Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Alentada entrevista editada em livro esboça perfil espontâneo de Lennon

Resenha de livro
Título: A Última Entrevista do Casal John Lennon e Yoko Ono
Autor: David Sheff
Editora: Nova Fronteira
Cotação: * * * *

"Quem sabe o que vai acontecer"?, ponderou John Lennon (1940 - 1980) ao fim da longa série de entrevistas que concedeu ao jornalista norte-americano David Sheff - juntamente com a mulher Yoko Ono - no seu apartamento no edifício Dakota, em Nova York (EUA), para a edição norte-americana da revista Playboy. Foram as últimas palavras de Lennon nas fitas em que Sheff registrou uma entrevista que se tornaria a última - e, por isso mesmo, histórica - por força das circunstâncias. A Playboy com a entrevista de Lennon e Yoko chegou às bancas dos Estados Unidos em 6 de dezembro de 1980. Dois dias depois, em 8 de dezembro de 1980, o genial beatle seria assassinado na porta de seu edifício, tornando profética uma das centenas de frases - "Somos pacifistas, mas não sei o que significa ser tão pacifista a ponto de levar um tiro" - ditas por Lennon a Sheff durante as sessões da entrevista perpetuada em livro ora lançado no Brasil pela editora Nova Fronteira. A Última Entrevista do Casal John Lennon e Yoko Ono esboça retrato espontâneo do casal, em especial um alentado perfil de Lennon, voz dominante nas respostas (ainda que as intervenções de Yoko sejam reveladoras de seu poder de persuasão na relação com o marido). A entrevista tem valor até pelo fato de mostrar a ideologia de Lennon numa época em que ele já não estava tanto sob os holofotes. Vale lembrar que o casal havia se retirado voluntaria e progressivamente de cena desde 1975 e se preparava para voltar justamente naquele ano de 1980 com o álbum Double Fantasy (título dado por Yoko como fica claro ao fim da entrevista). Conduzida por Sheff com autoridade, mas com leveza propiciada pelo clima de intimidade criado entre o jornalista e o casal de artistas, a entrevista resulta fluente e interessante 32 anos após sua publicação. Ao longo de suas conversas com o entrevistador, tidas com naturalidade que jamais ofuscou a objetividade jornalística, Lennon avaliou com simpatia a explosão punk, admitiu a surpresa de ter visto seu cético amigo Bob Dylan se converter ao Cristianismo e dissecou boa parte do cancioneiro que assinou nos Beatles e após a dissolução do grupo (Get Back, para Lennon, continha num dos versos um recado indireto de Paul McCartney para Yoko). Enfim, mesmo com a existência de boas e confiáveis biografias de Lennon, o livro A Última Entrevista do Casal John Lennon e Yoko Ono consegue ser relevante por ter subsídios que ajudam a entender - um pouco mais - uma das mentes mais brilhantes do universo pop. Lennon sabia explicar o que tinha acontecido.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Quem sabe o que vai acontecer"?, ponderou John Lennon (1940 - 1980) ao fim da longa série de entrevistas que concedeu ao jornalista norte-americano David Sheff - juntamente com a mulher Yoko Ono - no seu apartamento no edifício Dakota, em Nova York (EUA), para a edição norte-americana da revista Playboy. Foram as últimas palavras de Lennon nas fitas em que Sheff registrou uma entrevista que se tornaria a última - e, por isso mesmo, histórica - por força das circunstâncias. A Playboy com a entrevista de Lennon e Yoko chegou às bancas dos Estados Unidos em 6 de dezembro de 1980. Dois dias depois, em 8 de dezembro de 1980, o genial beatle seria assassinado na porta de seu edifício, tornando profética uma das centenas de frases - "Somos pacifistas, mas não sei o que significa ser tão pacifista a ponto de levar um tiro" - ditas por Lennon a Sheff durante as sessões da entrevista perpetuada em livro ora lançado no Brasil pela editora Nova Fronteira. A Última Entrevista do Casal John Lennon e Yoko Ono esboça retrato espontâneo do casal, em especial um alentado perfil de Lennon, voz dominante nas respostas (ainda que as intervenções de Yoko sejam reveladoras de seu poder de persuasão na relação com o marido). A entrevista tem valor até pelo fato de mostrar a ideologia de Lennon numa época em que ele já não estava tanto sob os holofotes. Vale lembrar que o casal havia se retirado voluntaria e progressivamente de cena desde 1975 e se preparava para voltar justamente naquele ano de 1980 com o álbum Double Fantasy (título dado por Yoko como fica claro ao fim da entrevista). Conduzida por Sheff com autoridade, mas com leveza propiciada pelo clima de intimidade criado entre o jornalista e o casal de artistas, a entrevista resulta fluente e interessante 32 anos após sua publicação. Ao longo de suas conversas com o entrevistador, tidas com naturalidade que jamais ofuscou a objetividade jornalística, Lennon avaliou com simpatia a explosão punk, admitiu a surpresa de ter visto seu cético amigo Bob Dylan se converter ao Cristianismo e dissecou boa parte do cancioneiro que assinou nos Beatles e após a dissolução do grupo (Get Back, para Lennon, continha num dos versos um recado indireto de Paul McCartney para Yoko). Enfim, mesmo com a existência de boas e confiáveis biografias de Lennon, o livro A Última Entrevista do Casal John Lennon e Yoko Ono consegue ser relevante por ter subsídios que ajudam a entender - um pouco mais - uma das mentes mais brilhantes do universo pop. Lennon sabia explicar o que tinha acontecido.

Anônimo disse...

Li a ótima biografia do Lennon escrita pelo Philip Norman - 1000 página!
Quem pensa que o Beatle era só paz e amor tomara um belo e bom susto.
Me diverti um bocado com seu senso crítico, sua língua feria e suas contradições.
Fiquei mais fã ainda.

PS: Gosto muito dessa japonesa, inteligentíssima. O cara na condição de Beatle e podendo escolher qualquel mulher...
Ela é poderosa.

Anônimo disse...

Putz, tô pior que o Mauro. :-)
Vamos lá:

1000 páginas!
tomará
ferina
qualquer

Melhor assim. Em respeito ao Lennon.

Maria disse...

Lennon era o cara sem comentários!