Resenha de show
Título: Chão
Artista: Lenine (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Teatro Oi Casa Grande (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 21 de março de 2012
Cotação: * * * *
Agenda da turnê internacional do show Chão:
25 de março de 2012 - Maratona Cultural (Beira Mar Norte) - Florianópolis (SC)
28 de março de 2012 - Teatro Nacional - Brasília (DF)
29 de março de 2012 - Teatro Rio Vermelho - Goiânia (GO)
O chão é o limite para Lenine. No palco, como elemento do cenário idealizado pelo diretor de arte Paulo Pederneiras com Fernando Maculan, ele - o chão - aparece na forma de estopa de cor avermelhada que evoca a aridez do sertão nordestino, uma das bases do som deste cantor e compositor pernambucano que sabe traduzir os ritmos de sua terra para o idioma pop. Mas é mais! Chão - o diferenciado show que Lenine trouxe para o Rio de Janeiro (RJ) em duas apresentações que agitaram o Teatro Oi Casa Grande - testa e amplia em cena os limites da experiência sensorial proposta no CD Chão (Universal Music, 2011). Disco de caráter íntimo, ímpregnado dos sons do cotidiano do artista, Chão gerou show de caráter mais delicado, quase artesanal. A sós em cena com Bruno Giorgi (delays, looper, guitarra e até o bandolim que adorna Tudo que me Falta, Nada que me Sobra, música do disco inspirador do show) e com JR Tostoi (guitarras e samplers), tal como no estúdio em que gravou o álbum, Lenine repagina repertório antigo, devidamente ajustado à atmosfera pessoal de Chão. A diferença do show reside também na opção por envolver literalmente o espectador com sons e ruídos atípicos do universo pop. Em bom português, o som quadrafônico de Chão não é ouvido somente no palco, saindo também das caixas situadas no ambiente da plateia em efeito surround que faz toda a diferença. Onipresente no roteiro quase inteiramente autoral (a exceção é O Atirador, tema da lavra solitária do fiel parceiro Lula Queiroga), a obra de Lenine é toda posta a serviço da experiência, geralmente sem prejuízo estético, desde que subentendido que nada vai soar como antes, com exceção talvez das baladas, em especial de O Silêncio das Estrelas (Lenine e Dudu Falcão, 1993), apresentada em formato de voz e violão (o de Lenine) que se ajusta à atmosfera íntima do show. Se as guitarras de Tostoi cruzam A Ponte (Lenine e Lula Queiroga, 1999) em novo sentido, ruídos típicos de metrópoles povoam Rua da Passagem (Trânsito) (Lenine e Arnaldo Antunes, 1999) e percussão sintetizada dá nova pulsação a Relampiano (Lenine e Moska, 1997). De caráter cinematográfico, a iluminação também diferenciada de Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras impede que o foco saia da experiência em si com suas três lâmpadas de tonalidades fixas. Os arranjos são inventivos e, por remodelar as músicas, talvez fruste o espectador que vá ao show com a intenção de ouvir um best of de Lenine. Por mais que haja alguns hits entre as 23 músicas do roteiro (o que ajuda a diluir a impressão real de que a safra inédita de Chão não figura entre as mais inspiradas do compositor), não há concessões ao público. Mesmo com tanta alteração estética na obra, o violão percussivo de Lenine continua soando singular, sobretudo em Acredite ou Não (Lenine e Bráulio Tavares, 1993). Pena que, dentro da ambientação diferenciada de Chão, o Leão do Norte (Lenine e Paulo César Pinheiro, 1993) acabe rugindo sem a vibração habitual. Detalhe pequeno de show sustentado por precisão técnica e pela predisposição do artista a se renovar em cena. Sim, o chão é o limite para Lenine nesse show que vai ficar na estrada até 2013. Mas tal limite é alto.
O chão é o limite para Lenine. No palco, como elemento do cenário idealizado pelo diretor de arte Paulo Pederneiras com Fernando Maculan, ele - o chão - aparece na forma de estopa de cor avermelhada que evoca a aridez do sertão nordestino, uma das bases do som deste cantor e compositor pernambucano que sabe traduzir os ritmos de sua terra para o idioma pop. Mas é mais! Chão - o diferenciado show que Lenine trouxe para o Rio de Janeiro (RJ) em duas apresentações que agitaram o Teatro Oi Casa Grande - testa e amplia em cena os limites da experiência sensorial proposta no CD Chão (Universal Music, 2011). Disco de caráter íntimo, ímpregnado dos sons do cotidiano do artista, Chão gerou show de caráter mais delicado, quase artesanal. A sós em cena com Bruno Giorgi (delays, looper, guitarra e até o bandolim que adorna Tudo que me Falta, Nada que me Sobra, música do disco inspirador do show) e com JR Tostoi (guitarras e samplers), tal como no estúdio em que gravou o álbum, Lenine repagina repertório antigo, devidamente ajustado à atmosfera pessoal de Chão. A diferença do show reside também na opção por envolver literalmente o espectador com sons e ruídos atípicos do universo pop. Em bom português, o som quadrafônico de Chão não é ouvido somente no palco, saindo também das caixas situadas no ambiente da plateia em efeito surround que faz toda a diferença. Onipresente no roteiro quase inteiramente autoral (a exceção é O Atirador, tema da lavra solitária do fiel parceiro Lula Queiroga), a obra de Lenine é toda posta a serviço da experiência, geralmente sem prejuízo estético, desde que subentendido que nada vai soar como antes, com exceção talvez das baladas, em especial de O Silêncio das Estrelas (Lenine e Dudu Falcão, 1993), apresentada em formato de voz e violão (o de Lenine) que se ajusta à atmosfera íntima do show. Se as guitarras de Tostoi cruzam A Ponte (Lenine e Lula Queiroga, 1999) em novo sentido, ruídos típicos de metrópoles povoam Rua da Passagem (Trânsito) (Lenine e Arnaldo Antunes, 1999) e percussão sintetizada dá nova pulsação a Relampiano (Lenine e Moska, 1997). De caráter cinematográfico, a iluminação também diferenciada de Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras impede que o foco saia da experiência em si com suas três lâmpadas de tonalidades fixas. Os arranjos são inventivos e, por remodelar as músicas, talvez fruste o espectador que vá ao show com a intenção de ouvir um best of de Lenine. Por mais que haja alguns hits entre as 23 músicas do roteiro (o que ajuda a diluir a impressão real de que a safra inédita de Chão não figura entre as mais inspiradas do compositor), não há concessões ao público. Mesmo com tanta alteração estética na obra, o violão percussivo de Lenine continua soando singular, sobretudo em Acredite ou Não (Lenine e Bráulio Tavares, 1993). Pena que, dentro da ambientação diferenciada de Chão, o Leão do Norte (Lenine e Paulo César Pinheiro, 1993) acabe rugindo sem a vibração habitual. Detalhe pequeno de show sustentado por precisão técnica e pela predisposição do artista a se renovar em cena. Sim, o chão é o limite para Lenine nesse show que vai ficar na estrada até 2013. Mas tal limite é alto.
ResponderExcluirFui nesse show aqui em Recife,no teatro do Parque Dona Lindu(homenagem a mãe do ex-presidente Lula) que tem uma acústica ótima e achei dezzzzz!
ResponderExcluirPô, Mauro, cinco estrelas, meu chapa!
Mauro só dá cinco estrelas para Maria Bethania.
PS: Baita disco, baita show. É bom ver artistas ousados serem recompensados.
Será que Marisa Monte foi no show?
Lembrei dela, não sei bem o porquê. :>)
Poxa, não vejo a hora desse show chegar aqui em Salvador sou fanzaça de Lenine!
ResponderExcluirA propósito esqueci de comentar uma parceria entre Lenine e Marisa Monte, seria incrível! espero que isso aconteça um dia.
ResponderExcluirLenine é muito gente boa. Tem uma característica raríssima: é de uma inteligência sem estridências.
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