terça-feira, 3 de abril de 2012

Paula seduz em cena com charme, pegada pop e um sertanejo feminino

Resenha de show
Título: Paula Fernandes ao Vivo
Artista: Paula Fernandes (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 1º de abril de 2012
Cotação: * * * 1/2

Já ultrapassando o 1,6 milhão de cópias vendidas, uma marca extraordinária e até então impensável diante da atual realidade do mercado fonográfico brasileiro, o CD, DVD e blu-ray Paula Fernandes ao Vivo (2011) transformou a cantora e compositora mineira Paula Fernandes em fenômeno nacional. Originada do registro do show captado em 2010, a atual turnê da artista caminha para a reta final, pois Paula já se prepara para lançar seu quinto álbum de estúdio (produzido por Márcio Monteiro, o disco tem lançamento previsto para maio pela Universal Music e vai gerar um novo show da cantora). Nessa reta final, a turnê passou pelo Rio de Janeiro (RJ) - cidade que ainda não tinha visto um show da artista, cuja agenda vinha priorizando cidades de São Paulo e Minas Gerais, além de capitais do Nordeste - e deu algumas pistas para que se entenda a razão do estouro de Paula Fernandes. Sem negar sua origem sertaneja, exposta sobretudo no segundo e no terceiro dos quatro blocos do ágil e bem-costurado roteiro, a mineira de Sete Lagoas (MG) se apresenta em cena como uma estrela pop, com direito a três trocas de figurino. No bloco inicial, canções confessionais como Navegar em Mim e Pra que Conversar? - ambas da lavra de Paula - são emolduradas em cena com o peso de arranjos típicos de uma banda de rock. É somente a partir do segundo bloco - formado com um medley de modões e outro de forró - que a face interiorana do som da cantora se revela com mais nitidez. Na introdução do segundo bloco, a voz de Paula, em off, expõe reminiscências musicais de sua infância para justificar a inclusão no medley de temas como Amargurado (Tião Carreiro e Tino Franco), sucesso da dupla Tião Carreiro e Pardinho. Na sequência, o medley forrozeiro - que destaca Debaixo do Cacho, composição da própria Paula - reitera a vivacidade da artista em cena. Além de cantar com sua bela voz de contralto, num tom grave de natureza incomum, Paula se movimenta pelo palco com charme, graça e sensualidade, interagindo bem com seu público. Tal interação, a propósito, às vezes resulta excessiva nos momentos em que motiva a plateia a cantar as músicas - algo às vezes até desnecessário, já que hits como Não Precisa (Victor Chaves), Pássaro de Fogo (Paula Fernandes) e Pra Você (Zezé Di Camargo e Paula Fernandes) ganham o coro espontâneo dos fãs já nos primeiros versos. O uso recorrente de frases feitas para afagar o ego do público - caso de "Estou aqui especialmente por vocês" - também resulta dispensável porque desde o início do show o público já se mostra seduzido pela artista. De todo modo, Paula reitera em cena o caráter oscilante de sua produção como compositora. Suas canções confessionais têm o mérito de trazer um olhar feminino para o universo sertanejo, historicamente dominado por homens, em reinado desafiado poucas vezes por mulheres como Roberta Miranda, espécie de antecessora de Paula. Contudo, não raro tais canções soam banais, embora a beleza melódica e poética de Seio de Minas (Paula Fernandes) e, sobretudo, Jeito de Mato (Paula Fernandes e Maurício Santini) mereça menção especial. Coincidentemente, são duas músicas na qual a artista expressa o sentimento ruralista fincado na raiz de seu cancioneiro. Só que Paula já é um fenômeno nacional que começa a ir além das fronteiras brasileiras. Por isso, seu jeito de mato é suplantado em cena por uma pegada pop de sotaque universal, apesar da árvore cenográfica que permanece no palco durante os quatro blocos. Essa pegada pop torna natural a inclusão de sucesso da cantora norte-americana de country Shania Twain - Man! I Feel Like a Woman (Shania Twain e Robert John Lange) - em roteiro ao qual foi adicionado recentemente o dueto virtual de Paula com Taylor Swifit (atual estrela do pop country dos EUA) em Long Live, tema de Swift que ganhou versos em português da artista mineira para a gravação que já se tornou hit em escala nacional. No todo, o show da turnê Paula Fernandes ao Vivo transcorre azeitado, vivaz, em alto astral e com direito a belo efeito cênico quando a artista entoa Quero Sim (Paula Fernandes) sentada num balanço típico de parque interiorano. Com sua voz grave, seu violão (com o qual se acompanha em boa parte das músicas) e seu jeito pop de mato, Paula Fernandes trouxe graça e feminilidade para o masculinizado universo sertanejo.

9 comentários:

  1. Já roçando os dois milhões de cópias vendidas, marca extraordinária e até então impensável diante da atual realidade do mercado fonográfico brasileiro, o CD, DVD e blu-ray Paula Fernandes ao Vivo (2011) transformou a cantora e compositora mineira Paula Fernandes em fenômeno nacional. Originada do registro do show captado em 2010, a atual turnê da artista caminha para a reta final, pois Paula já se prepara para lançar seu quinto álbum de estúdio (produzido por Márcio Monteiro, o disco tem lançamento previsto para maio pela Universal Music e vai gerar um novo show da cantora). Nessa reta final, a turnê passou pelo Rio de Janeiro (RJ) - cidade que ainda não tinha visto um show da artista, cuja agenda vinha priorizando cidades de São Paulo e Minas Gerais, além de capitais do Nordeste - e deu algumas pistas para que se entenda a razão do estouro de Paula Fernandes. Sem negar sua origem sertaneja, exposta sobretudo no segundo e no terceiro dos quatro blocos do ágil e bem-costurado roteiro, a mineira de Sete Lagoas (MG) se apresenta em cena como uma estrela pop, com direito a três trocas de figurino. No bloco inicial, canções confessionais como Navegar em Mim e Pra que Conversar? - ambas da lavra de Paula - são emolduradas em cena com o peso de arranjos típicos de uma banda de rock. É somente a partir do segundo bloco - formado com um medley de modões e outro de forró - que a face interiorana do som da cantora se revela com mais nitidez. Na introdução do segundo bloco, a voz de Paula, em off, expõe reminiscências musicais de sua infância para justificar a inclusão no medley de temas como Amargurado (Tião Carreiro e Tino Franco), sucesso da dupla Tião Carreiro e Pardinho. Na sequência, o medley forrozeiro - que destaca Debaixo do Cacho, composição da própria Paula - reitera a vivacidade da artista em cena. Além de cantar com sua bela voz de contralto, num tom grave de natureza incomum, Paula se movimenta pelo palco com charme, graça e sensualidade, interagindo bem com seu público. Tal interação, a propósito, às vezes resulta excessiva nos momentos em que motiva a plateia a cantar as músicas - algo às vezes até desnecessário, já que hits como Não Precisa (Victor Chaves), Pássaro de Fogo (Paula Fernandes) e Pra Você (Zezé Di Camargo e Paula Fernandes) ganham o coro espontâneo dos fãs já nos primeiros versos.

    ResponderExcluir
  2. O uso recorrente de frases feitas para afagar o ego do público - caso de "Estou aqui especialmente por vocês" - também resulta dispensável porque desde o início do show o público já se mostra seduzido pela artista. De todo modo, Paula reitera em cena o caráter oscilante de sua produção como compositora. Suas canções confessionais têm o mérito de trazer um olhar feminino para o universo sertanejo, historicamente dominado por homens, em reinado desafiado poucas vezes por mulheres como Roberta Miranda, espécie de antecessora de Paula. Contudo, não raro tias canções soam banais, embora a beleza melódica e poética de Seio de Minas (Paula Fernandes) e, sobretudo, Jeito de Mato (Paula Fernandes e Maurício Santini) mereça menção especial. Coincidentemente, são duas músicas na qual a artista expressa o sentimento ruralista fincado na raiz de seu cancioneiro. Só que Paula já é um fenômeno nacional que começa a ir além das fronteiras brasileiras. Por isso, seu jeito de mato é suplantado em cena por uma pegada pop de sotaque universal, apesar da árvore cenográfica que permanece no palco durante os quatro blocos. Essa pegada pop torna natural a inclusão de sucesso da cantora norte-americana de country Shania Twain - Man! I Feel Like a Woman (Shania Twain e Robert John Lange) - em roteiro ao qual foi adicionado recentemente o dueto virtual de Paula com Taylor Swifit (atual estrela do pop country dos EUA) em Long Live, tema de Swift que ganhou versos em português da artista mineira para a gravação que já se tornou hit em escala nacional. No todo, o show da turnê Paula Fernandes ao Vivo transcorre azeitado, vivaz, em alto astral e com direito a belo efeito cênico quando a artista entoa Quero Sim (Paula Fernandes) sentada num balanço típico de parque interiorano. Com sua voz grave, seu violão (com o qual se acompanha em boa parte das músicas) e seu jeito pop de mato, Paula Fernandes trouxe graça e feminilidade para o masculinizado universo sertanejo.

    ResponderExcluir
  3. O Douglas tem razão - comentário no post abaixo - a moça sofre de bruxismo - ranger os dentes - e canta com a boca travada.
    Talvez um beijo bem dado seja a solução. :-)

    ResponderExcluir
  4. Ela tem uma voz bonita, canta bem, compõe e toca um instrumento. É muito melhor que qualquer sertanejo universotário.

    Porém, se veste muito mal.

    Não gosto, mas é um pop de qualidade.

    ResponderExcluir
  5. O povo ainda não notou, e pelo jeito você também não. A música Sensações ela relembra uma noite de sexo e canta as sensações de um orgasmo com direito à orgasmo no final. Será que é só eu que notei isso?

    ResponderExcluir
  6. Eu não percebi nada porque não consigo ouvi-la por mais de um minuto, e as músicas parecem sempre as mesmas, cantadas da mesma forma, sei porque meus vizinhos gostam.

    ResponderExcluir
  7. A voz dela me lembra o Pato Donalds não sei porque!

    ResponderExcluir
  8. Gostaria de solicitar os contatos do senhor, para enviar um convite!
    paulosewak@uol.com.br

    Att,
    Paulo Boaventura

    ResponderExcluir
  9. Mauro já saiu o disco de versões das canções dos Los Hermanos.

    ResponderExcluir

Este é um espaço democrático para a emissão de opiniões, sobretudo as divergentes. Contudo, qualquer comentário feito com agressividade ou ofensas - dirigidas a mim, aos artistas ou aos leitores do blog - será recusado. Grato pela participação, Mauro Ferreira

P.S.: Para comentar, é preciso ter um gmail ou qualquer outra conta do google.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.