca bela presença em cena ao subir ao palco do Marco Zero para soltar a voz em Rios, Pontes & Overdrives, parceria sua com Science. Fred 04 é mangueboy. Nesse momento de comunhão com a Nação pernambucana, Paralamas do Sucesso e Arnaldo Antunes também são mangueboys. É isso - a comunhão entre artistas e público, perceptível nas tomadas panorâmicas que captam a realção da plateia - que torna tão especial o show perpetuado no CD e DVD Ao Vivo no Recife com roteiro que incorpora Cordão de Ouro (Jorge Du Peixe, Pupillo, Lúcio Maia e Dengue) - tema feito para trilha sonora de filme sobre o capoeirista baiano Besouro - ao repertório do grupo. Tal união torna irrelevante o fato de o documentário exibido nos extras do DVD - Pisando em Terra de Reis com Nação Zumbi - ser, a rigor, mero amontoado de imagens típicas de chato making of.

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  2. Parem as máquinas!
    E que rufem os tambores de maracatu que pesam uma tonelada.
    Não é todo dia que vc tem à mão um registro em praça pública, na sua cidade natal, da melhor banda brasileira de todos os tempos.
    Quem não conferir é ruim da cabeça e doente do pé.

    PS: Tá faltando uma estrela aí, Mauro. Mr.Science estava presente.
    Esse registro é cinco estrelas.

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  3. Ahh, como nada nesse mundo é perfeito, a Nação - embaçando como de costume com os lançamentos - só vai lançar disco de inéditas em 2013!
    Tomara que mudem essa idéia de jerico.

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  4. Gostei do documentário.
    A primeira parte mostra os dois últimos álbuns e as imagens que passam de Recife estão sempre linkadas com algumas das músicas desses discos.
    A segunda parte, o making off do show, é realmente mais do mesmo.
    Sobre a primeira parte, quanto mais informação vc tiver sobre a cidade e a banda mais vai curtir.
    Se cortar o pé Pisando em Terra de Reis com a Nação Zumbi o problema é seu.

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  5. Eu nem comprei ainda...vou providenciar logo..logo.

    PS: Zé não creio q só ano q vem...nossa que coisa. Eu tenho o outro dvd quase furado de tanto ver.
    Nação nunca é demais.

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  6. Pode comprar de olho fechado, Carlota.
    Ficou ótimo!
    O originalmente samba, transformado em rock pesado a lá Sepultura, Jornal da Morte ficou f***!
    A lua é testemunha - quando ver o DVD vai entender. :>)

    PS: O disco passar para 2013 foi o que li em uma entrevista do Lúcio Maia. Burrice das grandes. Como são inteligentes...

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