Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Solo e 'blue', Jack White costura referências musicais em 'Blunderbuss'

Resenha de CD
Título: Blunderbuss
Artista: Jack White
Gravadora: Third Man Records / Sony Music
Cotação: * * * * 1/2

É o velho e bom Jack White que emerge - renovado - entre as 13 músicas de seu primeiro álbum solo, Blunderbuss, lançado no Reino Unido nesta segunda-feira, 23 de abril de 2012. O cantor, compositor, produtor e guitarrista norte-americano costura suas (boas) referências musicais e junta seus cacos emocionais - resultantes do esfacelamento em 2011 de seu casamento com a modelo Karen Elson - em disco que, de certa forma, evoca o som feito por White no desativado duo The White Stripes e nos grupos Raconteurs e The Dead Wheather. Blunderbuss dá mais visibilidade aos teclados - evidentes já no tema que abre o CD, Missing Pieces - sem tirar de todo o peso das guitarras. A propósito, Sixteen Saltines e Freedom at 21 são duas faixas de Blunderbuss que poderiam figurar em qualquer álbum do White Stripes com suas distorções e riffs de guitarra. Contudo, Jack está solo e blue (palavra da língua inglesa que significa tanto azul quanto triste) - e isso faz toda a diferença no disco. O artista já parece marcar posição em Blunderbuss com os tons de azul e com o semblante introspectivo da capa de seu álbum solo. Sem o vermelho inflamado das capas dos CDs do White Stripes, Blunderbuss se situa longe do calor das paixões sem deixar de arder de amor. É em fogo geralmente brando que Jack cozinha seus elementos musicais - o rock, o blues, o country e o fogo - enquanto expia em letras mais consistentes a dor pelo fim de seu casamento. Há doses maiores de piano em temas como Weep Themselves to Sleep (faixa vibrante, com pegada, uma das melhores do disco) e a suplicante Take me With You When You Go (faixa que concilia os tons calmos e nervosos que se alternam o som de Jack White em Blunderbuss). Para os padrões sujos do artista, o álbum também pode surpreender pelo alto teor melódico de músicas como Blunderbuss, a sofrida Love Interruption - faixa na qual Jack dueta com a cantora norte-americana Ruby Amanfu - e Hypocritical Kiss. Já em I'm Shakin' Jack cai no suingue black. No fim das contas, Blunderbuss expõe a pluralidade e a versatilidade do bom e velho Jack White. Um pouco mais blue, às vezes quase dark, mas ainda ardente, apaixonante.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

É o velho e bom Jack White que emerge - renovado - entre as 13 músicas de seu primeiro álbum solo, Blunderbuss, lançado no Reino Unido nesta segunda-feira, 23 de abril de 2012. O cantor, compositor, produtor e guitarrista norte-americano costura suas (boas) referências musicais e junta seus cacos emocionais - resultantes do esfacelamento em 2011 de seu casamento com a modelo Karen Elson - em disco que, de certa forma, evoca o som feito por White no desativado duo The White Stripes e nos grupos Raconteurs e The Dead Wheather. Blunderbuss dá mais visibilidade aos teclados - evidentes já no tema que abre o CD, Missing Pieces - sem tirar de todo o peso das guitarras. A propósito, Sixteen Saltines e Freedom at 21 são duas faixas de Blunderbuss que poderiam figurar em qualquer álbum do White Stripes com suas distorções e riffs de guitarra. Contudo, Jack está solo e blue (palavra da língua inglesa que significa tanto azul quanto triste) - e isso faz toda a diferença no disco. O artista já parece marcar posição em Blunderbuss com os tons de azul e com o semblante introspectivo da capa do álbum. Sem o vermelho inflamado das capas dos CDs do White Stripes, Blunderbuss se situa longe do calor das paixões sem deixar de arder de amor. É em fogo geralmente brando que Jack cozinha seus elementos musicais - o rock, o blues, o country e o fogo - enquanto expia em letras mais consistentes a dor pelo fim de seu casamento. Há doses maiores de piano em temas como Weep Themselves to Sleep (faixa vibrante, com pegada, uma das melhores do disco) e a suplicante Take me With You When You Go (faixa que concilia os tons calmos e nervosos que se alternam o som de Jack White em Blunderbuss). Para os padrões sujos do artista, o álbum também pode surpreender pelo alto teor melódico de músicas como Blunderbuss, a sofrida Love Interruption - faixa na qual Jack dueta com a cantora norte-americana Ruby Amanfu - e Hypocritical Kiss. Já em I'm Shakin' Jack cai no suingue black. No fim das contas, Blunderbuss expõe a pluralidade e a versatilidade do bom e velho Jack White. Um pouco mais blue, às vezes quase dark, mas ainda ardente, apaixonante.