quarta-feira, 25 de abril de 2012

Anna Ratto retrocede no quarto CD ao priorizar insosso repertório autoral

Resenha de CD
Título: Anna Ratto
Artista: Anna Ratto
Gravadora: Bolacha Discos
Cotação: * * 1/2

Em seu quarto CD, Anna Ratto, batizado com o nome artístico que adotou em 2009 após ser impedida pela Justiça de continuar se apresentando como Anna Luisa (nome já registrado por outra cantora), a intérprete carioca dá passo em falso em carreira fonográfica que já rendeu bons discos como Do Zero (2006) e Girando (2008). A cantora e compositora tropeça ao priorizar em Anna Ratto seu cancioneiro autoral. Seis das nove faixas do breve álbum são assinadas solitariamente por Ratto. Tal ênfase tem o mérito de distanciar Ratto da sombra de Roberta Sá - cantora na qual parecia vir na cola pelo tom pop regionalista de seus discos e pela leveza similar do canto - mas, ao mesmo tempo, a prejudica porque evidencia produção autoral irregular, sem identidade e com limitado poder de sedução. A direção musical de Rodrigo Vidal - produtor do CD editado pelo selo Bolacha Discos - envolve o cancioneiro de Ratto em moldura pop sem apelar para clichês. Mas a elegância da produção e dos arranjos não consegue disfarçar o fato de que nenhuma música salta especialmente aos ouvidos. Se Seja Lá Como For se aproxima da praia do reggae, na qual Penumbra se banha com desenvoltura, Perto-Longe evoca o suingue de um foxtrot com certa graça enquanto Não Era Mais tangencia a arquitetura de uma valsa com toques de rock.  Destaque da safra autoral, a envolvente canção Nem Sequer Dormi vem pontuada pelo acordeom de Marcelo Caldi. Em terreno alheio, Ratto cai bem no suingue do emergente Dani Black - autor de Pensando Bem, outro destaque do disco -  e investe em duas músicas de Tom Zé, ambas lançadas pelo compositor no álbum Se o Caso É Chorar (1972). A abordagem da faixa-título, Se o Caso É Chorar,  resulta mais inspirada pela junção no arranjo de elementos de tango e samba-canção. Já a releitura pop roqueira de Frevo (Pecadinho) não resiste à comparação com a gravação apresentada em disco de 2007 por Marcia Castro, cantora de mais pegada. Enfim, Anna Ratto pode decepcionar os admiradores de Girando pelo fato de a cantora ter se valorizado além da conta como compositora - erro comum, aliás, entre intérpretes de sua geração indie.

15 comentários:

  1. Em seu quarto CD, Anna Ratto, batizado com o nome artístico que adotou em 2009 após ser impedida pela Justiça de continuar se apresentando como Anna Luisa (nome já registrado por outra cantora), a intérprete carioca dá passo em falso em carreira fonográfica que já rendeu bons discos como Do Zero (2006) e Girando (2008). A cantora e compositora tropeça ao priorizar em Anna Ratto seu cancioneiro autoral. Seis das nove faixas do breve álbum são assinadas solitariamente por Ratto. Tal ênfase tem o mérito de distanciar Ratto da sombra de Roberta Sá - cantora na qual parecia vir na cola pelo tom pop regionalista de seus discos e pela leveza similar do canto - mas, ao mesmo tempo, a prejudica porque evidencia produção autoral irregular, sem identidade e com limitado poder de sedução. A direção musical de Rodrigo Vidal - produtor do CD editado pelo selo Bolacha Discos - envolve o cancioneiro de Ratto em moldura pop sem apelar para clichês. Mas a elegância da produção e dos arranjos não consegue disfarçar o fato de que nenhuma música salta especialmente aos ouvidos. Se Seja Lá Como For se aproxima da praia do reggae, na qual Penumbra se banha com desenvoltura, Perto-Longe evoca o suingue de um foxtrot com certa graça enquanto Não Era Mais tangencia a arquitetura de uma valsa com toques de rock. Destaque da safra autoral, a envolvente canção Nem Sequer Dormi vem pontuada pelo acordeom de Marcelo Caldi. Em terreno alheio, Ratto cai bem no suingue do emergente Dani Black - autor de Pensando Bem, outro destaque do disco - e investe em duas músicas de Tom Zé, ambas lançadas pelo compositor no álbum Se o Caso É Chorar (1972). A abordagem da faixa-título, Se o Caso É Chorar, resulta mais inspirada pela junção no arranjo de elementos de tango e samba-canção. Já a releitura pop roqueira de Frevo (Pecadinho) não resiste à comparação com a gravação apresentada em disco de 2007 por Marcia Castro, cantora de mais pegada. Enfim, Anna Ratto pode decepcionar os admiradores de Girando pelo fato de a cantora ter se valorizado além da conta como compositora - erro comum, aliás, entre intérpretes de sua geração indie.

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  2. Pro Mauro, o mundo gira em torno do umbigo de sua queridinha Roberta Sá.

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  3. Os discos anteriores até podem fazer lembranças à Roberta Sá. Talvez pelo simples fato de contar com a participação do Pedro Luis. São gêneros bem parecidos mas com suas diferenças. A Anna vem evoluindo a cada disco. Isso é notório! E esta cada vez melhor. E esse seu novo trabalho, mais pessoal e intimista, por ter a maior parte das canções sendo composições próprias, mostra que Anna Ratto é sim uma promissora aposta da nova safra de artistas da MPB. Não acredito na decepção dos fãs de "Girando", pois o cd, assim como este, tinha suas variações sonoras. Anna fez bem no cd que leva seu nome como título, Anna Ratto, elaborando um disco bem ecléticos e com excelentes faixas.

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  4. Mauro poderia avaliar esse novo trabalho da Anna Ratto mesmo com apenas 1 estrela, ainda sim eu escutaria por conta própria e com boas expectativas. Estou quase certo que vou gostar desse CD.

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  5. Estive ontem no show de estréia da cantora e não posso fazer fazer outra coisa senão discordar fortemente de sua resenha. Voz impecável, forte presença de palco, entrega e composições doces e elaboradas. Foi isso que pude presenciar, além da execução impecável da banda. Novos arranjos e uma musicalidade mais pop, isso sim marcou a diferença entre este trabalho e o anterior, também muito bom. Acho imprudente comparar trabalhos com propostas tão diferentes na hora de fazer algum julgamento. A evolução da cantora/compositora é notória e muito bem vinda no atual momento da música brasileira, onde a mediocridade impera quase absoluta.
    Recomendo o show e o cd com sobras.

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  6. Estive ontem no show de estréia da cantora e não posso fazer fazer outra coisa senão discordar fortemente de sua resenha. Voz impecável, forte presença de palco, entrega e composições doces e elaboradas. Foi isso que pude presenciar, além da execução impecável da banda. Novos arranjos e uma musicalidade mais pop, isso sim marcou a diferença entre este trabalho e o anterior, também muito bom. Acho imprudente comparar trabalhos com propostas tão diferentes na hora de fazer algum julgamento. A evolução da cantora/compositora é notória e muito bem vinda no atual momento da música brasileira, onde a mediocridade impera quase absoluta.

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  7. Das faixas que ouvi, nenhuma me chamou atenção; apenas NÃO ERA MAIS que me agradou. Tenho os dois cds da Anna e o Girando é realmente uma delicia do inicio ao fim.

    Entendo que ela quis evoluir e se diferenciar, mas acabou ficando um pouco sem sal. Triste, pra quem já gravou músicas como SERENA, que é emocionante!

    de toda forma, vale pela voz e pela poesia da Anna =]

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  8. Insosso repertório autorial!!! Gostei disso, e até me lembrei daquela outra lá, bajulada demais por sinal, a MM!!!

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  9. E você baba em Ainda Bem de Marisa Monte???? Não dá pra te entender, Mauro... Já ouvi o cd inteiro e acho tudo (letra, música, arranjos) diferente do que o que está sendo REPETIDO por aí... Acho, inclusive, o mais original dos três (dela própria)! Tudo é cativante! Adoro as composições, o jeito, o som. É vício... Continua sendo das minhas favoritas. E cada vez mais. Acho sua resenha inadequada e careta... Mas respeito suas 'restrições'. Acho isso: que você está restrito.

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  10. Roberto Sá é que anda na cola de outra já citada aí. Basta ouvir pra crer.

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  11. O disco é realmente menos interessante que os anteriores.

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  12. NOssa eu não conhecia, gostei fui ouvir melhor, porque ouvi no rádio e não sabia que era, gostei principalmente de "Seja lá como for"...e ela me lembrou Mariana Aydar.

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  13. Graças a Deus, o Mauro está errado. Como eu já esperava, adorei o álbum da Anna Ratto. Não tem nada de insosso, nem nas letras nem nos arranjos. Só há um problema com esse disco: é pequeno (apenas 9 faixas). De resto, EXCELENTE. É exatamente por priorizar um (ótimo) repertório autoral, que Anna ganha meu crédito, diferente de outras cantoras...

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  14. Eu adorei esse novo CD da Anna Ratto e discordo completamente da sua opinião, Mauro. Além disso, torço bastante para que o próximo trabalho dela seja totalmente autoral.
    Ah... e não poderia deixar de comentar também que fiquei muito feliz ao ler esses comentários inteligentes e consistentes que o pessoal escreveu. Parabéns pelo bom senso, galera!!!

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