Mauro Ferreira no G1

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sábado, 10 de março de 2012

Morrissey sua a camisa em vibrante show que eleva temperatura carioca

Resenha de show
Título: Morrissey Tour 2012
Artista: Morrissey (em foto de Felipe Monteiro)
Local: Fundição Progresso (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 10 de março de 2012
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Espaço das Américas - em São Paulo (SP) - em 11 de março de 2012

"Morrissey! Morrissey! Morrissey!...". Eletrizada, a plateia de plebeus cariocas não se conteve e gritou o nome de seu rei, grata por tê-lo acompanhado no refrão de Everyday Is Like Sunday (1988), hit inicial da carreira solo de Steven Patrick Morrissey, nobre cantor e compositor britânico. Já alta pela própria natureza dos verões cariocas, a temperatura da Fundição Progresso - a incandescente casa de shows do Rio de Janeiro (RJ) - era elevada à potência máxima a cada música reconhecida pelo público que se extasiou desde que Morrissey apareceu no palco já aos primeiros minutos deste sábado, 10 de março de 2012. Era a segunda das três apresentações da perna brasileira da turnê do artista, que voltou a cantar em solo nacional após hiato de 12 anos. Em carreira solo desde 1988, Morrissey tem alternado álbuns vigorosos - casos de Viva Hate (1988) e You Are the Quarry (2004) - com discos bons como o recente Years of the Refusal (2009) e outros não mais do que medianos, caso de Ringleader of the Tormentors (2006), álbum do qual ele reviveu You Have Killed me (2006), tema repleto de referências italianas, logo no começo do show, aberto com potente abordagem de First of the Gang to Die (2004). Funcionou. Contudo, entre o público que lotava pistas, arquibancadas e camarotes da Fundição Progresso,  certamente não havia alguém ansioso por ouvir músicas da carreira solo de Morrissey - ainda que o coro espontâneo em Alma Matters (1997) possa ter sinalizado o contrário. Os súditos ansiavam por músicas da fase em que Morrissey pertencia ao grupo britânico The Smiths (1982 - 1987), de duração curta, mas de grande influência. Os plebeus estavam ali para celebrar tal fase de seu rei, artista nobre que - ao lado do guitarrista Johnny Marr - injetou poesia e melancolia na cena pós-punk da década de 80. Por isso, a temperatura e a satisfação subiram a graus imagináveis quando Morrissey - escorado nos arranjos potentes tocados pelos músicos da banda vestidos (apenas) com sungas amarelas - reviveu temas emblemáticos como Still Ill (1984), Meat Is Murder (1985), There Is a Light That Never Goes Out (1986), Please, Please, Please Let me Get What I Want (1984) e How Soon is Now? (1985). Foram poucos, é fato, mas suficientes para dar à apresentação caráter mágico, até mesmo memorável. Meat Is Murder, em especial, vai ficar na memória pelo tom dark e pelas imagens literalmente chocantes expostas no telão. Morrissey fez sua parte: suou a camisa (trocada três vezes), a tirou após Let me Kiss You (2004), repetiu poses ensaiadas, esboçou discursos (alfinetando o Príncipe Harry, ora em visita à cidade do Rio de Janeiro) e seduziu o público com mise-en-scène que valoriza um repertório geralmente contundente, de artista que sempre teve o que dizer, mesmo nos tempos de menor inspiração. É pop nobre!

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Morrissey! Morrissey! Morrissey!...". Eletrizada, a plateia de plebeus cariocas não se conteve e gritou o nome de seu rei, grata por tê-lo acompanhado no refrão de Everyday Is Like Sunday (1988), hit inicial da carreira solo de Steven Patrick Morrissey, nobre cantor e compositor britânico. Já alta pela própria natureza dos verões cariocas, a temperatura da Fundição Progresso - a incandescente casa de shows do Rio de Janeiro (RJ) - era elevada à potência máxima a cada música reconhecida pelo público que se extasiou desde que Morrissey apareceu no palco já aos primeiros minutos deste sábado, 10 de março de 2012. Era a segunda das três apresentações da perna brasileira da turnê do artista, que voltou a cantar em solo nacional após hiato de 12 anos. Em carreira solo desde 1988, Morrissey tem alternado álbuns vigorosos - casos de Viva Hate (1988) e You Are the Quarry (2004) - com discos bons como o recente Years of the Refusal (2009) e outros não mais do que medianos, caso de Ringleader of the Tormentors (2006), álbum do qual ele reviveu You Have Killed me (2006), tema repleto de referências italianas, logo no começo do show, aberto com potente abordagem de First of the Gang to Die (2004). Funcionou. Contudo, entre o público que lotava pistas, arquibancadas e camarotes da Fundição Progresso, certamente não havia alguém ansioso por ouvir músicas da carreira solo de Morrissey - ainda que o coro espontâneo em Alma Matters (1997) possa ter sinalizado o contrário. Os súditos ansiavam por músicas da fase em que Morrissey pertencia ao grupo britânico The Smiths (1982 - 1987), de duração curta, mas de grande influência. Os plebeus estavam ali para celebrar tal fase de seu rei, artista nobre que - ao lado do guitarrista Johnny Marr - injetou poesia e melancolia na cena pós-punk da década de 80. Por isso, a temperatura e a satisfação subiram a graus imagináveis quando Morrissey - escorado nos arranjos potentes tocados pelos músicos da banda vestidos (apenas) com sungas amarelas - reviveu temas emblemáticos como Still Ill (1984), Meat Is Murder (1985), There Is a Light That Never Goes Out (1986), Please, Please, Please Let me Get What I Want (1984) e How Soon is Now? (1985). Foram poucos, é fato, mas suficientes para dar à apresentação caráter mágico, até mesmo memorável. Meat Is Murder, em especial, vai ficar na memória pelo tom dark e pelas imagens literalmente chocantes expostas no telão. Morrissey fez sua parte: suou a camisa (trocada três vezes), a tirou após Let me Kiss You (2004), repetiu poses ensaiadas, esboçou discursos (alfinetando o Príncipe Harry, ora em visita à cidade do Rio de Janeiro) e seduziu o público com mise-en-scène que valoriza um repertório geralmente contundente, de artista que sempre teve o que dizer, mesmo nos tempos de menor inspiração. É pop nobre!

Ednei Martins disse...

O som desse camarada é envolvente e toca na minha vida desde os anos 80!

André disse...

Bela crítica Mauro! Morrissey é um grande artista, apesar de curtir a fase dele com o The Smiths.