Título: Que Tal?
Artista: Afonso Machado e Clarisse Grova
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * 1/2
Clarisse Grova é boa cantora carioca que nunca obteve a projeção a que faz jus por conta de sua voz firme. Afonso Machado é ás do bandolim que, a despeito de ser também compositor, nunca obteve a projeção a que faz jus por sua obra autoral. Que Tal? - o CD ora lançado pela gravadora carioca Rob Digital neste mês de maio de 2012 - joga luz sobre o canto seguro de Grova e sobre as composições de Machado, autor de todas as 12 músicas do disco gravado pela cantora sob a direção musical do compositor. A despeito de soar por vezes linear e repetitivo (sobretudo em sua segunda metade), Que Tal? é álbum que apresenta sambas, choros e até uma modinha - Desacalanto (Elton Medeiros e Afonso Machado) - de boa cepa, compostos com reverência às tradições da música brasileira. Grova já diz a que veio na suingueira faixa-título que abre o CD, Que Tal?, samba originalmente instrumental de Luiz Moura que ganhou letra de Machado. Com o toque do acordeom pelo qual Marcelo Caldi evoca o estilo do mestre Chiquinho do Acordeom (1928 - 1993), Boêmio - choro-canção de Moura e Machado, letrado pelo poeta Paulo César Pinheiro - corrobora a sintonia entre cantora e compositor, falando de tema que vai ser abordado pelo trio Moura-Machado-Pinheiro em outra composição não tão inspirada, Vida Boêmia. A alta categoria vocal da cantora é evidenciada especialmente em denso samba-canção, Ares de Atriz, composto por Moura e letrada por Machado por volta de 1980. É um dos pontos mais altos do repertório. Choraste? - choro do compositor e violonista paraense Roberto Pinto que ganhou letra de Machado - é entoado por Grova com dose exata de melancolia sem deixar o disco pesado. Já o samba Na Cara do Gol (Elton Medeiros e Afonso Machado) põe em campo gírias e provérbios de origem carioca enquanto Daquele Jeito (Afonso Machado, Carlinhos Vergueiro e Dora Vergueiro) ambienta o álbum em clima de gafieira sem chegar a sobressair em repertório que apresenta choro de Machado letrado por Paulo César Pinheiro (Folha Amarela) e samba que procura evocar a levada da Bossa Nova, Toque (Luiz Moura e Afonso Machado), pontuado por solo do sax soprado por Dirceu Leite. Enfim, Que Tal? cumpre seu papel de evidenciar a segurança da cantora e a inspiração da obra do compositor (as cinco primeiras músicas do CD primam pela excelência). Cabe ao público ter a iniciativa de procurar ouvir o disco para que os dois talentosos artistas sejam (re)conhecidos em circuito mais amplo.
4 comentários:
Clarisse Grova é boa cantora carioca que nunca obteve a projeção a que faz jus por conta de sua voz firme. Afonso Machado é ás do bandolim que, a despeito de ser também compositor, nunca obteve a projeção a que faz jus por sua obra autoral. Que Tal? - o CD ora lançado pela gravadora carioca Rob Digital neste mês de maio de 2012 - joga luz sobre o canto seguro de Grova e sobre as composições de Machado, autor de todas as 12 músicas do disco gravado pela cantora sob a direção musical do compositor. A despeito de soar por vezes linear e repetitivo (sobretudo em sua segunda metade), Que Tal? é álbum que apresenta sambas, choros e até uma modinha - Desacalanto (Elton Medeiros e Afonso Machado) - de boa cepa, compostos com reverência às tradições da música brasileira. Grova já diz a que veio na suingueira faixa-título que abre o CD, Que Tal?, samba originalmente instrumental de Luiz Moura que ganhou letra de Machado. Com o toque do acordeom pelo qual Marcelo Caldi evoca o estilo do mestre Chiquinho do Acordeom (1928 - 1993), Boêmio - choro-canção de Moura e Machado, letrado pelo poeta Paulo César Pinheiro - corrobora a sintonia entre cantora e compositor, falando de tema que vai ser abordado pelo trio Moura-Machado-Pinheiro em outra composição não tão inspirada, Vida Boêmia. A alta categoria vocal da cantora é evidenciada especialmente em denso samba-canção, Ares de Atriz, composto por Moura e letrada por Machado por volta de 1980. É um dos pontos mais altos do repertório. Choraste? - choro do compositor e violonista paraense Roberto Pinto que ganhou letra de Machado - é entoado por Grova com dose exata de melancolia sem deixar o disco pesado. Já o samba Na Cara do Gol (Elton Medeiros e Afonso Machado) põe em campo gírias e provérbios de origem carioca enquanto Daquele Jeito (Afonso Machado, Carlinhos Vergueiro e Dora Vergueiro) ambienta o álbum em clima de gafieira sem chegar a sobressair em repertório que apresenta choro de Machado letrado por Paulo César Pinheiro (Folha Amarela) e samba que procura evocar a levada da Bossa Nova, Toque (Luiz Moura e Afonso Machado), pontuado por solo do sax soprado por Dirceu Leite. Enfim, Que Tal? cumpre seu papel de evidenciar a segurança da cantora e a inspiração da obra do compositor (as cinco primeiras músicas do CD primam pela excelência). Cabe ao público ter a iniciativa de procurar ouvir o disco para que os dois talentosos artistas sejam (re)conhecidos em circuito mais amplo.
Gostei do disco. A primeira música "Que tal" diz logo a que veio: chega a fazer um link entre a gafieira e o baião misturando ritmos brasileiros que fica bem interessante. Até me lembrou uma gravação excepcional da Joyce Moreno: Deus e o diabo na dança do baião, do 5 estrelas Ilha Brasil.
Clarisse simplesmente é a melhor cantora do brasil, na minha opinião e na de muitos artistas/jornalistas do país.
Tomara que um dia os integrantes de fãs-clubes abram um pouco os seus ouvidos para conhecer o trabalho dessa artista fenomenal.
Abraço, decision
Eu nem sabia que estes dois existia,defeito meu e da grande mídia,claro.
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