Carlos Roberto de Oliveira (1946 - 2012) - o sambista popularmente conhecido como Dicró - está para o samba como Genival Lacerda está para o universo do forró. O artista - que saiu de cena aos 66 anos no fim da noite de ontem, vítima de enfarte - deu voz a um samba de humor escrachado, que não raro recorria às rimas de duplo sentido para fazer graça para seu público. Dentro desse universo, as sogras eram um de seus alvos preferidos. Gravou discos de 1977 (ano em que defendeu duas faixas no LP coletivo A Hora e a Vez do Samba, dividido com nomes como Dedé da Portela) até 2002 (ano de seu último CD, Dicró no Piscinão, alusão a um piscina pública de água salgada instalada em 2001 no bairro carioca de Ramos). Mas viveu seu auge comercial e artístico entre o fim dos anos 70 e o início dos 80 - época em que lançou pela extinta gravadora Continental álbuns como Barra Pesada (1978, seu primeiro disco solo), Dicró (1979, um de seus LPs de maior êxito por conta do sucesso da faixa Olha a Rima), Dicró (1980) e O Professor (1981), emplacando nas rádios sambas como Praia de Ramos (Ivany Miranda, Oswaldo Melo e Afranio Melo, 1980). Após esse início áureo, o artista nunca mais repetiu tamanho sucesso. Dicró ficou conhecido nacionalmente, inclusive por conta de suas aparições como apresentador de quadro do programa Fantástico da TV Globo, mas seu público se concentrava sobretudo no subúrbio do Rio de Janeiro (RJ) e na Baixada Fluminense (RJ), onde o artista nasceu (no distrito de Mesquita, em 14 de fevereiro de 1946) e morreu (no município de Magé, em 25 de abril de 2012). Tal concentração de público faz todo o sentido para quem ouve os discos de Dicró, que através do samba fazia satírica crônica de costumes da população dessas localidades. Após período de baixa, Dicró voltou à mídia com o lançamento em 1995 do CD Os 3 Malandros in Concert, gravado ao vivo com Bezerra da Silva (1927-2005) e Moreira da Silva (1902-2000), outros dois ilustres representantes do samba mais escrachado. Dicró sai de cena, deixando na memória seu humor popular. Salve, simpatia!
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4 comentários:
O Dicró era o último malandro, um cronista do povo. Nesse aspecto o samba não se renova.
Suas músicas além de nos divertir, nos trazia alegria, músicas estas que quando tocavam, todo mundo ria e tirava onda uns dos outros. São músicas com o espírito do carioca. Fica esta lacuna que infelizmente não será preenchida.
Mauro, só para registrar, seu último grande sucesso foi a Melô da Galinha que invadiu todas as rádios populares do Rio. Estive num período carnavalesco e pude perceber a força da música independente, só dava ela! Faço esta observação, pois você cita acima os discos de carreira enquanto estava contratado. O Dicró provou que se pode fazer sucesso sem estar contratado numa multinacional.
Que descanse em paz!
Minha homenagem ao mestre Dicró:
http://www.esquinamusical.com.br/humor-dicro/
O Samba perde mais um Bamba...
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