sábado, 21 de abril de 2012

Baleiro reitera diversidade n'O Disco do Ano' sem 'imbolar' 15 produtores

Resenha de CD
Título: O Disco do Ano
Artista: Zeca Baleiro
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 

De título provocativo pela ironia dirigida a críticos musicais e a formadores de opinião, habituados a sentenciar supremacias e a incensar eleitos para figurar por 15 minutos  no volátil universo hype, O Disco do Ano reitera a diversidade que pauta a obra autoral de Zeca Baleiro. Nono álbum de inéditas do cantor e compositor maranhense, O Disco do Ano consegue conciliar visões de 15 produtores - ou 16, se posta na conta a única faixa produzida pelo próprio Baleiro- sem imbolar o meio de campo musical. Há unidade e coerência com o universo particular do artista. A questão - que certamente vai dificultar a entrada do CD nas arbitrárias listas de melhores discos deste ano de 2012 - é que a safra autoral de Baleiro resulta por vezes aquém das visões dos produtores. É o caso de Tattoo (Zeca Baleiro), faixa em que o arranjo de Paulo LePetit soa mais interessante do que a música em si.  O próprio arranjo de cellos orquestrado por Baleiro na faixa que ele se permitiu produzir, Felicidade Pode Ser Qualquer Coisa (Zeca Baleiro), soa mais sedutor do que o tema. Ainda assim, O Disco do Ano desce redondo no todo. Parceria de Hyldon com Baleiro, o reggae Calma Aí, Coração veleja em águas ensolaradas que jamais se turvam com a desilusão impressa  nos versos. À vontade na praia do reggae, ritmo recorrente em O Último Post (Zeca Baleiro sobre poema de Lúcia Santos), sedutora faixa de tonalidade romântica cantada com Margareth Menezes, Baleiro se joga também com desenvoltura na praia havaiana em que ambienta O Amor Viajou (Zeca Baleiro e Kana), outro destaque da safra autoral d'O Disco do Ano. Mas o ponto mais alto do álbum é O Desejo, rap de divisões inusitadas para o gênero, encarado por Baleiro na companhia de Chorão, o controvertido mentor e vocalista da banda Charlie Brown Jr. O Desejo faz o disco alcançar pico de densidade infelizmente não atingido por Nada Além (Zeca Baleiro e Frejat), canção cuja beleza é mais aparete no registro mais interiorizado feito por Frejat para seu álbum Intimidade Entre Estranhos (2008). Se Zás (Zeca Baleiro e Wado) expõe a química entre Baleiro e seu parceiro catarinense-alagoano Wado através da fina sintonia entre música e letra, o rock Meu Amigo Enock (Zeca Baleiro) se diferencia e se destaca no disco pela reprodução fiel de timbres e vibes dos anos 80, mérito de Fernando Nunes, produtor e arranjador da faixa gravada por Baleiro com a cantora Andreia Dias. Já Ela Não se Parece com Ninguém (Zeca Baleiro) e Nu (Zeca Baleiro) reiteram a sensação de que as produções das faixas resultaram por vezes mais inspiradas do que as canções - no caso, produções confiadas respectivamente a Luiz Brasil e à dupla formada por Sacha Amback e Rodrigo Campello. No fim, Mamãe no Face (Zeca Baleiro) - alvo de clipe hilário, em exibição nos shows da turnê Calma Aí, Coração - arremata O Disco do Ano com a ironia sarcástica típica de Baleiro. Fecho interessante para um álbum que tem seus bons momentos, mas que perde na comparação para outros títulos da diversa (e sempre coerente) discografia do artista. 

4 comentários:

  1. De título provocativo pela ironia dirigida a críticos musicais e a formadores de opinião, habituados a sentenciar supremacias e a incensar eleitos para figurar por 15 minutos no volátil universo hype, O Disco do Ano reitera a diversidade que pauta a obra autoral de Zeca Baleiro. Nono álbum de inéditas do cantor e compositor maranhense, O Disco do Ano consegue conciliar visões de 15 produtores - ou 16, se posta na conta a única faixa produzida pelo próprio Baleiro- sem imbolar o meio de campo musical. Há unidade e coerência com o universo particular do artista. A questão - que certamente vai dificultar a entrada do CD nas arbitrárias listas de melhores discos deste ano de 2012 - é que a safra autoral de Baleiro resulta por vezes aquém das visões dos produtores. É o caso de Tattoo (Zeca Baleiro), faixa em que o arranjo de Paulo LePetit soa mais interessante do que a música em si. O próprio arranjo de cellos orquestrado por Baleiro na faixa que ele se permitiu produzir, Felicidade Pode Ser Qualquer Coisa (Zeca Baleiro), soa mais sedutor do que o tema. Ainda assim, O Disco do Ano desce redondo no todo. Parceria de Hyldon com Baleiro, o reggae Calma Aí, Coração veleja em águas ensolaradas que jamais se turvam com a desilusão impressa nos versos. À vontade na praia do reggae, ritmo recorrente em O Último Post (Zeca Baleiro sobre poema de Lúcia Santos), sedutora faixa de tonalidade romântica cantada com Margareth Menezes, Baleiro se joga também com desenvoltura na praia havaiana em que ambienta O Amor Viajou (Zeca Baleiro e Kana), outro destaque da safra autoral d'O Disco do Ano. Mas o ponto mais alto do álbum é O Desejo, rap de divisões inusitadas para o gênero, encarado por Baleiro na companhia de Chorão, o controvertido mentor e vocalista da banda Charlie Brown Jr. O Desejo faz o disco alcançar pico de densidade infelizmente não atingido por Nada Além (Zeca Baleiro e Frejat), canção cuja beleza é mais aparete no registro mais interiorizado feito por Frejat para seu álbum Intimidade Entre Estranhos (2008). Se Zás (Zeca Baleiro e Wado) expõe a química entre Baleiro e seu parceiro catarinense-alagoano Wado através da fina sintonia entre música e letra, o rock Meu Amigo Enock (Zeca Baleiro) se diferencia e se destaca no disco pela reprodução fiel de timbres e vibes dos anos 80, mérito de Fernando Nunes, produtor e arranjador da faixa gravada por Baleiro com a cantora Andreia Dias. Já Ela Não se Parece com Ninguém (Zeca Baleiro) e Nu (Zeca Baleiro) reiteram a sensação de que as produções das faixas resultaram por vezes mais inspiradas do que as canções - no caso, produções confiadas respectivamente a Luiz Brasil e à dupla formada por Sacha Amback e Rodrigo Campello. No fim, Mamãe no Face (Zeca Baleiro) - alvo de clipe hilário, em exibição nos shows da turnê Calma Aí, Coração - arremata O Disco do Ano com a ironia sarcástica típica de Baleiro. Fecho interessante para um álbum que tem seus bons momentos, mas que perde na comparação para outros títulos da diversa (e sempre coerente) discografia do artista.

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  2. Mamãe, eu fiz o disco do ano
    E até mesmo o Caetano parece que aprovou
    Mamãe, eu sigo na minha rota
    Veja só o Nelson Mota disse que o disco é show

    Mamãe, até o Mauro Ferreira
    não escreveu nenhuma besteira

    Só falta ser capa da Rolling Stone
    O hype dos ringstone
    O mega hit no youtube
    E as cantoras que há de sobra
    Festejarão minha obra
    Não saiu mais desse clube

    Mamãe, eu fiz o disco do ano
    Parece até que o Hermano falou bem na Piauí

    Mamãe, o fato é que eu tô na moda
    Mamãe, fiz um disco foda
    Faz um download
    Ouve aí.

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  3. Realmente não é o disco do ano de Zeca Baleiro, mas não é ruim também. Mas logicamente que ele já fez discos melhores.

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  4. Eu achei que realmente o disco faz juz ao nome. Na minha primeira audição, fiquei todo arrepiado. Senti um clímax total. Parabéns ao Zeca pela criatividade. Coisa esta que vem faltando na música brasileira.

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