Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Bethânia se movimenta em 'Oásis' sem sair de seu lugar já (con)sagrado

Resenha de CD
Título: Oásis de Bethânia
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

Oásis de Bethânia é mais um refinado disco de Maria Bethânia em sua profícua fase na gravadora Biscoito Fino. Concebido pela intérprete com o baixista Jorge Helder, o 50º título da discografia de Bethânia é outro mergulho no universo particular da artista. O fato de a maior parte de suas dez faixas ter tido sua criação confiada a um músico específico já distingue Oásis na obra fonográfica de Bethânia sem que o disco deixe de ser essencialmente igual a outros tantos (belos) trabalhos da artista. Talvez porque - enquanto o maestro Jaime Alem sai da linha de frente da produção, tendo somente adornado Fado (Roque Ferreira) com violões e violas caipiras que traduzem o mesmo sentimento melancólico contido na tradicional guitarra portuguesa  - permanecem em cena compositores (Jota Velloso, Paulo César Pinheiro, Roque Ferreira) recorrentes no cancioneiro mais recente de Bethânia. A busca por sonoridade mais minimalista - nua, como caracterizou a cantora nas entrevistas concedidas semana passada para promover o disco, nas lojas desde 30 de março de 2012 - resulta, por exemplo, em faixa, Calmaria (Jota Velloso), gravada apenas com os berimbaus de Marcelo Costa e Marco Lobo. A questão crucial de Oásis é que Bethânia já reuniu repertórios mais inspirados em discos anteriores. Ambientada em esfumaçado clima de fim de noite e impregnada de uma nostalgia perceptível inclusive no toque do sax de Marcelo Martins, Casablanca (Roque Ferreira) - canção da lavra mais urbana do profícuo Roque Ferreira - soa bonita, mas sem igualar a beleza de outros temas do compositor baiano. Barulho - outro tema de Roque, cantado por Bethânia ao som do piano de Vítor Gonçalves - ganha registro aquém do feito por Marcia Castro em seu primeiro CD (Pecadinho, 2007). Barulho é, a propósito, o exemplo de que Oásis talvez tivesse alcançado plenamente o céu se, além de buscar sonoridades novas, Bethânia tivesse tido a ousadia de procurar gravar outros compositores - novos ou antigos - até então inéditos em sua voz. Mesmo gravitando em torno do (refinado) universo particular de sua intérprete, o disco surpreende em alguns grandes momentos. Até então jamais associado ao canto de Bethânia, o nostálgico samba Velho Francisco - lançado por seu compositor Chico Buarque em 1987 - ganha interessante citação de Lenda Viva (tema do folclore brasileiro) e o violão percussivo de Lenine, criador da faixa. A gravação de Bethânia tem força e suingue inexistentes no registro do autor. Outro violão - o de Djavan, cujo toque é pessoal e intransferível - valoriza outra grande faixa, Vive, inédita do compositor alagoano, feita especialmente para Maria Bethânia. Próxima de um bolero, a balada é uma das mais bonitas da lavra de Djavan e pode fazer sucesso se for propagada em alguma trilha sonora de novela. Sublime, Lágrima (Cândido das Neves) também se impõe de imediato no disco. Este sucesso do cantor Orlando Silva (1915 - 1978) em 1935 - grafado na época como Lágrimas - ressurge desnudado, sem seu tom melodramático, em gravação minimalista e seresteira que une à voz de Bethânia somente ao bandolim genial de Hamilton de Holanda. Outra Lágrima de tempos idos - a de Sebastião Nunes, Garcia Jr. e Jackson do Pandeiro - é revivida em Oásis como introdução para Calúnia (Marino Pinto e Paulo Soledade - e não Soledane, como está grafado na ficha técnica do encarte), faixa envolta pelas sete cordas do violão de Maurício Carrilho. Bethânia recorre mais uma vez ao repertório de Dalva de Oliveira (1917 - 1972) - cantora que lançou Calúnia em 1951 - e, desta vez, com a intenção de responder aos que a atacaram durante a polêmica sobre o abortado blog O Mundo Precisa de Poesia,  projeto virtual de Andrucha Waddington e Hermano Vianna que tinha a adesão da intérprete (em março de 2011, a divulgação de que o projeto obteve autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão gerou ondas de ataques a Bethânia na internet). "Deixe a calúnia de lado / Se de fato és poeta", alfineta através de verso do samba-canção de 1951. E não é só: a resposta mais contundente de Bethânia vem na sequência de Calúnia. "Não mexe comigo / Que eu não ando só", adverte em falsete, no início e no fim de Carta de Amor, samba de Paulo César Pinheiro que serve de cavalo para Bethânia fazer baixar santos e orixás em raivoso texto de sua autoria no qual relaciona a companhia invisível de entidades religiosas. "Eu quero ser redemoinho / Eu quero ser travessia / Eu quero abrir o meu caminho / Ser minha própria estrela-guia", avisa em versos de Salmo (Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro), tema rebuscado que o piano de André Mehmari quase transforma numa peça de câmara. E assim, em clima erudito, Maria Bethânia encerra seu Oásis no céu. Com cinco primorosas faixas (Lágrima, O Velho Francisco, Vive, Carta de Amor e Salmo) e outras cinco situadas num nível menor de grandeza, Oásis de Bethânia faz Maria se movimentar sem contudo sair efetivamente de seu lugar (con)sagrado.

39 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Oásis de Bethânia é mais um excelente disco de Maria Bethânia em sua profícua fase na gravadora Biscoito Fino. Concebido pela intérprete com o baixista Jorge Helder, o 50º título da discografia de Bethânia é outro mergulho no universo particular da artista. O fato de a maior parte de suas dez faixas ter tido sua criação confiada a um músico específico já distingue Oásis na obra fonográfica de Bethânia sem que o disco deixe de ser essencialmente igual a outros tantos (belos) trabalhos da artista. Talvez porque - enquanto o maestro Jaime Alem sai da linha de frente da produção, tendo somente adornado Fado (Roque Ferreira) com violões e violas caipiras que traduzem o mesmo sentimento melancólico contido na tradicional guitarra portuguesa - permanecem em cena compositores (Jota Velloso, Paulo César Pinheiro, Roque Ferreira) recorrentes no cancioneiro mais recente de Bethânia. A busca por sonoridade mais minimalista - nua, como caracterizou a cantora nas entrevistas concedidas semana passada para promover o disco, nas lojas desde 30 de março de 2012 - resulta, por exemplo, em faixa, Calmaria (Jota Velloso), gravada apenas com os berimbaus de Marcelo Costa e Marco Lobo. A questão crucial de Oásis é que Bethânia já reuniu repertórios mais inspirados em discos anteriores. Ambientada em esfumaçado clima de fim de noite e impregnada de uma nostalgia perceptível inclusive no toque do sax de Marcelo Martins, Casablanca (Roque Ferreira) - canção da lavra mais urbana do profícuo Roque Ferreira - soa bonita, mas sem igualar a beleza de outros temas do compositor baiano. Barulho - outro tema de Roque, cantado por Bethânia ao som do piano de Vítor Gonçalves - ganha registro aquém do feito por Marcia Castro em seu primeiro CD (Pecadinho, 2007).

Mauro Ferreira disse...

Barulho é, a propósito, o exemplo de que Oásis talvez tivesse alcançado plenamente o céu se, além de buscar sonoridades novas, Bethânia tivesse tido a ousadia de procurar gravar outros compositores - novos ou antigos - até então inéditos em sua voz. Mesmo gravitando em torno do (refinado) universo particular de sua intérprete, o disco surpreende em alguns grandes momentos. Até então jamais associado ao canto de Bethânia, o nostálgico samba Velho Francisco - lançado por seu compositor Chico Buarque em 1987 - ganha interessante citação de Lenda Viva (tema do folclore brasileiro) e o violão percussivo de Lenine, criador da faixa. A gravação de Bethânia tem força e suingue inexistentes no registro do autor. Outro violão - o de Djavan, cujo toque é pessoal e intransferível - valoriza outra grande faixa, Vive, inédita do compositor alagoano, feita especialmente para Maria Bethânia. Próxima de um bolero, a balada é uma das mais bonitas da lavra de Djavan e pode fazer sucesso se for propagada em alguma trilha sonora de novela. Sublime, Lágrima (Cândido das Neves) também se impõe de imediato no disco. Este sucesso do cantor Orlando Silva (1915 - 1978) em 1935 - grafado na época como Lágrimas - ressurge desnudado, sem seu tom melodramático, em gravação minimalista e seresteira que une à voz de Bethânia somente ao bandolim genial de Hamilton de Holanda. Outra Lágrima de tempos idos - a de Sebastião Nunes, Garcia Jr. e Jackson do Pandeiro - é revivida em Oásis como introdução para Calúnia (Marino Pinto e Paulo Soledade - e não Soledane, como está grafado na ficha técnica do encarte), faixa envolta pelas sete cordas do violão de Maurício Carrilho. Bethânia recorre mais uma vez ao repertório de Dalva de Oliveira (1917 - 1972) - cantora que lançou Calúnia em 1951 - e, desta vez, com a intenção de responder aos que a atacaram durante a polêmica sobre o abortado blog O Mundo Precisa de Poesia, projeto virtual de Andrucha Waddington e Hermano Vianna que tinha a adesão da intérprete (em março de 2011, a divulgação de que o projeto obteve autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão gerou ondas de ataques a Bethânia na internet). "Deixe a calúnia de lado / Se de fato és poeta", alfineta através de verso do samba-canção de 1951. E não é só: a resposta mais contundente de Bethânia vem na sequência de Calúnia. "Não mexe comigo / Que eu não ando só", adverte em falsete, no início e no fim de Carta de Amor, samba de Paulo César Pinheiro que serve de cavalo para Bethânia fazer baixar santos e orixás em raivoso texto de sua autoria no qual relaciona a companhia invisível de entidades religiosas. "Eu quero ser redemoinho / Eu quero ser travessia / Eu quero abrir o meu caminho / Ser minha própria estrela-guia", avisa em versos de Salmo (Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro), tema rebuscado que o piano de André Mehmari quase transforma numa peça de câmara. E assim, em clima erudito, Maria Bethânia encerra seu Oásis no céu. Com cinco primorosas faixas (Lágrima, O Velho Francisco, Vive, Carta de Amor e Salmo) e outras cinco situadas num nível menor de grandeza, Oásis de Bethânia faz Maria se movimentar sem contudo sair efetivamente de seu lugar (con)sagrado.

Rafael disse...

Ouvi o disco e o mesmo é bom, apesar de não ser inovador... Porém Bethânia continua com a mesma bela voz vigorosa e reverberante que sempre teve... Ela disse na coletiva de imprensa que não gravou a canção "Calúnia" como resposta aos que a criticaram sobre o projeto de criação do blog, porém não acredito nisso. É claro que foi sim uma resposta. Mas "Óasis de Bethânia" não deixa de ser um belo trabalho.

Maria disse...

Gostei bastante do que ouvi mais até do que os dois últimos Vive, O Velho Francisco e Lágrima são realmente lindas merecem destaque no álbum.

Maria disse...

Esqueci de citar Barulho outra lindona do disco e uma das minhas prediletas Roque é fera!

Marcelo disse...

Você foi muito benevolente com a mesmice de dona Bethânia, Mauro...

Pedro Progresso disse...

Se o disco fajuto de Maria Rita, "Elo", mereceu 4 estrelas, esse de Bethânia merecia 8.

De fato, Bethânia precisa explorar novos compositores urgentemente. Mas como está cantando bem! Concordo com toda a crítica, inclusive as favoritas de Mauro tb são as minhas.

Anônimo disse...

Bethania é clássica.
Se saísse da mencionada 'mesmice', certamente vocês reclamariam. Se fica na 'mesmice' também reclamam.

Por que não podem se contentar com o que é bom e ponto final?

maroca disse...

Augusto Flávio (Juazeiro-Ba) Disse:

Gostei do disco, sobretudo das músicas O Velho Francisco em que o violão de Lenine é o destaque, Vive, Lágrima e Salmo. É um disco bonito, melhor do que Recanto que aliás não é bom, e olha que sou fã de Caetano desde a minha adolescência e ainda tenho depois dos meus 46 anos como o melhor cantor.

Marcelo, ele (Mauro) não foi benevolente, o disco é realmente bom. Fiquei com medo desse disco mas ao ouvir, realmente é diferente dos outros mais recentes.

maroca disse...

Augusto Flávio (Juazeiro-Ba) Disse:

Gostei do disco, sobretudo das músicas O Velho Francisco em que o violão de Lenine é o destaque, Vive, Lágrima e Salmo. É um disco bonito, melhor do que Recanto que aliás não é bom, e olha que sou fã de Caetano desde a minha adolescência e ainda tenho depois dos meus 46 anos como o melhor cantor.

Marcelo, ele (Mauro) não foi benevolente, o disco é realmente bom. Fiquei com medo desse disco mas ao ouvir, realmente é diferente dos outros mais recentes.

Rafael disse...

Eu gostei muito da música "Vive", realmente é ótima.

lurian disse...

O disco é bom. Não mais que isso. Mas é um disco ressentido, outonal, pouco alegre: velhice, calúnia, defesa, abandono, solidão são as sensações que evoca.
O mérito é ter diferentes bons arranjadores para as faixas. O grande problema é a sensação de dejá vu de Maria Bethânia cantando essas canções. São inéditas em sua voz mas parece que já as ouvimos cantar antes... Esse excesso de comodismo incomoda um pouco. Está na hora de exorcizar esse ciclo e dar uma sacudida na poeira.

Jorge Reis disse...

Parafraseando Renato Russo:
SEMPRE MAIS DO MESMO, NÃO ERA ISSO QUE VC QUERIA OUVIR...

Ulisses disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
tozzi disse...

Quando a Humanidade Aprender a Ver a Beleza das Coisas, elas não ficarão mais refens da novidade.

luis disse...

Precioso cd da Bethania. É lindo!
Muito bom de ouvir desde a primeira
audição. Elegante, rico. Todo grande artista procura novos caminhos sem descaracterizar sua obra. Mantém o estilo. Lágrima,Velho Francisco,Vive,Carta de Amor,Salmo são primorosas.Obvio
que a arte retrata o momento do artista e o "triste" não deixa de ser belo. Bethania é nobre.

Rafael disse...

Concordo com a opinião do Lurian. O disco é bom e só. Achei a crítica do Mauro exagerada e tendenciosa, pois Bethânia soa tanto quanto repetitiva em seu repertório em seus últimos discos, não trazendo nada de tão inovador que seja. É um bom álbum, mas não é "o álbum", se é que me entendem.

Ulisses disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luca disse...

Todo mundo sabe que o Mauro protege Bethânia, Roberta Sá e Marisa Monte, suas três queridinhas...

Eduardo Cáffaro disse...

Comprei dia 2, já ouvi algumas vezes. Vi alguns trechos da coletiva, onde Bethânia diz que este album pode trazer a mesma estranheza de CICLO. Para mim não causou estranheza, apenas me da uma grande sensação de paz e de leve tristeza. Uma solidão de estrada de interior, dentro de um carro com ar condicionado. No meio de tantos CDs festivos, barulhentos, apoiados nesse consumo imediatista, vem Bethânia com um CD feito apenas pra vc colocar no aparelho de som e ouvir esparramado no sofá. Adorei. Para mim 5 estrelas. ( só achei curto demais, poderia ter umas 2 faixas a mais né ? ) rsrs

Eliana disse...

Maria Bethânia é grandiosa, linda, que faz o melhor. Ela não precisa sair inventando para agradar gregos e troianos. Ela se consagrou dentro daquilo que sabe fazer e faz muito bem. Dentre os cantores(as) ela é a única que pesquisa o cancioneiro e nos traz as novidades para os dias de hoje. Viva Maria Bethânia!

Maria disse...

hahaha eu sou fã dessas três queridinhas do Mauro ele tem bom gosto.

Anônimo disse...

Até eu protegeria Marisa, Roberta e Bethânia...porquê não?

Marcelo disse...

Saudade dos discos: Álibi, Mel, Dezembros, 25 Anos, Maricotinha... De lá pra cá é o mesmo padrão Biscoito Fino de sempre: músicas intimistas, interpretações parecidas, mesmo tipo de arranjo, uma pena já que tendo uma gravadora a sua disposição Bethânia poderia fazer discos mais ousados e criativos...

KL disse...

acho injusto condenar Bethânia por investir na mesmice, pois, na verdade, é uma característica da música (não0 popular brasileira contemporânea, há anos-luz dos trabalhos que celebrizaram os intérpretes e, por isso mesmo, ainda lhes garantem prestígio e fama. Os 'novos' dos outros colegas de geração também têm esse mesmo clima, pois não têm mais arranjos, e sim acompanhamentos. São trabalhos que nascem sem um conceito definido e não trazem absolutamente nada que instigue o ouvinte ou provoque a discussão entre os círculos intelectuais, simplesmente porque não há mais círculos intelectuais. Esses, até o final dos anos 1970, cobravam uma postura dos artistas, que pensavam mil vezes antes de colocar alguma coisa a público. Havia pudores, debates intensos, concorrência ou "rivalidade" estimulante entre os que eram considerados top pela Imprensa, que não hesitava em publicar uma crítica negativa a um álbum, mesmo que fosse concebido por um mestre da mpb.
O Brasil só fará boa música novamente quando surgir, de fato, um grande nome para revolucionar a cena artística. Até agora, desde 1982, ninguém disse a que veio. E, a propósito, o último disco realmente bom de MB chama-se "Alteza', de 1981.

Jorge Reis disse...

Não chega nem perto de "CICLO", que é um CD lindo, um dos melhores de MB.

Marcelo disse...

Esses novos cds de Bethânia só me fazem ouvir mais o Talismã, Ciclo e Álibi. Esses sim...obras primas!!!

Pedro Progresso disse...

KL, que discurso contraditório. Cobrar um conceito do artista e ignorar álbuns como Ciclo, Maria, Brasileirinho, 25 anos, Pirata... dizer que não são álbuns (no mínimo) instigantes é absurdo.

KL disse...

Jorge Reis,

"Ciclo" pode até ser bom, mas é chato.

Pedro Progresso,

Esses álbuns citados por você - na minha opinião - não acrescentam nada à obra de Bethânia até 1981. Não há nada de contraditório no meu discurso e, mesmo se houvesse, a contradição pode ser estimulante, inclusive ao debate. Aí está: hoje não há debate, e sim discussão infrutífera de fãs. E eu não gosto de discutir com fãs.

Abraço!

luis.bahiana@gmail.com disse...

Meu Deus, porque as pessoas hoje não podem simplesmente gostar ou não gostar das coisas, em vez de ficar fazendo digressões e ironias??

Pedro Progresso disse...

Se não tem conceito é vazio, se tem conceito é chato. Assim fica difícil demais.

Alteza é um disco repetitivo que segue a fórmula que MB fazia desde Álibi e nem por isso deixa de ser belo e ter canções importantes.

Anônimo disse...

Depois do alteza, mais nada? Hum... que triste...

KL disse...

Pedro Progresso e afins,

Vou resumir o papo com o seguinte: salvo uma meia dúzia de álbuns, a partir de 1982 a dita 'mpb' simplesmente acabou. O que veio depois, mesmo que tenha um conceito bacana etc não empolga, é isso que quero dizer. "Alteza" realmente foi calcado em "Álibi", mas foi calcado numa coisa legal, para cima. O tecnopop (new wave) conseguiu, ao longo dos anos 1980-90, destruir tudo o que havia de singular e visceral na música pop brasileira. Por isso, hoje tudo se polariza em: a) sonolência biscoito fino 'versus' b) poluição sonora axé/funkcadão/pagode/sertanejo/tecnobrega etc.

É mais ou menos isso aí.

Rhenan Soares disse...

Pode até ser mais do mesmo,
mas esse mesmo continua me emocionando. É o que me importa.
Não paro de ouvir!

Tommye disse...

Vendo e ouvindo as "novidades" com as quais somos assustados nas duas últimas décadas, é melhor ficar com a "falta de novidade" (?) de Bethânia. Ao menos, a certeza do prazer de ouvi-la não nos é violentada. Chegar a essa depuração na qualidade musical requer experiência, maturidade, sensibilidade, respeito à própria obra, ao público. Para alcançar o céu falta pouco. Que ela continue envelhecendo, porque tem provado que a velhice vem acompanhada de compensações maravilhosas.

santana disse...

Gostei muito deste cd da Bethânia.

Sim, em termos de repertório nada de surpreendente, mas vibrei com a pressão que ela botou em algumas canções, especialmente Velho Francisco (o tal velhinho da história é outro, bem diferente daquele que o grande Chico canta - só perceber as intenções do canto da Bethânia e a pulsão do arranjo), Barulho e Calúnia.

Vive tem um charme danado, e concordo que, divulgada, seria sucesso. Bethânia está sempre em trilhas da TV, mas as canções escolhidas nos últimos tempos não correspondem ao apelo desse veículo.

Sem abrir mão de seu oásis, a grande artista continua dando um refresco pra gente. Viva Bethânia!

William disse...

Mauro,

Voce comeca o texto com " Oásis de Bethânia é mais um excelente disco de Maria Bethânia em sua profícua fase na gravadora Biscoito Fino". Porém, deu apenas 3,5 estrelas. Ou seja, excelente = 3,5. E 5 estrelas, como classificaria?

Abracos!

PS: Meu teclado é alemäo, näo tem cedilha e outros pontos.

Jeferson Mello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jeferson Mello disse...
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