Resenha de CD e DVD
Título: Especial Ivete Gil Caetano
Artistas: Caetano Veloso, Gilberto Gil e Ivete Sangalo
Gravadora: Globo Marcas / Universal Music
Cotação: * *
Para Ivete Sangalo, ter dividido um especial de fim de ano na TV Globo com Caetano Veloso e Gilberto Gil representou elevação de status na hierarquia da música brasileira, já que - a despeito de seu sucesso em todo o Brasil - a cantora baiana permanece identificada com o axé mais pop e populista, uma das bases que sustentaram a rasteira produção fonográfica fabricada em escala industrial pelas gravadoras (multi)nacionais nos últimos anos. Contudo, o registro ao vivo do especial exibido em dezembro de 2011 - ora lançado em CD e DVD postos nas lojas em edição viabilizada por parceria da Globo Marcas com a Universal Music - mostra que Ivete desperdiçou a (boa) oportunidade. Em tese, a bela voz da cantora a credencia para encarar o repertório da elite da MPB. Só que falta à estrela baiana maturidade como intérprete para cantar músicas situadas fora de seu habitual universo pop baiano. Seu dueto com Caetano Veloso em O Meu Amor (Chico Buarque, 1977), por exemplo, despe o bolero de sua sensualidade e de todo o sentimento contido no tema. Em Tá Combinado (Caetano Veloso, 1986), tema envolvido em suingue cubano, a cantora ignora todas as sutilezas e intenções dos versos, parecendo se ater mais à melodia do que à letra - erro fatal na interpretação de boleros e canções que pedem cantoras atentas ao texto. A sensual Tigresa (Caetano Veloso, 1977), por ser música naturalmente mais exteriorizada, até soa ligeiramente sedutora no dueto de Ivete com Caetano em registro que reverencia o arranjo da gravação original feita por Gal Costa em 1977. Em contrapartida, Atrás da Porta (Francis Hime e Chico Buarque, 1972) - solo de Ivete - é a prova cabal de que uma bela voz pode resultar insuficiente para interpretar uma grande música de atmosfera densa - diluída na interpretação da artista. Olhos nos Olhos (Chico Buarque) reitera que, definitivamente, o cancioneiro teatral de Chico não é para Ivete (ainda que o arranjo nada linear da faixa seja dos mais inventivos do especial). Ela chega a soltar um 'Canta, gente!' no meio de Olhos nos Olhos como se estivesse defendendo um hit de axé em cima de um trio elétrico. É melhor ouvir Super-Homem (A Canção), tema dividido pelo trio - de início na voz de Gil, depois com Caetano e por fim com Ivete. Primeiro grande hit da carreira solo da cantora, a sensível balada Se Eu Não te Amasse Tanto Assim (Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle, 1999) ganha o coro do público - coro incentivado por Ivete - e a voz sóbria de Caetano, em outro dueto com a estrela baiana. No encerramento, o trio cai afinado no samba Amor Até o Fim (Gilberto Gil, 1966). Pautado pelo suingue, o número arremata bem um especial que, embora evidencie a sintonia entre o trio, mostra que Ivete Sangalo precisa depurar suas interpretações quando sai das trilhas sonoras das micaretas.
Para Ivete Sangalo, ter dividido um especial de fim de ano na TV Globo com Caetano Veloso e Gilberto Gil representou elevação de status na hierarquia da música brasileira, já que - a despeito de seu sucesso em todo o Brasil - a cantora baiana permanece identificada com o axé mais pop e populista, uma das bases que sustentaram a rasteira produção fonográfica fabricada em escala industrial pelas gravadoras (multi)nacionais nos últimos anos. Contudo, o registro ao vivo do especial exibido em dezembro de 2011 - ora lançado em CD e DVD postos nas lojas em edição viabilizada por parceria da Globo Marcas com a Universal Music - mostra que Ivete desperdiçou a (boa) oportunidade. Em tese, a bela voz da cantora a credencia para encarar o repertório da elite da MPB. Só que falta à estrela baiana maturidade como intérprete para cantar músicas situadas fora de seu habitual universo pop baiano. Seu dueto com Caetano Veloso em O Meu Amor (Chico Buarque, 1977), por exemplo, despe o bolero de sua sensualidade e de todo o sentimento contido no tema. Em Tá Combinado (Caetano Veloso, 1986), tema envolvido em suingue cubano, a cantora ignora todas as sutilezas e intenções dos versos, parecendo se ater mais à melodia do que à letra - erro fatal na interpretação de boleros e canções que pedem cantoras atentas ao texto. A sensual Tigresa (Caetano Veloso, 1977), por ser música naturalmente mais exteriorizada, até soa ligeiramente sedutora no dueto de Ivete com Caetano em registro que reverencia o arranjo da gravação original feita por Gal Costa em 1977. Em contrapartida, Atrás da Porta (Francis Hime e Chico Buarque, 1972) - solo de Ivete - é a prova cabal de que uma bela voz pode resultar insuficiente para interpretar uma grande música de atmosfera densa - diluída na interpretação da artista. Olhos nos Olhos (Chico Buarque) reitera que, definitivamente, o cancioneiro teatral de Chico não é para Ivete (ainda que o arranjo nada linear da faixa seja dos mais inventivos do especial). Ela chega a soltar um 'Canta, gente!' no meio de Olhos nos Olhos como se estivesse defendendo um hit de axé em cima de um trio elétrico. É melhor ouvir Super-Homem (A Canção), tema dividido pelo trio - de início na voz de Gil, depois com Caetano e por fim com Ivete. Primeiro grande hit da carreira solo da cantora, a sensível balada Se Eu Não te Amasse Tanto Assim (Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle, 1999) ganha o coro do público - coro incentivado por Ivete - e a voz sóbria de Caetano, em outro dueto com a estrela baiana. No encerramento, o trio cai afinado no samba Amor Até o Fim (Gilberto Gil, 1966). Pautado pelo suingue, o número arremata bem um especial que, embora evidencie a sintonia entre o trio, mostra que Ivete Sangalo precisa depurar suas interpretações quando sai das trilhas sonoras das micaretas.
ResponderExcluirNunca a minha modesta opinião concordou tanto com a do Mauro como dessa vez. Como já havia dito em um post anterior, assitir Ivete cantou "Atrás da Porta" sorrindo, esfria qualquer possibilidade de se emocionar. Ainda mais quando se tem na memória afetiva a interpretação de Elis, ai fica até constrangedor. De nada adianta uma grande voz se o artísta não sentir o que stá cantando. Nesse ponto, Cássia e Elis são insuperáveis.
ResponderExcluirAcho que são palavras. Somente palavras.
ResponderExcluirConcordo totalmente. E acho uma pena. Adoraria que Ivete, com sua bonita voz e sucesso popular, tivesse feito um bom disco de MPB. As pessoas falam muito mal do Clássica de Daniela Mercury, mas, sinto muito, com todos os defeitos daquele, é muito melhor e mais profundo que Ivete cantando MPB.
ResponderExcluirAi viúvas!
ResponderExcluirE as viúvas vibram! rs
ResponderExcluirSofrível!!!!! Horrível!!
ResponderExcluirÉ a Globo empurrando goela abaixo músicas de primeira grandeza! kkkk
Ivete tá tentando se tornar uma cantora "séria da MPB"?. Cansou dos seu arere, perere, tatata, poeeeeeira e etc? Começa com menos Ivete, pois cantar Chico, Hime e afins não é pra qualquer uma, deste jeito ninguém te leva a sério!
ResponderExcluirIvete é a rainha da "munganga". Intérprete é outra coisa.
ResponderExcluirAlém disso, nunca uma imagem foi tão explorada. Ninguém aguenta mais essa jovem senhora.
Nada contra Ivete, mas seria ótimo se fosse Gil e Caetano, ótimo não seria lindíssimo.
ResponderExcluirConcordo com o Mauro. As interpretações de Ivete são superficiais demais. Tentei gostar do que ela faz com olhos nos olhos, mas não deu.
ResponderExcluirComo diria o Cap Nascimento:
ResponderExcluirNUNCA SERÁ!
Não dá no maximo som para o carnaval ou algo que o valha...
Tipo brincar de cantar e ser pop star, entende?
"Nunca a minha modesta opinião concordou tanto com a do Mauro como dessa vez." (2)
ResponderExcluirEu tive exatamente essa sensação quando vi o especial na televisão. Tanto que nem consegui aguentar até o final.
Lamento, pois tenho muita simpatia pela Ivete...
abraço,
Denilson
Mauro, você simplesmente arrasou no comentário.
ResponderExcluirA Ivete é simpática, alegre, bonita, sabe animar uma platéia. Entretanto, o mercado do "axé-music" costuma "fritar" suas estrelas de tempos em tempos (Sarajane, Luiz Caldas, Márcia Freire, Netinho, etc... etc... etc...). A idade chega também, não dá prá ficar saltitando em cima de um trio a vida toda, o corpo desacelera mesmo. Ivete que não é besta nem nada, tem talento (leia-se: boa voz, sabe cantar) e sabe que pode fazer algo mais interessante na música, só precisa se desintoxicar para se livrar da eterna performance "tira o pé do chão".
ResponderExcluirConcordo com o Mauro. E no dia do especial eu lembro que gostei muito. Mas agora, revendo o dvd e ouvindo o disco, realmente não foi grandes coisas. Mas Ivete, aos poucos e comendo pelas beiradas (e não nesse especial), vem conseguindo trilhar outro rumo pra sua voz. "Romaria" no dvd Barzinho e Violão ficou muito bonita com ela, "Dunas" com Rosa Passos também. Com mais esforço, há futuro.
ResponderExcluirConcordo com o Mauro. E no dia do especial eu lembro que gostei muito. Mas agora, revendo o dvd e ouvindo o disco, realmente não foi grandes coisas. Mas Ivete, aos poucos e comendo pelas beiradas (e não nesse especial), vem conseguindo trilhar outro rumo pra sua voz. "Romaria" no dvd Barzinho e Violão ficou muito bonita com ela, "Dunas" com Rosa Passos também. Com mais esforço, há futuro.
ResponderExcluirNunca a minha modesta opinião concordou tanto com a do Mauro como dessa vez." (2)
ResponderExcluirTodo mundo sabe que o Mauro protege Daniela e detesta Ivete
ResponderExcluirTalento, charme, empatia é uma coisa. Arte é outra. Arte requer alma.
ResponderExcluirIvete tem graça, talento, energia (palavrinha mais chata), entretanto sua 'alma' é sassariqueira demais pra qualquer introspecção.
Envelheça, Ivete. Só um cadiquinho. Chico, Caetano, Gil, eternamente jovens, são essencialmente maduros.
É isso, Mauro! Tentativa lamentável da Globo. Essa moça não é páreo para Gil, Caetano e afins. A pessoa da Globo deveria se conter e Ivete deveria prever o fiasco. Não vi, não ouvi e não o farei.
ResponderExcluirEu achei digno, eu curti! E Ivete é foda! =P
ResponderExcluirO Fato é que nenhum outro artista nacional passeia tão bem por diversos gêneros como a Ivete!! Uma salva de palmas a Artista mais 'completa' que o Brasil já viu!! =P
ResponderExcluirA Ivete Sangalo cantora mais popular de 2000 até hoje desperta uma grande antipatia dos críticos e ouvintes da tradicional MPB. A razão disso é que a cantora consegue manter-se muito popular no meio da musica pop, intitulada como de baixa qualidade por parte crítica e ouvintes tradicionalistas, ao mesmo tempo em que a cada dia é muito mais respeitada e comemorada pelos grandes músicos e artistas da MPB como Caetano, Gil, Milton, Bethânia, Sérgio Mendes, Zé Ramalho, Renato Teixeira, Rosa Passos, etc.
ResponderExcluirOs grandes clássicos da MPB são e sempre serão importantes como inspiração, padrão de qualidade e referência para novos artistas. Contudo, a música brasileira muda e se transforma a todo instante e ecoa repetitivo, saudosista e superficial sinalizar ou comprar as interpretações dos grandes clássicos, feitas por Ivete no especial, as de Elis Regina, Maria Bethânia e outras. E ainda querer que todas as versões de clássicos e interpretações sigam o padrão enlatado “cool” dos grandes clássicos da MPB defendidos pelos mesmos tradicionalistas e conservadores.
A Música Popular Brasileira é muito mais que um conceito bem estruturado, uma segregação mercadológica ou o “pseudo” “status” de superioridade cultural. Ela é vida, talento e originalidade. E essas qualidades são evidentes em Ivete Sangalo, no especial. Isso é perceptível nos olhos de Caetano, Gil e público a cada canção e principalmente, após interpretar “atrás da porta” mesmo sorrindo. E tenho segurança em dizer que Caetano e Gil não topariam realizar um espetáculo como esse, se Ivete Sangalo não tivesse talento musical, presença artística, originalidade e a altura de tudo isso, mesmo navegando por outras águas em sua carreira.
No meio disso tudo, percebe-se Ivete Sangalo entalada na garganta dos já citados tradicionalistas e conservadores, interpretando “a maneira Ivete Sangalo” os grandes clássicos de Chico, Caetano e Gil, como se isso fosse um grande afronte as versões imortalizadas por grandes e inapagáveis interpretações de Elis, Bethânia e excelente companhia.
Mesmo tirando o pé do chão com “olhos nos olhos” Ivete Sangalo consegue mostrar que os grandes clássicos da MPB ganham vida por meio de sua voz e talento.
Uma salva de palmas ao Unknown!!! ..auhaua \o/ /o\ \o/ /o\ \o/ clap clap clap
ResponderExcluirGosto muito da }Ivete, ela é realmente uma das grandes cantoras do cenário musical brasileiro e sua voz é realmente muito linda.
ResponderExcluirPorém concordo e muito com o comentário do Mauro. Quando assisti ao especial fiquei, de cara, decepcionado... E ouvindo o CD estou ainda mais certo disso.
Vejo que os fãs da Ivete que não sabem o significado de interpretação, vão defender cegamente a cantora (o pior cego é aquele que não quer ver).
Não, ninguém escolheu Elis e Bethânia e definiu o que é boa interpretação a partir do que elas gravaram. O processo foi totalmente inverso.
Ao escutarmos Elis, Bethânia e tantas outras grandes estrelas da nossa música, que conseguem nos transmitir com seu canto tamanha emoção, nós identificamos nessa capacidade a grande qualidade de uma intérprete.
E entendam bem, não é a voz (tanto que temos grandes intérpretes sem grandes vozes, como a Nara Leão, João Gilberto, Chico Buarque). A voz é sim muito importante para um cantor, mas não é ela que define a qualidade de um bom intérprete.
Salve Ivete e sua voz! Espero sinceramente que ela encontre seu lugar na MPB se é isso que ela deseja, todos nós só temos a ganhar. Mas espero poder ouvi-la um dia como a grande intérprete que, baseado em outros registros, eu sei que ela pode ser.
¬¬ o argumento é sempre no sentido de desqualificar a opinião de quem aprovou.. tsc tsc
ResponderExcluirImaginem se fosse a Cláudia Leite.
ResponderExcluirNa minha opinião, até agora, é o melhor especial de tv do ano - e provavelmente o melhor dvd de 2012. A TV Globo - embora longe do padrão de qualidade by Walter Clark e Boni - mais uma vez acertou em cheio. Ivete saiu-se muito bem, até mesmo encarando a clássica "Atrás da Porta". O figurino sóbrio e a postura contida também merecem destaque. A abertura fulminante de "Toda Menina Baiana" lembrou João Donato.
ResponderExcluirQuanto aos atuais sonolentos Gil e Caetano, estiveram ótimos e bem acima da média, pois animaram-se o suficiente para realçar as belas canções do repertório 'cult'. Para completar, lindos arranjos de Lincoln Olivetti - em excelente forma - regendo uma fantástica big band. Em resumo, 5 estrelas.
Onde está escrito que ela deve se comportar dessa maneira? Ivete é assim autêntica, não tem que fazer tipo para interpretar uma canção. Achei o registro sensacional!
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