Projeto: Circuito cênico MPB
Título: Elba acústico
Artista: Elba Ramalho (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Municipal de Niterói (Niterói, RJ)
Data: 11 de março de 2012
Cotação: * * *
♪ "Sou bicho de teatro", se autodefiniu Elba Ramalho antes de cantar Ai, que saudade d'ocê (Vital Farias, 1982) em show acústico feito na noite de domingo, 11 de março de 2012, dentro do projeto Circuito cênico MPB. A cantora se referia ao fato de estar se apresentando em teatro, o Theatro Municipal de Niterói, e à sua habilidade para se garantir em cena diante de condições adversas. De fato, Elba é artista vocacionada para o palco e foi com esse traquejo que ela fez, na raça e às vezes no improviso, bom show acústico, calcado em sucessos próprios e alheios. Por conta de compromisso profissional honrado em Natal (RN) na noite anterior, o que a fez desembarcar no Rio de Janeiro (RJ) menos de duas horas antes do show em Niterói, a intérprete entrou em cena sem estar na melhor das formas vocais - "Tô tirando (a voz) da alma", assumiu, sincera, diante do público - e sem sequer ter tido tempo para passar o som. Contudo, a voz - fria na abertura feita com Gostoso demais (Dominguinhos e Nando Cordel, 1986) - foi ganhando corpo e calor à medida em que a apresentação foi transcorrendo. No fim, Elba - quase sempre em sintonia com os músicos Marcos Arcanjo (violão e guitarra) e Erivaldo de Oliveira (sanfona) - já tinha o público na mão. Até porque não é qualquer cantora que canta de improviso música pedida pelo público sem sair do tom. No caso, aliás, foram três músicas - Dia branco (Geraldo Azevedo e Renato Rocha, 1978), Amplidão (Chico César, 2006) e Frisson (Tunai e Sérgio Natureza, 1984) - encadeadas em sequência mais informal. Em Amplidão, uma das baladas mais bonitas da lavra do atualmente subestimado Chico César, Elba esboçou na interpretação o rigor estilístico com que abordou o choro-canção Doce de coco (Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho, 1968), ponto alto da apresentação. O ponto baixo foi a releitura em ritmo de xote de tema de Vander Lee, Onde Deus possa me ouvir (2003). Toda a melancolia da canção se diluiu no clima forrozeiro que fez a interpretação de Elba caminhar no sentido contrário das intenções dos sensíveis versos do compositor mineiro. Elba pareceu mais à vontade ao cantar Belchior (A palo seco, 1974) ao reviver três sucessos do compositor goiano Accioly Neto (1950 - 2000) - Espumas ao vento (1997), Lembranças de um beijo (1994) e A natureza das coisas (2007) - e ao pegar seu violão para cantar Veja (Margarida) (Vital Farias, 1975) e Chão de giz (Zé Ramalho, 1978). No fim, bloco com músicas de Chico Buarque - cancioneiro que Elba anunciou que vai revisitar em disco com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano de 2012 - reiterou a sintonia entre a artista e seu público. Até porque, por ser bicho de teatro, Elba é intérprete talhada para encarar temas como O meu amor (1978), Palavra de mulher (1985), Todo o sentimento (Cristóvão Bastos e Chico Buarque, 1987) e Folhetim (bolero de 1978 em que a mise-en-scène da artista inclui número de plateia). Elba acústico é show de entressafra. Mas seduz porque Elba Ramalho é intérprete que sabe valorizar a cena com voz valente, forte, capaz de superar adversidades dos palcos e da vida...
5 comentários:
"Sou bicho de teatro", se autodefiniu Elba Ramalho antes de cantar Ai, Que Saudade d'Ocê (Vital Farias) em show acústico feito na noite de domingo, 11 de março de 2012, dentro do projeto Circuito Cênico MPB. A cantora se referia ao fato de estar se apresentando em teatro, o Theatro Municipal de Niterói, e à sua habilidade para se garantir em cena diante de condições adversas. De fato, Elba é artista vocacionada para o palco e foi com esse traquejo que ela fez, na raça e às vezes no improviso, bom show acústico. Sem tempo para passar o som por conta de compromisso profissional assumido em Natal (RN) na noite anterior, a intérprete entrou em cena sem estar na melhor das formas vocais - "Tô tirando (a voz) da alma", assumiu, sincera, diante do público - e sem sequer ter tido tempo para passar o som. Contudo, a voz - fria na abertura feita com Gostoso Demais (Dominguinhos e Nando Cordel) - foi ganhando corpo e calor à medida em que a apresentação foi transcorrendo. No fim, Elba - quase sempre em sintonia com os músicos Marcos Arcanjo (violão e guitarra) e Erivaldo de Oliveira (sanfona) - já tinha o público na mão. Até porque não é qualquer cantora que canta de improviso música pedida pelo público sem sair do tom. No caso, aliás, foram três músicas - Dia Branco (Geraldo Azevedo), Amplidão (Chico César) e Frisson (Tunai) - encadeadas em sequência mais informal. Em Amplidão, uma das baladas mais bonitas da lavra do atualmente subestimado Chico César, Elba esboçou na interpretação o rigor estilístico com que abordou o choro-canção Doce de Coco (Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho), ponto alto da apresentação. O ponto baixo foi a releitura em ritmo de xote de tema de Vander Lee, Onde Deus Possa me Ouvir. Toda a melancolia da canção se diluiu no clima forrozeiro que fez a interpretação de Elba caminhar no sentido contrário das intenções dos sensíveis versos do compositor mineiro. Elba pareceu mais à vontade ao cantar Belchior (A Palo Seco), ao reviver dois sucessos populares do compositor goiano Accioly Neto (1950 - 2000) - Espumas ao Vento e A Natureza das Coisas - e ao pegar seu violão para cantar as recorrentes Veja (Margarida) (Vital Farias) e Chão de Giz (Zé Ramalho). No fim, um bloco com músicas de Chico Buarque - cancioneiro que Elba vai revisitar em disco que tem lançamento previsto para o segundo semestre deste ano de 2012 - reiterou a sintonia entre a artista e seu público. Até porque, por ser bicho de teatro, Elba é intérprete talhada para encarar temas como O Meu Amor, Palavra de Mulher, Todo o Sentimento e Folhetim (bolero em que a mise-en-scène da artista inclui número de plateia). Elba Acústico é show de entressafra. Mas seduz porque Elba Ramalho é intérprete que sabe valorizar sua cena com sua voz valente, capaz de superar adversidades.
Não gosto muito da cantora Elba Ramalho, se ela gritasse menos eu até que poderia gostar mais dela só curti no Cd do "O Grande Encontro".
gritasse?? choquei.
Concordo com você Mauro... "Onde Deus possa me ouvir" eu não gostei com a Elba. GOSTO COM A GAL COSTA.
Gritasse? Faz anos que ela não grita mais.
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