Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Erasmo reanima sua festa de arromba para celebrar 50 anos de estrada

Resenha de CD / DVD
Título: 50 Anos de Estrada / Ao Vivo / Theatro Municipal / Rio de Janeiro
Artista: Erasmo Carlos
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * 1/2

Em 2001, quando o DVD ainda era uma relativa novidade no mercado fonográfico brasileiro, Erasmo Carlos fez retrospectiva audiovisual da carreira. A existência do DVD Erasmo Carlos ao Vivo (Indie Records, 2001) aumenta forçosamente a aura de redundância que circunda 50 Anos de Estrada, o CD duplo e DVD que a Coqueiro Verde Records está pondo nas lojas neste mês de maio de 2012. Decorrida uma década, o Tremendão reanima sua festa de arromba  com os hits habituais, motores do roteiro que dá pouca atenção às músicas dos três álbuns de inéditas - Santa Música (2004), Rock'n'Roll (2009) e Sexo (2011) - que Erasmo lançou nos dez anos que separam a gravação do DVD anterior do registro deste atual DVD. Feito sob a direção de Léo Esteves no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 2 de junho de 2011, o espetáculo herda a hilária introdução do show Rock'n'Roll (2009). Viciado em rock desde os anos 50, Erasmo completa em 2012 cinco décadas de carreira solo, iniciada no fim de 1962, com a desativação do conjunto carioca The Snakes, no qual deu seus passos iniciais na sequência da dissolução do grupo The Sputniks. 50 Anos de Estrada repisa músicas marcantes dessa trajetória. Pena que a voz do dono da festa já dê sinais de corrosão pelo tempo. Foi às vésperas de completar 70 anos, em 5 de junho de 2011, que Erasmo gravou ao vivo o show feito com banda formada pelo guitarrista Billy Brandão, o polivalente Dadi Carvalho - no caso, na guitarra - e os músicos do trio carioca Filhos da Judith. Se a voz se ressente da perda de viço, efeito natural da idade, a alma de Erasmo continua tremendamente jovial - o que faz com que o cantor se entrose bem com a banda cheia de frescor. É com essa jovialidade, renovada a partir do revigorante álbum Rock'n'Roll (2009),  que Erasmo recebe no palco do Theatro Municipal o amigo de fé e irmão camarada Roberto Carlos e sua parceira bissexta Marisa Monte. Com o Rei, o anfitrião rebobina Parei na Contramão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1963) e É Preciso Saber Viver (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1968) em clima de celebração da monumental obra construída a dois - cancioneiro do qual Erasmo agrupa em medley alguns sucessos românticos propagados por Roberto e do qual tem a primazia de registrar para as novas gerações o rock Quero Que Vá Tudo pro Inferno (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965) - há anos banido por Roberto de seu repertório (e do repertório de quem ousasse solicitar autorização para regravá-lo) por conter na letra e no título a palavra "inferno". A faixa, aliás, é das mais calorosas da gravação ao vivo. O público canta a palavra "inferno" com gosto. Com Marisa, Erasmo revive Mais Um na Multidão, música dos dois, lançada pelo cantor em Pra Falar de Amor (2000), álbum que marcou a volta do Tremendão ao mercado fonográfico após uma década - os anos 90 - de baixa produtividade. Infelizmente, a performance vocal da dupla resulta decepcionante. De todo modo, 50 Anos de Estrada cumpre seu papel retrospectivo. Estão lá sucessos (Gatinha Manhosa, Minha Fama de Mau, Festa de Arromba, Sentado à Beira do Caminho, Panorama Ecológico, Mulher, Minha Superstar, Mesmo que Seja Eu) que montam bom painel do legado de Erasmo. Painel que talvez soasse menos redundante se o cantor tivesse revirado com mais empenho seu baú dos anos 70, década em que gravou álbuns hoje cultuados, entre outros méritos, pelos flertes com o samba-rock. Ainda assim, mesmo já soando déjà vu, a festa de 50 Anos de Estrada é boa...

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 2001, quando o DVD ainda era uma relativa novidade no mercado fonográfico brasileiro, Erasmo Carlos fez retrospectiva audiovisual da carreira. A existência do DVD Erasmo Carlos ao Vivo (Indie Records, 2001) aumenta forçosamente a aura de redundância que circunda 50 Anos de Estrada, o CD duplo e DVD que a Coqueiro Verde Records está pondo nas lojas neste mês de maio de 2012. Decorrida uma década, o Tremendão reanima sua festa de arromba com os hits habituais, motores do roteiro que dá pouca atenção às músicas dos três álbuns de inéditas - Santa Música (2004), Rock'n'Roll (2009) e Sexo (2011) - que Erasmo lançou nos dez anos que separam a gravação do DVD anterior do registro deste atual DVD. Feito sob a direção de Léo Esteves no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 2 de junho de 2011, o espetáculo herda a hilária introdução do show Rock'n'Roll (2009). Viciado em rock desde os anos 50, Erasmo completa em 2012 cinco décadas de carreira solo, iniciada no fim de 1962, com a desativação do conjunto carioca The Snakes, no qual deu seus passos iniciais na sequência da dissolução do grupo The Sputniks. 50 Anos de Estrada repisa músicas marcantes dessa trajetória. Pena que a voz do dono da festa já dê sinais de corrosão pelo tempo. Foi às vésperas de completar 70 anos, em 5 de junho de 2011, que Erasmo gravou ao vivo o show feito com banda formada pelo guitarrista Billy Brandão, o polivalente Dadi Carvalho - no caso, na guitarra - e os músicos do trio carioca Filhos da Judith. Se a voz se ressente da perda de viço, efeito natural da idade, a alma de Erasmo continua tremendamente jovial - o que faz com que o cantor se entrose bem com a banda cheia de frescor. É com essa jovialidade, renovada a partir do revigorante álbum Rock'n'Roll (2009), que Erasmo recebe no palco do Theatro Municipal o amigo de fé e irmão camarada Roberto Carlos e sua parceira bissexta Marisa Monte. Com o Rei, o anfitrião rebobina Parei na Contramão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1963) e É Preciso Saber Viver (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) em clima de celebração da monumental obra construída a dois - cancioneiro do qual Erasmo agrupa em medley alguns sucessos românticos propagados por Roberto e do qual tem a primazia de registrar para as novas gerações o rock Quero Que Vá Tudo pro Inferno (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965) - há anos banido por Roberto de seu repertório (e do repertório de quem ousasse solicitar autorização para regravá-lo) por conter na letra e no título a palavra "inferno". A faixa, aliás, é das mais calorosas da gravação ao vivo. O público canta a palavra "inferno" com gosto. Com Marisa, Erasmo revive Mais Um na Multidão, música dos dois, lançada pelo cantor em Pra Falar de Amor (2000), álbum que marcou a volta do Tremendão ao mercado fonográfico após uma década - os anos 90 - de baixa produtividade. Infelizmente, a performance vocal do dueto resulta decepcionante. De todo modo, 50 Anos de Estrada cumpre seu papel retrospectivo. Estão lá sucessos (Gatinha Manhosa, Minha Fama de Mau, Festa de Arromba, Sentado à Beira do Caminho, Panorama Ecológico, Mulher, Minha Superstar, Mesmo que Seja Eu) que montam bom painel do legado de Erasmo. Painel que talvez soasse menos redundante se o cantor tivesse revirado com mais empenho seu baú dos anos 70, década em que gravou álbuns hoje cultuados, entre outros méritos, pelos flertes com o samba-rock. Ainda assim, mesmo já soando déjà vu, a festa de 50 Anos de Estrada é boa...

Anônimo disse...

Concordo com o Mauro. O Erasmo quase nunca, ou nunca mesmo, canta as pérolas que compôs nos anos 70.
Pô, Tremendão, dá uma colher de chá para as setentonas.
- Não te quero Santa
- Sábado Morto
- Banda dos Contestes
- Grilos
- Meu Mar...

PS: O Lado B do Erasmo é bemmmmmmmm melhor que o Lado A.

Luca disse...

apoiado, Zé Henrique. Não dá pra fazer dvd sempre com as mesmas músicas

Breno Alves disse...

Decepcionante esta performance vocal (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=C6sgM9D7L54), Mauro!? Cê tá muito exigente, hein!?

LISTRANDO disse...

achei linda a participação da Marisa. Muito melhor do q a do Roberto Carlos.